quinta-feira, 29 de março de 2012

Patronato alemão…

… quer acabar com pausas para fumar.
Mas os patrões alemães não são os primeiros a pensar nesta hipótese. Em Outubro do ano passado, a região belga da Valónia decidiu aplicar restrições às pausas para fumar a todos os seus 10.000 funcionários. Desde então, cada vez que alguém sai para fumar, a ausência é registada e esse tempo descontado no salário.
Este princípio, mais dia menos dia, vai cá chegar…

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Lá virá o tempo em que nas prisões portuguesas (e não só…) só vão estar os criminosos fumadores e, quiçá, pessoal que faz downloads para consumo próprio…

terça-feira, 27 de março de 2012

Let's look at the trailer (25)

Escolham…entre a versão cinematográfica sueca de Niels Arden Oplev com Noomi Rapace no papel de Lisbeth Salander e o remake hollywoodesco de David Fincher com Rooney Mara a substituir Noomi.
Gostei muito do remake. Confesso que ainda não vi a versão sueca, mas quem viu gostou mais da versão de Fincher, embora a escolhida, na personagem de Lisbeth, tenha sido Noomi Rapace…
Depois de ler o livro fiquei com a ideia de que há algo de podre no Reino da Suécia…

domingo, 25 de março de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (57)

Stieg Larsson (1954-2004). Morreu subitamente, pouco tempo depois de entregar à sua editora sueca os três volumes da trilogia Millennium. Tragicamente, não viveu para assistir ao fenómeno mundial em que a sua obra se transformou. Uma grande perda para a literatura mundial…

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O jornalista de economia Mikael Blomkvist precisa de uma pausa. Acabou de ser julgado por difamação ao financeiro Hans-Erik Wennerstrom e condenado a três meses de prisão. Decide afastar-se temporariamente das suas funções na revista Millennium. Na mesma altura, é encarregado de uma missão invulgar. Henrik Vanger, em tempos um dos mais importantes industriais da Suécia, quer que Mikael Blomkvist escreva a história da família Vanger. Mas é óbvio que a história da família é apenas uma capa para a verdadeira missão de Blomkvist: descobrir o que aconteceu à sobrinha-neta de Vanger, que desapareceu sem deixar rasto há quase quarenta anos. Algo que Henrik Vanger nunca pôde esquecer. Blomkvist aceita a missão com relutância e recorre à ajuda da jovem Lisbeth Salander. Uma rapariga complicada, com tatuagens e piercings, mas também uma hacker de excepção. Juntos, Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander mergulham no passado profundo da família Vanger e encontram uma história mais sombria e sangrenta do que jamais poderiam imaginar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (56)

Recomendadíssimo!

O_Homem_de_Sampe

1914: a Alemanha prepara-se para a guerra e os aliados constroem as suas defesas. Ambos os lados precisam da Rússia, que se debate com problemas internos graves e vive na iminência de uma Revolução. Em Inglaterra, o duque de Walden e Winston Churchill planeiam, em total segredo, uma aliança com a Rússia. Contudo, um homem disposto a tudo e sem nada a perder infiltra-se no país com a intenção de travar a todo o custo o acordo entre russos e britânicos. Conseguirá o Homem de Sampetersburgo deixar o país a seus pés e inverter o curso da História?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)

Conhecidos, muitos; amigos, poucos

2000 amigos no Facebook

Meu pai costuma dizer: quando morreres, se tiveres cinco amigos verdadeiros, então tiveste uma vida notável (Lee Lacocca)

Experimenta, um dia, os teus amigos: fere-os, nos seus interesses e ambições, ou não lhes afagues a vaidade, e verás quantos te ficam!
(José Castália, o meu avô paterno…)

terça-feira, 20 de março de 2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dad Poem

(atribuído a Hilda Bigelow)

I had a father who talked with me
Allowed me the right to disagree,
To question and always answered me
As well as he could and truthfully.
He talked of adventures; horrors of war;
Of life, its meaning; what love was for;
How each would always need to strive
To improve the world to keep it alive.
Stressed the duty we owe one another
To be aware each man is a brother.
Words for laughter he also spoke
A silly song or a happy joke.
Time runs along, some say I'm wise
That I look at life with seeing eyes.
My heart is happy, my mind is free,
I had a father who talked with me.

domingo, 18 de março de 2012

Jeremy Irons em Lisboa!…

…durante sete semanas, nas filmagens do filme

Lisbon

sábado, 17 de março de 2012

Cat Atelier

Julie Song nasceu em Nova Iorque, tem 33 anos, é designer e no tempo livre desenha e faz roupa para gatos. Ela própria tem um gato e usa-o como modelo. Chapéus, laços, gravatas, etc. Há de tudo um pouco, para todas as ocasiões. Não são peças baratas, mas a exclusividade é cara. Julie admite, numa entrevista ao jornal britânico «Daily Mail», que se diverte com o seu tempo livre e não se importa que as pessoas brinquem com as roupas que desenha e costura. Ela própria também brinca. Mas a brincar a brincar, vai ganhando algum dinheiro com isso. Espreitem aqui.

gato1gato

quinta-feira, 15 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

Problema resolvido!

IRS

Message in a bottle (66)

Odeia o seu patrão? Lamente-se online (Isabel Stilwell - editorial Destak)

Dizem os especialistas na mente humana que os verdadeiros psicopatas não são os que sonham em matar o pai, o chefe, ou o colega de secretária, mas aqueles que não brincam com os pensamentos, nem fazem uso do humor, mas acumulam dentro de si uma raiva recalcada que um dia explode da pior maneira. Foi por acreditarem nesta teoria, que dois australianos acabam de lançar um muro de lamentações para quem odeia o patrão, ou qualquer outra personagem do escritório ou da repartição.
Os criadores do Ihatemyboss.com.au, dizem que o seu site se destina aqueles que detestam:
a) o patrão
b) o colega
c) o cliente
d) alguém ligado ao trabalho
e)TODOS OS ANTERIORES
As regras de utilização são simples: insultar com graça e com o máximo de criatividade possível, sem utilizar o nome verdadeiro do alvo dos ataques, sem empregar palavrões, comentários rascas ou considerações pessoais.
O objectivo número dois é dar a oportunidade a quem se queixa de perceber que há mil pessoas que sofrem a mesmíssima tortura. Mais ainda, de se reverem nos comentários dos outros, entendendo que provavelmente não são os anjinhos que se gostam de imaginar, afinal há por lá muita gente a queixar-se de pessoas iguais a elas.
A terceira funcionalidade é servir como bolsa de emprego, modalidade que o site indica que está para começar em breve. “Se não gosta do seu chefe, entregue-o aqui e leve outro para casa”, reza o slogan. Seguem-se conselhos de carreira, nomeadamente de como se apresentar a uma entrevista, fazer um CV e por ai adiante. Lamentar-se do patrão passado não é boa ideia.
A última utilidade, digo eu, é mostrar como há saídas criativas para situações profissionais impossíveis, porque ambos os criadores afirmam que chegaram à ideia porque... odiavam os patrões.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Message in a bottle (65)

Andam a brincar às touradas com o nosso dinheiro (Tiago Mesquita no Expresso)

O que se passa neste país falido, de pessoas falidas, de empresas falidas, com um Estado falido e com Câmaras Municipais falidas relativamente ao apoio que se dá ao massacre de touros (peço perdão - dizem os aficionados que é uma nobre arte - digo eu "vão dar sangue" e não o tirem a quem não se pode defender) para regozijo e benefício de meia dúzia é uma pouca-vergonha. E não me venham com a história da tradição, do retorno, da treta que dá emprego a muita gente porque estamos a falar de valores pornográficos numa época de vacas magras. Querem ver, ou melhor, ler?
Estremoz vai gastar 2,5 milhões de euros para remodelar a praça de touros, 80% deste dinheiro provem de fundos europeus do programa FEDER. Repito: DOIS VIRGULA CINCO MILHÕES! Pergunta: não existirão necessidades prementes, sociais quiçá! em Estremoz para além desta empreitada? E a existirem não deveriam ter, no mínimo, igual consideração?
A C.M da Azambuja gasta 600 mil euros para renovar praça de touros. A C.M. de Vila Franca de Xira só em 2011 gastou em tauromaquia a quantia de 4.447.271 euros! Imagino o que não terá sido gasto ao longo de vários anos. Será possível que ninguém fale disto? Ninguém questiona a utilização de verbas de valor astronómico? Andamos nós a tapar os buracos financeiros da Câmaras que devem dinheiro a tudo o que é fornecedor levando milhares de empresas à falência e milhares de pessoas ao desemprego, para estes senhores andarem a gastar no pagode?
A C.M de Santarém ao longo de vários anos tem gasto milhares de euros na compra de bilhetes para touradas, 150 mil euros só em 2009. O mesmo aconteceu em 2010 e 2011. Também em 2009 a mesma Câmara gastou nove mil euros na compra de 200 exemplares do livro "João Patinhas - Um forcado". Tudo feito através de ajustes diretos. Nove mil euros em João Patinhas? Chamem o Tio Patinhas para gerir estas Câmaras por amor de Deus.
Outro exemplo asqueroso: entre 2004 e 2010 o Governo Regional do Açores, o Município de Angra do Heroísmo e a empresa municipal "Culturanga" gastaram mais de 2.600.000,00 euros em apoios à tauromaquia.
Já em 2012 a Direção Regional do Turismo subsidiou o II Fórum Mundial Taurino com 75.000,00 euros. Sim - 2012 - o annus horribilis da nossa economia, com milhares de pessoas a passarem dificuldades extremas, desempregadas, a perderem a casa, os bens e a esperança, atoladas em dívidas num desespero asfixiante. Mas para as touradas não pode faltar, não. Nunca.
Mas o escândalo continua a nível europeu com os contribuintes de todos os estados membros a pagarem subsídios aos ganadeiros de touros de lide. São milhões todos os anos e sempre os mesmos a receber. Famílias inteiras de ganadeiros e toureiros recebem subsídios entre os quais se encontram os Telles, os Núncios, por exemplo, ganadeiros como os Palhas, Infante da Câmara, Murteira Grave, etc. Neste último caso - Murteira Grave - recebe como ganadeiro e também recebe como uma empresa denominada Grave Empresa Unipessoal, Lda.
Estes dados, embora disponíveis em diversos websites governamentais, camarários e europeus são do total desconhecimento do comum dos mortais, ou da larga maioria. Sou anti-touradas. Abomino-as. Causa-me repúdio saber que em 2012 ainda habita neste planeta alguém capaz de aplaudir de pé o sofrimento de um animal. Mas isto que acabei de relatar não tem nada a ver com touradas. Isto é uma tourada.

Nota informativa:
A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira contestou o teor deste artigo: “vimos, na defesa do bom nome do Município de Vila Franca de Xira e ao abrigo dos artigos 24.º e 25.º da Lei de Imprensa (relativos ao Direito de Resposta), esclarecer que não nos encontramos falidos. O chorrilho de disparates como os que são escritos, para além da falta de respeito pelos outros, revela uma falta de conhecimento.
Para que a verdade, no que diz respeito ao Município de Vila Franca de Xira seja reposta informamos que, conforme está na Conta de Gerência, a verba despendida em 2011 no reforço da tradição tauromáquica foi de €140.035,60 (onde se inclui Semana da Cultura Tauromáquica; Protocolo com Casa dos Forcados de Vila F. Xira; Protocolo com Associação Escola de Toureio José Falcão; Protocolo com empresa "Tauroleve"; Esperas do Colete Encarnado e Esperas da Feira de Outubro).”

Nota opinativa:
Seja muito ou pouco, foi mal gasto… Também eu sou anti-touradas, abomino-as, não passam de espectáculos bárbaros… 

domingo, 11 de março de 2012

Esta foto não tem preço!

Até no Reino Animal os machos perdem a calma diante da eloquência feminina...

Pardais

sábado, 10 de março de 2012

Tomara que chova…

… senão estamos tramados!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (55)

Carlos Ruiz Zafón escreveu o seu primeiro romance “O Príncipe da Neblina” em 1993, mas só foi editado em Portugal em 2011. Esta obra faz parte da Trilogia da Neblina, faltando editar, na nossa língua, “El Palacio de la Medianoche” de 1994 e “Las Luces de Septiembre” de 1995, todos eles dirigidos a um público jovem.
“O Príncipe da Neblina” é nitidamente um livro juvenil, um pouco aquém da maturidade literária dos seus outros romances, mas tem uma história bem construída e não deixa de ter a assinatura de Zafón. As descrições quase poéticas, o dramatismo sinistro, a apreensão, o desenrolar misterioso da narrativa, tudo está presente, assim como o talento para nos paralisar nos momentos de suspense, dando por nós a suspirar de alívio por não estarmos na pele das personagens.
É uma aventura onde não falta um barco naufragado, um farol, rochedos do demónio, tempestades, uma casa isolada na praia, palhaços inquietantes, magia e acontecimentos estranhos que me fizeram regressar à infância e à adolescência, aos tempos em que vivia e vibrava com as movimentadas aventuras e mistérios dos livros de Enid Blyton e de John Pudney…

Zafon

Um diabólico príncipe que tem a capacidade de conceder e realizar qualquer desejo... a um preço muito elevado.
O novo lar dos Carver, numa remota aldeia da costa sul inglesa, está rodeado de mistério. Respira-se e sente-se a presença do espírito de Jacob, o filho dos antigos donos, que morreu afogado.
As estranhas circunstâncias dessa morte só se começam a perceber à medida que o jovem Max, a irmã Alicia e o amigo Roland vão descobrindo factos muito perturbadores sobre uma misteriosa personagem de seu nome…o Príncipe da Neblina.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

Faço minhas as palavras de Helena Sacadura Cabral: “Confesso que não aprecio ter um dia dedicado ao meu género. Mas não deixo de compreender o que devo a todas aquelas que nele estão simbolizadas.”

sufragistas

quarta-feira, 7 de março de 2012

Notável…

… demolidor, angustiante, desgastante, brutal, brilhante, são adjectivos que, na minha insignificante opinião, qualificam o primeiro filme de Steve McQueen (não confundir com o já falecido actor americano), “Fome” (“Hunger”) de 2008. Não é um filme de horror nem tão-pouco um horror de filme, é um filme de resistência e coragem.
Depois de ver “Em Nome do Pai” (“In The Name of the Father”), um dos meus filmes de culto, e “Michael Collins”, que abordam a luta pela independência da Irlanda do Norte e a organização clandestina e nacionalista irlandesa (IRA), a R. aconselhou-me a ver “Hunger” e ainda bem que o fez porque o filme é indiscutivelmente excepcional.
Estamos em 1981. Inicialmente, acompanhamos o dia-a-dia de um guarda do estabelecimento prisional de Maze em Belfast, onde dá entrada um novo prisioneiro que é colocado numa cela imunda e nua onde se encontra outro recluso, um dos muitos prisioneiros do IRA, que se entrega audaciosamente ao Blanket and No Wash Protest (trancados nas celas, sem qualquer tipo de tarefa/entretenimento, recusavam vestir o uniforme da prisão, usavam apenas cobertores e recusavam lavar-se) que tinha sido iniciado em 1976.
Este é um daqueles filmes que nos desperta os sentidos. O cheiro dos dejectos é repugnante, as cenas da brutalidade prisional são dolorosas, sofremos na pele e na carne os espancamentos e as violações quando são revistados, escutamos o ressoar dos bastões, da polícia de intervenção, nos escudos, perturbamo-nos com o próprio silêncio…
O tema central do filme é a greve de fome iniciada pelos reclusos e liderada por Bobby Sands (Michael Fassbender), um activista do IRA, com o propósito de levar a primeira-ministra Margaret Thatcher a atribuir-lhes o estatuto de prisioneiros políticos, que lhes tinha sido negado. A cena mais intensa do filme, parco em diálogos, tem uma duração de cerca de vinte minutos e baseia-se num diálogo magnífico, uma esgrima polida e calorosa de raciocínios entre Sands, defendendo que a greve de fome é o seu último recurso, e o padre Moran, que contesta, argumentando que a mesma é um meio de pôr termo à vida. Na última parte do filme assistimos, com um realismo chocante, à degradação física de Bobby Sands até à sua morte, depois de 66 dias de greve de fome, mas sempre com uma convicção clara e inflexível.
Michael Fassbender num desempenho fora de série e brutal.

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Lutar por um objectivo, levar essa luta até às últimas consequências e sofrer para sustentar as suas opiniões é de uma bravura notável e de uma força moral que têm toda a minha admiração e reconhecimento.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Let's look at the trailer (24)

Baseado na peça de Yasmina Reza, “God of Carnage”, a história passa-se inteiramente numa casa e gira em torno de dois conjuntos de pais que se reúnem para discutir, de maneira civilizada, uma disputa entre os seus filhos. No entanto, o tempo vai passando e eles tornam-se cada vez mais infantis e irritantes, e o resultado é hilariantemente absurdo e caótico.
O elenco, composto por Christoph Waltz, Kate Winslet, Jodie Foster e John Reilly, é surpreendente. Dois pares fabulosos. Kate Winslet tem um dos maiores momentos WTF do filme!

sábado, 3 de março de 2012

Salvar o que restou do Monumental…

As estátuas que adornaram durante anos as esquinas do Cine-Teatro Monumental descansam há muito tempo no jardim da Praça de Londres. Lamentavelmente começam a degradar-se e se nada for feito receio que levem o mesmo triste caminho do edifício e fiquem apenas as recordações…

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quinta-feira, 1 de março de 2012

Por uma vez estamos de acordo!

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Os grandes contadores de histórias

(por João Lopes, crítico, in DN)

Eis um filme que entrou e saiu dos Óscares sem que ninguém desse por ele. Era um dos nomeados para melhor do ano, mas o certo é que Extremamente Alto, Incrivelmente Perto não passou de uma presença discreta, apenas contrariada pelo facto de Christopher Plummer, ao receber a estatueta de Melhor Actor Secundário, ter saudado um dos seus intérpretes, Max Von Sydow (nomeado na mesma categoria). A provar que o imaginário televisivo desvaloriza os grandes actores, nem sequer ajudou o facto de Tom Hanks e Sandra Bullock constarem da ficha artística. Digamos, para simplificar, que Extremamente Alto, Incrivelmente Perto representa uma evolução admirável no imaginário cinematográfico do 11 de Setembro. A História do jovem Oskar (brilhantíssimo Thomas Horn) não se esgota no facto de ser órfão de um pai (Hanks) falecido no World Trade Center: ele não é o símbolo de um passado traumático, mas sim um pequeno ser, à deriva, condenado a inventar o seu futuro. A realização de Stephen Daldry, recusando qualquer linearidade, factual ou psicológica, coloca Oskar como pivô de uma questão visceral: de que sentido precisamos, não apenas para viver, mas sobretudo para continuar a viver? E tanto mais quanto, como lhe diz a mãe (espantosa Sandra Bullock, actriz regularmente subvalorizada), temos de aprender a lidar com coisas que… não fazem sentido.
A adaptação do livro de Jonathan Safran Foer é, por certo, um dos mais prodigiosos argumentos que se escreveram, nos últimos anos, no cinema americano. Assina-o Eric Roth, nome ligado a Forrest Gump (1994), Munique (2005) ou O Estranho Caso de Benjamin Button (2008). Afinal, a avalancha dos “efeitos especiais” não fez desaparecer os grandes contadores de histórias.

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