sexta-feira, 30 de junho de 2017

O que faria com 100 Milhões?

Aquele pensamento recorrente de que o dinheiro não traz felicidade é, sem dúvida, a fórmula que o pobre e o remediado (como eu...) encontraram para se resignarem com a sua situação. Ou sou rica ou sou feliz, não posso ter dinheiro e ser feliz ao mesmo tempo. Bullshit... 


Bastava-me 1 milhão!... Cá está outro pensamento à pobre, um multimilionário nunca teria este pensamento, pensaria em acumular mais riqueza.
Afinal, o que eu faria com 100 milhões ou mesmo com 1 milhão? A primeira ideia que me ocorre é a liberdade que eu teria para fazer o que me desse na real gana e só isso já me faria feliz, muito feliz!  

terça-feira, 27 de junho de 2017

Já é Outono?

Regressava eu do meu passeio, mentalmente estimulante, depois de um dia de teletrabalho, quando deparo com isto...


Estamos a entrar no Outono? Bolas, ainda nem fui de férias, não me bronzeei, não me banhei, não bebi umas jolas nem uns Gins, não li na praia, não fui ao El Colesterol comer as inevitáveis papas arrugas con mojo picón, não tive oportunidade de treinar o meu inglês nas ementas dos restaurantes... Oh tempo, volta pra trás, traz-me tudo o que eu perdi, vê que até o próprio sol volta todas as manhãs...

segunda-feira, 26 de junho de 2017

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Reservado à Indignação (48)

Mais uma vez, o povo português é convocado a ajudar as vítimas de uma tragédia, desta feita o incêndio dantesco de Pedrógão Grande. Mais uma vez, as estações de televisão abrem Linhas Solidárias. Mais uma vez, 50 cêntimos reverterão para o apoio às vítimas.
Ontem, li o seguinte texto: Um Abraço a Portugal é uma linha solidária da SIC de apoio às vítimas dos incêndios. Ao ligar 760 100 100 estará a contribuir com 50 cêntimos. Juntos vamos dar um abraço a Portugal. Preço/chamada: 0,60€+IVA; Com o apoio MEO, NOS e Vodafone. Esta é uma linha que reverte totalmente a favor das vítimas dos incêndios em Pedrógão Grande.
Pergunto: reverte totalmente, como? Para onde são direccionados os 10 cêntimos de diferença entre os 60 e os 50 cêntimos? O Estado vai contribuir com o IVA cobrado? Qual é o apoio das operadoras? Estas questões não são recentes, mas continuam a não ter resposta e parece-me que haverá sempre quem tire proveito da solidariedade do povo, provavelmente, sou eu que sou desconfiada… (*)
A verdade é que o valor que é pago pela pessoa que faz a doação não é entregue na totalidade à causa solidária. Uma coisa é fazer uma chamada de valor acrescentado para um concurso, outra, completamente díspar, é fazer uma chamada que tem como propósito recolher donativos para uma causa solidária.  
Mas há mais…
Evento Leiria Dancefloor: Cada bilhete vendido para o "Leiria Dancefloor", entre os dias 4 e 5 de Agosto, a organização doará 1€ às vítimas do incêndio. Para conhecimento, o bilhete diário custa 15€ e o passe de 2 dias custa 20€.
Espectáculo Solidário Pedrogão Grande: Dia 24 de Junho, pelas 21h30m, no Teatro José Lúcio da Silva, irá realizar-se o espectáculo "Solidário Pedrogão Grande", que irá contar com a participação de David Fonseca e Orquestra de Jazz de Leiria, Academia de Ballet e Dança Annarella, Omnichord Records, Samp Pousos, Orfeão de Leiria Conservatório de Artes, Fade In - Associação de Acção Cultural. Os bilhetes têm um custo de 15€, e estarão à venda no Teatro a partir de hoje segunda-feira dia 19.
No primeiro evento, a organização doará 1€ por cada bilhete vendido. No segundo, apenas sabemos que os bilhetes custam 15€. Estas organizações que não me levem a mal, mas pergunto: quem ganha com a enorme divulgação e promoção dos eventos? Este propagandear tem como objectivo ajudar apenas o próximo? Estas questões não são recentes, mas continuam a não ter resposta e parece-me que haverá sempre quem tire proveito da solidariedade do povo, provavelmente, sou eu que duvido de tanta alma solidária…
Talvez haja uma incapacidade de compreensão da minha parte, talvez esteja a ser demasiado dura, mas, julgo que para que todas estas iniciativas tenham relamente valor, as doações deveriam ser na íntegra. Ser solidário quer dizer que partilhamos o sofrimento de alguém, que prestamos auxílio, não se subentende qualquer lucro financeiro nesta palavra.

(*) Adenda: neste mesmo dia, no Jornal da Noite, a SIC referiu que, depois da aprovação das operadoras, o valor a doar será de 60 cêntimos. No entanto, continua a não reverter totalmente, a não ser que o Estado se associe à causa e renuncie ao seu quinhão (leia-se IVA).   

sábado, 17 de junho de 2017

Rota Bordaliana

Percorri, o ano passado, a Rota Bordaliana, nas Caldas da Rainha. Recomendo, não fosse Rafael Bordallo Pinheiro o génio eterno que inventou o Zé Povinho e nos ensinou a fazer o manguito! 
A Rota Bordaliana sugere dois roteiros. 
O percurso curto, de cerca de uma hora, que passa apenas nos locais que têm as peças de cerâmica de grande escala. 
O percurso mais longo, que demora, aproximadamente, duas horas a ser percorrido, passando por vários pontos turísticos relacionados com o artista e com o seu trabalho. Fazem parte desta proposta, edifícios com painéis e fachadas de azulejo, peças toponímicas únicas, peças à escala humana e informações sobre episódios da vida de Rafael Bordallo Pinheiro.




(imagens gentilmente cedidas pela net e gentilmente roubadas por mim...)

Ambos começam no Largo da Estação porque quando Bordallo Pinheiro se deslocava para as Caldas da Rainha, fazia-o de comboio, entrando na cidade precisamente nesse local e terminam na Fábrica de Faianças e Casa Museu do artista. Mais informações, aqui.
O Posto de Turismo tem um folheto com as diferentes peças que estão espalhadas pela cidade, tendo cada uma delas uma descrição e também um código QR que fornece mais informações. A parte de trás do folheto é uma breve biografia de Rafael Bordallo Pinheiro e um mapa assinalando onde as peças estão colocadas.



Os visitantes poderão percorrer os vários pontos a partir de orientações da aplicação instalada no telemóvel, a CityGuide Caldas da Rainha.


Rafael tinha, como tantos outros artistas plásticos, uma paixão pelos gatos, não só pelas ergonomias felinas – o “design” de um gato é irresistível para quem desenha – mas também pela sua personalidade: rapinante, esquivo, emboscado para apanhar a vítima, predador, tal como o caricaturista, comenta Osvaldo Macedo (historiador de arte), “caçador de falhas, de deslizes, de momentos, de atitudes, de atos”. E sobretudo livre: “Tanto podia ir à Ribeira comer uma sardinha, como ir a um salão aristocrático deliciar-se com um manjar faustoso.” O artista tinha este sonho louco: transformar o Rossio numa atração turística cheia de gatos, como os pombos da Praça de São Marcos, em Veneza, e distribuir-se-iam carapaus à hora certa para reunir toda a gataria de Lisboa… Talvez por amar tanto os gatos não se servia deles enquanto alegoria, nos seus célebres zoomorfismos – até na cerâmica era raro. Nunca aparecerá um gato em forma de político ou essa gente de má fama. A política era a grande porca, as finanças um cão esfaimado, a economia a galinha choca, a retórica parlamentar o papagaio. Rafael e suas “garras satíricas” à solta pela cidade, “adorava a noite para descobrir os segredos do dia, gostava do dia para desvendar as curiosidades da noite”. 
(cedido gentilmente pela Visão e rapinado gentilmente por mim…)

sexta-feira, 16 de junho de 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Durante a minha ausência

Durante estes três anos e meio de ausência, o panorama da minha vida alterou-se. A nossa vida é marcada por acontecimentos e alguns são inevitáveis, interferindo de forma positiva ou negativa na nossa existência.  Alguns, varrem-se da memória como um castelo de areia à beira mar, apagam-se com o tempo; outros, deixam marcas, deixam saudades, deixam lembranças, ficarão na nossa memória para sempre. Doces ou amargos, os acontecimentos fazem parte da nossa vida e, custe o que custar, temos que seguir em frente.
No seu último livro “A Hora da Estrela”, Clarice Lispector diz “a vida é um soco no estômago”. Julgo que a autora não quis dizer que a vida é toda ela feita de situações inesperadas e negativas e que temos que nos conformar com isso. Creio que a frase pode ser interpretada de uma forma mais abrangente e profunda porque a vida causa dor, mas também nos regozija, magoa e deleita, tira o fôlego e dá alento, enfraquece e dá-nos força, desgasta e estimula, atormenta e tranquiliza, é tumulto e bonança, razão e emoção, é adrenalina e fadiga, afectos e frieza, entusiasmo e desânimo… A vida é, de facto, um murro no estômago, uma vez que é uma manifestação constante e imprevisível de sentimentos entre o desassossego e a serenidade.
Nestes três anos e meio de ausência, perdi dois amigos. Dois amigos que eram irmãos. Num espaço de cinco meses, a mãe ficou sem os dois filhos, ambos na casa dos 50. Ambos inesquecíveis. Até há pouco tempo, fui incapaz de apagar os contactos deles do telemóvel, como se ao eliminá-los quebrasse o último elo e tivesse que admitir que não mais os veria, que faltavam peças no puzzle da minha vida. Doces ou amargos, os acontecimentos fazem parte da nossa vida e, custe o que custar, temos que seguir em frente…
Nestes três anos e meio de ausência, perdi a minha mãe, dois dias antes da minha filha mais nova fazer anos. Devido à idade e ao desinteresse pela vida que se enraizou após a morte do meu pai, a partida da minha mãe não me causou surpresa e, embora pareça de uma cruel insensibilidade, não me perturbou como a do meu pai. Ainda que, nos últimos dias de vida, a minha mãe não dialogasse, consegui transmitir-lhe tudo o que ela sempre representou para mim, todo o meu amor e o enorme orgulho por ser sua filha. Penso que terá partido feliz. Ao contrário, a morte do meu pai, apesar da doença, foi inesperada, um murro no estômago que ainda não ultrapassei totalmente porque o desenrolar dos acontecimentos foi demasiado célere e não me permitiu dizer-lhe as palavras que nunca lhe direi… Disse-as mais tarde, numa angústia só minha, mas o significado perdeu-se no tempo impossível de parar…      
Nestes três anos e meio de ausência, a minha filha mais nova entrou na universidade e estará no 3º ano no próximo ano lectivo. Sempre pensei que proporcionar um curso superior aos filhos seria a melhor herança que podemos deixar-lhes. Uma ferramenta para que possam ser livres e tomar opções, mesmo que sigam uma via diferente da que estudaram. O tempo da universidade é de crescimento académico e pessoal, de convivência e de organização, e tudo isto será sempre muito vantajoso no futuro. Espero que viva a vida em pleno, intensamente, como um soco no estômago, mas sem esquecer a sua essência e os valores que lhe passei.
Nestes três anos e meio de ausência, ganhei um genro. Ganhei no verdadeiro sentido da palavra, acho-o imperdível. Os dois, seguros e equilibrados, bem resolvidos com a vida. A minha filha mais velha casou no mesmo ano em que perdi a minha mãe. Um acontecimento feliz que veio atenuar o outro. A vida é assim, uma manifestação constante e imprevisível de sentimentos entre o desassossego e a serenidade…

quinta-feira, 8 de junho de 2017