sábado, 28 de fevereiro de 2009

Gracias Woody Allen Barcelona

Obrigada pela belíssima hora e meia de filme...
... pelos diálogos...
... pelas imagens de Barcelona...
... pela fotografia...
... pelo romance e a comédia...
... pela escolha de Bardem e Penélope...
Obrigada também às minhas filhas, por me
proporcionarem uma pausa no frenesim diário,
ao sugerirem que eu fosse sozinha ao cinema...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Let's look at the trailer (8)

"The Reader" entrou directamente para a minha lista de preferidos...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Slumdog Millionaire

Li, aqui há tempos, que andavam a desenvolver uma televisão com cheiro... Verdade! Se calhar agora até já registaram a patente!
Se bem me lembro (e eu nunca me lembro bem...) funcionava através de um dispositivo que emanava cheiros consoante as imagens.
Confesso que não liguei muito à ideia e pensei, apenas para com os meus botões, "o que eles inventam"...
Confesso que nunca mais me lembrei de semelhante "invenção". Até ontem.
Felizmente, neste caso específico, a tal invenção ainda não chegou às salas de cinema mas a verdade é que Slumdog Millionaire emanava "cheiros"...
Slumdog Millionaire deveria ter ganho o oscar de "Melhor Documentário". Foi exactamente assim que vi o filme, como um documentário.
Um documentário extraordinário das favelas indianas, da Índia real, da Índia profunda, da Índia que não consta nos roteiros turísticos...
Um documentário que tinha "cheiros", todos eles repugnantes...
A verdade é que saí da sala de cinema impressionada...
É fácil captar cheiros quando leio um livro. Curiosamente, o último livro que emanava "cheiros" foi Goa ou o Guardião da Aurora mas todos eles aromáticos, perfumados, doces e picantes... uma festa para o olfacto...
Visitar a Índia deve ser uma experiência fascinante mas, a julgar pela experiência vivida por uma colega minha, traumatizante.
A Índia gere em mim sentimentos contraditórios.
É fascinante e inexplicável... Encata-me e deprime-me...
Suspeito, melhor dizendo, "cheira-me" que talvez a Índia tenha esta magia...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Memórias e Afectos (12)

Diz-se que recordar é viver. Eu volto atrás no tempo e vivo, recordando, tantos momentos passados com o “avôzinho” R. (teimo em continuar a pôr acento circunflexo…), nas Caldas da Rainha.
Recordo um incidente como se tivesse sido hoje.
Recordo como se tivesse parado no tempo…
E cada vez que recordo, o mesmo sentimento de culpa…
Os passeios com o avô R., ao fim da tarde, faziam parte da rotina diária, mas para mim, e julgo que também para o J., eram a melhor forma de acabar mais um dia de férias, só superados pelas histórias ao deitar…
Deveria ter uns sete ou oito anos e o J. teria uns nove ou dez.
Nesse dia o passeio foi estendido até ao Parque. O avô, o J., eu e o Tejo. Já no regresso, sugerimos que o “avôzinho” e o Tejo fossem por uma rua, enquanto nós nos esgueirávamos por outra, para ver quem chegava mais depressa a casa. Claro que nós, miúdos e cheios de energia, sabíamos, de antemão, que seríamos os primeiros a chegar, apesar do nosso percurso ser ligeiramente maior. O avô aceitou a aposta, sorrindo, não deixando revelar que sabia tão bem como nós quem seriam os “vencedores”…
Mas…o problema é que o avô, já nessa altura, era um pouco surdo e em vez de perceber “casa”, percebeu “praça”…e a Praça da fruta, ainda hoje conhecida por ter, diariamente, um mercado, era ali próxima…
O J. e eu chegámos a casa num ápice e depois de termos explicado a verdadeira razão da nossa chegada sozinhos, fomos para a janela esperar pelo avô…
O avô tardava em chegar… coitado! À nossa espera na Praça da fruta, apoquentado por não nos ver e cheio de remorsos por nos ter deixado entregues a nós mesmos…
E o tempo que ele esperou… Atormentado com o que poderia ter acontecido, resolveu voltar a casa, pensando no que lhe diriam por aparecer sem os netos…
Ver-nos à janela foi o bastante para ele sorrir e respirar de alívio. O mal entendido foi esclarecido e tudo ficou bem porque acabou bem…
Experimentei, julgo que pela primeira vez, o sentimento de culpa. Senti-o na angústia que ele trazia espelhada na cara…
Não foi preciso crescer, não foi preciso ter filhos para perceber a dor e a aflição que o meu querido “avôzinho” terá sentido nesse dia…

Message in a bottle (13)

(por Catarina Carvalho)

Há uma mudança a acontecer no cinema. Por um lado, as televisões estão maiores, parecidas com écrans de cinema. Por outros, os filmes estão mais intimistas. Veja-se os nomeados para os Óscares: Frost/Nixon, Milk, O Leitor…
Excepto Quem quer ser bilionário, os outros podiam ser telefilmes (como bem diz o crítico de cinema da revista Time, Richard Corliss).
Há cada vez menos diferença entre ficar em casa a ver um filme ou fazê-lo no cinema. Isto deve explicar a falta de educação e de saber estar numa sala de cinema a que tenho assistido. As pessoas comentam cenas, alto, com o parceiro do lado, comem pipocas feito alarves, riem-se e sorvem bebidas.
Mas… estão simplesmente a portar-se… como se estivessem em casa.


(por Pezinhos na Areia)

O primeiro passo a dar é ir a um cinema onde não se vendam pipocas nem bebidas.
Foi o que eu fiz ontem…
Fui ao Londres ver O Leitor. O Londres, apesar de me parecer um pouco negligenciado, continua a ter a vantagem de não estar localizado num centro comercial. Para além da total ausência de pipocas, afins e similares, é frequentado por cinéfilos ou por gente bem-educada, pelo menos é a ideia que tenho daquele espaço.
São tão bem educados que o senhor que estava à nossa frente se recostou na cadeira e dormiu a maior parte do tempo só para não incomodar... (sem ressonar, isto é importante dizer). Este senhor, ao contrário de mim, não amou o filme, mas soube estar numa sala de cinema…
Gostei mesmo muito do filme mas foi difícil a escolha. Há ocasiões em que a escolha é difícil porque nada me agrada e outras em que a escolha é difícil porque todos os filmes em cartaz me interessam…
Por mim, até fazia o sacrifício de ir a um centro comercial com 10 salas. Começava às 13 horas e ia até à sessão da meia-noite. Milk, Frost/Nixon, Quem quer ser bilionário, Vicky Cristina Barcelona, A dúvida, O Estranho Caso de Benjamim Button, A Troca, Revolutionary Road, Valquíria...
E sou eu cinéfila de trazer por casa, o que seria se fosse viciada...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

I ain't afraid of no ghost...

If there's something strange in your neighbourhood
Who you gonna call? Ghostbusters!
If it's something weird and it don't look good
Who you gonna call? Ghostbusters!

Os Caça Fantasmas, Dr. Peter Venkman, Dr. Raymond Stantz e Dr. Egon Spengler, foram chamados a Torres Vedras devido aos estranhos fenómenos que tomaram conta da cidade.
O Dr. Raymond Stantz, especialista em manifestações sobrenaturais,
esclareceu que o seu comportamento paranormal se deve a um fenómeno Real em grande escala…
O aspecto esverdeado terá a ver com radiações de ectoplasma delirante...

Realmente…o amor tem destas coisas… mas gosto de o ver assim “Ray”

A minha onda (8)

Memórias e Afectos (11)

Duas das muitas canções da minha meninice... que ainda guardo na memória!

Foi numa linda manhã
estava a brincar no jardim
a certa altura a mamã
chamou-me e disse-me assim:
não brinques só a correr
tropeças sem querer
tu cais, ficas mal
Respondi: pronto, está bem,
depressa porém
esqueci-me de tal
Ninguém sabe depois como foi
escorreguei caí no chão
no joelho ficou um dói-dói
no nariz um arranhão
Desde então procurei ser melhor
por ser má fui infeliz
faço agora tudo quanto
a mamã me diz.



O ratinho foi ao baile
De cartola e jaquetão
Sapato de bico fino
E um par de luvas na mão

Encontrou uma ratazana
Que dançava no salão
O ratinho aproximou-se
Apertando sua mão

Convidou-a p’ra dançar
E ela respondeu que não
A ratazana estava noiva
E não quis complicação

O ratinho ficou zangado
Sofrendo do coração
Pegou na sua cartola
E retirou-se do salão.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A dúvida é a sala de espera do conhecimento...

"Existem duas espécies de idiotas: aqueles que não duvidam de nada e aqueles que duvidam de tudo."

Claro que existem outras espécies de idiotas, nas quais me poderei incluir, mas nestas duas categorias não me encaixo (estou safa). Não sou céptica mas, uma vez por outra, a dúvida assalta-me...
Actualmente, oiço, com frequência, profissionais da comunicação social, assim como outras pessoas, pronunciarem a palavra "bactéria" com um "a" aberto ("bá") e, apesar de nunca na vida a ter pronunciado assim, comecei a duvidar da forma como a pronuncio... aliás, até pensei que o acordo ortográfico já vigorava e tinha que pronunciar à "brasilêro"...
Ora, como eu não consigo viver com dúvidas, excepto as existenciais (ih, ih, ih), já andava há algum tempo a pensar que tinha que esclarecer a "coisa" mas esquecia-me... o esquecimento é um problema com o qual me debato diariamente...
No entanto, hoje, a memória não me atraiçoou e lembrei-me de investigar.
Fui direitinha ao site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e obtive a resposta:
A pronúncia correcta, ao contrário do que por vezes se ouve, é com o "a" fechado, como em bater.

Deixo um agradecimento às minhas professoras primárias e peço desculpa por ter posto em dúvida a sua competência, ainda que por pouco tempo...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Os três melhores hostels do mundo são em Lisboa...

Para jovens e não só...

Os três melhores hostels do mundo estão em Lisboa!

Travellers House, Rossio Hostel e Lisbon Lounge Hostel, todos na Baixa lisboeta, são os nomes que lideram o ranking anual da HostelWorld. A escolha foi feita por viajantes dos cinco continentes, que elegeram os hostels lisboetas entre outros 20 mil de todo o mundo.
No top 10 dos 'Hoscars' surgem quatro pousadas da baixa da capital, que arrebataram os três primeiros lugares e ainda o oitavo.
A eleição foi feita pelos cerca de 800 mil viajantes que já passaram pelos mais de 20 mil hostels registados no site da HostelWorld. Dentro dos critérios de escolha estão seis requisitos que os albergues portugueses parecem cumprir à risca: segurança, limpeza, staff, personalidade, localização e divertimento.
Os donos das casas dizem que a mais-valia está na forma de receber o viajante: “Tratamo-lo como se fôssemos nós a viajar”.
O ambiente do Traveller's House é relaxado, simpático, com música lounge, sala de DVD e até café grátis. A pernoita fica entre os 16 e 18 euros, em média.
Conhecidos pelo seu baixo custo e ambiente descontraído, os hostels são albergues destinados sobretudo a viajantes mais jovens, embora seja cada vez mais comum encontrarem-se adeptos mais velhos e até mesmo famílias a optar por este tipo de alojamento. Os quartos são partilhados, assim como casas-de-banho, cozinha e sala de convívio.
(Retirado do jornal Expresso)

Fiquei entusiasmada, talvez assim ainda venha a escrever um diário de viagens...

Livros e Mar: eis o meu elemento! (8)

Enquanto a implacável Peste Negra assolava a Europa, uma nova cultura começava a florescer nas cidades e o estudo das grandes civilizações clássicas iniciava uma época de esplendor para as artes, as letras e as ciências.
Em Roma, a restauração de um único trono papal vaticinava uma nova etapa de poder e fausto do papado, mas ao mesmo tempo a corrupção ameaçava a Igreja. Altos mandatários eclesiásticos visitavam os bordéis e mantinham várias amantes, aceitavam subornos e negociavam com as bulas papais que perdoavam os pecados mais atrozes.
Assim era a vida no Renascimento. Assim era o mundo de Alexandre VI, o Papa Bórgia, e dos seus filhos César, João, Lucrécia e Godofredo. Esta é a história, o retrato fascinante de uma família cuja ambição e sede de poder a levariam ao topo do mundo e a crónica do alto preço que pagaram por isso.
A Família, o último romance de Mario Puzo, é o resultado de um trabalho de mais de dez anos e foi publicado postumamente. Carol Gino, assistente pessoal e companheira de Mario Puzo durante muitos anos, trabalhou intensamente com o autor na preparação deste romance. Com a colaboração do historiador Bertram Fields, encarregou-se de rever e completar os capítulos que ficaram inacabados com a morte do autor.
(retirado do Blog Clube de Leitura)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Reservado à Indignação (8)

Alguns excertos de um conto do livro Os Meus Amores de Trindade Coelho.
Não me parece que seja de fácil leitura para miúdos de onze e doze anos...
Como TPC, a professora de português enviou uma folhita A4, frente e verso, com quase 100 sinónimos... Pudera! Com uma linguagem destas...
Na biografia "reza" o seguinte:
O seu estilo natural...
... fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português.
... dedicou-se a uma intensa actividade pedagógica tentando elucidar democraticamente o cidadão português.

Estilo natural? Conto rústico? Ok... mas para mentes instruídas...
Tentando elucidar o cidadão português? Democraticamente?
Não sei quem planeia os programas de português mas textos com esta dificuldade de linguagem para um 7º ano, parece-me ideia de jerico...
A minha filha R., que por sinal é boa aluna à disciplina de Português, parecia o Jô Soares:
Não precisa explicar, eu só queria entender...


ABYSSUS ABYSSUM
Trindade Coelho, Os Meus Amores, 1891

...
– Ao pra baixo remo eu, ora remo? – Remas.
– E tu regulas, ora regulas? – Regulo.
– Ao pra cima é às avessas, ora é?
– É.
Muito bem, «basta palavra»! E ambos, ao mesmo tempo, um ao outro se impuseram segredo... – Psiu!... – Psiu!
...
A tarde descaía límpida. Na vasta cúpula do céu, penachos de nuvens alvejavam, imóveis.
Acesas naquela explosão rubra do ocaso, as arestas dos montes franjavam-se de púrpura e ouro, na decoração mágica dos poentes. Começava de cair sobre os campos a larga paz tranquila dos crepúsculos, e uma quietação dulcíssima e vagamente melancólica entrava de adormecer a natureza para o grande sono reparador de toda a noite.
Naquela luz indecisa de crepúsculo que mansamente se ia acentuando, os montes do Sul tomavam um torvo aspecto de sombras gigantescas, imobilizados num fundo em que se iam apagando ao de leve todos os cambiantes de luz. Os pormenores da paisagem perdiam-se naquela indecisão vaga de noite que vinha descendo, e uma espécie de silêncio confrangedor dominava a natureza toda, recolhida num como espasmo amedrontador e sinistro que dentro de nós evoca a essa hora não sei que vagos receios ou medos inconscientes que fazem com que na imaginação as coisas criem vulto, e no mundo exterior obrigam a retina a exagerar as formas às coisas...
...
Riram muito. O Manuel despidinho, coiracho ao colo da mãe, havia de ser engraçado! E então todos de volta, a ver quando se talhava o ar!
– Mas talhou-se! Agora, em paga, uma vez por ano (ao menos uma vez por ano) tenho de olhar pelos ralos do lenço pràs cinco chagas, umas estrelas que além estão, e rezar uma ave-maria.
...
Parecia-lhes medonho aquele marulhar contínuo da corrente, afligia-os como se fosse o salmodiar monótono e rouco duma legião de espíritos maus, preludiando-lhes as agonias lentas da morte.

Depois do que escrevi, será um contra-senso dizer que Os Meus Amores vai constar da minha lista de livros a comprar?

Gosto...e não se fala mais nisso! (9)

Pelo simbolismo...
Pintado por Picasso, representativo da destruição da povoação basca de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola.
Guernica foi sistematicamente atacada por vaga atrás de vaga de bombardeiros alemães e italianos (apoiantes do ditador Franco), que durante várias horas lançaram milhares de bombas e metralharam civis. Mais de quinze mil pessoas morreram.
Uma comunidade inteira foi varrida...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Memórias e Afectos (10)

Em meados da década de 60, os meus pais ofereceram-me um View-Master...
Fiquei fascinada! Não era para menos... porque naquele tempo havia muito pouca oferta de brinquedos e os de menina resumiam-se a bonecas, mobílias, cozinhas, tachinhos e panelinhas (suspeito que terá sido por este motivo que eu detesto tudo o que diz respeito a trabalhos domésticos...). Receber um View-Master foi uma lufada de ar fresco!



Cada disco tem catorze slides que correspondem a sete fotografias a cores porque em cada par de imagens as cenas são iguais e é isso que dá o efeito de relevo.
Apesar de não ter muitos discos, usei o meu View-Master até à exaustão...


Julgo que ainda existem mas certamente já não encantam nem deslumbram crianças...
O meu View-Master está guardado no sótão da minha casa e no meu "sótão" de memórias...

O que (agora) me satisfazia completamente…(3)






... passar aqui a noite!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O saber não ocupa lugar

Felizmente herdei do meu pai o prazer de pesquisar, de investigar, de aprender, de saber.
Quando era gaiata e mesmo já na adolescência não havia internet, essa facilidade que hoje existe de pesquisa, mas tinha a sorte de ter à disposição um manancial de enciclopédias no "escritório" do meu pai (essa divisão da casa é conhecida, na nossa "gíria doméstica", por tulha, pelo facto de estar sempre desarrumado...).
Talvez as minhas "investigações", nesse tempo, não fossem tão fáceis como hoje em dia mas eram, certamente, mais encantadoras... porque manusear livros é muito mais empolgante do que a acção de clicar ou teclar.
Lembro-me bem da "cruzada" que empreendi, para desvendar algumas localizações geográficas, quando li "Tristão e Isolda" de Béroul e "Paulo e Virgínia" de Bernardin de Saint-Pierre , tinha eu aí uns treze ou catorze anos...
O saber não ocupa lugar mas se "o lugar estiver muito ocupado" posso sempre fazer um delete da informação que não me interessa "arquivar" nos neurónios.
E como o saber não ocupa lugar, soube pela S. que no nosso país existiam muitos exemplares de Trilobites e que a maior foi encontrada no lugar de Canelas, perto de Alvarenga, no concelho de Arouca. Apesar de ter conhecimento que em Portugal se encontram fósseis de vários tipos, nunca me tinha passado pela cabecita que houvesse Trilobites...
Trilobites eram animais marinhos que existiram nos mares de há 300 milhões de anos e se extinguiram antes do aparecimento dos dinossáurios. Para os estudiosos de fósseis, as Trilobites marcam o momento em que a vida começou a sua conquista em todos os locais do planeta.












Mas o concelho de Arouca não é só rico em Trilobites, é rico em "pedras parideiras"... um fenómeno espantoso!
As "pedras parideiras", que revelam um fenómeno geológico único no mundo, são nódulos negros de biotite, um mineral, encrustados numa matriz granítica, que pelo efeito da erosão saltam da rocha. Constituem um fenómeno científico único, quer na sua formação, quer na "expulsão" devido à erosão. Brotam de uma rocha-mãe, daí se chamarem Parideiras e existem apenas em dois locais do Planeta Terra: na Serra da Freita, freguesia de Albergaria da Serra e na Rússia, perto de S. Petersburgo...












O saber não ocupa lugar... ou, como alguém diria, ocupa o lugar da ignorância...

"Hay que buscarse un Amante"

Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm e as que tinham e perderam. Geralmente são estas últimas que vêm ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insónia, apatia, pessimismo, crises de choro, ou as mais diversas dores. Elas contam-me que as suas vidas correm de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar o tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente a perder a esperança. Antes de me contarem tudo isto, já tinham estado noutros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão"... além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, depois de as ouvir atentamente, eu digo-lhes que elas não precisam de nenhum anti-depressivo. Digo-lhes que o que elas precisam é de um Amante!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem o meu conselho. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa destas?!". Há também as que, chocadas e escandalizadas, despedem-se e não voltam nunca mais.
Às que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico-lhes o seguinte:
Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida. Às vezes encontramos o nosso amante no nosso parceiro, outras vezes, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no desporto, no trabalho, na necessidade de nos transcendermos espiritualmente, numa boa refeição, no estudo, ou no prazer obsessivo do nosso passatempo preferido... Enfim, Amante é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir vivendo". E o que é "ir vivendo"? "Ir vivendo" é ter medo de viver. É vigiar a forma como os outros vivem, é o deixarmo-nos dominar pela pressão, andar por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastarmo-nos do que é gratificante, observar decepcionados cada ruga nova que o espelho nos mostra, é aborrecermo-nos com o calor ou com o frio, com a humidade, com o sol ou com a chuva. "Ir vivendo" é adiar a possibilidade de viver o hoje, fingindo contentarmo-nos com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.
Por favor, não se contentem com "ir vivendo". Procurem um amante, sejam também um amante e um protagonista da vossa vida... Acreditem que o trágico não é morrer, porque afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver, por isso, e sem mais delongas, procurem um amante.
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: "Para se estar satisfeito, activo, e sentirem-se jovens e felizes, É PRECISO NAMORAR A VIDA".

Texto: Dr. Jorge Bucay
Livro: "Hay que buscarse un Amante"

O que (agora) me satisfazia completamente…(2)

comprar...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Celebram-se hoje os 200 anos…

…do nascimento do naturalista inglês que criou a teoria da selecção natural.
Charles Darwin esteve cinco anos em viagem à volta do mundo e quando embarcou, em 1831, no HMS Beagle, não sabia que isso iria mudar a sua vida e revolucionar a história da ciência.
Quando regressou a Inglaterra, além de publicar um livro sobre a viagem, desenvolveu a sua teoria sobre a evolução, embora só tenha publicado "On the Origin of Species" em 1859.
O livro conquistou adeptos e causou polémica.
Até hoje, a polémica continua.

(curiosamente, o meu avô aventureiro e visionário também celebraria hoje pr'aí uns 125 anos...)

Reminiscências

Sempre que ajudo a minha filha R. a estudar, a minha memória vai direitinha para um poema de Fernanda de Castro, que constava do meu livro de português do 1º ano do liceu.

"...Lisboa, Santarém, Porto, Leiria..."
(eu sabia de cor toda a geografia)
O Senhor Inspector
deu-me a nota mais alta em geografia
e disse gravemente:
- "Continua. Hás-de ser gente..." -
"Ângulo recto, agudo,
cateto, hipotenusa...
(já manchara de giz a minha blusa
mas respondia a tudo
e a professora sorria
enquanto eu papagueava a geometria)
"...D.Sancho, o Povoador...
D.Dinis, o Lavrador..."
(Tinha então boa memória,
sabia as datas da história...)
1580
1640
1143
em Arcos de Valdevez...
(Muito bem, sim senhor!
A pequena é simpática)
E depois, em voz alta, o senhor Inspector:
- Vamos à gramática." -
"...E, nem, não só, mas também...
conjunções copulativas"
(Eu pensava na alegria
que ia dar a minha mãe,
nas frases admirativas
da velha D. Maria,
a minha primeira mestra:
- Tão novinha e ficou "bem"!
e esta suavíssima orquestra
acompanhava em surdina
o meu primeiro exame de menina
aplicada, orgulhosa e inteligente...)
- "Vá ao quadro, menina!" Docilmente
fiz os problemas, dividi fracções,
disse as regras das quatro operações
e finalmente
O Senhor Inspector felicitou-me,
quis saber o meu nome
e declarou-me
que ficara "distinta" sem favor.
Ah! que esplendor!
Que alegria total e sem mistura,
que orgulho, que vaidade!
Olhei de frente o sol e a claridade
não me cegou, julguei-a quase escura...
As estrelas, fitei-as como iguais.
Melhor: como rivais...
E a Humanidade
pareceu-me um rebanho sem vontade,
uma vasta colónia de formigas...
(As minhas pobres, tímidas amigas!)
Pouco depois, em casa, a testa em fogo, o olhar em brasa,
gritei num desafio
à terra, ao céu, ao mar, ao rio:
- "O mãe, eu já sei tudo!"
No seu olhar tranquilo de veludo,
no seu olhar profundo,
que era todo o meu mundo,
passou uma ironia tão velada,
uma ironia
tão funda, tão calada,
que ainda hoje murmuro cada dia:
"-O mãe, eu não sei nada!..."

Message in a bottle (12)

Está bem... façamos de conta
(por Mário Crespo)

Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.

Hoje sinto-me assim...

... livre dos testes e do estudo
mas cansada, muito cansada...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

I'll be back...


mas... durante os próximos dias
vou estar ocupada!
Tenho que estudar, ou melhor, ajudar
a minha filha R. a estudar!
Para já...Ciências, Matemática e
Geografia...