sábado, 2 de novembro de 2013

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A última jogada

Ao fim de 74 anos a fabricar diversões para a família, a Majora encerrou a produção. Para trás ficam mais de 300 jogos.
Há muito, muito tempo, se calhar numa outra era, havia um boneco mágico. Chamavam-lhe Sabichão e era uma figura de madeira pintada, com um ponteiro de arame que os ‘putos' rodavam para fazer perguntas.O senhor Sabichão acertava sempre na resposta: rodava em cima de um espelho de vidro e apontava para a solução de todos os mistérios, fossem eles do corpo humano, da anatomia, ou da história de Portugal. Gerações e gerações deliciaram-se com este jogo da Majora, que até estava para se chamar “Eu Sei Tudo”, não fosse esse o título de um jornal de Coimbra.
O jogo não estava para se chamar “Eu Sei Tudo”, a verdade é que a primeira versão chegou a chamar-se assim, como podem confirmar:
Euseitudo
Eu-Sei-Tudo-Majora-Anos-60
Fernando Freitas é, com Alfredo Amável, a pessoa que guarda as chaves da empresa, na rua Delfim Santos. Mostra as amplas salas vazias onde se produziram milhões de jogos, até fevereiro deste ano, altura em que os últimos trabalhadores da Majora foram mandados para casa. Nessa altura, já só estavam na empresa cerca de trinta. Hoje restam pilhas de caixotes que guardam centenas de jogos novos, ainda selados nas embalagens de plástico com que seguiam para as lojas.A maquinaria já foi desmontada e o pequeno museu que mostrava algumas das mais bonitas peças desenhadas naquela fábrica está quase todo metido em caixotes. "Custa muito ver isto. Entrei aqui em 1975, foi uma vida passada aqui", diz Fernando Freitas, que correu vários departamentos da Majora até se fixar no de Recursos Humanos. "A empresa sempre tratou muito bem os trabalhadores", diz.Para Alfredo Amável, o fim era inevitável. "Os jogos electrónicos, os telemóveis e os computadores tomaram conta do mercado e nós não tínhamos vocação para esse tipo de produtos. Ficámos cercados, não podíamos competir com todos os produtos estrangeiros que chegam às lojas. As vendas começaram a cair progressivamente e quando a produção acabou ninguém ficou surpreendido".
Os tempos mudaram, as crianças já não brincam como antigamente, aliás, as crianças brincam cada vez mais sozinhas. Os tempos mudaram, as meninas já não brincam com bonecas, os meninos já não brincam com carrinhos, as crianças já não brincam com jogos de tabuleiro nem jogam às cartas. A infância deixou de ser uma fase de criatividade e descobertas para passar a ser uma fase em que a capacidade criadora é entregue de bandeja pela indústria tecnológica. Os tempos mudaram, há que acompanhar o progresso, mas parece-me que as crianças de hoje em dia crescem rapidamente, já não querem ser crianças, já não sonham…
Os tempos mudaram, mas acredito que foram as minhas brincadeiras de infância e os meus sonhos que fizeram a adulta que sou hoje…
A Majora fechou portas e, dentro daquelas paredes, junto com as mais bonitas peças desenhadas naquela fábrica, estão algumas das minhas mais doces memórias aconchegadas em caixotes.


sábado, 26 de outubro de 2013

Postcrossing (48)

Unesco

Selos_Unesco

DE-2294940 enviado pela Helga
Mais um postal referente ao Património Mundial da Humanidade. Desta vez, uma vista aérea da Igreja de São Miguel, em Hildesheim. Esta igreja tem cerca de mil anos e é uma das igrejas românicas mais bonitas da Alemanha e uma obra marcante da arte medieval. O tecto, de madeira, tem uma pintura do século XIII e mostra “A Árvore de Jessé”, uma representação artística da árvore genealógica de Jesus Cristo a partir de Jessé, pai do rei David.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sugam-me a vida

Sinto-me, cada vez mais, uma “pastilha elástica”.O dia-a-dia e a sociedade vão-me mastigando até que fique sem sabor, depois irão cuspir-me, deitar-me fora quando não tiver mais préstimo...
Conforme os anos passam, apercebo-me que os melhores anos da minha vida se afastam cada vez mais do presente e não consigo vislumbrar um futuro, muito menos um futuro risonho...
Sugam-me a vida e a esperança. Bem me agarro a essa vida e a essa esperança, mas a amargura cola-se-me à pele,  não há como fugir às sanguessugas...
No “tempo da outra senhora” só os filhos das famílias com posses tinham oportunidade de estudar, particularmente os que viviam nas grandes cidades. Sinto que caminhamos para o mesmo… sem ter em conta se vivemos na cidade ou no campo.
Todas as pessoas são iguais e têm direito a oportunidades iguais, mas no mundo as coisas não funcionam assim. Todas as pessoas devem ter as mesmas oportunidades independentemente do sexo, da raça, da língua, da religião, das convicções políticas ou ideológicas, da orientação sexual, etc., mas a verdade é que a situação financeira é um elemento que traz desigualdades bem visíveis. As famílias com melhores condições financeiras podem oferecer aos filhos benefícios, actividades e alguns bens e auxiliares educativos que eu não posso. Assim, o sucesso não depende apenas das faculdades intelectuais, mas das oportunidades, sejam elas educativas ou não. As oportunidades são condicionadas pelo estatuto económico e este limita o desenvolvimento cultural das pessoas.
Sugam-me a vida e a esperança. A esperança de progresso, de facultar às minhas filhas uma vida mais despreocupada, de lhes dar a possibilidade de se aperfeiçoarem e se prepararem melhor para um mundo cada vez mais exigente, enfim, garantir-lhes o que os meus pais me proporcionaram. Claro que os meus pais, com a minha idade, tinham uma vida estável, como era natural que acontecesse quando entrávamos numa fase da nossa vida. Esse princípio, lamentavelmente, já não pode aplicar-se. Actualmente, na altura da vida em que precisamos de tranquilidade e de um certo desafogo financeiro, não há certezas nem esperanças…
Não me sinto discriminada pela profissão, sexo (não escondo o rosto atrás de uma burca) ou cultura. As minhas oportunidades não são condicionadas pela região onde vivo, a minha orientação sexual, as convicções ideológicas ou pela (des) crença, estão sim sujeitas à minha situação financeira, condenada a agravar-se sem que haja expectativas à vista, uma tempestade que tenho de atravessar sem bonança no horizonte…
Se a inserção está ligada a todas as pessoas que não têm as mesmas oportunidades dentro da sociedade, então, cada vez serão mais os excluídos socialmente…
O Ministério da Igualdade teve uma existência curta, foi criado e extinto há uns anos, quase sem darmos por ele, talvez porque a igualdade, que se apregoa como um direito, é quimérica e não é sustentável…
Sugam-me a vida e a esperança, mastigam-me até ficar sem sabor, trituram-me, reduzem-me a nada, arrastam-me numa tormenta que não criei…

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Corta!…

Os castelos e as quinas, da bandeira nacional, foram substituídos por tesouras, na verdade, tesourinhas deprimentes… 

Cortugal

Cartoon de Henrique Monteiro

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Memórias e Afectos (110)

O autor destes desenhos foi César Abbott, nascido em 1910 no Porto e filho do pintor Tomás Abbott. Contribuiu com a sua arte para o meu crescimento, pois fez centenas de desenhos para livros e jogos da Majora. Ilustrações muito próprias, típicas do Estado Novo, que me transportam aos tempos da minha infância…

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fahrenheit 451

Fahrenheit 451 é uma adaptação cinematográfica do romance homónimo de Ray Bradbury, dirigida por François Truffaut e, curiosamente, o seu primeiro filme em inglês.
Apesar de ser um filme dos anos 60, passa-se num futuro hipotético. Sabemo-lo através de um transporte inovador para a época, um monocarril, e, principalmente, porque num diálogo inicial ficamos a saber que as casas são à prova de fogo. Neste filme, a função dos bombeiros não é apagar fogos, mas sim queimar livros.
Nesta sociedade imaginária, os bombeiros eliminam todo o rasto de literatura que encontram porque os livros são considerados perigosos para a estabilidade social. O nome da corporação de bombeiros que se entrega a essa tarefa exclusiva é precisamente o título do filme e tem um significado especial: é a temperatura a que o papel dos livros incendeia e começa a queimar.
O filme mostra-nos uma sociedade totalitária que controla o acesso ao conhecimento e à informação, mantendo o povo na ignorância. A população vive alheada, depende da televisão e interage com ela de uma forma patética como se os apresentadores dos programas fossem da família. Bradbury explorou os efeitos que a televisão tem nas pessoas e como destrói o interesse pela leitura. O protagonista, Montag, um bombeiro da corporação, começa a questionar estes comportamentos e começa a esconder livros em casa e a lê-los, acabando por se insurgir e mudar totalmente o seu destino.

fahrenheit-451

Fahrenheit 451 continua atual e faz-nos pensar. Pensar que uma sociedade evoluída não é sinónimo de literacia, que é preciso combater a falta de conhecimentos e a ignorância, que, ao contrário do que nos é apresentado no filme, os livros têm muito a dizer, que não fazem as pessoas ficar descontentes, que as pessoas que lêem são felizes. Faz-nos pensar que sem livros, todo o conhecimento humano morreria, que os livros não serão ultrapassados pelas tecnologias.
É um filme que apela à leitura e à descoberta dos grandes livros, é um filme que me fez sentir privilegiada por viver numa sociedade livre em que ler não é proibido.
Destaco uma, das muitas frases memoráveis, quando Montag, já convertido, critica os discípulos da televisão:“Vocês não passam de zombies. Não vivem, apenas matam o tempo.”

terça-feira, 15 de outubro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Postcrossing (47)

UAfrente

UASelos
UA-659943 enviado pela Olga
Um postal de Kiev com o símbolo do Euro 2012. Neste europeu de futebol, a Polónia e a Ucrânia foram os países anfitriões.
Em destaque, a Porta Dourada (Zoloti Vorota), a entrada da cidade histórica, é uma das antigas entradas da cidade, uma estrutura em madeira do século XI, com uma capela no interior, reconstruída em 1982.
Em cima, à esquerda, Philharmonic Hall, o prédio histórico construído no final do século 19, sede da Filarmónica Nacional da Ucrânia, embora, inicialmente pertencesse ao Conselho de Anciãos dos Comerciantes de Kiev.
Em baixo, à direita, a Casa Gorodetsky, um lindíssimo edifício Art Nouveau, construído, entre 1901 e 1902, pelo arquitecto Vladislav Gorodetsky, considerado como o Gaudi de Kiev. Originalmente foi um prédio de apartamentos requintados e os seus ornamentos representam várias cenas de caça e animais exóticos, pois Gorodetsky era um caçador.

gorodetski-house-hunting
GH1

domingo, 13 de outubro de 2013

Livros e Mar: eis o meu elemento! (79)

Madrugada Suja não é uma obra baseada em factos reais, é pura ficção. No entanto, não posso dizer que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência porque o autor nos mostra um retrato notável da sociedade portuguesa, pós 25 de Abril até aos dias de hoje. Chamar “os bois pelos nomes” é apanágio do autor e em Madrugada Suja não é diferente. Muitas das passagens são testemunhos exemplares do que, lamentavelmente, se passa no nosso país.
Nas primeiras páginas, um grupo de jovens estudantes alcoolizados passa todos os limites, os acontecimentos precipitam-se, e o que não devia passar de uma vulgar e divertida noite de copos transforma-se numa fatalidade. O que se passou nessa madrugada torna-se num pesadelo que irá perseguir os jovens, envolvidos no acontecimento, durante anos.
Através de uma narrativa alternada de três gerações, vamos conhecendo os protagonistas da história, habitantes de uma aldeia do interior alentejano que aos poucos vai ficando despovoada até ficar apenas um morador, o avô de Filipe. O jovem deixou a aldeia para se instalar no litoral alentejano e trabalhar numa autarquia local, como arquitecto. Por força do exercício das suas funções, Filipe vê-se perante um caso de corrupção que o leva a regressar ao passado, além de o conduzir pela promiscuidade dos políticos e manobras ilícitas dos autarcas, ao mesmo tempo que se questiona sobre os valores morais e a integridade.

[…] Fora a época dourada dos grandes dinheiros europeus, em que bastava apresentar um projecto e Bruxelas financiava. Os governos projectavam, construíam, mostravam, ganhavam eleições. A banca intermediava, comissionava, cobrava, prosperava. O PIB crescia, os imigrantes afluíam e não havia credores à vista: só os parvos desconfiavam de tanto “desenvolvimento”. […] […] Todos estavam endividados, mas felizes: o Estado, as autarquias, os cidadãos. […]

Extra análise do livro:
Agora, pagamos pelos erros cometidos e pelos que se continuam a cometer. Pagamos pelo dinheiro da UE que estes senhores desbarataram fraudulentamente, beneficiando algumas “máfias” e amigos, pagamos as subvenções escandalosas, os Institutos e Fundações ineficazes e inúteis, os custos com a Presidência da República e a Assembleia, as viaturas de luxo, os vencimentos dos políticos, os escabrosos financiamentos dos partidos políticos, enfim, pagamos os interesses pessoais de quem nos governa há anos passando por cima dos interesses do povo e do país, uma corja de manhosos e de aldrabões.
Como alguém disse, e eu subscrevo, só na Ditadura as Contas Nacionais estavam “certas ao tostão”…

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No princípio, há uma madrugada suja: uma noite de álcool de estudantes que acaba num pesadelo que vai perseguir os seus protagonistas durante anos. Depois, há uma aldeia do interior alentejano que se vai despovoando aos poucos, até restar apenas um avô e um neto. Filipe, o neto, parte para o mundo sem esquecer a sua aldeia e tudo o que lá aprendeu. As circunstâncias do seu trabalho levam-no a tropeçar num caso de corrupção política, que vai da base até ao topo. Ele enreda-se na trama, ao mesmo tempo que esta se confunde com o seu passado esquecido. Intercaladamente, e através de várias vozes narrativas, seguimos o destino dessa aldeia e em simultâneo dos protagonistas daquela madrugada suja e daquela intriga política. Até que o final do dia e o raio verde venham pôr em ordem o caos aparente.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Mais um dos meus “tesouros”

Jogo de cartas dos anos 50/60 com instruções em Inglês, acompanhado de uma “carta” de Enid Blyton aos fãs…

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sábado, 5 de outubro de 2013

Memórias e Afectos (109)

No liceu, as tardes desportivas obrigatórias eram, como se subentende, impostas e inevitáveis. Como sempre fui avessa à ginástica e nunca fui muito atlética, como tudo o que é obrigação deixa de me dar prazer, este espírito um pouco militarista irritava-me. Só na modalidade de basquetebol encontrei alguma satisfação e, embora a minha pequena estatura, não me saía mal. Diga-se, em abono da verdade, que a minha próspera imaginação fazia milagres e algumas dessas tardes espartanas, que deveriam ser passadas a manter corpore sano, eram passadas num café, longe de casa, a fazer quadras humorísticas com a N, isto é, a manter a mente sã
Só os desportos aquáticos me entusiasmavam, razão pela qual, como já descrevi aqui, frequentei as aulas de natação, gratuitas, no Sport Algés e Dafundo, através da Mocidade Portuguesa. Até 1971 a filiação na MP e na Mocidade Portuguesa Feminina eram obrigatórias, mas eu nunca fiz parte de nenhum dos 4 escalões. Sei que é estranho, tendo em conta o regime totalitário da época, mas não fui obrigada a pertencer às Lusitas nem às Infantas, não fui Vanguardista, nunca usei uniforme, nunca jurei o “compromisso solene”, nunca cantei o hino da mocidade lusitana. É verdade que fiz a instrução primária num Externato, mas em 1967 já frequentava o Ensino Público, numa secção do Liceu Passos Manuel, e não tenho recordações negativas desses tempos… A partir de 1972, a filiação tornou-se voluntária. Comprava a revista quinzenal “A Fagulha”, propriedade da Mocidade Portuguesa Feminina, e recordo-me de a ler de uma ponta a outra, assim como recordo a espera, ansiosa, do número seguinte…

Fagulha
Fagulha2

Mais tarde, eu a T. resolvemos mudar de modalidade e a escolha foi consensual, a vela. Segundo o historiador Ricardo Serrado, Salazar defendia que o desporto nacional deveria ser a vela. Das poucas vezes em que ele aparece com trajes desportivos, surge dentro de um veleiro e diz que se houvesse um desporto nacional deveria ser a vela, por estar ligada ao mar. Obviamente que não optámos pela modalidade por ser a primeira escolha de Salazar, evidentemente que, nessa época, pouco nos importava a opinião dos adultos, mesmo que esta fosse do “Chefe” da Nação portuguesa. Inscrevemo-nos na nova actividade. Estávamos em Março de 1974. A Organização Nacional da Mocidade Portuguesa, nascida em 1936, foi extinta pela Junta de Salvação Nacional a 25 de Abril desse ano, logo, todas as actividades desportivas gratuitas deixaram de existir. Nunca velejei… 
Desde essa altura até aos dias de hoje, muita coisa mudou. 
As actividades gratuitas passaram a ser pagas, e eu deixei de as praticar…

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Postcrossing (46)

FinlandiaParty

FinParty

FI-1795704 enviado por Ladybiker (nick)
O que posso eu dizer desta festa, de aniversário, canina? Que é o máximo! Todos de meias porque está frescote lá pela Finlândia…
Quanto a Ladybiker, conseguiu que eu estrebuchasse de inveja ao ler que teve cinco (5) semanas de férias… Terão sido em balão?

domingo, 29 de setembro de 2013

Coleccionadores

"É aos psicanalistas que se deve perguntar por que se coleciona. Só eles sabem descobrir quais os motivos inconfessáveis e escabrosos que levam um burguês pacato e morigerado a praticar atos perfeitamente simples e morais. Não resta dúvida que o dom de colecionar é uma compensação para algum complexo. Em muitos casos é simplesmente um complexo de fuga, uma “Pasárgada” que ajuda a suportar guerras, inflações, desejos frustrados ou simplesmente uma mulher tagarela. Compensá-los, escrevendo poemas, pintando, esculpindo ou colecionando ainda é a melhor terapêutica que pode haver. Há gente que coleciona selos, discos de fonógrafo, botões de fardas, soldadinhos de chumbo, figurinhas de toda a sorte, e até caixas de fósforos. Tutankhamon colecionava bengalas e queria-as tanto que foi enterrado com elas. "

Quando morrer, serei também, certamente, cremada com os livros da minha infância e juventude… (ihihih)

“Seria – vocês hão-de perguntar – uma característica do colecionador não ler livros?
Menciono aqui a resposta que Anatole France tinha na ponta da língua para dar ao filisteu que, após ter admirado a sua biblioteca, terminou com a pergunta obrigatória:
- O senhor leu tudo isso, Monsieur France?
– Nem sequer a décima parte. Por acaso, o senhor usa diariamente a sua porcelana de Sèvres?”

O colecionador é, assumidamente, um ciumento! Especialmente quando se trata de outro colecionador. Ele dá, mas não empresta livros.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Mistério…

Registei-me no “Mistério Juvenil”. Após aprovação do administrador, fiz a minha apresentação no fórum, no tópico da secção Patrícia chamado “ainda hoje sabe bem reler”. Como membro certificado, irei receber um cartão e um crachá!
Para quem não conhece, aconselho uma visita ao fórum.
Segue a minha apresentação… 


Já aqui fui citada várias vezes (não sei se estou a ser pretensiosa…) e alguns até já me conhecem de um encontro na feira da ladra.Faço colecção de livros juvenis (e de livros infantis, cadernetas de cromos, jogos da Majora dos anos 60, etc.), não por ter espírito de coleccionadora, mas porque desenterrei o baú das memórias e a sua revelação permanecerá até ao resto dos meus dias. Esta ideia agrada-me…Resumindo, eu compro e colecciono memórias, apenas as minhas memórias. Colecções que não preencham esta condição, estou fora! 
As diligências para encontrar alguns dos meus antigos “bens”, que perdi levianamente, nasceram quando o termo saudosismo começou a fazer parte do meu vocabulário e, admito, a procura é aliciante… Foi assim que acabei por conhecer uns membros empenhados deste fórum… Por insistência desses simpáticos chatos (limitei-me a fazer copy paste do que um deles disse…) aqui do fórum, registei-me, e gostava que me inscrevessem oficialmente na cábula. Sei que a ideia da cábula nasceu dos coleccionadores dos livros da Patrícia (bem mais recentes que as minhas velhas memórias…) e que os membros são conhecidos por codornizes ou CBV’s ("Codornizes Brancas do Vale", nome do clube formado pela Patrícia). Embora as minhas características físicas se assemelhem à codorniz, pequena e rechonchuda, confesso que tenho uma verdadeira fobia a galináceos (riam-se à vontade...), o que me tornará, caso me aceitem na cábula, num caso patológico, e passe a ser a ONV (Ovelha Negra do Vale)… Se eu não aparecer por aqui muitas vezes, culpem a falta de tempo e, claro, os chatos que me “coagiram” a registar… 
Saudações juvenis

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Excelente documentário

Uma curta metragem documental sobre a biodiversidade da cidade de Lisboa e o trabalho que o LxCras tem vindo a desenvolver enquanto centro de recuperação de animais selvagens. Louvável!
Um filme lindo, uma enorme promoção para o nosso país, óptimo para ver com os mais pequenos, enfim, todos os elogios são poucos… Vejam e maravilhem-se!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Portugal é uma casa farta

Li por aí…

Os portugueses estão fartos dos políticos.
Os políticos estão fartos de nos enganar.
A Oposição está farta do Governo.
O Governo está farto da Oposição.
Toda a gente está farta do PR.
O PR está farto de ser PR.
Os privados estão fartos dos funcionários públicos.
Estes estão fartos de ser maltratados.
Muitos fartaram-se disto e emigraram.
Enfim, vamos ver até quando nos fartamos de vez disto tudo...

sábado, 21 de setembro de 2013

Gatos e café…

… uma combinação perfeita!

Café dos Gatos em Paris.
A moda dos cafés com gatos chegou a Paris, que tem agora o seu primeiro café onde é possível apreciar a companhia de felinos.
Os gatos, nove ao todo, foram resgatados de abrigos onde se encontravam para adopção, as idades escolhidas estão entre os 5 meses e os 2 anos e o critério que presidiu à escolha foi a sociabilidade dos mesmos, para além do facto de não estarem doentes, o que poderia pôr em risco os clientes. Neste espaço os gatos são reis e vão ter colo, festas e muita atenção enquanto os clientes se deliciam com um croissant e um chá, e como dizem os japoneses, estas “trocas de mimos” têm efeitos terapêuticos comprovados.Inspirado em locais semelhantes no Japão, o café, localizado no Quartier du Marais, já está a ficar bastante concorrido. Quem quiser ir aos fins-de-semana, por exemplo, precisa fazer reserva com um mês de antecedência…

Café_Paris
Enquanto não ganho o Euromilhões para abrir o primeiro café dos gatos em Lisboa, podem vir tomar um café a minha casa e desfrutar do prazer de ouvir o ronronar de um gato. Café e gato, 2 euros.
Nota: Não faço promoções. O café é “What else?” e os gatos são educadíssimos…

(Notícia fornecida pelo meu amigo JMC) 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Livros e Mar: eis o meu elemento! (78)

Os livros são como as pessoas, temos a capa e o miolo. Há indivíduos exteriormente encantadores com um cérebro de fugir a sete pés. Há pessoas que “vestem mal de cara” e se revelam interessantíssimas. Há ainda os que são bonitos por fora e por dentro. Com os livros passa-se exactamente o mesmo.
Há capas excelentes que encerram narrativas banais e capas menos boas que contêm verdadeiras obras-primas da literatura, mas, como já aqui referi, deixo-me seduzir com facilidade por algumas capas. Por vezes, não compro o livro, compro a capa, particularmente, quando não conheço o autor, e seria, seguramente, o que aconteceria com O Livreiro, mas as minhas filhas anteciparam-se e ofereceram-mo.

A capa, sóbria, mostra uma enigmática figura de costas, tendo Paris e as margens do Sena como fundo, um livro aberto que pressagia um segredo e, a rematar, a suástica e as sugestivas frases “Um livro raro”, “Um sobrevivente do Holocausto” e “Uma história perfeita para todos os que gostam de livros”. Mark Pryor, o autor, é um estreante. Estariam reunidas as condições para eu comprar o livro, mesmo correndo o risco de estar a adquirir um fiasco, mas O Livreiro é um daqueles livros “double face”, bom por fora e por dentro. No entanto, errei ao pensar que seria mais um livro sobre o Holocausto, uma matéria já muito batida, mas que ainda continua sombriamente a despertar a minha atenção. Talvez por ter partido dessa ideia errada, senti um pequeno desapontamento quando me apercebi que Pryor abordou ao de leve o tema, servindo-se dele exclusivamente como contexto. Tirando a minha desilusão, fruto da minha interpretação errada, a leitura é muito agradável, espirituosa e descontraída, embora, no desenrolar da acção, aconteçam várias mortes.
Hugo Marston, chefe da segurança da embaixada americana em Paris, assiste impotente ao rapto do seu amigo Max Koche, um idoso vendedor de livros antigos nas margens do Sena, pouco depois de lhe ter comprado um livro raro. Marston inicia então uma investigação com a ajuda do seu amigo Tom, um agente da CIA, destinada a encontrar o livreiro. Nessa demanda, descobre que Max é um sobrevivente do Holocausto que mais tarde se converteu num caçador de nazis.
Tendo como cenário a Cidade Luz, confesso que o que mais me atraiu nestas 345 páginas não foram as personagens nem a teia em que estas se movem, mas sim a forma como o autor descreve e detalha o mundo dos livros usados e dos alfarrabistas (neste caso, os bouquinistes que têm as bancas nas margens do rio Sena) e os meandros de uma actividade que tanto me fascina. O meu agradecimento ao autor por me ter guiado pelo mundo dos alfarrabistas.

livreiro
Neste romance de ritmo acelerado e empolgante (que prenderá os leitores da primeira à última página), encontramos a história de um terrível segredo escondido durante décadas nas páginas de um livro há muito desaparecido.
Hugo Marston decide comprar um livro raro ao seu amigo Max, o idoso proprietário de uma banca de obras antigas. Poucos minutos depois, Max é raptado. Vivamente surpreendido com o ato, Marston, chefe de segurança da embaixada americana em Paris, nada consegue fazer para impedir o raptor. Marston inicia então uma investigação destinada a encontrar o livreiro, recrutando a ajuda do seu amigo Tom, um agente da CIA.
A busca de Hugo revela que Max é, afinal, um sobrevivente do Holocausto que mais tarde se converteu num caçador de nazis. Estará o rapto ligado ao sombrio passado de Max ou aos misteriosos livros raros que vendia?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Gurus da vida

Então, bora lá sonhar!…
O fotógrafo Nick Olson e a designer de moda Lilah Horwitz formam um casal que levam os seus sonhos muito a sério. Eles deixaram seus empregos fixos para construir e morar em uma casa feita de janelas recicladas. Sua habitação envidraçada está situada nas belas montanhas de West Virginia (EUA) - no mesmo local onde sonharam construir uma casa para assistir ao pôr do sol em seu primeiro encontro.

(Com os devidos agradecimentos ao meu amigo JMC)

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Postcrossing (45)

Irlanda

IE_Selos
IE-54970 enviado pela Claudia
Mais uma alemã que não vive na Alemanha. Começo a questionar as razões para não viverem no país natal… A Claudia vive a 45 Km de Dublin há mais de 15 anos (excluída, portanto, a hipótese de ter saído da Alemanha por causa da Angela Dorothea…).
O postal escolhido pela Claudia, que muito me agradou, tem alguns panoramas do Trinity College, incluindo a famosa Biblioteca onde se encontra o Livro de Kells, um dos mais sumptuosos manuscritos iluminados que restaram da Idade Média. Escrito em latim, o Livro de Kells contém os quatro Evangelhos do Novo Testamento, além de notas preliminares e explicativas, e numerosas ilustrações e iluminuras coloridas. Este manuscrito é considerado por muitos especialistas como um dos mais importantes vestígios da arte religiosa medieval.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cartas de Amor…

A minha faz hoje 93 anos.
Abandonou, durante umas horas, o olhar triste que tem diariamente de há quatro anos para cá… O meu pai, nascido em 1913, comemoraria, também neste dia, 100 anos…
Aqui fica um registo das cartas de amor que trocaram durante o namoro, nos longínquos anos 30…

DSC05140

Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas
que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Let's look at the trailer (35)

The Following – 1ª Temporada

O FBI estima que existam actualmente mais de 300 serial killers activos nos Estados Unidos. O que aconteceria se esses assassinos tivessem uma maneira de comunicar e estabelecer uma ligação uns com os outros? E se eles fossem capazes de trabalhar em conjunto e formar alianças em todo o país? E se eles fossem seguidores de um brilhante serial killer?

Kevin Bacon e James Purefoy (Marco António, na série de televisão Rome), dois desempenhos que considero sem falhas.

sábado, 31 de agosto de 2013

Compromissos de Férias

O título deste post dá a ideia de que me obriguei a fazer determinadas tarefas durante as férias, mas não é disso que se trata, principalmente porque as palavras férias e tarefas são, a meu ver, antagónicas. Estas duas palavras juntas não jogam, e eu não consigo associá-las sem ter um ataque de brotoeja…
Na verdade, os compromissos a que me refiro são agradáveis e relaxantes actividades que me dão um enorme prazer.
Já é do conhecimento de todos os que me visitam com alguma regularidade que sou membro do Postcrossing e existem duas razões óbvias e de peso que me levaram a fazer parte dessa comunidade, receber e enviar postais. É claro como água, embora o Postcrossing, ao contrário da água, nada tenha de incolor e insípido.
O conteúdo da minha caixa do correio, sensaborão e previsível, passou a ser uma caixinha de surpresas coloridas. É evidente que as contas para pagar, os extractos bancários e a publicidade não desapareceram, mas a verdade é que os postais vieram dar vida a uma caixa do correio agonizante e tristonha.
Recordo, com saudade, a satisfação que dantes sentia ao receber postais ilustrados no meu aniversário, na época natalícia e nas férias. Era uma sensação única… Passei a receber SMS e emails, mas essas mensagens não têm o fascínio de uma missiva manuscrita. Por cá, com a agitação que nos consome no dia-a-dia e a rendição sem luta às novas tecnologias da comunicação, fomos perdendo o hábito de enviar postais. Dado que julgo isto lamentável, e me agrada muito esta salutar correspondência, porque não recuperar a tradição e o tempo perdido?
Pois foi assim que, nestas férias, retomei o delicioso ritual e os postais ilustrados voltaram à vida, renascendo das cinzas qual fénix. Sem necessidade de eloquência, sem preocupações com a caligrafia, somente pelo prazer de escrever, mesmo que sejam apenas banalidades próprias das férias ou notícias meteorológicas e sazonais, troquei postais com família e amigos. E vocês, dependentes do rato e do teclado, há quanto tempo não escrevem um postal?
Infelizmente, não tenho fotografia dos postais que enviei, mas aqui fica uma dos postais que recebi. Magníficos…

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O outro compromisso a que me dediquei deleitosamente foi à leitura e, nestas férias, regressei aos livros juvenis da minha adolescência, mais precisamente a livros de Enid Blyton. Reli e, apesar de os ver com outros olhos, de já não sentir o entusiasmo e a emoção de tempos idos, não me desiludiram. Por muito que o mundo gire e o tempo passe, Enid Blyton fará sempre parte de uma parte da minha vida, particularmente das minhas saudosas férias grandes.

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Logo, pareceu-me apropriado relê-la no meu maior período de descanso. Sem sair da espreguiçadeira ou da toalha de praia, mesmo já não sendo criança, parti à aventura na ilha, partilhei o mistério de Rockingdown, viajei até à montanha secreta, passei momentos mágicos na casa da árvore oca, desembarquei na ilha Kirrin e convivi diariamente com a família da casa da esquina… Valeu a pena…

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Merveilleux…

O filme "A Gaiola Dourada", do luso-descendente Ruben Alves, protagonizado por Rita Blanco e Joaquim de Almeida, conta a história de um casal de emigrantes portugueses há trinta anos a trabalhar em Paris. Maria é a porteira de um edifício chique, sempre disponível e afeiçoada a todos os moradores. José, um trabalhador da construção civil, é igualmente imprescindível para o seu patrão. Este casal de imigrantes portugueses é querido por todos no bairro. Quando surge a oportunidade de concretizarem o sonho das suas vidas, voltar a Portugal, depois de José herdar uma casa e propriedades no Douro vinhateiro, não sabem como dar a notícia sem melindrar todas as pessoas que os rodeiam, mas a notícia espalha-se e familiares, amigos, vizinhos e empregadores lutam nos bastidores para encontrar maneiras de impedi-los de regressar ao seu país.

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Gostei muito, mesmo muito! O filme é uma comédia despretensiosa e talvez por essa razão tenha tido tanto sucesso. Uma comédia…dramática com detalhes muito bem conseguidos do dia-a-dia dos portugueses. Ri com gosto, mas algumas cenas emocionaram-me.
Embora não nos sejam apresentados como provincianos, continuam, ao fim de 30 anos, a ser subservientes porque se sentem numa situação social inferior. Mesmo os filhos, nascidos em França, carregam consigo o estigma de serem filhos de emigrantes, notando-se, em algumas cenas, a vergonha dos pais portugueses.
A cena mais forte do filme é o fado cantado por Catarina Wallenstein. Na minha opinião é o momento chave porque contém frases relevantes, como as pedras da rua pisadas por toda a gente ou esquecer as saudades que roem o meu coração. A informação mais importante e que resume os sentimentos dos emigrantes é referida nos dois últimos versos,
das mãos de Deus tudo aceito mas que eu morra em Portugal.A Quinta dos Malvedos, nas encostas do rio Douro, em Alijó, serviu de cenário para as últimas cenas do filme. E que cenário!
Uma família portuguesa com certeza… Bravo!

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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Postcrossing (44)

Aachen

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DE-2269242 enviado pela Nuphar
Foi fácil a esta alemã agradar-me. Sabendo que tenho interesse por postais alusivos ao Património da Humanidade, bastou ir ao posto de turismo e comprar este postal da Catedral de Aachen, símbolo da cidade. A cidade de Aachen está localizada na região administrativa de Colónia e próxima das fronteiras da Bélgica e dos Países Baixos. A cidade, antigamente chamada de Aquisgranum (em latim) e Aix-la-Chapelle (em francês) foi a cidade que o grande imperador dos francos, Carlos Magno, escolheu para fazer a sede do seu império.
A Catedral de Aachen foi mandada erigir por Carlos Magno por volta de 790 (tendo sido aqui sepultado em 814) e é a mais antiga catedral do norte da Europa, além de ter sido, na sua fase inicial e durante séculos, o edifício mais alto a norte dos Alpes. Foi também até ao século XVI local de coroamento dos imperadores do Sacro Império Romano.
Esta catedral incluiu-se nas primeiras doze edificações humanas a receber da UNESCO, em 1978, a classificação de Património da Humanidade que ainda hoje se mantém.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Livros e Mar: eis o meu elemento! (77)

O Palácio da Meia-Noite faz parte, com O Príncipe da Neblina, Marina e As Luzes de Setembro (ainda não publicado em português), de uma série de romances juvenis escritos no início da carreira de Carlos Ruiz Zafón. Independentemente de alguns erros, que ele agora encontra nestas obras por falta de experiência literária, estas histórias de mistério e aventura converteram à leitura numerosos leitores jovens, facto que muito agradou ao autor.
Também eu teria sido sua seguidora incondicional, caso Zafón fosse um autor de literatura juvenil no início da década de 70. Assim como Enid Blyton foi fundamental no desenvolvimento da minha paixão pela leitura, Zafón teria sido, a par de Blyton, um dos meus autores de eleição e seria, nos dias de hoje, uma referência obrigatória da minha adolescência.
Se Enid Blyton me brindou com Os Cinco nos Rochedos do Demónio, Zafón presenteia-me com O Palácio da Meia-Noite. Se Enid Blyton me brindou com passagens secretas, catacumbas, ilhas misteriosas, torres assombradas, lingotes de ouro, castelos em ruínas, contrabandistas e malfeitores, Zafón presenteia-me com grandes enigmas, cenários sombrios, ideias fantasmagóricas, almas perdidas e espectros do passado que vivem entre a vida e a morte, numa espécie de limbo. Tenebroso, como só Zafón consegue ser…
A acção de O Palácio da Meia-Noite passa-se na enigmática cidade de Calcutá, na Índia, em 1932, embora o início do livro nos transporte a um acontecimento inquietante em Maio de 1916. Um tenente inglês luta para salvar a vida a dois bebés órfãos de uma terrível ameaça. Perde a vida, mas consegue pô-los a salvo. No entanto, a separação dos bebés é necessária para que se mantenham vivos e um deles é deixado pela avó no orfanato St. Patrick’s ao cuidado do senhor Thomas Carter. O outro bebé…ah, não vou contar já…
Ben, assim se chama o órfão de St. Patrick’s, forma, mais tarde, um grupo de amigos e um clube secreto, a Chowbar Society, que reunia num casarão abandonado e em ruínas a que chamavam orgulhosamente Palácio da Meia-Noite. Desta sociedade secreta fazem parte sete elementos (poderia ser o Clube dos Sete, de Blyton, mas, neste caso, sem outra família além deles mesmos e com membros muito mais estimulantes…).
O líder do grupo, Ben, é um rapaz de ideias extravagantes e humor cáustico que passa de períodos de hiperactividade a longos e tristes silêncios; Isobel, a única rapariga do clube, tem um dos melhores cérebros do grupo; Siraj, de saúde frágil, possui uma memória enciclopédica e não há história macabra da cidade que ele não conheça; Roshan, prodigioso corredor e hábil serralheiro; Michael, desenhador, calado e melancólico; Seth, rapaz pouco sorridente, estudioso, devorador de clássicos e apaixonado por astronomia; Ian, o melhor amigo de Ben, tem apenas um sonho, vir a ser médico.
Para que a história que viveram não se perdesse para sempre, Ian empreendeu a tarefa de narrador e é através das suas palavras que tomamos conhecimento dos misteriosos e terríveis acontecimentos durante quatro dias, em 1932, ano em que todos eles completam 16 anos e terão que abandonar o orfanato…
O que aconteceu a Sheere, a irmã gémea de Ben? Bem, vou levantar uma ponta do véu. Depois da separação imprescindível dos irmãos (que só perceberão se lerem o livro…), Jawahal, o espectro do passado, nunca desistiu de os procurar e durante 16 anos Sheere e a avó fugiram pela Índia. Ao fim desse tempo, Sheere encontra-se com Ben em St. Patrick’s. Aryami Bosé, a avó, faltando-lhe a saúde e a coragem para combater forças tremendas e incompreensíveis, decide contar-lhes a história em que foram protagonistas sem o saberem. Na posse das terríveis confidências, os irmãos e a Chowbar Society vão enfrentar um mortífero, inacreditável e complexo mistério… Será que Ben e Sheere vão conseguir escapar à morte que os persegue? E quem será o sinistro Jawahal?
A magia de Zafón num emocionante mistério. Não aconselhável para cardíacos…

Planeta

No coração de Calcutá esconde-se um obscuro mistério...
Um comboio em chamas atravessa a cidade. Um espectro de fogo semeia o terror nas sombras da noite. Mas isso não é mais do que o princípio. Numa noite obscura, um tenente inglês luta para salvar a vida a dois bebés de uma ameaça impensável. Apesar das insuportáveis chuvas da monção e do terror que o assedia a cada esquina, o jovem britânico consegue pô-los a salvo, mas que preço irá pagar? A perda da sua vida. Anos mais tarde, na véspera de fazer dezasseis anos, Ben, Sheere e os amigos terão de enfrentar o mais terrível e mortífero mistério da história da cidade dos palácios.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Let's look at the trailer (34)

Mais uma vez o Cinema Francês proporcionou-me belíssimos momentos…

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Postcrossing (43)

Cadzand

Cadzand_Selos

NL-1946867 enviado pela Ineke
Cadzand é uma pequena vila holandesa, com 700 habitantes, situada junto ao Mar do Norte. Apesar de terem ocorrido nesta região muitas batalhas sangrentas, podemos agora encontrar uma Chama da Paz permanentemente viva em Cadzand, e parece que esta vila é, sem dúvida, um local adequado para que o fogo da concórdia e pacificação nunca se apague. A população, de diferentes nacionalidades, vive em harmonia numa atmosfera que convida ao descanso e à meditação. Este lugar bonito e acolhedor só pode convidar à paz, não acham?

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Conhecida por muitos visitantes, a praia mais próxima, Cadzand-Bad, oferece um vasto areal a perder de vista…

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