segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Wilhelm Gustloff

A KDF (Kraft Durch Freude) foi uma organização fundada pela Alemanha Nazi que providenciava atividades culturais, recreativas e de lazer à população alemã. O maior ramo de negócio foi a organização de excursões e viagens com destinos nacionais e internacionais através de cruzeiros. Tornou-se nos anos 30 a maior agência de viagens do mundo e em meados da década encomenda dois grandes paquetes. Em Março de 1938 é entregue o Wilhelm Gustloff à KDF. A finalidade era proporcionar a alemães e austríacos (a Áustria já fora anexada pela Alemanha) deliciosos cruzeiros a preços acessíveis. A Ilha da Madeira foi o primeiro destino. Portugal era o único país europeu que permitia o desembarque de passageiros e os viajantes do Norte da Europa adoravam o clima das ilhas lusas. Espanha, Itália e Noruega eram outros destinos, assim como o Mar Báltico, particularmente a costa alemã e a costa dinamarquesa.

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Quando deflagra a Segunda Guerra Mundial, as paradisíacas viagens terminam e o Wilhelm Gustloff passa a ter outras funções, entre elas, a de navio hospital, colaborando na evacuação de feridos da Polónia e mais tarde, após a invasão da Dinamarca e Noruega pelas tropas alemãs, de Oslo.
Em Janeiro de 1945, nos dias da brutal investida do exército vermelho, e com a guerra perdida para a Alemanha, Adolf Hitler e Karl Dönitz reconhecendo a situação militar insustentável na Prússia Oriental, elaboraram um plano de evacuação das tropas por mar sob o código Operação Hannibal. Esta evacuação foi crescendo acabando por abranger também os civis que imploravam o embarque para a Alemanha. A 30 de Janeiro, o Wilhelm Gustloff zarpou de Gotenhafen (actual Gdynia, na Polónia) com cerca de 10.000 refugiados, na maioria mulheres e crianças. O barco é seguido pelo submarino soviético S13 e a 12 milhas marítimas da costa da Pomerânia, os russos abrem fogo. Três torpedos atingem o Gustloff. São 21h15 do dia 30 de Janeiro de 1945. Uma hora depois é engolido, arrastando mais de 9.000 almas para a morte.

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Tráfico de influências…

Depois de descobrir este santinho compreendi que a boa saúde que a minha mãe tem desfrutado até ao presente se deve a “luvas”… Obrigada J. por teres subornado o Filho de Deus…

Santinho

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Memórias e Afectos (94)

Descobri a 7ª Arte nos finais dos anos 60, início da década de 70. Não consigo precisar em que filme se deu o meu baptismo, mas sei exactamente com quem me estreei nestas andanças. As minhas colegas e amigas B. e M. foram as minhas companheiras de fins-de-semana cinematográficos. Inicialmente íamos aos únicos cinemas que existiam na nossa zona, o Cinema Lido, uma belíssima sala que já só existe nas nossas memórias, e os Recreios da Amadora que é agora um Centro Cultural pertença da Câmara. Mais tarde, alargámos os horizontes até ao Cinema Condes e ao Cine-Teatro Éden, ambos nos Restauradores. Presentemente a ida ao cinema é trivial, mas naquele tempo era um acontecimento. Embora hoje em dia o leque de filmes seja mais diversificado, quando vou ao cinema não sinto o entusiasmo que sentia naquela altura.
Nesse tempo não éramos exigentes nem selectivas quanto ao género. Tanto fazia ser um filme histórico como um filme de guerra, um musical, uma comédia ou mesmo um western.
Ben-Hur e Lawrence da Arabia, Patton, Música no Coração, Hello, Dolly! e My Fair Lady, O Bom, o Mau e o Vilão, Rio Bravo, Dois Homens e um destino, Se o meu carro falasse e a Grande Evasão são alguns dos filmes que me ocorrem, mas há dois filmes que destaco e que vimos pelo menos três vezes… É frequente passarmos por uma fase em que temos uma paixoneta por um actor/actriz e nós não fugimos à regra. A B., apaixonada devota de Charlton Heston, que eu não aplaudia nem acompanhava porque não fazia o meu estilo, conseguiu convencer-me a assistir por três vezes ao filme O Homem que Veio do Futuro (Planeta dos Macacos), de 1968, uma obra-prima da ficção tendo em conta a época, e protagonizado por Heston. Devo dizer que aceitei estas três “doses” de filme porque a organização da sociedade símia me fascinava, ao contrário da constituição física do protagonista…

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Evidentemente que a B. pagou caro este meu acordo. Viu-se na obrigação de me fazer companhia quando bisei o filme francês Le Cercle Rouge, a anatomia de um grande assalto e o que se passa posteriormente. O filme conta com grandes actores europeus da época. Yves Montand, que me fez rir no filme A Mania das Grandezas e que tem uma interpretação magnífica em Jean de Florette e Manon des Sources (recomendo os dois!). Gian Maria Volontè que voltei a ver no western Por um Punhado de Dólares. O singular Bourvil que contracena com o incomparável Louis de Funès em A Grande Paródia. Alain Delon, a minha paixão de adolescente e o motivo que me levou a ver o filme!

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Confesso que fui mais malvada do que a B. porque impus que me acompanhasse a três matinées no mesmo fim-de-semana… e confesso que só li as legendas na primeira, nas outras duas apenas suspirei… Seguiram-se outros filmes com este actor, como A Tulipa Negra, A Piscina, Flic Story ou Borsalino. O Delon envelheceu mal, está um canastrão… mas era lindo!

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A minha amiga M. não era imune “ao fogo que arde sem se ver” e também tinha a sua paixão arrebatadora, mas essa não a obrigava a ir ao cinema. Nesse tempo passava na televisão a série Lancer, uma série americana de cowboys que teve algum sucesso. O pai, Murdoch Lancer, e os dois filhos, Scott Lancer, um ex-oficial do exército, e Johnny Madrid Lancer, um pistoleiro, lutavam contra as ameaças que pairavam sobre o rancho.

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Pois a M. estava pelo beicinho pelo James Stacy (o Johnny Madrid, à direita na foto) e fazia-me lembrar a canção “Ele e Ela” da Madalena Iglésias porque só falava nele a cada momento e vivia com ele no pensamento… Isto valeu-lhe uma gargalhada geral da turma porque a M., que sonhava dia e noite com o Johnny, deu um erro num ditado, na disciplina de Inglês, que o safado do professor partilhou connosco. O título do texto que o professor ditou era “Algebra and Geometry” e a M. escreveu…“Algebra and John Madrid”! Memorável, sem dúvida…

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (52)

Aravind Adiga não me arrebatou neste seu terceiro romance “O Último Homem na Torre”. Continua a ser muito bom, mas, infelizmente, depois de ter lido “O Tigre Branco” e “Entre os Assassinatos”, deu-me a ideia de que Adiga em vez de “subir as escadas”, “desceu-as”…
Considerem uma Cooperativa de Habitação com duas torres, a Torre A e a Torre B. Pensem na quantidade de andares e nas fracções por piso. Ponderem bem no número de indivíduos que povoam essas torres. Conseguem visionar? Então, agora, imaginem isso em Bombaim…

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Mais um retrato complexo da Índia, desta vez mostrando-nos os contrastes gritantes deste país através dos moradores desta Cooperativa inaugurada em 1959. A acção desenrola-se na Torre A, que tem vários problemas na sua estrutura, como o telhado que ameaça desmoronar-se a cada monção e a água que só corre nos canos duas vezes por dia, e alberga famílias católicas, hindus e muçulmanas.
Quando um responsável por uma empresa de construções, Dharmen Shah, oferece uma choruda indemnização aos habitantes das torres para que deixem as casas com o objectivo de ali construir um luxuoso complexo de apartamentos, a primeira reacção é de resistência. No entanto, os interesses pessoais e a ganância superam a valiosa união e a antiga cumplicidade entre os vizinhos. Também os recalcitrantes se arriscam a sofrer um “acidente”, pois o empreiteiro é um indivíduo asqueroso e sem escrúpulos. Neste contexto, apenas um morador, Yogesh Murthy ou "Masterji", velho professor viúvo e reformado, não se deixa seduzir pelo dinheiro fácil e luta pelas suas convicções, recusando-se a abandonar a sua casa. Ele fez aquilo que considerava ser o mais correcto. Ao contrário de Shah, era uma pessoa íntegra e independentemente do que os vizinhos lhe disseram ou fizeram, nunca mudou de ideias e nunca traiu os seus princípios. Manteve-se livre até ao fim…

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Is this love?

Coberto de “post it” com corações!

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Como sou uma sonhadora, não resisti e tirei uma foto…

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Lisboa d'outras eras (9)

Esta imagem é bastante antiga. Quando frequentei esta escola na década de 70 já existiam outros edifícios anexos ao principal. Frequentei esta escola, mas não foi como aluna… Algum palpite?

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(imagem "gentilmente" roubada ao Arquivo Fotográfico de Lisboa)

Parabéns M

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Nunca leves o Pantufa para o emprego…

domingo, 15 de janeiro de 2012

Memórias e Afectos (93)

É simples recordar, com uma nitidez surpreendente, acontecimentos da minha infância e juventude, mas lembrar coisas mais recentes, às vezes, torna-se mais bicudo. Diz-se que relembrar memórias antigas em detrimento das recentes se chama senilidade… prefiro pensar que é mais um desmazelo da memória… Adiante!
O meu pai, que quando jovem era uma nódoa a matemática, começou a apreciar esta matéria quando um episódio algo insólito despoletou esse gosto. Em meados da década de 20 (a long time ago…), frequentava a Escola Académica e tinha um colega de apelido Fragoso que, sendo um aluno mediano, era uma barra a matemática. Numa prova (no meu tempo denominava-se “ponto” e agora “teste”) dessa disciplina, o meu pai, sentado atrás do Fragoso, pediu-lhe ajuda porque via o tempo a passar e não tinha feito praticamente nada. O Fragoso, rápido nos cálculos, terminou a prova e copiou-a integralmente, passando-a ao meu pai. Este, pegou na cábula e começou a reproduzi-la na sua folha, mas não teve tempo para concluir a trapaça e resolveu entregar a folha do colega colocando o seu nome… (parece-me que hoje em dia é improvável suceder uma coisa destas). Assim que o professor ficou na posse da prova, os remorsos assaltaram o meu pai. Imaginou-se a ser punido pelo professor e a ser repreendido pelo próprio pai, também professor…
Acreditem ou não, a realidade foi outra. O professor, não só não deu pela fraude, como também enalteceu o meu pai, dizendo-lhe que finalmente tinha encarreirado na matemática…
O professor nunca soube, mas, ao proporcionar este desfecho improvável, causou uma profunda mudança na vida escolar do meu pai. Os elogios de que foi alvo encheram-no de brio, aplicou-se, os bons resultados não se fizeram esperar, e passou também a ser uma barra a matemática, tudo isto graças ao Fragoso… Ouvi esta história dezenas de vezes, mas, lamentavelmente, o meu pai não conseguiu passar-me a mensagem, talvez porque nunca apareceu um “Fragoso” na minha vida.
Ora, adivinhem quem me dava explicações de matemática? Acertaram, o meu pai!... Com uma santa paciência ensinava-me a Matemática Clássica e mandava-me fazer exercícios, simplifica a expressão e obtém um polinómio na forma reduzida, calcula o valor da expressão com denominador racional, resolve em ordem a x a equação… Tudo isto era “secante” e eu ia passando à “tangente” para desgosto do meu pai. Presentemente sinto-me atraída pelo raciocínio matemático, mas, na época, não tinha maturidade suficiente.
Numa dessas sessões, em que me distraía frequentemente, eu atirava, repetidamente, a caneta ao ar e apanhava-a, enquanto o meu pai perguntava se eu estava a compreender. É claro que não estava a prestar atenção, é claro que a caneta caía ao chão imensas vezes, é claro que não estava a ligar patavina, é claro que o meu pai não tinha qualquer dúvida em relação a isso, é claro que começou a ficar irritado, um indício que me deveria ter feito parar se não se desse o caso de eu estar completamente alheada e ocupada a apanhar a caneta… Repentinamente, quando a caneta caiu ao chão pela quinquagésima vez, o meu pai levantou-se e pisou-me a caneta até a fazer em frangalhos e restar apenas a recarga… Não ganhei para o susto, mas afianço que nunca mais brinquei em serviço! Este incidente serviu de gozo durante vários anos e ainda hoje é recordado pelo dia em que o meu pai se passou...

Gente feliz com gatos (7)

Uma casa sem um gato, um gato bem alimentado, mimado e adorado, pode ser até ser uma casa perfeita, mas não merece ser considerada uma casa.

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Patricia Highsmith

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Reservado à Indignação (45)

Nunca pertenci à categoria de pais que fazem dos professores os maus da fita, nunca fui conivente com facilitismos e esforcei-me por mostrar aos meus rebentos que devemos respeitar as hierarquias, valorizar os educadores e reconhecer a sua autoridade. Tenho adoptado a mesma estratégia que o meu pai empregou com os filhos, ouvir e dialogar, sendo que, na maioria dos casos, a condescendência dele pendia para os docentes. Julgo que não devemos minar a autoridade dos professores, devemos, sim, mostrar aos nossos filhos o que está certo e o que está errado, o que é justo e o que é injusto. Só assim conseguimos formar cidadãos dignos e idóneos.
É bonito ter uma relação próxima com os filhos, sou uma mãe tolerante (por vezes permissiva demais, segundo a minha filha mais velha…), mas os pais são pais, e não amigos. Estarei sempre onde precisarem de mim, mas como mãe, não como amiga. Assim como os pais têm os seus próprios amigos, os filhos também têm os seus amigos, é natural e saudável que assim seja. Não posso generalizar, mas, hoje em dia, numa inversão de valores, parece-me que os filhos mandam nos pais e estes, por sua vez, curvam-se perante os caprichos dos filhos e insurgem-se contra os professores, como se a escola fosse uma filial da família e tivesse o dever de “domesticar” os meninos. Ainda que, presentemente, não tenha razões de queixa, prefiro uma negativa à falta de educação ou mau comportamento.
Pode parecer que, como mãe, sou quase perfeita, mas não sou… Há ocasiões em que esqueço a ética e tenho atitudes menos ortodoxas, algumas, confesso, em relação aos professores, como já tive oportunidade de desabafar aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui… Interessei-me sempre pelo percurso académico da minha prole, mas, embora a minha presença nas reuniões escolares seja constante, reconheço que me tenho mantido um pouco à margem da vida escolar, não interferindo in loco … O motivo desta conduta deve-se, essencialmente, ao receio que o feitiço se vire contra o feiticeiro. Receio que em vez de solucionar uma ou outra contrariedade acabe por agravá-la, porque insisto em pensar que a máxima “os professores têm a faca e o queijo na mão” ainda está vigente…
O professor deve ser isento e imparcial, mas nem sempre isso acontece. Há uns anos surgiu uma incompatibilidade entre a professora de filosofia e a minha filha mais velha. A senhora parecia estar sempre contra ela e, aparentemente, nada explicava essa antipatia. Chegou ao ponto de privilegiar uma aluna que tinha feito copy paste (coisa que qualquer aluno sabe fazer…) de um livro de apoio e repreender a minha filha pelo seu livre pensamento (estamos a falar de filosofia, não de uma ciência exacta…). Deixava passar uma falta num aluno e a seguir castigava outro por uma falta semelhante e nada indigna mais um aluno que a injustiça. Mais vale cair em graça do que ser engraçado… As aulas de filosofia tornaram-se completamente insuportáveis. Por sorte, no ano seguinte a professora desapareceu literalmente do mapa (deve ter ido criar mau ambiente para outra escola…) e a nova professora conseguiu reconhecer as suas qualidades de forma justa. Se eu tivesse interferido, teria mudado alguma coisa? Não creio… Limitei-me a praguejar e amaldiçoar a senhora, não lhe reconhecendo, ainda hoje, a mínima idoneidade para leccionar.
Pode parecer que, como mãe, sou quase perfeita, mas não sou… Há ocasiões em que esqueço a ética e tenho atitudes menos ortodoxas…
A minha filha mais nova, a contestatária, entrou, este ano lectivo, no secundário. Apesar dos testes de orientação profissional terem sido mais favoráveis à área de Ciências Socioeconómicas, influenciada por mim escolheu Ciências e Tecnologias… A aversão à professora da disciplina de Biologia (e directora de turma…) foi rápida, mas lá fui pondo água na fervura. Na primeira reunião com a senhora entendi o porquê de tanta raiva e pensei, com os meus botões, que a coisa não ia correr nada bem. Aspirante a “tiazoca”, arrogante, repetitiva, inflexível, rabugenta e com um forte discurso provocatório. Em casa, através de umas evasivas, disfarcei o meu desânimo e incentivei a minha filha a prosseguir o estudo naquela disciplina. Não fui bem-sucedida. A minha filha definhava, a família notou que andava triste e desinteressada. A reunião no final do 1º período deu-me a conhecer mais um traço do seu mau feitio, a má-criação. Quando a avó, e encarregada de educação, de um aluno fez uma observação, a indelicada e despótica professora ignorou-a… e continuou a sua dissertação dirigida aos “ranhosos” progenitores, como se, para nós, fosse uma bênção ouvi-la.
Desta feita não escondi a minha indignação em casa e dei largas à minha revolta. Isto foi “música” para os ouvidos da minha filha, como se eu tivesse acabado de pronunciar a famosa frase do Star Wars, “May the Force be with you”… Começou a desbobinar e revelou-me, então, que detestava a matéria de biologia e que a professora fazia alguns comentários depreciativos (a qualquer aluno, sem mostrar favoritismos, o que já não é mau…).
Se já não gostava de Biologia, bastou achar que a professora esperava pouco dela para perder completamente a motivação. Com o meu consentimento anulou a disciplina, assim como a de Física e Química, determinada a mudar para Ciências Socioeconómicas no próximo ano lectivo. Comunicou à professora a sua decisão e surpreendeu-se pelo feedback positivo… mas quando a fartura é muita, o pobre deve sempre desconfiar. Assim que teve oportunidade espetou a primeira farpa: “A vossa colega R. vai deixar-nos porque pretende mudar de curso, mas vocês não julguem que ao mudar para outro curso vão sentir menos dificuldades porque todos são difíceis”. Observem com atenção a frase da “fera”. Ainda na mesma aula, aproveitou para meter a segunda bandarilha: “A R. vai trocar-nos…por um dos outros cursos… aqueles que não fazem nada…”. Observem a frase desdenhosa da “fera”. Mas afinal como é? São todos difíceis ou só se empenha e trabalha quem tem Biologia? Estaria a afirmar, de uma forma dissimulada, que a minha filha pertence ao lote dos burros? A minha filha, que nestes momentos teria o meu aval para lhe responder polidamente, calou-se…
Primeiro, não me parece que ela, particularmente como directora de turma, tenha que dar palpites sobre o assunto, segundo, não demonstrou bom senso nas críticas nem as devia fazer na frente de toda a turma, terceiro, irritam-me os estigmas e as rotulagens, quarto, não lhe reconheço a mínima idoneidade pedagógica e pior que isso, os alunos também não…
O modo como os professores interagem com os alunos é determinante no processo de aprendizagem e na forma como lidam com a escola. Por esse motivo, é raro um professor marcar-nos ao longo da vida, é raro haver um professor inesquecível
Na próxima quinta-feira irei conversar com a senhora visto que continua a ser a directora de turma e quero que ela entenda que me preocupo com os resultados académicos da minha filha, que me interesso pelo seu êxito, mas, acima de tudo, preocupa-me o seu bem-estar e a sua felicidade…

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

No escurinho do cinema…

…chupando drops de anis, longe de qualquer problema, perto de um final feliz. Assim começa Flagra, a canção de Rita Lee.
Dispenso os drops de anis, prescindo de finais felizes e, em alguns casos, troco a sala de cinema pelo animatógrafo familiar…

Depois de tomar conhecimento de que o filme “Contraluz”, do realizador português Fernando Fragata, tinha sido galardoado com o prémio na categoria de melhor drama no Festival Internacional da Costa Rica fiquei com curiosidade em vê-lo. Rodado integralmente nos Estados Unidos, conta com um elenco de actores portugueses e americanos e conta-nos como a vida de um conjunto de pessoas, estranhas umas às outras, acaba casualmente por se cruzar devido a penosos acontecimentos pessoais que mudam as suas vidas. Joaquim de Almeida como um dos protagonistas é completamente irrelevante… Não sendo um filme notável, gostei!

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O que posso dizer do “Planeta dos Macacos: A origem”? Que a tecnologia que criou a personagem Gollum em “O Senhor dos Anéis” foi também usada para criar os símios digitais. Que se para algumas pessoas o efeito é magnífico, para mim não é assim tão extraordinário (shame on me!... deve ser falta de sensibilidade tecnológica…). Que Andy Serkis (como Gollum e mais tarde como Capitão Haddock) foi escolhido para dar corpo e vida ao macaco Caesar.
O filme tocou-me, sobretudo, pela mensagem crítica sobre as leis que regem as pesquisas médicas com animais e ficamos por aqui…

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Entre o filme “A Árvore da Vida”, de Terrence Mallick, e o filme “Melancolia”, de Lars Von Trier, venha o diabo e escolha… Neste último, um planeta gigante que dá pelo nome de Melancholia, desconhecido até à data por estar oculto pelo Sol, aproxima-se tragicamente da Terra. A sequência inicial do filme, ao som de “Tristão e Isolda” (grandioso…), só pode ser fruto de um qualquer entorpecimento induzido por álcool ou drogas…fogo! A primeira parte do filme não anda, arrasta-se, é de um marasmo assustador… O casamento de Justine (Kirsten Dunst assombrosa no papel…) decorre num clima de falsa e efémera felicidade, a noiva luta para ser feliz, mas entra num estado de instabilidade emocional e melancolia. A segunda parte rasteja, é solenemente enfadonha… O centro das atenções passa a ser a irmã da noiva, Claire, que vive completamente mortificada pela ameaça iminente da catástrofe. Se no início, Claire era o apoio de Justine, quando a tragédia está prestes a desabar é Justine, que nada tem a perder com o fim do mundo, que lhe transmite uma calma de morte...

MelancoliaEleito melhor filme de 2011 pela Sociedade de Críticos de Cinema, nos EUA, e melhor filme de 2011 pela Academia Europeia de Cinema, um bando de iluminados dos quais, evidentemente, não faço parte porque me falta sensibilidade cinematográfica. Segundo a crítica “Melancolia” é uma pérola, na minha questionável opinião é um tesourinho deprimente, uma dor, uma angústia sem fim, uma pedrada de 140 minutos…

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dexter–6ª temporada

A 6ª temporada de Dexter não fez jus às minhas expectativas. Transpirou religião por todos os poros, o que não teria qualquer problema se Dexter não se apresentasse menos inteligente e mais distraído, e teve um final tramado. Tenho esperanças que nas próximas duas temporadas, já confirmadas pela ShowTime para este ano, os produtores executivos se redimam desta sexta temporada medíocre e voltem a mostrar-nos o nível das outras temporadas, particularmente da quarta…

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Desmame…

Não podemos deixar de comer estas delícias das Festas assim de um dia para o outro. É um choque e é perigoso!… O nível de açúcar no sangue não pode baixar drasticamente, tem que ser progressivo, não acham?… É o mesmo que tomar antidepressivos e deixar de os tomar de um dia para o outro. Começamos a sofrer de dormência dos membros, cabeça oca, tonturas, enfim, coisas evitáveis se tudo for feito gradualmente… Vai uma fatia? 

A minha onda (34)


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Fera…

… que chegou cá a casa há 5 anos!…

Esta fotografia esteve quase, quase, a entrar na
Galeria Pública da Comunidade Olhares
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É liiiiinnnnnnnnnnnndo!!!!

Todos diferentes, todos iguais

Simon's cat

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Aviso à navegação…

Desde o início do ano que o acordo ortográfico da Língua Portuguesa passou a estar em vigor nos documentos oficiais e em todos os serviços, organismos e entidades estatais, incluindo o site do Parlamento.
Em vigor desde o dia 13 de maio de 2009, o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em Lisboa, a 16 de dezembro de 1990 e compreende um período de adaptação de seis anos durante o qual são aceites as duas grafias, a do acordo ortográfico de 1945 e a de 1990.
Se este blogue subsistir até 2015, continuarei a abraçar o AO de 45 e estarei a marimbar-me para o entendimento que resultou de um consenso (com senso?) entre os PALOPES. Sempre ouvi dizer que burro velho não aprende línguas e eu comprometi-me com a língua pátria desde a 1ª classe…
Na instrução primária dava a mão à palmatória quando cometia erros como “direção”, “correto” ou “ótimo”. Depois vou “levar reguadas” por escrever “direcção”, “correcto” ou “óptimo”?! É o mesmo que esforçarem-se por inverter a minha lateralidade à esquerda até conseguirem que eu use preferencialmente a mão direita e ao fim de cinquenta anos obrigarem-me a ser sinistra…

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Louis Wain

Cat Land

Aproximando-se a data em que o (meu?) gato se juntou à família, pretendo homenagear esses nobres felinos. Houve, em vários povos e culturas, o culto ao gato. Eu idolatro os meus!... Não sei se alguns gatos mudaram o mundo. Os meus gatos mudaram o meu mundo!.. O gato medita, está em imperturbável estado zen, no nirvana…

Louis Wain foi um artista britânico conhecido pelos seus desenhos de gatos, semelhantes, do ponto de vista morfológico, ao homem. Os desenhos de gatos e gatinhos mais fragmentados e com olhos mais esbugalhados foi-se acentuando à medida que o estado de saúde do pintor, que sofria de esquizofrenia, se agravava.

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Durante a doença da sua esposa Emily, entreteve-se a desenhar o gato de casa, Peter, em diversas poses imitando atitudes de pessoas. Tais desenhos destinavam-se a distrair e animar Emily, mas foi a partir daí que a sua carreira se definiu distinguindo-se com os desenhos antropomórficos de gatos. Ora aqui está um bom exemplo de que o mal existe para que possamos conhecer o bem, de que o mal existe inerente ao bem… Se não fosse a doença de Emily, pressuponho que não teríamos oportunidade de nos deleitarmos com a arte de Wain…

LW3schoolLW4H. G. Wells, escritor inglês, disse de Louis Wain: Ele apropriou-se do gato. Inventou um estilo, uma sociedade, todo um mundo do gato. Os gatos ingleses que não se pareçam e vivam como os gatos de Louis Wain deveriam envergonhar-se de si próprios.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A minha onda (33)

I realised that I belong to an amazing generation…









domingo, 1 de janeiro de 2012