sábado, 31 de dezembro de 2011

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Humm…não sei, hesito!…

Estou indecisa com a árvore de Natal para 2012.

Esta, invertida, sofreria menos com os ataques dos meus gatos…

Contrario

Esta… sim, talvez, com recortes de facturas que pago durante o ano…

meandthebooks. natal livros

Esta é linda! A minha preferida, claro. Monta-se e desmonta-se na sala,
não preciso desarrumar mais nada, mas fico com muitas prateleiras vazias…

arvore-de-natal

Esta faz-me lembrar as medidas orçamentais de austeridade,
mas, enfim, o espírito está presente… na bolinha…

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Esta é bestial porque pode ser feita só no dia 24, mas requer
um lápis verde e um afia estrela. O resto, piece of cake!

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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Árvore desmontada…

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Os meus gatos ajudaram a tirar as bolas… à patada!

Memórias e Afectos (92)

Publicidade Sumol nos meus saudosos anos 60…


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Memórias e Afectos (91)

Mesmo sem Pai Natal e sem Menino Jesus ainda consigo encontrar “prendas” na chaminé… da cozinha da minha mãe! Nem foi necessário deixar lá o sapatinho… O prédio tem cinquenta anos e por baixo da chaminé existem duas portinhas. Aí, encontrei estas três preciosidades…

Claro que não resisti a procurar publicidade a estes três refrigerantes que me mataram a sede na década de 60…

Bussaco

C

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A vida é bela…

…quando temos colegas, por acaso, amigas, por escolha, que nos surpreendem com presentes singulares. Um deles, as fotografias, depois de tantas diligências já tinha perdido a esperança, mas como diz o ditado “guardado está o bocado para quem o há-de comer” e assim foi, a S. conseguiu proporcionar-me uma grande alegria. Também a J. me presenteou com um marcador lindo e personalizado com uma foto da sua autoria. Obrigada a ambas, são umas queridas!…

Livros e Mar: eis o meu elemento! (51)

Decididamente, devota da obra de Ken Follet! A narrativa decorre no ano de 1939 e começa quando o primeiro-ministro inglês, Chamberlain, declara guerra ao Reich anunciando assim a entrada da Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial. As primeiras páginas de “Noite Sobre as Águas” levam-nos a conhecer o carácter das personagens, as suas vidas, relacionamentos, raízes, dramas e paixões, assim como os motivos que os levaram a reservar passagens no Clipper da Pan American Airways, numa viagem de trinta horas, partindo de Southampton rumo a Nova Iorque. A incerteza e inquietação surgem logo no início quando a mulher do engenheiro de voo é raptada e ele recebe um telefonema ameaçando matá-la caso ele não colabore numa perigosa operação de amaragem perto da costa do continente americano.
Nesta viagem a bordo do Clipper, um hidroavião luxuoso, o grupo heterogéneo, que conta, entre outros, com um fanático defensor de Hitler e a família, com ideias completamente antagónicas, um criminoso, um cientista judeu que arrisca escapar aos nazis, um ladrão charmoso, uma conhecida actriz, jovens amantes e uma empresária de sucesso, sem saída possível sobrevoa o Oceano Atlântico num ambiente conflituoso e de ansiedade crescente. O desfecho é brilhante.
Naquela época, viajar de avião só estava ao alcance de uma minoria e a descrição sobre o Boeing 314 Clipper, um hotel voador de luxo, irrepreensível e apaixonante. Follet levou-me, numa viagem deliciosa, a conhecer os beliches, a suite, as casas de banho com toucadores, as refeições esmeradas compostas por vários manjares e servidas em porcelanas, como se fosse um restaurante requintado onde não faltavam os talheres de prata e os copos de cristal. Quem teve o privilégio de voar neste Clipper terá tido, sem dúvida, uma experiência única.

Noite
O primeiro serviço aéreo de passageiros entre os Estados Unidos e a Europa foi inaugurado pela Pan American no Verão de 1939. Durou poucas semanas. O serviço foi cancelado quando Hitler invadiu a Polónia. Dos doze hidroaviões da Pan American não ficou qualquer exemplar. Um deles transportou o presidente Roosevelt à Conferência de Casablanca em Janeiro de 1943 e outro sofreu um acidente em Lisboa do qual resultaram 29 vítimas.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Message in a bottle (62)

Este Natal vou a casa (Pedro Marques Lopes na Revista Life)

Este ano o Natal é lá em casa. A casa dos meus pais, claro está. Aquela em que eu vivo é a nossa casa, a minha, da minha mulher e dos meus filhos. Quando eu era apenas filho também ia a casa pelo Natal, à do meu pai ou da minha mãe, onde viviam os meus avós.
O meu Natal é o regresso ao ninho. Onde me fiz homem, onde aprendi tudo o que de facto interessa. Pouco importa se a casa não é a mesma onde nasci e cresci. A casa é um local muito para lá das salas, dos quartos, da rua, ou da cidade onde se encontra. É onde estão os meus, os meus eternos gurus, os meus heróis, aqueles a quem eu pertenço e que me pertencem: os meus pais.
Juntamo-nos muitas vezes durante o ano, mas a noite de consoada é especial. Não porque a esmagadora maioria da minha família seja particularmente devota, não por causa da gritaria da rapaziada excitada com os embrulhos e as prendas que a entusiasmará por pouco mais de dez minutos, não pelas rabanadas, mexidos, aletria, ou mesmo pelo sagradíssimo bacalhau.Dentro da euforia, das canções que permanentemente berramos, dos excessos etílicos, das histórias de sempre que repetimos para nos sentirmos mais seguros ou mais próximos, das eternas discussões acaloradas que acabam sempre com um berro do meu pai, dos comentários jocosos aos alfacinhas que trouxemos para a família e ao seu pouco civilizado hábito de comer o infame e seco peru, há sempre uma melancolia mais ou menos disfarçada.
Passei anos e anos sem entender o porquê dos olhos brilhantes do meu pai ou das lágrimas fugidias da minha mãe. Dos momentos de silêncio disfarçados com mais uma garfada na couve-galega. Causavam-me estranheza aqueles instantes de tristeza profunda como se lhes faltasse um pedaço de alma, como se viajassem para um lugar longínquo. Não estão eles ao pé de quem mais amam? Claro que sim. Mas eles também tiveram um ninho, o tal espaço só deles e dos outros seus. Naqueles brevíssimos pedacinhos viajam para casa, para os que perderam, para os que estão noutras terras, para os que amaram e para os que continuam a amar. A minha angústia, a melancolia que também sinto vem de não lhes poder preencher esse espaço. Não posso, mas tenho todo o meu coração para lhes dar.
Bom Natal, mãe, Bom Natal, pai.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Memórias e Afectos (90)

Com a aproximação do Natal, as minhas mais doces memórias natalícias intrometem-se e fundem-se com as minhas memórias amargas de há dois anos, quando perdi o meu pai numa partida incansável nesse tabuleiro de xadrez que é a vida, onde não passamos de peças tomando decisões e fintando obstáculos até sucumbirmos ao xeque-mate… Ninguém ganha esta partida, de nada nos servem as jogadas ofensivas ou os lances defensivos, o “adversário” é um Mestre implacável que mantém o predomínio do jogo até ao final.
Os dias que antecedem o Natal são apáticos. Queria esquecer que existo para não pensar, queria adormecer e acordar só em Janeiro, queria apagar os dias 23 e 24 de Dezembro, queria fugir às festividades, queria voltar ao Natal de 2008, quando ainda tinha pai…
Com a aproximação do Natal, as minhas mais doces memórias natalícias insistem em sobrepor-se à dor, e toda uma parafernália de imagens, que povoavam o meu quotidiano natalício ao longo da minha infância, resgatadas do seu sono profundo, despontam como clarões de relâmpagos.
A Festa de Natal dedicada aos filhos e familiares dos empregados da Companhia de Seguros L’Urbaine, onde o meu pai era chefe da secção de contabilidade, era um acontecimento. Não faltavam os palhaços e o ilusionista, mas a peça de teatro infantil, encenada pelos empregados do clube de teatro do grupo desportivo, era, para mim, a parte alta do espectáculo porque achava imensa graça ver os colegas do meu pai convertidos em actores. A entrega dos presentes, excelentes e adequados às idades, era personalizada. As crianças eram chamadas pelo microfone e as prendas entregues pela esposa do Presidente ou pelo próprio Pai Natal... Ouvir chamar o meu nome dava um certo sainete e isso fazia sentir-me importante. O lanche, bem servido, rematava a festa. Os adultos conviviam enquanto a miudagem brincava e corria atrás dos balões.

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eria muito bom que todas as crianças pudessem viver o fascínio dos dias que antecedem o Natal e a magia da noite da Consoada como eu vivi. Dias antes do Natal, a ida à Baixa lisboeta era peregrinação obrigatória. Os presentes para a família raramente eram comprados na Baixa, mas a roupa para estrear no dia de Natal (tradição que se manteve durante uns anos) era comprada na secção infantil da Lanalgo, a loja das três entradas para uma saída feliz. Num desses inevitáveis dias de roupinha nova, apesar dos conselhos para não me afastar perdi-me dos meus pais, mas uma empregada levou-me pela mão e chamou-os pelo altifalante. O reencontro foi comovedor, digno de um filme lamechas com um final feliz…


Eram também local de romaria imprescindível, a Casa Africana, os Grandes Armazéns do Chiado e os do Grandella, estes últimos com umas pomposas e memoráveis escadas rolantes que tinham sido inauguradas por Gertrudes Tomás, com direito a corta-fitas, no final da década de 50. Andar nas escadas rolantes era um intenso prazer, um verdadeiro gozo para a alma. Estes famosos armazéns lisboetas serviram de palco ao filme “O Pai Tirano” e quem não recorda o caixeiro Chico e o grupo de teatro amador “Os Grandelinhas”?
Nesse périplo pelas novidades, que apareciam em maior número na quadra natalícia, eu ficava colada aos vidros das montras, atraída pelos bonecos mecânicos que se moviam, convidando-me a entrar no seu mundo fascinante. Naquela idade da inocência, em que ainda acreditava no Pai Natal, ser fotografada com esse ajudante incansável do Menino Jesus era uma felicidade sem limites, uma comoção, pura magia… Julgo que esta foto foi tirada junto à Quermesse de Paris, uma loja de brinquedos que existia ao lado do Hotel Avenida Palace, mas pode ter sido em frente ao Paraíso Infantil na Rua da Prata.

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Regressando à infância, recordo outras lojas de brinquedos que me deliciavam nos longínquos anos 60, o Bazar Thadeu na Rua Augusta, a Biaggio Flora na Rua do Ouro e Pinóquio nos Restauradores, e que ficaram na memória de muitos alfacinhas, assim como as iluminações de Natal que, nesse tempo, eram atração para todas as idades…
Depois do jantar da Consoada e de ter posto o sapatinho na chaminé, mandavam-me para a cama pois o Menino Jesus e o Pai Natal só viriam quando todos os meninos estivessem a dormir. Era difícil adormecer, a ansiedade pela chegada de tão ilustres visitantes não me deixava sossegar. Com a porta do quarto fechada, levantava-me, e por entre as frestas dos estores olhava o céu tentando ouvir as campainhas do trenó puxado pelas renas. Voltava para a cama, com o som dos guizos à distância, e acabava por adormecer sonhando com as prendas pedidas ao Menino Jesus. Na manhã do dia 25 corria à chaminé e à volta do meu sapatinho, estavam os embrulhos coloridos que eu me apressava a levar para a cama dos meus pais. Aí, desembrulhava-os um a um, provando-lhes que os meus pedidos tinham sido satisfeitos. Aos meus pais cabia a tarefa de se mostrarem surpreendidos de cada vez que eu lhes mostrava um brinquedo novo…

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Andaria eu pelos sete anos quando, na escola, apanhei o meu primeiro balde de água fria. Quase a entrarmos nas férias de Natal a decepção chegou através de uma colega que me informou sem pejo e com a maior das naturalidades que quem nos dava as prendas eram os pais. A suspeição assaltou-me. Então o Pai Natal não existia? Não era o Menino Jesus que, através do seu fiel ajudante, me dava as prendas de que eu me achava merecedora? Podia lá ser… Não contei nada em casa. Queria esclarecer a dúvida sem melindrar ninguém. Nesse ano, na noite de 24, quando me mandaram para a cama, não preguei olho. Ouvia conversar na casa de jantar/sala. Tinha frio, mas mantinha-me sentada na cama para não ceder ao joão-pestana. Já a noite ia longa quando as vozes deram lugar ao silêncio. Os passos soaram pela casa e julguei, na minha inocência, que eram horas dos outros se deitarem, mas um pequeno restolhar vindo da cozinha fez-me aproximar da porta do quarto e espreitar pela fechadura. A fantasia do Natal caiu por terra, os sonhos desfizeram-se como que levados pelo vento e o encanto do Natal parou ali, naquele momento, quando vi passar a minha mãe e o meu irmão, com dois embrulhos, a caminho da cozinha…
Na manhã seguinte, corri à chaminé e por entre os vários embrulhos de papel colorido, lá estavam os dois que eu tinha visto nas mãos dos meus queridos familiares. Mantive a farsa, fiz de conta que estava maravilhada pelo facto das minhas preces terem sido atendidas e deliciei-me com os presentes. Será que a magia natalícia tinha desaparecido? Não me recordo se cheguei a contar-lhes ou se continuei a simular a minha crença, mas se o fiz não foi para os enganar, foi, certamente, para manter viva a magia do Natal e poder sonhar enquanto era criança…

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Regressar aos tempos da mala de cartão…

passos

Interessante este primeiro-ministro: não disse ter assinado um acordo diplomático, político ou empresarial – o que ele quisesse – para reforçar o ensino de português em Angola, no Brasil ou na China. Numa frase leviana e sem o contexto adequado, indicou a porta de saída do País a milhares de pessoas que, presumo, não lhe merecem muito mais esforço intelectual. (André Macedo in Dinheiro Vivo).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Lamentamos as obras…

Incómodo em curso. Lamentamos as obras… Isto deveria ser a divisa de todos os empreiteiros da construção civil, afins e similares. Adjudicámos a obra de intervenção no telhado do prédio onde resido. Os trabalhos, a cargo da firma Decimal & Universal, começaram dia 5 de Dezembro. Os colaboradores do engenheiro L., responsável pela obra, só trabalharam da parte da manhã porque às 14 horas ainda não tinha chegado o material e, como sabemos, não se fazem omeletas sem ovos. Nos dois dias seguintes trabalharam com vontade, mas meteu-se o feriado à quinta-feira, quebrou o ritmo e fizeram ponte…
Retomaram o serviço na segunda-feira seguinte e, como nestas coisas é o Sol que dita as regras, chegaram às 9.45 e saíram às 16 horas. Trabalharam de sol a sol! Na terça-feira não apareceram. Liguei ao engenheiro, “culpado” pela obra, e fiquei esclarecida…os empregados trabalham em rotatividade 24 horas por dia! Ah, compreendi-te!... E nesse sistema rotativo nunca passam pelo telhado? Passam, quando a órbita do telhado coincide com a trajetória dos colaboradores, ou seja, no resto da semana nunca se encontraram…
Tentei não azedar. Telefonemas, mensagens, e nada! Na sexta-feira de manhã bem cedo ligou-me o engenheiro, irresponsável da obra, para me informar que dois dos colaboradores, de nacionalidade moldava, estavam a caminho. Nunca cá chegaram! Ou eu, na ânsia de ver terminado o trabalho, compreendi mal, ou o engenheiro não acabou a frase… Estavam a caminho…da Moldávia!
Tentei não envinagrar. Telefonemas, mensagens, e nada! Cheguei a supor que o arquiteto Gaudí teria encarnado no engenheiro L. e a estrutura se convertesse num novo Templo Expiatório da Sagrada Família, com conclusão prevista em 2025, lá para as calendas gregas…Era lindo, visitas guiadas e milhares de visitantes à obra inacabada!
Incómodo em curso. Lamentamos as obras…mas agora mete-se o Natal…

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lisboa d'outras eras (8)

Que edifício é este? Por aqui passei muitas vezes a caminho de uma tipografia que, durante anos, existiu neste passeio, um pouco mais à frente. O meu pai foi sócio da Casa Africana, assim se chamava essa oficina de composição e impressão, e eu acompanhava-o com gosto…
Fica bem perto de um antigo Estabelecimento de Ensino que podem ver aqui

Patriarcado

Vivendo e aprendendo…

com os animais…

domingo, 11 de dezembro de 2011

Publicidade enganosa

Existe a palavra encanitar em português lusitano? Existe! Segundo José Pedro Machado, um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa, a definição de encanitar é: sofrer dos nervos; irritar ou irritar-se; enervar-se ou exasperar-se. Pois é exactamente isto que eu sinto quando vejo o anúncio da Toys R us!
O slogan “se existe, a Toys R us tem”, que deu polémica aqui há uns anos, é uma enorme aldrabice. Procurei por diversas vezes brinquedos, que sei que existem, e a Toys R us não tinha, nem tem!… Os empregados não faziam a mais pequena ideia de que artigos eu estava a falar e os preços são, em geral, mais caros. Tudo isto me encanita… Quando me reformar vou arranjar mais um hobby, reclamar, reclamar, reclamar…

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Memórias e Afectos (89)

No início deste blogue publiquei fotografias da casa onde nasci e passei uma parte da infância. Esta moradia de rés-do-chão e 1º andar, pertença do meu avô paterno, situada na principal artéria da antiga vila da Amadora, tinha um pequeno jardim e um grande quintal onde eu dava asas à minha imaginação.
A minha família ocupava o 1º andar. O andar de baixo estava arrendado (mais uns cobres que o meu avô ia buscar…) a um casal que tinha uma filha da minha idade, a Ana Maria. A última moradia, de uma fileira de quatro, logo a seguir à nossa, era habitada pela família Pimenta, o pai, aquele do anúncio radiofónico dos Parodiantes de Lisboa “pois, pois, J. Pimenta”, a mãe, a D. Julieta, e os dois filhos do casal, a Graciete e o José Luís. Não me recordo do nome das famílias que moravam nas outras duas moradias, mas tenho uma vaga ideia de algumas crianças que também frequentavam o nosso quintal. Os dias, um após o outro, passados numa eterna brincadeira, começavam quase de madrugada… Acordava bem cedo, lavava-me, vestia-me, tomava o pequeno-almoço e abria a porta da cozinha, que dava para o quintal, com um sorriso estampado na cara. O dia estava a nascer e não podia perder tempo, a natureza e tudo o que a cercava aguardavam-me ali tão perto. Descia as escadas a correr e batia à porta do rés-do-chão, onde me esperava a impaciente Ana Maria, quase a terminar as sopas de café com leite. Sempre cobicei o pequeno-almoço dela e tanto o enalteci que consegui que a mãe me brindasse com o mesmo, uma vez por outra.
O quintal era dividido por um carreiro de terra batida. O lado direito pertencia-nos e o lado esquerdo pertencia à família da Ana Maria, mas isso eram coisas de adultos, nós nunca fizemos essa distinção. Tal como os antigos Romanos controlavam todo o Mediterrâneo (Mare Nostrum), também o quintal era todo nosso… Ao fundo, um tanque de pedra usado pelas mães para lavar a roupa, que em algumas ocasiões ficava a corar ao Sol, e árvores de fruto, entre elas, uma ginjeira, a preferida da minha amiga. Quando a minha mãe pensava que tinha ginjas na árvore, já eram… a Ana Maria tinha dado conta delas. Um dia, com a minha conivência, a minha mãe, que era danada para a paródia, escondeu-se para pregar um susto à miúda, mas virou-se o feitiço contra o feiticeiro. A Ana Maria, branca como a cal e a gaguejar, voou carreiro abaixo, deixando a minha mãe aflita. Ainda hoje nos rimos com esta malvadez da minha mãe…
Nunca tivemos uma casa na árvore, mas improvisámos uma numa latada que existia a seguir ao único portão lateral de entrada para a moradia. A pérgula servia de suporte a uma velha trepadeira, uma Glicínia de flores lilases e troncos grossos, que formava uma espécie de galeria acompanhando os primeiros metros da entrada e três degraus que nos colocavam ao nível do jardim. Ajudados pelo tronco principal, subíamos para a nossa casa imaginária. Lá em cima, como que transportados para um universo paralelo, esquecíamos que nos podiam ver e ouvir e a imaginação levava-nos a vivermos outras vidas num mundo povoado de personagens das histórias de encantar.
Enquanto os dias se seguiam e avançavam em direcção ao Inverno, a Glicínia perdia as folhas e hibernava, tornava-se num emaranhado de troncos secos até à Primavera seguinte, rebentando então verdejante e em cachos de flores deslumbrantes… As suas ramadas frondosas estavam prontas para nos tornar a acolher e a partilhar connosco as fantasias da infância…

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Gosto...e não se fala mais nisso! (28)

Sortelha

(imagem cedida pela NET e roubada “gentilmente” por mim)

Fases da vida

A primeira, quando acreditamos no Pai Natal.
A segunda, quando deixamos de acreditar.
A terceira, quando nos tornamos Pai Natal…

O fim da fotossíntese…

… e da sobrevivência!

stopviol

Quanto mais velho, pior…

Envelhecer é uma palavra que me inquieta. Como é um assunto que me deprime, não me consome muito tempo, mas tenho a convicção férrea de que, tal como a minha mãe, não aceitarei bem a velhice. Nem sempre assim foi. Tempos houve em que mais um aniversário era sinónimo de vivência, de solidez, de primazia, mas os anos passam e constatamos que envelhecer, desculpem o termo, é uma grande merda… Aquela famosa frase “quanto mais velho, melhor” que define o Vinho do Porto, passou a servir também para nos definir quando chegamos a uma determinada idade, sendo alardeada por muitas pessoas. Como se rotularmo-nos de Vintage afastasse os anos, nos tornasse mais ágeis, suavizasse as rugas e avivasse a memória…
Não há como dar a volta à coisa, envelhecemos... Assistir, impotente, à decadência física dos nossos pais é doloroso, mas quando a falência física é acompanhada por uma falência cerebral, torna-se, inegavelmente, insuportável e penoso. O envelhecimento saudável resulta da conjugação de vários factores, como a saúde mental, a saúde física, a autonomia e a independência económica. Todos eles me assustam, isto é, a falta deles… Claro que há quem envelheça bem, ou melhor, menos mal, mas o tempo é implacável. Não me perturba o aparecimento de rugas nem tão-pouco os cabelos brancos, o que me inquieta é perder 50 000 neurónios por dia, a decadência física, a dependência, o declínio da capacidade cognitiva, a demência. Envelhecer é um verbo arrasador e com um sabor amargo…

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pergunto eu... (3)

... que não percebo nada disto...

Depois da polémica em torno do carro de 86 mil euros herdado pelo Ministro Mota Soares, depois deste ter vindo desmentir a notícia, depois de saber que o carro foi entregue ao ministro ao abrigo de um acordo com a SIVA,  empresa que importa veículos Audi, Skoda, Volkswagen, Bentley e Lamborghini, depois de saber que o carro foi obtido através de um Aluguer Operacional de Veículo e se destinava a um secretário de Estado do anterior governo, depois de saber e verificar que todos os veículos são gama alta, depois de saber que o processo de aluguer de viaturas do Estado é gerido única e exclusivamente pela Agência Nacional de Compras Públicas, não quero saber se os contratos são ou não para cumprir nem se  é ou não possível renegociar o contrato.
Pergunto eu, que não percebo nada disto… porque razão nunca se negoceia o aluguer de viaturas mais económicas? Porque razão o Estado não adquire a frota directamente à Autoeuropa, se apenas 1,3% da produção da mesma tem como destino o mercado português? Não iria ajudar a incrementar a economia? Pergunto eu, que não percebo nada disto…

sábado, 3 de dezembro de 2011

A tradição já não é o que era…

(via email)

Belchior trazia ouro.
Baltazar trazia mirra.
Depois, apareceu o Gaspar e tirou-nos tudo!…

Memórias e Afectos (88)

Recordo, saudosa e tristonha, as tardes de domingo da minha infância. O meu pai ia todos os domingos visitar os meus avós, que, na época, moravam numa moradia na Rua da Milharada, em Massamá, onde actualmente existe um condomínio da empresa de construção civil Pimenta e Rendeiro. O meu avô paterno J.J., de quem já tive oportunidade de falar aqui, habitava com a minha avó L. numa vivenda, que ainda existe, quase à beira da estrada, com duas grandes palmeiras e um coreto, em Queluz de Baixo. A casa era muito bonita, mas por qualquer razão que desconheço, resolveram mudar-se para Massamá…
Tenho presente na minha memória toda a disposição da casa, do jardim e do quintal e felizmente que assim é pois não existem fotografias da mesma. Os meus avós habitavam o primeiro andar. Depois de aberto o portão, a entrada, para familiares e amigos, fazia-se sempre pelas traseiras, por uma escada que dava acesso imediato à cozinha. A entrada pelo lado frontal fazia-se por uma escadaria que partia do jardim, sempre florido (lembro-me particularmente das dálias…), entrando num pequeno hall de onde partia uma escada de madeira para o sótão, com uma porta rematada com vitrais coloridos. Desse átrio passava-se ao corredor, com divisões de ambos os lados, que terminava na sala. Da sala podíamos passar à cozinha e descer ao quintal. A casa de banho era enorme, quase tão grande como a sala e, certamente, maior do que os quartos…
O andar de baixo estava alugado. O meu avô, sempre com olho para o negócio e porque não necessitava de ocupar toda a moradia, alugou o rés-do-chão. Ao fundo do quintal habitavam os caseiros. Julgo que não pagavam renda, mas tratavam da horta e das capoeiras ainda que não fizessem desse trabalho modo de vida. Ao fundo da propriedade, para lá de um pequeno portão, podia ver-se uma ribeira, que “teima” em continuar a passar rigorosamente no mesmo sítio, mas sem o aspecto sombrio que tinha quando se ocultava no caniçal…
Recordo, saudosa e tristonha, as tardes de domingo da minha infância. Cumprimentados os meus avós e uma prima direita do meu avô que com eles vivia, olhava intrigada para o cenário invariável da sala e para os seus singulares ocupantes. A prima do meu avô e a minha avó, sentadas à mesa oval, viam televisão, enquanto um gato preto dormitava aos seus pés. O meu avô descansava no seu cadeirão, junto à janela, devidamente escudado por um modesto biombo, que, segundo ele, o resguardava de correntes de ar. Domingo após domingo, a cena e os personagens permaneciam no estado em que os tinha encontrado na semana anterior, inalteráveis, como se aquela sala, imutável, tivesse parado no tempo…Recordo, saudosa e tristonha, as tardes de domingo da minha infância. 7709870_TsCnNDepois de confirmar que tudo estava inalterado, corria para o quintal à procura de companhia da minha idade. Geralmente, os filhos dos caseiros andavam por ali e com eles brincava e explorava o quintal. Quando não os encontrava, ocupava o tempo junto ao tanque abastecido de água pelo moinho metálico de vento, sem compreender o seu funcionamento, mas maravilhada pela sua eficácia. Ali ficava, perdida nos meus rudimentares pensamentos infantis, olhando as pás que se moviam ora depressa, ora devagar, até o meu pai me
chamar.
Recordo, saudosa e tristonha, as tardes de domingo da minha infância. Tardes simultaneamente rotineiras e divertidas…

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Gosto...e não se fala mais nisso! (27)

…do cheiro a relva aparada
…do cheiro a terra molhada
…do cheiro do pão quente
…do cheiro a roupa lavada
…do cheiro de um livro novo
…do cheiro a maresia
…de escrever com lápis escuro e afiado
…de ouvir o ronronar dos meus gatos
…de dormitar no sofá
…do silêncio

Tempo de “vacas magras”

Não sou partidária de Salazar, mas é impossível não admitir que foi um estadista que suplanta todos os políticos que nos têm governado, para além de ter sido um economista notável. Claro que houve um lado negro do salazarismo, um regime conservador e autoritário com características fascistas, que não senti na pele porque era ainda muito jovem, que intervinha na vida dos cidadãos desprezando a liberdade individual. Apesar da minha juventude vivi a revolução dos cravos com entusiasmo. Actualmente, quando olho para este jardim à beira-mar plantado e ao estado a que isto chegou, parece-me que só voltaríamos a ser um país verdadeiramente soberano com um Salazar por cada Junta de Freguesia… (ih ih ih). Claro que houve um lado escuro do salazarismo, mas, desde o 25 de Abril, não há quem saiba governar-nos, há quem se vá governando à custa do povo… Em vez de “orgulhosamente sós”, estamos “orgulhosamente” a prestar vassalagem  à Europa e às potências estrangeiras. Agradeço que não façam comentários provocadores à minha liberdade de pensamento…

Salazar

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os Suspeitos do Costume

Confesso que ainda não tinha tido o prazer de ver esta obra cinematográfica. Confesso que a primeira vez que tentei ver o filme, adormeci. Mea culpa, mea culpa… No domingo à noite enchi-me de brio e vontade e comecei a vê-lo. Confesso que inicialmente estava confusa. Confesso que nos primeiros quinze minutos estive prestes a desistir, mas a carolice falou mais alto e felizmente que assim foi, senão teria perdido uma grande produção cinematográfica. Confesso que não resisti e bisei… Deitei-me tarde, mas os fabulosos desempenhos de Gabriel Byrne, Stephen Baldwin, Benicio Del Toro, Kevin Pollak e do excepcional Kevin Spacey no papel de Verbal Kint, um criminoso aleijado, valeram a pena. Quem é Keyser Soze?…

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Let's look at the trailer (21)

Produzido pela BBC e baseado na biografia do chef Nigel Slater, “Toast” é um filme delicioso, não pelo argumento, mas na verdadeira interpretação da palavra. Passado nos (meus saudosos) anos 60, acompanha a vida de um rapaz que tem grandes aspirações culinárias e uma mãe que é uma péssima cozinheira. Ao perder a mãe, enfrenta dificuldades no relacionamento com o pai e a madrasta, uma cozinheira exemplar, e procura na culinária uma forma de se expressar e superar as contrariedades. Do elenco fazem parte Freddie Highmore, que vimos ainda criança no filme de Tim Burton “A Fábrica de Chocolate” e Helena Bonham Carter, mulher de Burton, que, invariavelmente, está irrepreensível… Saliento uma sequência de iguarias que reflectem o passar dos anos e toda a envolvência em que a acção se insere. Com canções de Dusty Springfield, das quais destaco Wishin And Hopin e Little By Little, a banda sonora é inspiradora e, na minha opinião, resulta muito bem neste filme de época.

Entrevista com o “vampiro”

Eles comem tudo e não deixam nada.

Amanhã cabe ao jornalista José Gomes Ferreira conduzir a entrevista ao primeiro-ministro de Portugal no mesmo dia em que o Orçamento de Estado é votado na globalidade. Tenho Gomes Ferreira, como analista económico, em grande consideração e embora lhe falte um pouco de audácia é o único que consegue simplificar e traduzir o que não entendo da matéria. Por isso, faço questão de assistir! Gostava que ele perguntasse ao primeiro-ministro (ainda não percebi bem se é o Passos ou o Relvas…) se não seria mais simples e mais justo continuar a aplicar em 2012 o imposto extraordinário sobre os subsídios de Natal e de Férias, que foi aplicado este ano para todos os portugueses. Se já tinha inventado a roda porque é que nos põe a arrastar fardos?…
Espero não chegar ao fim da entrevista completamente fora de mim por ter perdido tempo que poderia ser aproveitado a ver um dos muitos filmes que constam da minha lista…

domingo, 27 de novembro de 2011

Lisboa d'outras eras (7)

Esta Avenida está tão diferente… Há mais de trinta anos que por lá passo com regularidade. As lojas e espaços mais emblemáticos já desapareceram, mas ainda existe uma pastelaria histórica da cidade, integrada num prédio estilo português suave…

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(imagem "gentilmente" roubada ao Arquivo Fotográfico de Lisboa)

Lisboa d'outras eras (6)

Colégio lisboeta famoso por obter óptimos resultados, estando nos lugares cimeiros dos rankings. Muitos dos antigos alunos são figuras públicas sobejamente conhecidas, mas o mais popular (entre os amigos, claro…) é o meu grande amigo J.C.B. Vai um bitaite?

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(imagem "gentilmente" roubada ao Arquivo Fotográfico de Lisboa)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Casamento perfeito

Gatos e livros! Os gatos são animais tranquilos, ternurentos e caseiros, mas têm, também, uma personalidade forte que quase toca a intelectualidade…
Ler um livro é como beber uma chávena de chocolate quente, à lareira, num dia muito frio. Os livros são mágicos, os gatos feiticeiros, ambos me enfeitiçam. Gatos e livros, uma aliança entre o saber e a sabedoria…

Istambul
Divulgo esta fantástica fotografia que foi “gentilmente cedida”, e devidamente autorizada a sua publicação, por Fábio Paulos, da comunidade de fotografia online Olhares, e tem por título book&cat. Segundo ele, em Istambul existem milhares de gatos nas ruas, sendo uma grande maioria vadios, mas as pessoas acarinham-nos e não os deixam passar fome nem sede. Um exemplo a seguir! Pena que no nosso país sejam maltratados e escorraçados de todo o lado…
Digam lá se não é um belíssimo click do Fábio? Vejam mais fotos dele aqui.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Home Cinema

“Main Street” é um drama contemporâneo sobre vários moradores de uma pequena comunidade, cujas vidas são alteradas com a chegada de um estranho com um plano polémico para salvar a cidade agonizante de uma morte anunciada. Tempos difíceis, cidadãos que tentam encontrar formas de escapar ao declínio. Entendi a mensagem, mas o tema não é novo. Os desempenhos de Colin Firth, Ellen Burstyn e Patricia Clarkson acabam por salvar o filme.

Main-Street

“Don’t look now” (Aquele Inverno em Veneza), baseado num conto da romancista inglesa Daphne Du Maurier, é um filme de 1973, com Donald Sutherland e Julie Christie nos principais papéis. John e Laura Baxter são confrontados, em Veneza, com uma série de incidentes bizarros que surgem após a morte por afogamento da sua filha mais nova, em Inglaterra.Sutherland estava no auge da sua carreira e neste filme escandalizou meio mundo ao protagonizar cenas ousadas de sexo com Julie Christie. O drama das personagens é inquietante, perturba-nos, angustia-nos. A tensão, o mistério e o suspense estão patentes em quase todas as cenas, mas não foi o suficiente para sentir arrepios… (esta é para o meu amigo JMC). Curiosamente, durante os 110 minutos de filme, nenhum dos personagens pronuncia a expressão Don’t look now

Kevin Spacey, Jeremy Irons e Demi Moore dão-nos uma nova perspectiva sobre a falência do sistema financeiro que afectou economias no mundo inteiro. Em “Margin Call”, os especuladores são vistos como pessoas comuns que obedecem a ordens superiores, como em qualquer outra profissão… Bom filme, embora o final seja um bocado agridoce.

Margin Call

“Flypaper” é uma comédia. À partida, já estaria fora do meu rastreio cinematográfico, mas fiquei com interesse em ver Ashley Judd (notam-se as marcas do tempo…) num registo diferente. Dois assaltos simultâneos no mesmo banco quase à hora do encerramento, um feito por profissionais e outro por um par imbecil. O sistema de segurança inicia o bloqueio do fim do dia e assaltantes, funcionários e clientes são apanhados nesta situação absurda e ficam fechados no edifício toda a noite. Um jogo hilariante do gato e do rato, um final sui generis.

flypaper

sábado, 19 de novembro de 2011

Message in a bottle (61)

Já tive oportunidade de abordar este tema aqui, embora com algum sarcasmo e puxando a brasa à minha sardinha…

Os pais devem tratar o álcool como droga (Isabel Stilwell – Destak)

Os pais continuam a pensar que o álcool não é uma droga. Se lhes for perguntado o que mais temem para os seus filhos, respondem a droga, mas se indagar do que falam, referem a cocaína, heroína, cannabis, e por ai adiante, mas deixam de fora «os copos». De tal maneira fazem a distinção que falam, entre gargalhadas, de como os filhos apareceram em casa bêbados, ou não se apresentam ao almoço de domingo «porque estão de ressaca». Ou seja, dão o seu aval a estes comportamentos, como se fossem inocentes ritos de passagem.
A complacência para com o álcool é tanto mais estranha, quanto objectivamente é a droga mais consumida em Portugal, em todas as faixas etárias, e com consequências dramáticas para o indivíduo, a família e a sociedade (muitos terão sofrido directamente as suas consequências, enquanto filhos de alcoólicos). E é tanto mais estranha, quanto o último estudo feito ao seu consumo em meio escolar, divulgado agora pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), deixa claro que o seu uso começa mais cedo, o consumo é em maiores quantidades, com episódios de embriaguez cada vez mais frequentes, tendo crescido entre as raparigas que agora bebem tanto como os rapazes (apesar dos riscos acrescidos).
A complacência é criminosa porque se sabe, com uma certeza científica, que os efeitos do álcool no cérebro jovem são tremendos e muitos deles irreversíveis. Ou seja, as bebedeiras e os comas alcoólicos de que se fala com tanta ligeireza, até como fazendo parte lúdica de viagens de fim de curso, de queimas das fitas ou de fins-de-semana «à maneira», vão assassinar os neurónios dos nossos filhos. É óbvio que nem sempre os pais conseguem evitar que os filhos criem dependências, mas do que se fala aqui é de financiar alegremente estes consumos, tratando-os como banais, da incapacidade de dizer não, de acompanhar os filhos de perto, e de lhes pedir responsabilidades. Talvez ajude se os pais começarem a incluir o álcool no capítulo daquele que é o seu maior terror, falando dele como aquilo que é: uma droga perigosa.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Livros e Mar: eis o meu elemento! (50)

“O Tempo entre Costuras” é uma obra fascinante e Maria Dueñas uma surpresa. Depois de ler a sinopse fiquei com o livro debaixo de olho e acabei por comprá-lo num alfarrabista muito pouco tempo depois de ter sido publicado em Portugal.
A narrativa começa em meados da década de 30 na capital espanhola e com o país muito perto da guerra civil, conduzindo-nos através desse período conturbado, passando pelas fascinantes cidades de Tânger e Tetuan no Protectorado de Marrocos, até à Segunda Guerra Mundial.
O romance conta-nos a história e o percurso de uma jovem costureira, Sira Quiroga, que, por força do destino, embarca para Marrocos. Aí, depois de sofrer uma grande adversidade e passar por algumas atribulações, consegue um ateliê de costura e o negócio prospera, mas a sua vida sofre uma mudança profunda e perigosa. Entre costuras, moldes, provas e alinhavos, o ateliê torna-se o disfarce perfeito para encobrir missões arriscadas de espionagem. É neste mundo de conspirações, durante um período negro da história da humanidade, que se movimenta Sira, ladeada por interessantes e invulgares personagens.
Com a Europa dividida em dois blocos e uma Espanha pro-nazista, a narrativa transporta-nos também a Portugal, que manteve a neutralidade e permaneceu fora da guerra, mais propriamente ao Estoril e a uma Lisboa cosmopolita. Com o mundo a ferro e fogo, Portugal era um paraíso que serviu de refúgio a muitas pessoas que fugiam à guerra e ao nacional-socialismo, mas, na Costa do Sol, abundavam também diplomatas e espiões…
A sólida construção da história, assim como o rigor e a veracidade narrativa, prenderam-me até à última linha e lamentei ter acabado a leitura. Confesso que o final, talvez por não ter o tipo de características de um fim, não ser estereotipado, e apresentar algumas possibilidades finais, me frustrou um pouco, mas não deixa de ser um romance cativante.

Costuras
“O Tempo entre Costuras” é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.
Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pro-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Reprovados!

Não podemos generalizar, mas penso que a tendência é para piorar…

Chumbados!

O vídeo não é recente, mas será esta a razão de não quererem ser avaliados?…
A data do Tratado ainda é o menos, mas não saberem quem foi o primeiro Presidente da República já me parece mais grave…



Provavelmente não tiveram a sorte de ter o jogo "Eu sei tudo" da Majora...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tokyo-Ga

Na sequência da leitura de “A Elegância do Ouriço” fiquei com curiosidade em saber mais sobre o já falecido realizador de cinema japonês Yasujiro Ozu. Em 1985, o cineasta alemão Wim Wenders empreendeu uma viagem artística filmando Tokyo-Ga, um documentário sobre o mestre japonês.

ozu

Esse documentário apresenta-nos o perfeccionismo do realizador, a forma de filmar a uma altura baixa com o operador de câmara deitado no chão ou de joelhos, a falta de movimento da câmara e os planos parados, mas, na minha simples opinião, a principal mensagem deste documentário é a nostalgia, as transformações sociais profundas, o passar do tempo, a impossibilidade de voltar a filmar como Ozu…

Pensamento (estúpido) do (meu) dia - 2

Depois de ouvir este tema do último álbum de Jorge Palma, e tomando atenção à letra, imaginei-nos a utilizar um “respirómetro”, um “espirrómetro” e um “passómetro”… Qualquer dia, à nascença, os pais têm que meter uma moeda para os bebés respirarem e continuarão a fazê-lo carinhosamente até eles o conseguirem fazer sozinhos. Depois, respira-se enquanto houver dinheiro. Quando já não houver, morre-se asfixiado pelo sistema…

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Mensagem oportuna

Em época de crise económica e financeira, Cavaco Silva descreveu Portugal como uma terra de oportunidades para quem as saiba aproveitar. É com esta mensagem que o Presidente da República está a pautar as derradeiras horas da sua visita aos Estados Unidos.
Julgo que Portugal é mais uma terra de oportunistas do que de oportunidades, mas, claro, isso digo eu, que não percebo nada disto…
oportunismo

A minha onda (32)

Sem grande beleza, roupas pouco sensuais, sem aparato.
Apenas ela e uma grande voz!…

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A minha onda (31)

Uma grande voz portuguesa…

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dia de palíndromo

Quando passarem 11 minutos e 11 segundos das 11 horas desta sexta-feira de Novembro (11/11) de 2011, estaremos perante um palíndromo de 12 dígitos, perfeito para grandes decisões, alegam alguns, ou apenas para olhar para o relógio e fixar o momento: é que outro, só daqui a 100 anos.
Na verdade, o palíndromo - sequência de unidades que pode ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita - desta sexta-feira não é perfeito, uma vez que, embora se escreva vulgarmente a data 11/11/11, por extenso seria 11/11/2011, o que anula o efeito.
Mas isso não impede o momento marcado para as 11 horas e 11 minutos e 11 segundos desta sexta-feira de estar rodeado de misticismo e superstições pela sua raridade - o mesmo dígito repetido 12 vezes. O próximo só daqui a 100 anos, quando “estivermos” em 2111.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Message in a bottle (60)

O Estado não tem o direito de pagar a uns e não a outros (In Verbis – Revista Digital de Justiça e Sociedade)

Antes de embarcar num avião para os Açores, onde esteve no congresso dos juízes portugueses, o magistrado António Martins teve tempo de explicar ao Expresso porque é que o corte dos subsídios de férias e Natal é ilegal — não devendo ser cumprido mesmo que aprovado pelo Parlamento — e como é inadmissível que o Estado trate os seus credores de forma diferente. Porque os funcionários públicos são tão credores como os donos da dívida pública.
- Porque é que o corte dos subsídios de férias e de Natal é ilegal?
- O património das pessoas só pode ser objecto de incorporação no património do Estado por vias legais. E elas são o imposto, a nacionalização ou a expropriação. Não é possível ao Estado dizer: vou deixar de pagar a este meu servidor ou funcionário. O que o Estado está a fazer desta forma é a confiscar o crédito daquela pessoa. Por força de uma relação de emprego público, aquela pessoa tem um crédito em relação ao Estado, que é resultado do seu trabalho. Há aqui uma apropriação desse dinheiro, que configura um confisco: isso é ilegal e inconstitucional.
- Mas não há excepções que tornem o corte legítimo?
- Há o estado de emergência e o estado de sítio, em que os direitos das pessoas podem ser comprimidos ou suspensos durante algum tempo. Mas não foi decretado o estado de sítio ou o estado de emergência. E não o tendo sido decretado, o Estado continua sujeito ao respeito dos direitos dos cidadãos. Pode-se dizer, e nós já o afirmámos, que vivemos um momento difícil, em que é necessário salvar o país. E todos devemos ser mobilizados para essa salvação. Mas de forma adequada, precisamente pela via do imposto.
- Quer dizer que a redução para metade do subsídio de Natal deste ano já não é ilegal?
- Não é um corte. É um imposto. O imposto é lançado sobre todos, ou seja, tem carácter universal, abrangendo todos aqueles que têm capacidade contributiva, que advém dos rendimentos do trabalho mas também dos rendimentos do capital. E tem ainda carácter progressivo, em que quem mais ganha mais paga. Essa é a via justa e equitativa que respeita o direito. É a via adequada para salvar o país. Há um erro profundo na forma como se está a enquadrar esta questão. Porque há uma pergunta que subsiste: onde pára o limite disto? Qualquer dia o Governo lembra-se de decidir que as famílias com dois carros vão ter de entregar um. A situação é a mesma. Ficar com um carro de um cidadão ou ficar com o seu dinheiro é igual.
- E o que vai fazer para combater essa decisão?
- Da parte dos juízes, achamos que temos uma responsabilidade de cidadania e um imperativo de transmitir aos cidadãos portugueses que esta medida, ainda que venha a ser aprovada pelo Parlamento e ainda que venha a ser lei, não é uma lei conforme ao direito e à justiça.
- Será, portanto, uma lei ilegal?
- É uma lei ilegal e que não deve ser cumprida. Os cidadãos podem recorrer aos tribunais para salvaguardarem os seus direitos. E no espaço dos tribunais, por enquanto, num Estado de direito, que se deve equacionar a legalidade das leis e o seu cumprimento ou não. Cabe aos tribunais dizer se elas são conformes ao direito, à justiça e à constituição. Essa é a nossa grande preocupação neste momento.
- Está a apelar para que se recorra em massa aos tribunais?
- Não se trata de um apelo. Caberá a cada cidadão fazer a sua opção. Não estamos a apelar a uma intervenção maciça das pessoas juntos dos tribunais. Temos é um dever de fazer ouvir a voz dos juizes para que os cidadãos não se sintam completamente desprotegidos e abandonados perante este poder fáctico do Estado e que tem apoio em comentadores e opinion makers que aparentemente caucionam toda esta atuação.
- Mas, se a decisão é aprovada pela maioria do Parlamento, ir contra ela não é, de certa forma, um ato de desobediência civil?
- Não se trata de desobediência civil. É um exercício de um direito. Mas queremos, antes que venha a ser lei, que os parlamentares não sejam apenas deputados eleitos na lista de um partido. Queremos que debatam, como representantes das pessoas que os elegeram, se esta é a forma de um Estado ser um Estado de bem. Porque é que o Estado opta por dizer que não paga a estas pessoas e, em vez disso, não opta por dizer que não paga às entidades com as quais fez negócios ruinosos nos últimos anos, celebrando parcerias público-privadas com contratos leoninos?
- Há cláusulas nesses contratos que obrigam, certamente, a pagamentos de multas pesadas…
- E para os trabalhadores públicos não há cláusulas? É obrigação do Estado pagar-lhes os vencimentos, incluindo o 13.º e o 14.º meses. Está na lei.
- Acharia mais legítimo não pagar parte das parcerias público-privadas?
- Um Estado de bem tem a obrigação de pagar a todos os seus credores. Se não tiver possibilidade de pagar a todos, também não tem o direito de dizer que paga a uns e não paga a outros. Esta é a questão. O Estado não tem direito de dizer que paga aos seus credores internacionais, aos seus credores das parcerias público-privadas, aos credores que defraudaram os depositantes no BPN e no BPP, mas não paga às pessoas que trabalham no sector público.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Galinha corada…

Um dos componentes masculinos do meu grupo de amizades (por casualidade, com quem tenho mais afinidade) emprega, por vezes, o vocábulo “galinhas” referindo-se aos elementos femininos, pertençam eles ao grupo ou não. Diz ele que as mulheres quando se juntam parecem galinhas, com mais ou menos penas, mas galinhas na capoeira. Esta forma de tratamento, que não é exclusividade nossa nem é recente, não passa de uma chacota, mas não é do contento de algumas mulheres. A mim não me afecta absolutamente nada! É uma imagem na qual não me revejo nem um bocadinho, e muito menos no depreciativo que, eventualmente, a palavra possa conter, por isso, faço por ignorar o gracejo ou entro na brincadeira. Não vou em grupo à casa de banho, não entro em histeria por dá cá aquela palha, não compro revistas de fofocas (embora a minha vizinha do lado teime em me alimentar a cusquice deixando no meu tapete as revistas que já leu…), não passo horas nas compras (não tenho dinheiro nem pachorra…), não cacarejo, quer dizer, não sou tagarela, e quando cavaqueio de algum assunto que me agrada, não fico alvoraçada ao ponto de “arrancar penas”…
Bom, mas afinal porque é que comparam as mulheres às galinhas? Até há pouco tempo as galinhas eram consideradas estúpidas, mas sabe-se, agora, que as galinhas são, afinal, animais muito inteligentes. Entendem conceitos intelectuais sofisticados, aprendem através da observação, são capazes de demonstrar auto-controlo, preocupam-se com o futuro, e os seus conhecimentos evoluem de geração para geração. As galinhas são curiosas e extremamente sociáveis, gostam de passar os dias umas com as outras, têm mais de trinta sons que usam para compor e transmitir mensagens e também comunicam visualmente. Quem passa muito tempo com galinhas, que vivam num ambiente natural, sabe que cada galinha tem uma personalidade diferente da outra, o que normalmente dita o seu lugar na hierarquia – algumas são mais medrosas, outras mais tímidas e observadoras e outras são um pouco mais agressivas. Cada galinha é um indivíduo diferente com uma personalidade diferente.
Surpreendidos? Pois, contrariamente ao que se pensa, comparar mulheres e galinhas é perfeitamente legítimo. Apesar disso, preferia ser comparada a uma andorinha, a um rouxinol ou até mesmo a uma gralha, por uma razão muito simples, um trauma de infância que tem sido difícil de solucionar, o medo de galinhas! Uma vergonha!... Assim, como é que eu posso ser uma mãe galinha?

Galinhas […] A imagem da «Mulher Portuguesa» que os homens portugueses fabricaram é apenas uma imagem da mulher com a qual eles realmente seriam capazes de se sentirem superiores. Uma galinha. Que dizer de um homem que é domador de galinhas, porque os outros animais lhe metem medo? Na realidade, A Mulher Portuguesa é uma leoa que, por força das circunstâncias, sabe imitar a voz das galinhas, porque o rugir dela mete medo ao parceiro. Quando perdem a paciência, ou se cansam, cuidado. A Mulher portuguesa zangada não é o «Agarrem-me senão eu mato-o» dos homens: agarra mesmo, e mata mesmo. Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão. […]

(Miguel Esteves Cardoso in “A Causa das Coisas”)

O meu refúgio

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domingo, 30 de outubro de 2011

Ensaio sobre a “pobredade”

A puberdade é a fase da pré-adolescência. A “pobredade” (esta palavra não foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico, é unicamente fruto de um delírio da minha mente perturbada…) é a fase da pré-indigência. Diz-se que um indivíduo está na puberdade quando adquire maturidade sexual e se torna apto para a procriação. Um indivíduo encontra-se na “pobredade” quando ganha, esqueçam, na “pobredade” não se ganha nada, quando perde capital e se torna apto para suportar a privação…A puberdade é um processo de mudança em qualquer geração, seja ela rasca ou à rasca. Já a “pobredade” é um processo de mudança rasca que deixa qualquer geração à rasca.
Na pré-adolescência, isto é, na puberdade, ocorrem várias modificações morfológicas e psicológicas. Na “pobredade” também, baixa de peso, aparecimento de cabelos brancos, irritabilidade, variações de humor e distúrbios da memória (Quem sou eu? Quem tem medo de Virgínia Woolf? Quem tem farelos? Quem matou Laura Palmer?...).
A puberdade tem uma duração definida, ocorre num determinado espaço de tempo. A “pobredade” tem um começo, mas nunca sabemos quando termina. Pode durar um ano, dois, cinco, dez… Assim, a puberdade é um período de transição e a “pobredade” é um período de aflição.
Passei pela puberdade há uns anos (ou será que foi no mês passado? Vai na volta foi ontem e já não me lembro…) e preparo-me, agora, para passar uns anos na “pobredade”. Apesar das diferenças, e de ter passado mais tempo na fase pubertária do que na fase proletária, consigo, no meu caso particular, encontrar uma semelhança, o carcanhol… ou melhor, a falta dele!

Parece-me que este ensaio não correu lá muito bem. Julgo que merecia, mesmo, um ensaio de porrada…

sábado, 29 de outubro de 2011

Séries fora de série…

Não sendo exactamente o meu género, não me decepcionaram, e não deixam de ser interessantes e invulgares.

Person of Interest

Finch, um génio da computação, desenvolveu uma máquina para o governo americano que é usada para detectar informações que levem a actos de terrorismo antes que eles aconteçam. A máquina separa as informações armazenadas em duas categorias, relevantes e irrelevantes, mas as informações que parecem insignificantes levam a actos de criminalidade violenta. Finch contrata John Reese, um ex-agente das operações especiais da CIA e juntos tentam evitar os homicídios, associados ao número da segurança social. Tanto Finch como Reese estão oficialmente dados como mortos…

person_of_interest

Fringe

Mais uma série dramática que gira à volta de uma agente do FBI que é forçada a trabalhar com o Dr. Walter Bishop, a fim de racionalizar uma tempestade de fenómenos inexplicáveis. Bishop, considerado o Einstein da nossa geração, esteve internado numa instituição psiquiátrica durante 17 anos e a única forma de questioná-lo é pedindo ajuda a Peter Bishop, o estranho filho de Walter, que possui um QI de 190…

fringe

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Juízo Final

Depois de anunciadas as novas medidas de austeridade, deixei de ter medo do fim do Mundo.
O que me assusta, mesmo, é o fim do mês!!!…

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Desconfiem sempre!

Li por aí…

Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa, na sua enorme limusine, quando viu dois homens, à beira da estrada, a comer relva. Ordenou ao motorista que parasse, saiu do carro e perguntou a um deles:
– Porque é que estão a comer relva?
– Não temos dinheiro para a comida, por isso temos de comer relva – disse o pobre homem.
– Bem, então venham a minha casa, que eu irei dar-vos de comer – disse o banqueiro.
– Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.
– Que venham também! – disse o banqueiro.
E voltando-se para o outro homem disse-lhe: – Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida, disse
– Mas eu também tenho mulher e três filhos comigo!
– Pois que venham também – respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente para o banqueiro e disse:
– O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!
O banqueiro respondeu:
– Fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A relva está com mais de 20 centímetros de altura!

Moral da história:
Quando achar que um banqueiro (ou banco) o está a ajudar, não se iluda!...

domingo, 23 de outubro de 2011

Recomendo vivamente…

…a mini-série “Mildred Pierce” que estreou a 10 de Outubro no canal de televisão por cabo Fox Life. Passada nos anos 30, na altura da Grande Depressão, “Mildred Pierce” é uma adaptação do romance homónimo de James Cain que já tinha sido adaptado ao cinema em 1945 com o título “Alma em Suplício” (Mildred Pierce) pelo realizador Michael Curtiz. Joan Crawford ganhou o Óscar de melhor actriz neste filme e Kate Winslet, combinando força e fragilidade, ganhou um Emmy pelo seu enorme talento. “Mildred Pierce” é um drama centrado na vida de uma mulher determinada, separada do marido e com duas filhas, assim como o seu relacionamento familiar e a luta por manter um nível de vida equilibrado numa época de crise económica mundial.

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Ainda no mesmo canal, logo a seguir a “Mildred Pierce”, estreou, também a 10 de Outubro, mais outra excelente série de época, “Downton Abbey, que arrecadou 4 Emmys. Na tragédia do Titanic pereceram os possíveis herdeiros homens de uma família aristocrática. Com a falta de um filho varão, o que pode acontecer à casa e à fortuna da família? Esta série tem uma particularidade que me agrada muito, não só retrata a vida da família, mas também nos presenteia com a vida e segredos dos criados, governantas, mordomos, camareiros e cozinheiras que cuidam com desvelo da mansão e dos seus senhores. É esta classe que acrescenta mais brilho a esta série, pois a família pouco ou nada sabe dos seus criados e esse facto acaba por criar uma atmosfera mais enigmática e estimulante.

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sábado, 22 de outubro de 2011

Sinto muito...

... mas é o próximo cinto da moda...

Message in a bottle (59)

[…] John Pierpont Morgan (1837-1913) foi um grande banqueiro norte-americano, numa época de capitalismo selvagem.
Ele e alguns outros empresários da sua época ficaram classificados como robber barons. Este clássico capitalista – até fumava charutos em série – entendia, no entanto, que a remuneração do executivo máximo de uma empresa não deveria exceder 20 vezes o salário mais baixo pago nessa empresa.
Mais perto de nós, o austríaco de nascimento Peter Drucker (1909-2005), filósofo, economista e "pai" da moderna gestão empresarial, achava que os ganhos do administrador de topo teriam de se ficar por 20 vezes o salário médio (e não já o mais baixo) da empresa. Mas o que vemos hoje está longe das ideias de J. P. Morgan e de P. Drucker.[…]

Francisco Sarsfield Cabral - SOL 12 de Setembro 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Em exibição numa sala…

… perto de mim…

Na (minha) impossibilidade de acompanhar como espectadora a 12ª Festa do Cinema Francês, tentarei, por outras vias, ver alguns dos filmes que fazem parte desta programação tão eclética.
Enquanto tal não sucede (lamentavelmente o dia só tem 24 horas e não podemos adicionar-lhe mais 4 ou 5de lazer…), contentei-me com umas sessões recentes, ainda que caseiras, da sétima arte.
Reforço, mais uma vez, que não sou uma perita em cinematografia. Frequentemente, quando alguém sugere que um filme é bom ou uma obra-prima, o mais certo é eu não aplaudir, mas também sucede o inverso, isto é, insinuarem que o filme é básico/medíocre e eu acho o filme bom. É possível que isso aconteça justamente porque eu sou básica…

Water for Elephants (Água aos Elefantes), logo à partida um filme pouco conceituado e até desvalorizado. Basta Robert Pattinson carregar ainda o estigma da personagem da saga Crepúsculo, mas, apesar de não ser brilhante e eu não pertencer ao seu clube de admiradoras, conseguiu uma interpretação bastante satisfatória ao lado da já premiada Reese Witherspoon. Quanto a Christoph Waltz não necessita do meu reconhecimento, volta a ser o actor que tem o desempenho mais interessante. Não sendo um grande filme, comoveu-me, particularmente a elefanta, e manteve-me agradavelmente acordada…

Water

Horrible Bosses (Chefes Intragáveis), um argumento batido, mas pândego, um elenco delicioso, tanto a nível de actores sobejamente famosos como de actores menos conhecidos do público, e uma comédia que resulta bem. Não sou fã deste género de filmes, mas aconselho a verem, principalmente se estiverem desanimados com a vida. Comigo resultou, passei uns momentos muito divertidos… Quem é que nunca pensou em matar o boss (ou o professor)? Ninguém? Tão fingidos!…

HorribleBosses

Midnight in Paris (Meia-noite em Paris), de Woody Allen, é um delírio de imaginação, humor, música e diálogos e, como tal, eu gostei bastante. Gostei muito do desempenho de Owen Wilson. Em entrevista ao Hollywood Reporter, o cineasta referiu que o protagonista era um personagem mais sério no roteiro original e que teve que o reescrever adaptando-o a Owen. O resultado final foi muito bom, a personagem foi bem explorada e houve momentos em que Owen conseguiu mesmo “vestir” a personalidade de Woody Allen e transmitir algumas das suas particularidades (digo eu, que não percebo nada disto…). Claro que há sempre toda aquela complexidade, própria dos filmes (mais visível nos mais antigos) de Allen, que só ele, como actor, conseguia exteriorizar, mas Owen foi um substituto muito bom. “Viajando” para o passado, entre a Belle Époque e os loucos anos 20, o protagonista tenta esquecer o presente e fugir do futuro que não se prevê feliz nem promissor. Nestas “viagens”, que não passam de escolhas entre vidas diferentes, conhece celebridades que sempre venerou e habitavam a sua imaginação, como Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso, Dali, Toulouse-Lautrec, Luis Buñuel, Gertrude Stein, Degas, Matisse, T.S. Eliot, enfim, um mundo quimérico que eu adorei, não fosse eu uma sonhadora incurável por parte de tia e uma nostálgica por opção…A rever!

Midnight

The Illusionist (O Ilusionista) deu-me a ideia de ser um filme que dificilmente terá sido bem digerido por mentes superiores ou cinéfilos, mas como eu sou apenas uma amante ignorante de cinema, gostei do trabalho do realizador Neil Burger, que já tive oportunidade de apreciar em Limitless (Sem Limites). Não é um filme excepcional, não o vejo como cinema de autor, mas também não o considero um filme comercial nem tão-pouco um filme menor. Edward Norton (que achei extraordinário em Fight Club), no papel do ilusionista Eisenheim, tem uma actuação enigmática e sedutora que me faria cair-lhe aos pés (isto é a minha faceta de romântica sem emenda…). Onde começa a realidade e onde acaba a magia? Um bom filme, um verdadeiro jogo de ilusionismo, uma forma habilidosa de fazer cinema.

The_Illusionist

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Message in a bottle (58)

A lógica do sistema (por J.L. Pio Abreu in Destak)

O sistema financeiro que nos governa tem uma lógica implacável: a selecção dos fortes, que mais fortes ficarão, e a aniquilação dos fracos. O truque está nos juros que substituíram os dividendos da riqueza produzida. Os mais ricos (pessoas, famílias, empresas, Estados) podem pedir emprestado com juros baixos, frequentemente para emprestar com juros elevados. É tudo ganho. E a quem vão eles emprestar? – Aos mais fracos, que são esmagados pelos juros até à sua aniquilação. Sugado o pouco dinheiro que tinham, serão depois desapossados dos seus bens.
Este sistema foi imaginado por Milton Friedman e seus colegas de Chicago, e implementado por Ronald Reagan e Margaret Thatcher. O ideólogo de serviço era Friederich von Hayek, um filósofo-economista com formação biológica e psicológica que se baseou num apressado modelo darwiniano da evolução espontânea através da selecção natural competitiva. Por outras palavras, o seu modelo era a selva. Cego para a Declaração Universal dos Direitos Humanos e para a Justiça Social, von Hayek argumentava que a natureza também não era justa.
Mas ninguém pensou que a actividade predatória, comandada pelos CDSs (Credit Default Swap) e pelas agências de rating, atingisse as proporções actuais. A desconfiança e o salve-se quem puder acabaram por paralisar a Europa, onde apenas se pergunta quem será a próxima vítima. E já todos perceberam que têm de inverter a lógica do sistema. Afinal, na selva, nem os elefantes estão seguros.