sábado, 23 de março de 2013

Postcrossing (28)

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FR-262274 enviado pela Fleur
A Fleur vive em Saint-Omer, uma cidade histórica no norte da França. No postal, que foi escolhido, com sucesso, para me agradar, pode ver-se a catedral de Saint-Omer, embora a foto seja demasiado pequena e não  esclarecedora da beleza da mesma.
A República Francesa é dividida administrativamente em departamentos. Os números dos departamentos (no caso de Pas-de-Calais é o 62) encontram-se nas placas dos veículos, nos códigos postais e nos números da segurança social. Arras é a capital do departamento de Pas-de-Calais e é uma cidade lindíssima. A arquitectura dos edifícios da Grand Place é divinal…

Arras

Roman-Empire

Mania das tecnologias…

Gosto...e não se fala mais nisso! (32)

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Pro Bono

Não tenho por hábito comentar estes episódios, mas há coisas que me envinagram e tenho que destilar o ácido que me corrói, senão corro o risco de ficar com azia.

Existem condições “sine qua non” para se ser convidado pelo Clube de Pensadores. Terão que possuir um título académico, serem empreendedores, doutores, assessores, consultores, gestores, directores, vencedores, impostores ou exploradores porque rima com Pensadores e dá sainete… Infelizmente, as coisas nem sempre correm bem e lá lhes foge o pé para o chinelo. Foi o que aconteceu quando convidaram o senhor Miguel Relvas, um “Espantalho” charlatão sem um cérebro capaz de produzir pensamentos e grande amigo do “Leão Medroso” (que também já passou pelo clube dos filósofos iluminados), um teimoso que não passa de uma farsa que, sem coragem, se curva perante a “Bruxa do Leste”…
O senhor Azevedo, aliás, o senhor Belmiro, porque os donos das lojas do comércio tradicional no geral, e das mercearias em particular, nunca são designados pelo apelido (vá-se lá saber a razão, mas sempre os conheci por “senhor Joaquim”, “senhor Henrique”, “senhor Ernesto” e por aí fora…) foi o convidado que “abrilhantou” o 7º aniversário do Clube dos Pensadores…
O senhor Belmiro estava dentro dos requisitos. Uma “alta competência”, empreendedor e vencedor ”que tudo faz para o bem do povo”… O senhor Belmiro, que não surpreendeu porque já se sabia que seria uma lição de gestão e de vida, considerou que “
as manifestações têm sido um Carnaval mais ou menos permanente e que para os trabalhadores, sobretudo, infelizmente, para os muitos desempregados, aquilo é um divertimento. Como sabem aquilo não é inocente, alguém paga os autocarros”.O senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, compara manifestações de descontentamento, com milhares de desempregados, a desfiles alegóricos com milhares de mascarados. É pena, senhor Belmiro, que estes milhares de “foliões disfarçados de desempregados, reformados e de novos pobres” continuem a encher-lhe os bolsos, acreditando que o senhor, mascarado de benfeitor do povo, lhes oferece as serpentinas e lhes dá descontos em cartão Continente…
Falando sobre a economia do país, o senhor Belmiro defendeu que "sem mão-de-obra barata não há emprego". Eu acrescento “sem mão-de-obra barata não existiria Belmiro nem o seu império”.
Alguém disse que o senhor Belmiro fala pouco, mas certeiro. Pois, desta vez, teria sido preferível que estivesse calado. Há coisas que simplesmente não se dizem, mesmo que as pensemos, e o despudor com que o senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, o disse é de uma monstruosidade assinalável e chocante.
O senhor Belmiro, presidente do conselho de administração da Sonae, reconheceu estar cada vez mais inconformado (se necessitar, há uma vaga na Secção dos Frescos do Continente e outra na Secção dos Patins na Sport Zone…). Cuidado, de inconformado a reformado indignado são uns passos seguros… (estes trocadilhos…).
O senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, declarou ainda que “enquanto o povo se manifesta, a gente pode dormir mais descansada. O pior é quando o povo não se manifesta.”. Pode estar o senhor Belmiro descansado que o Carnaval e o divertimento estão assegurados com o próximo MEGA PIC-NIC Continente e com os autocarros disponibilizados para o efeito, claro! Será que isto também não é inocente e alguém paga os autocarros?
O senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, é um benfeitor, um altruísta, um mecenas. Ele é tão bondoso, humano, defensor dos oprimidos e desinteressado que fiquei na dúvida se ele é patrão ou patrono…

quinta-feira, 21 de março de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Ternas lembranças II

Neste dia dedicado aos Pais, revelo o meu contributo para o segundo encontro familiar mensal (23/02/2013) de homenagem ao meu falecido pai, no ano em que comemoramos o seu centésimo aniversário.

Neste nosso segundo encontro familiar de tributo pos mortem ao meu pai, no ano do seu centésimo aniversário, abordo uma questão penosa, as suas imperfeições. Peguei neste tema porque foi motivo de diálogo no nosso primeiro encontro em Janeiro e não quis deixar passar a oportunidade de, generalizando, ajuizar as suas falhas.
Certamente, a minha já pouca ingenuidade não me permite olhar para o meu falecido pai como um poço de virtudes, um herói sem mácula, um ser perfeito, um marido exemplar, um pai irrepreensível. Sei que o meu pai terá errado ao longo da sua duradoura vida, mas quem nunca errou que atire a primeira pedra. Evidentemente que “santificá-lo” depois do seu falecimento seria tarefa pouco árdua. A morte tem o dom de nos tornar pessoas de bem. Por algum processo congénito ou químico, que desconheço, acontece, com frequência, a morte transformar pessoas intragáveis e hediondas em excelentes pessoas. Não é o caso.
O balanço que faço em relação aos defeitos e às virtudes do meu pai é positivo, com o prato da balança a pender para os princípios morais.
Tomo como exemplo a história de dois vasos, cada um deles suspenso nas extremidades de uma vara. Um deles era perfeito, o outro era rachado. O vaso perfeito chegava a casa sempre cheio de água. O vaso rachado chegava quase sempre vazio, mas graças a esse defeito cresciam belas flores na beira do caminho por onde passava diariamente…
O meu pai não foi um “vaso” perfeito, naturalmente tinha os seus defeitos, mais acentuados na meia-idade e mais esbatidos na velhice, ou será que foi ao contrário e eu já não me recordo?
O meu pai não foi um “vaso” perfeito, mas as suas imperfeições também contribuíram para o meu crescimento, comportamento e amadurecimento como ser humano. O meu pai não foi um “vaso” perfeito, mas foi ele que me incentivou a pensar, que me apontou o caminho da honestidade, que me encorajou sempre a assumir os meus erros, que me deu os melhores conselhos, enfim, que me ensinou a ser quem sou…
O meu pai não foi um “vaso” perfeito, o meu pai foi um “vaso” quebrado e imperfeito que ao longo da vida me foi nutrindo o carácter através de alicerces morais e cívicos com que até hoje pauto a minha vida.
O meu pai foi um “vaso” imperfeito, mas os seus defeitos nunca foram, nem serão, razão suficiente para fazer com que ele deixasse de ser, aos meus olhos, o melhor pai do mundo...

Ternas lembranças I

Neste dia dedicado aos Pais, faço questão de divulgar dois textos, escritos pelas duas netas mais velhas, pela ocasião do segundo encontro familiar mensal (23/02/2013) de homenagem ao meu falecido pai, no ano em que comemoramos o seu centésimo aniversário.

Texto I

Quando o avô era só meu

Talvez consiga recuar na memória.

Talvez, como exercício a que me proponho, consiga ir ao encontro das memórias mais antigas e reconstruir a minha história onde entra o avô. Isto porque a história será sempre a minha, não a dele.

O que me surge não são narrativas, são apenas imagens ou quadros soltos. Posso deixar as narrativas para outro dia e concentrar-me nestes quadros, tentando-os descrever. Ainda assim serão sempre os meus quadros, fruto da minha memória. Ou imaginação.

Quadro I - a Escrita

O avô sentado à mesa da Sala de Jantar, a mesma mesa e a mesma sala dos dias de hoje. O avô, de casaco e gravata, um livro grande de capa dura e muitas linhas esquisitas que ele preenchia com números perfeitos. A caneta do avô era pesada e eu gostava de lhe pegar, tão diferente era das minhas, e de lhe sentir a textura. Não me lembro de a ter usado. Mais tarde, quando estava na 4ª classe, o pai ofereceu-me uma caneta que se assemelhava um pouco a esta. Ainda a tenho.

O avô curvava-se sobre o livro, à noite, a luz do candeeiro acesa, e ele escrevia números perfeitos.

Quadro II - a Fruta

O avô sentado, novamente a mesma mesa e a mesma sala.

O avô sentado no lugar que eu me lembro sempre dele. A fruta no fim da refeição.

Laranjas:

O avô não come as laranjas como os outros adultos que eu conheço. Ele corta uma tampa da laranja, amassa o interior com uma colher e junta-lhe açúcar, muito açúcar. Mais açúcar do que seria permitido a uma criança. O açúcar está dentro de uma caixa de plástico da «Tupperware». Toda esta operação é acompanhada da descrição verbal da mesma: o avô ensina-me a melhor maneira de comer uma laranja.

Eu, ao seu lado esquerdo, olho com grande espanto para a manobra, reverencialmente. Ter-me-á ocorrido que esta sim é uma maneira verdadeiramente especial de comer uma laranja, reservada apenas a adultos. Especiais.

Uvas:

O avô come uvas pretas como se não houvesse amanhã. Estas estão dentro de água e ele tira-as para o seu prato e vai comendo. As uvas pequeninas são separadas e são-me oferecidas. Uvas pequeninas, era especial. Eu sentia-me especial.

Estas memórias à mesa são nocturnas. Julgo que fazem parte de episódios que aconteciam nas temporadas esporádicas que eu passava na casa dos avós, quando a avó Olívia ia para Leiria. Acontecia todos os anos.

Quadro III - mãos dadas

A ir ou a regressar do Clube. Fazer o percurso em cima dos muretes e tentar saltar entre eles com a ajuda de uma ida ao colo. Talvez isto tivesse lugar aos fins-de-semana. Era de dia.

Quadro IV - Nadia Comaneci

A minha heroína dos Jogos Olímpicos do Verão de 1976.

Eu a cabriolar, saltar nos sofás e subir pelas ombreiras das portas. O avô a chamar-me Nadia Comaneci, um verdadeiro adjectivo elogioso.

Estes quadros pertencem todos a uma fase anterior à minha ida para o Rainha Santa. É o mais longe que consigo ir nas minhas memórias do avô. Foi um bom esforço tentar recordar. Compensador.


Texto II

O que mais recordo são as mãos e o sorriso. As mãos, grandes, secas e frescas, que envolviam as minhas de vez em quando e assim ficavam durante algum tempo. O sorriso, terno como só o de um avô pode ser, brindava-me muitas vezes, mesmo quando o Inverno da vida teimou em chegar. Mas como sempre, a seguir ao Inverno vem a Primavera, seja lá o que for que isso signifique.
Relembro também as noites em que dormi em casa dos avós, muito bem aconchegada no sofá grande. Adormecia com o som da televisão (mesmo estando o avô com os seus auscultadores, ouvia-se na mesma) e com o crack crack proveniente das bolachas ou tostas, acompanhadas pelo leite, que o avô comia, sentado no seu sofá. E de vez em quando lá me atirava um sorriso, por entre dentadas. E assim eu caía lentamente no sono. Um sono acolhedor como nenhum outro, como só era possível ali.
Era bom chegar a casa deles para almoçar, num dia de aulas, e dar com o avô sentado à mesa, a ler o jornal. Quando não estava sentado à mesa, eu ia sentar-me no sofá um bocadinho, acendia a televisão e esperava que ele aparecesse. E lá chegava ele. Entrava na sala, via-me e dizia “Hoje estás cá, Teresinha?”, e vinha dar-me um beijinho na testa. Nessa altura, era o único, deste lado da família, que me tratava por Teresa. Não gosto muito, mas já me habituei e não me faz diferença. Contudo, quando era dito por ele, tinha um som diferente. E eu gostava daquela sonoridade harmoniosa só dele.
Apesar de conversarmos, ainda que com alguma dificuldade, era uma comunicação que se baseava muito na troca de olhares e de sorrisos. Porque há momentos intemporais em que nada há para dizer, e apenas partilhamos a companhia com aqueles de quem mais gostamos. E é nesta convivência calada que por vezes os laços se tornam mais fortes, porque às vezes as palavras estão a mais e não deixam que aproveitemos aqueles instantes raros que pendem da vida como as gotas da chuva de um beiral. É essa a magia da vida, que poucos, muito poucos, conseguem transmitir. Era esse encanto que sentia quando estava perto dele, mas que só agora sei o que era. E ao contrário daquilo a que correntemente chamamos magia, aquela nada tinha de ilusório. Era real como nenhuma outra coisa e, tal como as melhores coisas da vida, não se via, sentia-se apenas. Aquecia o coração.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Postcrossing (27)

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FI-1667035 enviado pela Pirkko
O meu primeiro postal das “Funny Old Ladies”!!!
Deleito-me quando recebo um postal com conteúdo, que não se limite a frases feitas. Pois esta finlandesa não escreveu praticamente nada, o que a levaria a ter “um menos na caderneta”, mas como provou ter lido o meu perfil, está desculpada…

domingo, 17 de março de 2013

Postcrossing (26)

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DE-1927335 enviado pela Sigrid
Acho curioso que haja muitas famílias monoparentais nesta comunidade. Vivem com os filhos e, quase sempre, com gatos… É o caso desta alemã que vive em Wiesbaden com o filho de 16 anos e dois gatos.
No postal, Marktkirche, a mais importante igreja da cidade. Esta catedral neo-gótica, construída entre 1853 e 1862, está situada no centro histórico, mais propriamente na Schloßplatz, junto de Town Hall, o edifício da Câmara Municipal. Eu sei, a foto que se segue é muito mais bonita…

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sexta-feira, 15 de março de 2013

Livros e Mar: eis o meu elemento! (71)

“O Tempo e os Afectos”, de Helena Sacadura Cabral, é um livro que se lê de uma penada, sem qualquer esforço. Entre textos inéditos e outros já publicados, a autora expressa, mais uma vez, a humanidade e afectividade que caracterizam os seus escritos e com que já nos familiarizou. O estilo da escrita é peculiar e despretensioso, a forma de abordar os temas é terra a terra e invejável e as reflexões de uma enorme sagacidade.
O título é particularmente encantador e chamativo porque tanto o tempo como os afectos são fundamentais na nossa vida. Há muito tempo que deixei de valorizar os bens materiais, de me escravizar para os obter. Há muito que compreendi que o mais importante são as pessoas, a amizade, os sentimentos e os afectos. Quanto ao tempo, lamentavelmente é implacável e irrecuperável, mas haverá sempre tempo para a família e para os amigos, para ouvir, para pensar, para o companheirismo, para a lealdade, para rir, para chorar e para os afectos, que não morrem nunca…
Helena Sacadura Cabral tem todo o meu apreço. É um modelo de determinação, uma força moral, uma Mãe coragem, um exemplo de vida…

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No livro “O Tempo e os Afectos” o leitor encontra a verdadeira Helena Sacadura Cabral, uma mulher especial para quem a família está à frente de qualquer outra coisa.
Os países são compostos por famílias e estas são constituídas por pessoas. Que precisam, hoje mais do que nunca, duma economia de afectos por oposição à dita economia numérica. Será muito difícil compreender isto?

quarta-feira, 13 de março de 2013

Postcrossing (25)

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BE-192278 enviado pela Marie Paule
Amoroso é o adjectivo que mais se ajusta a este postal que veio da Bélgica e foi escolhido, segundo a Paule, a pensar em mim. Entre as minhas preferências estão postais com ilustrações de histórias para crianças, em geral, e algumas ilustrações específicas de alguns ilustradores.
Porque a Marie Paule leu o meu perfil e fez os “trabalhos de casa”, tenho, impreterivelmente, de lhe agradecer a gentileza.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Incorrecto e afirmativo!

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Tudo isto existe, tudo isto é triste…

…tudo isto é fado!
Abrir um serviço noticioso com fatalidades, fazendo-nos engolir e aceitar religiosamente, sem estrebuchar, que viemos ao mundo unicamente para sofrer, “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”, para que sejamos dignos das promessas de Cristo, era atributo da TVI. Digo bem, era, antigamente. Percebendo que notícias corriqueiras, masoquistas e de fazer chorar as pedras da calçada eram engodo para fazer subir as audiências, passaram a ser apanágio também da SIC. Ontem, abriu o Jornal da Noite com a notícia de “um pai e filho mortos num poço”. Seguiram-se mais notícias de conteúdo vulgar, mas necessariamente chocantes, que nem considero informações dignas de registo televisivo, como “mulher de 74 anos morreu carbonizada”, “tornado na Póvoa do Varzim causa mais de meio milhão de euros de prejuízos”, “assalto violento a bomba de gasolina na Amadora”, “incêndio num prédio na Alemanha faz 7 mortos de origem turca”. Sucederam-se duas notícias de interesse internacional, mas que espelham bem o sensacionalismo centralizado na lamúria.
Depois, lá se chegaram à frente com uma notícia informação de carácter banal, mas que sobressai pela positiva: 51 milhões de euros do Euromilhões saíram em Portugal.
Quando soube que a aposta ganhadora tinha sido entregue num café da Póvoa do Varzim, pensei de imediato: Ora aqui está uma boa notícia! O meio milhão para pagar os prejuízos causados pelo tornado podem ser desembolsados pelo feliz contemplado. Meio milhão? Peanuts para quem ganhou 51 milhões…
Às 20h, todos os dias, o país e o mundo!

domingo, 10 de março de 2013

Bitaites da 7ª Arte

I – Life of Pi (A Vida de Pi)
De uma beleza emocionante e com cenas deslumbrantes, esta alegoria filosófica teve o condão de me fazer acreditar na versão que Pi arquitectou para sobreviver…”Acima de tudo, não perder a esperança”. Uma obra-prima do cineasta Ang Lee. Indispensável ver!

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II - Django Unchained (Django Libertado)
Três horas de filme notáveis. Do meu ponto de vista, o melhor desempenho de Jamie Foxx, no papel de Django. Christoph Waltz, como já é hábito, brilhante, e Leonardo DiCaprio sublime, provando que merece ser eleito por grandes realizadores. Tarantino insuperável! Obrigatório ver!

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III – Lincoln
Duas horas e meia que andam à volta da 13ª emenda que aboliu (na verdade, muito mais tarde…) a escravatura nos Estados Unidos da América. Duas horas e meia de compra de votos e corrupção para aprovação da 13ª emenda à Constituição americana.Duas horas e meia de convite à sonolência…
Daniel Day-Lewis, no papel de Presidente dos EUA, assustadoramente convincente. Day-Lewis, um dos meus actores preferidos, é a verdadeira essência do filme.
Tommy Lee Jones, muito bom no papel de um republicano radical e Sally Field, como primeira-dama, tem um papel… higiénico! Não gostei, como diriam os brasileiros, uma chata de galocha.
Enfadonho q.b., diria mesmo, excelente para combater insónias. Escusado ver! Se teimarem em ver, tomem metanfetamina porque aumenta o estado de alerta e diminui a necessidade de dormir… As minhas desculpas a Spielberg.
   

Lincoln

IV – Skyfall
A lealdade de James Bond à M., chefe do Serviço Secreto de Inteligência britânico, também conhecido por MI6, é posta à prova e, enquanto o MI6 é atacado, Bond tem que destruir a ameaça a qualquer custo, mesmo que isso o leve a mexer com o seu passado.
Javier Bardem, “deliciosamente louro” e intimidante, interpreta com mestria o papel de um ex-agente do MI6. Judi Dench, já veterana na pele de M., fria, firme e decidida. Daniel Craig, um Bond perfeito, o melhor 007 de sempre, deixou-me atordoada!
Sem dúvida, o melhor filme deste agente secreto! "Shaken, not stirred". Apesar de puro entretenimento, não deixem de ver!

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sábado, 9 de março de 2013

Livros e Mar: eis o meu elemento! (70)

“D. Maria II” Tudo por um Reino. Isabel Stilwell surpreendeu-me com este magistral e memorável romance histórico. Apesar de ser uma leitora assídua dos seus editoriais, enquanto directora do jornal gratuito Destak (que julgo ter perdido com a sua saída…), nunca tinha lido nenhum dos seus romances, shame on me
Fiquei de tal forma agradada com a sua escrita envolvente e simples, mas cuidada, que já adicionei os outros três romances históricos à minha lista (o problema é que esta não pára de aumentar…).
Recomendo sem reservas, sobretudo aos admiradores de narrativas históricas. E sou capaz de recomendar os outros de olhos fechados, ou seja, mesmo sem os ter lido… Para conhecimento, são eles: “D. Filipa de Lencastre”, “Catarina de Bragança” e “D. Amélia”.

Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança foi a filha primogénita do imperador do Brasil D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal), e da arquiduquesa D. Leopoldina da Áustria. Maria da Glória nasceu em terras brasileiras em 1819 (a família real tinha fugido para o Brasil quando das invasões francesas), três anos antes do famoso grito do Ipiranga que deu a independência ao Brasil em 1822. Entretanto D. João VI morre e, em 1826, D. Pedro IV (apaixonado pelo Brasil e pela sua amante Domitília de Castro) opta por ser imperador do Brasil abdicando do trono de Portugal em nome da filha, Maria, apenas com sete anos, que cedo se foi preparando para ser rainha.
O casamento da jovem com o seu tio, D. Miguel, é combinado na esperança de que em Portugal a paz e a causa liberal pudessem triunfar, mas tal não aconteceu. Aos nove anos é enviada para a Europa para ser educada pelos avós maternos na corte austríaca, mas, durante a viagem, D. Miguel proclama-se rei absoluto de Portugal, e o seu tutor considera mais seguro rumar até Londres. Aí conhece a jovem Alexandrina Vitória, a futura rainha Vitória do Reino Unido, com quem, mais tarde, virá a trocar correspondência ao longo do seu reinado e através dessas cartas vamos tomando conhecimento das muitas crises políticas que Portugal atravessa, assim como das alegrias e dos dramas das duas famílias.
Em 1828, desencadeia-se uma guerra civil entre absolutistas, apoiantes de D. Miguel, e liberais, apoiantes de D. Maria, mas chefiados pelo próprio imperador do Brasil. As Guerras Liberais entre os dois irmãos prolongaram-se até 1834, ano em que os liberais conseguiram que D. Miguel renunciasse e partisse para o exílio e colocar definitivamente D. Maria no trono.
Casa, em 1835, com Augusto de Beauharnais, da Família Real da Baviera, que morre pouco depois. Novo casamento é negociado e a escolha recai sobre Fernando de Saxe-Coburg-Gotha, sobrinho de Leopoldo de Saxe-Coburg que ocupava o trono belga com o título de Leopoldo I. Fernando era primo de Alberto, que veio a casar com a rainha Vitória com quem teve 9 filhos.
O casamento político de D. Maria com Fernando de Saxe-Coburg-Gotha depressa se converteu num casamento por amor e deste matrimónio nasceram 11 filhos (quatro morreram à nascença), todos eles no Palácio das Necessidades, onde sempre viveram. D. Maria II morreu de parto aos 34 anos e D. Fernando assumiu a regência até à maioridade do primogénito, D. Pedro V, que reinou apenas 10 anos e como não deixou descendência sucedeu-lhe o irmão, D. Luís, pai de D. Carlos.
D. Fernando era um homem de grande cultura, evitava sempre que possível a política, preferindo dedicar-se às artes e foi um protector do nosso património. Atraído pela serra de Sintra, adquiriu as ruínas do Mosteiro de Nossa Senhora da Pena e áreas circundantes para aí edificar o singular e deslumbrante Palácio Nacional da Pena. O Pinheiro de Natal foi um costume introduzido em Portugal por D. Fernando que mandava decorar um abeto com velas, laços e bolas de vidro transparente.
O reinado de D. Maria II foi marcado por muitos confrontos e, na opinião de alguns historiadores, a rainha terá cometido erros graves como governante (não posso deixar de concordar porque depois de uma guerra civil para implementar a monarquia liberal, D. Maria II reinou de uma forma despótica, como uma monarca absolutista…). Exemplo disso é o facto de Costa Cabral, depois de nomeado ministro do reino, dominar toda a administração, chegando a colocar familiares em cargos considerados políticos (prática que dura até aos nossos dias…), e dominar mesmo a própria rainha que, apesar da revolta do povo e nem sempre ter o apoio do marido, continuou a protege-lo e deu-lhe o título de Marquês de Tomar.
No entanto, é impossível não admirar D. Maria II que, não obstante as crises políticas que assolaram o país, foi uma mulher de coragem que soube conciliar os assuntos de Estado com a vida familiar, nunca descurando nenhum deles.
Foi, para mim, fascinante ficar a conhecer a rainha Vitória, tão diferente de D. Maria II. Sem prepotência, mas com garra, conduziu os destinos do Império Britânico pedindo a opinião sobre as suas decisões aos ministros e ao marido, e durante o seu longo reinado o Império desenvolveu-se e consolidou-se.
Segundo a autora, a rainha D. Maria II e a rainha Vitória eram primas, mas não consegui encontrar a confirmação desse parentesco, a não ser por parte dos respectivos cônjuges que eram, de facto, primos direitos.

Nota: A leitura deste resumo não dispensa a leitura do livro…

Reino

Com apenas 7 anos, Maria da Glória torna-se rainha de Portugal. Um país do outro lado do oceano que nunca havia pisado. A sua infância foi vivida no Brasil, entre o calor e os papagaios coloridos que admirava na companhia dos seus irmãos e da sua adorada mãe, D. Leopoldina. A ensombrar esta felicidade apenas Domitília, a amante do seu pai, imperador do Brasil e D. Pedro IV de Portugal. Em 1828 parte rumo a Viena para ser educada na corte dos avós. Para trás deixa a mãe sepultada, os seus adorados irmãos e a marquesa de Aguiar, sua amiga e protetora. Traída pelo seu tio D. Miguel, que se declara rei de Portugal, e a quem estava prometida em casamento, D. Maria acaba por desembarcar em Londres onde conhece Vitória, a herdeira da coroa de Inglaterra a quem ficará para sempre ligada por uma estreita relação de amizade. Aos 15 anos, finda a guerra civil, D. Maria pisa pela primeira vez o solo do seu país. Seria uma boa rainha para aquela gente que a acolhia em festa e uma mulher feliz, mais feliz do que a sua querida mãe. Fracassada a sua união com o tio, agora exilado, casa-se com Augusto de Beauharnais que um ano depois morre de difteria. Maria era teimosa, não desistia assim tão facilmente da sua felicidade e encontra-a junto de D. Fernando de Saxo-Coburgo-Gotha, pai dos seus onze filhos, quatro deles mortos à nascença.

terça-feira, 5 de março de 2013

Postcrossing (24)

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GB-398063 enviado pelo David
Dizer que os ingleses são um povo fleumático é já um lugar-comum, mas o David parecer fugir a esse estereótipo com a sua boa disposição e sentido de humor. Diz ele, neste postal alusivo ao Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II, que vive em Windsor e vê com alguma frequência os seus “vizinhos” quando chegam ou saem rumo a Londres. O David vai mais longe e confessa que por várias vezes quase foi atropelado pelo marido da Rainha, o Duque de Edimburgo, quando corria no Windsor Great Park… Este parque, localizado a sul da cidade de Windsor, tem cerca de 20 Km2 e foi durante muitos séculos uma coutada privada propriedade do Castelo de Windsor. Hoje em dia está aberto ao público e é uma área recreativa que serve os habitantes da cidade e a população dos subúrbios ocidentais de Londres, continuando a ser detido e gerido pela Coroa.
Windsor
Existem numerosas entradas, umas para carros, outras para cavaleiros e ainda para quem se desloca a pé. É, certamente, numa das estradas que o David tem alguns sobressaltos quando anda a praticar desporto. Julgo que seria melhor manter-se afastado dos acessos a automóveis ou ficar em casa durante a permanência dos “vizinhos” em Windsor…
Quem já teve o privilégio de visitar Windsor, lembrar-se-á de uma pequenina e encantadora casa de chá inclinada. Pois reza a história que essa casa de chá contém uma passagem secreta, actualmente fechada, para o Castelo de Windsor…
House

sábado, 2 de março de 2013

Reservado à Indignação (47)

Já desisti de me indignar, melhor dizendo, revolto-me com tudo, e se começo a rabiscar de cada vez que me indigno, as horas do dia não chegam, sobretudo se os destinatários da minha raiva forem os estadistas e as suas maquiavélicas manobras políticas.
Assim sendo, vou-me indignando com bagatelas, coisas de lana-caprina, que não me tomam muito tempo e sempre me vou exercitando, vou ganhando traquejo… sim, porque quem não nasce “Mafaldinha” (contestatário) tem que aprender a sê-lo!...
Este foi o texto que enviei à equipa do Postcrossing a condenar o comportamento de um dos membros da comunidade.

Estimada equipa,

Há uns meses que pertenço a esta magnífica comunidade e, até hoje, tenho tido a satisfação de trocar correspondência com pessoas impecáveis que me conseguem transmitir o que eu julgo ser a verdadeira essência do Postcrossing.
Todos os perfis dos membros, para quem tenho enviado postais, apontam as suas preferências, mas fazem-no de uma forma educada.
Uma das minhas filhas, também postcrosser, recebeu um pedido de troca de correspondência, vulgo “swap”, da usuária ******** da China. Ficámos boquiabertas ao ler o primeiro parágrafo do seu perfil. Em letras garrafais, que, curiosamente, vocês desaconselham pois assemelham-se a um grito, lemos:
No multiview cards ,self-made or Ad cards for me Please!!
IF U DO THAT, I WILL NEVER REGISTER YOUR POSTCARD!!!!!!!!!! (continuava com “I WANT…”, só faltava mesmo “posso e mando”).
Considero uma ameaça, quase um ultimato, uma chantagem! Trata-se de uma pessoa sem consideração pelos outros membros e que põe em causa o bom nome da comunidade. E se todos fizessem o mesmo? Não sei se já alguém denunciou esta situação, mas não me parece correcto utilizar este meio para obter algo de alguém. Julgo mesmo que é reprovável e que não é, certamente, o espírito do Postcrossing!
Procedam como acharem melhor.

Adianto que a equipa do Postcrossing procedeu como achou melhor. A moçoila alterou o perfil… que remédio!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Message in a bottle (77)

As unhas de gel de Passos Coelho (por Tiago Mesquita no jornal Expresso)

"O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Em protesto contra a nova legislação que penaliza com multas até 2000 euros quem não pedir facturas, muitos consumidores começaram a pedir facturas com o número de identificação fiscal de Pedro Passos Coelho. Os dados do primeiro-ministro estão a ser divulgados em SMS e emails que se tornaram virais. As redes sociais estão a propagar o protesto.
Segundo o Correio da Manhã, deram entrada no sistema e-factura "milhares de facturas" com o número de contribuinte do primeiro-ministro, passadas em restaurantes, cabeleireiros e oficinas de automóveis - totalizando milhões de euros em despesas." Público
Pois é, isto de legislar à portuguesa tem quase sempre uma resposta... à portuguesa. A originalidade sempre foi uma das facetas do povo português e isso está a ficar demonstrado nos balcões de pastelaria e nas mesas de restaurante, ao som dos secadores e com um cheiro intenso a óleo de motor impregnado no ar. O protesto, apesar de ilegal, pois configura um crime de falsas declarações, é de tal forma criativo que jornais como o El Pais e o Financial Times já o destacaram nas suas edições. Uma página criada no Facebook denominada "As Facturas do Coelho" vai dando conta das "alegadas" despesas privadas de algumas figuras de Estado.
E ao que parece não é só Pedro Passos Coelho a fazer unhas de gel todo o santo dia, depois de comprar vários quilos de cenouras a granel. Enquanto o primeiro-ministro comprava um corpete e preservativos que davam para um regimento numa sex-shop do Bairro Alto, o ministro Miguel Relvas, em Campolide, colocava extensões pela quinta vez em apenas uma semana. Ao mesmo tempo, comprava um chupa-chupa em Évora. Vítor Gaspar muda o óleo do automóvel de hora a hora e bebe mil e quinhentos cafés por dia, facto que não parece ajudá-lo em relação à acuidade das suas previsões orçamentais, nem tão pouco parece a cafeína em excesso acelerar-lhe o discurso. Passa a vida a recauchutar os pneus e o défice.
A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, também não sobreviveu à onda das facturas: deve ter mais pontos da Galp que uma empresa de camionagem. O ministro Paulo Portas, a julgar pelo dinheiro que gasta em fast food, deve estar a pesar trezentos e cinquenta quilos. A caminho de Viseu, comprou um rapa-tachos.
Mas não fica por aqui. Desde que a legislação se tornou moda pelo célebre discurso do "tomar no cu" proferido pelo ex-secretário de Estado da Cultura, insurgindo-se contra a máquina fiscal do Estado, até o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, parece ter sido "obrigado" a aderir ao e-factura. Um brushing, meia-perna e virilhas, seguidos de um almoço farto na estrada da Guia. Ironias do destino, seguir-se-á a mais que provável fiscalização por gastos superiores aos rendimentos declarados. Se é de lei, é para cumprir.