terça-feira, 31 de maio de 2011

Pergunto eu...

…que não percebo nada disto…

Se há tolerância, o Dr. Marinho Pinto insurge-se. Se há condenação, o Dr. Marinho Pinto insurge-se. Se há condescendência, não deveria de haver. Se há castigo, deveria de haver benevolência. Preso por ter cão e preso por não ter…
O Dr. Marinho Pinto está sempre contra a impunidade e a punição?
Pergunto eu…
Dura lex sed lex
...

Estes adolescentes agressivos, provocadores e “vítimas da nossa sociedade” não são inocentes. Segundo parece, são os reis dos gazeteiros porque não vão à escola (ou nem a frequentam). Também não trabalham. Então, o que é que estes gandulos fazem? Serão mais uns candidatos à marginalidade ou serão candidatos às Novas Oportunidades?
Pergunto eu...
O tempora! O mores!
...

Message in a bottle (51)

Dr. Marinho Pinto: "terrorismo de Estado" (Tiago Mesquita – Jornal Expresso)

[…] Depois de assistir a mais uma pérola filmada do inflamado, contestatário e estrela da televisão Dr. Marinho Pinto, que aparentemente é Bastonário da Ordem dos advogados mas vive numa espécie de intifada permanente anti Justiça e juízes, só tenho uma coisa a dizer: patético. Se não gosta da Justiça dedique-se à pesca desportiva. Deixe de a azucrinar e tentar influenciar permanentemente. "Inquisição"? "Idade Média"? Está tudo louco? […]
[…] No vídeo em que o senhor bastonário comenta as medidas de coacção que resultaram de uma agressão bárbara a que uma adolescente foi sujeita, e nisto agradecia que me ajudassem porque não consigo, não encontrei uma única palavra, uma única frase de conforto ou simpatia que fosse para a verdadeira vítima e seus familiares, uma rapariga de 14 anos. Sim, a vítima. Ou para o Dr. Marinho Pinto, as vítimas são aquela escumalha, repito: escumalha adolescente, que foi detida (E BEM) preventivamente. E para esta última "menina" adepta do uso do x-acto nos amigos e desconhecidos o que sugere o Sr. Bastonário, umas férias na Tailândia oferecidas pelos contribuintes portugueses?
E já agora o jovem acéfalo que filmou, enquanto ria, toda a cena da 1ª agressão e que o senhor pergunta muito indignado: "qual foi o crime do jovem, ter filmado?" o que sugere que se lhe faça? Um curso de realização com o Steven Spielberg?
Já chega de passar a mão no pêlo de criminosos, independentemente das suas idades. Se aos 16 trafica droga querem ver que o rapaz é sacristão? Todos uns coitadinhos, umas vítimas do sistema quando são eles os primeiros a brincar e torcer o sistema de forma a permitir que sejam como são e adoram ser, alguns, autênticos animais irracionais. Este comentário de Marinho Pinto é um atestado de estupidez aos portugueses e uma desresponsabilização da marginalidade, cada vez maior neste país. […]

Message in a bottle (50)

Cartas do Leitor (João Teixeira Alves, Jornal Destak)

[…] Nos habituais comentários da TVI, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa disse que Passos Coelho tinha sido infeliz quando este se referiu às Novas Oportunidades. O líder do PSD tem toda a razão. O diploma Novas Oportunidades não é mais do que uma fraude e uma batota, que serve unicamente para duas coisas: enganar os portugueses e enganar as estatísticas, com o dinheiro dos contribuintes. Já para não falar de que é extremamente injusto para aqueles alunos que estudam muitas horas por dia. Assim, temos um grupo de alunos que com muito esforço, mérito e dedicação, consegue atingir os seus objectivos, e um outro grupo, o das oportunidades, que sem qualquer esforço consegue o mesmo objectivo. Por favor, não chamem àquilo 12º ano.
Se alargarmos esta discussão a todo o ensino verificamos que, nos últimos anos, o nível de exigência tem diminuído assustadoramente. A política do facilitismo não nos leva a lado nenhum. É estranho! De repente, muitos alunos que frequentavam o exigente ensino nocturno, onde se leccionava a matemática, as línguas e as ciências sociais, abandonaram este ensino para se inscreverem nas Oportunidades. Porque será? […]
[…] Com todo o respeito por todos estes portugueses que foram enganados, os tais 500 mil de que fala o comovente Eng.º Sócrates, mas de facto o diploma das oportunidades é um certificado à ignorância. Chamo à atenção que não estou a chamar os portugueses de ignorantes, mas sim ao diploma… […]

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Wilder e Besson

Quanto mais quente melhor (Some Like It Hot), de 1959, dirigido por Billy Wilder e Leon, o Profissional, de 1994, do cineasta Luc Besson, salvaram o meu fim-de-semana. Quanto Mais Quente Melhor é uma comédia, mas uma comédia de luxo, não só pelo fabuloso elenco, mas também pelos diálogos inteligentes e muito divertidos. Marilyn Monroe, apesar de, mais uma vez, passar por loira burra e sedutora, é uma personagem fascinante, e ver Jack Lemmon e Tony Curtis em cima de uns saltos altos, de peruca e maquilhagem é um dos pontos altos do filme. Joe E. Brown, com aquele sorriso maravilhosamente idiota, é cativante, para além de ser dele a esplêndida frase final do filme. Jack Lemmon magnífico! O filme, uma pérola...



Leon, o Profissional, conta com dois actores que eu "amo", Jean Reno e Gary Oldman... Reno perfeito e seguro de si, Oldman, um bad guy magistral. Este filme foi um marco na carreira de Natalie Portman, que tem um papel principal apenas com treze anos. Julgo que foi uma estreia de sucesso e convincente, mas o desempenho de Gary Oldman é exemplar, simplesmente irrepreensível. Por algum motivo ele é considerado como um dos melhores vilões do cinema americano... Aconselho vivamente!

domingo, 29 de maio de 2011

Um Hino à Vida...

... demasiado teológico, profundo e secante! Com a agravante de não ter nenhum fio condutor. Tenho pena, mas não sou da mesma opinião do júri do Festival de Cannes de 2011... No entanto, convém ter em linha de conta que eu não sou uma mente brilhante...


Memórias e Afectos (84)

Como muitas das nossas memórias (e afectos) são comuns, aqui deixo dois pequenos presentes para o meu amigo JMSC. As imagens são de 1967.

Montes Claros - Manuel Gião, na fila da frente,
no seu Cooper S,
com a matrícula FG-96-10

Monsanto - Fórmula 3 - Tim Cash

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Memórias e Afectos (83)

O Parque Infantil do Alvito, situado no Parque Florestal do Monsanto, marcou a minha infância pois foi lugar de muitas brincadeiras durante a década de 60. A primeira vez que lá entrei, ainda ele fazia, apenas, parte do meu imaginário, mas rapidamente passou a fazer parte da minha realidade e das minhas paixões.

Julgava eu que o parque teria nascido na década de 50, mas segundo pesquisas na Internet, foi o primeiro parque infantil de Lisboa e terá sido criado nos anos 40 pelo arquitecto Keil do Amaral, o mesmo que projectou o parque de diversões da Exposição do Mundo Português, e inaugurado pelo Estado Novo. Então, por onde andará a placa de inauguração desse tempo? Só existe esta de 2005?! É estranho… como é que o Santana Lopes inaugurou um espaço onde, certamente, brincou quando era criança?

Com o seu avião, carro dos bombeiros e o eléctrico, este último colocado no Parque Infantil do Alvito em 1961, onde resistiu durante mais de vinte anos, a variedade e abundância de baloiços, o ringue de patinagem, as piscinas, o lago e a esplanada; este espaço fantástico, de vários hectares, expandia-se por três patamares desnivelados e ligados por escadas laterais.

A diversão, nessas idas ao Parque do Alvito, começava assim que entrávamos no carro dos pais da minha amiga T, primeiro um Austin A40 e posteriormente um Austin 1100.

Por vezes, a N. e os pais juntavam-se a nós e creio que, nessa época, o pai da N. guiava um NSU. O mais cómico é que o pai da N., o senhor A., era um bocado nabo a conduzir e para ajudar à festa, nessa altura, o NSU era vulgarmente conhecido por Não Sejas Urso, ou seja, o senhor A. era alvo da chacota do pai da T. Uma vez, propositadamente, deu três voltas ao Marquês de Pombal e o senhor A. sempre atrás! Hilariante…
As tardes, passadas no Parque do Alvito, significavam divertimento e nós nunca deixámos créditos em mãos alheias, só parando para lanchar. Levávamos sempre o lanche de casa e recordo-me lindamente do cesto de verga, comprado na praça da fruta das Caldas da Rainha, que transportava a minha merenda. Enquanto brincávamos, os adultos conversavam, e os cestinhos e lancheiras ficavam nos bancos. À hora do lanche, a fome era negra. Uma vez, lembro-me como se fosse hoje, comecei a comer a sanduíche e senti a língua a picar. Estranhando o facto, abri o pão. A bela da sandocha estava pejada de formigas!... As sacaninhas estavam a banquetear-se com o MEU lanche! Que raiva! Talvez venha daí a minha aversão às formigas… Sim, ok, são grandes e incansáveis trabalhadoras (será por isso que me irritam?), mas eu prefiro mesmo as cigarras. Não têm olheiras, aproveitam o Verão e nunca me apareceram numa sandes… O único defeito que encontro nas cigarras é que não comem formigas…
O jogo “As sete famílias” é outra das carinhosas recordações que tenho dessas tardes no Alvito. A família do pescador, do jardineiro, do sapateiro, do alfaiate… Sempre tive uma invejazinha secreta da N. por ser dona e senhora daquelas cartas, mas o mais absurdo é que nunca as pedi de presente. Muitos anos mais tarde, decerto devido a uma frustração de infância, acabei por comprá-lo numa versão dos anos 90, contudo, já sem o encanto e o fascínio que eu tanto invejava naqueles distantes anos 60…

Quem conheceu o Monsanto de outros tempos, não desconhecerá que ali existiu um circuito de provas automobilísticas, o Circuito de Monsanto, mais tarde o Circuito de Montes Claros. Passava pela auto-estrada do Estádio Nacional (actual A5), estrada do Alvito, estrada de Montes Claros (Alameda Keil do Amaral), estrada do Penedo e terminava na estrada dos Marcos.

Quem diria que por aquelas estradas já passaram nomes consagrados do automobilismo nacional e não só? Decerto que se lembram de Joaquim Filipe Nogueira. Mais tarde teve um programa de prevenção rodoviária, na televisão, que se chamava “Sangue na Estrada”. Quem diria que pelas estradas do Monsanto já passaram ases do volante? E que ali já houve público entusiasta batendo palmas? O que as árvores do Monsanto já testemunharam...

(imagens cedidas "gentilmente" pelo Arquivo Fotográfico de Lisboa, outras roubadas "gentilmente" por mim)