terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Uma Pata Amiga...




"Não te envergonhes que, às vezes,
os animais estejam mais próximos
de ti do que as pessoas"

A minha onda (6)

Cat Stevens - Father and Son

domingo, 21 de dezembro de 2008

Gosto...e não se fala mais nisso! (6)

Decorei esta poesia para uma aula de Português.
Ainda hoje a sei de cor.


Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga - Antologia poética

sábado, 20 de dezembro de 2008

Memórias e Afectos (8)


Por esta altura do ano, há quarenta anos atrás e tendo já o hábito da leitura, era meu costume deslocar-me ao Bazar Bebé. Esta loja, no centro da vila, agora cidade, onde nasci, para além dos brinquedos da época tinha também prateleiras cheias de livros.
A minha mãe conhecia bem os donos do Bazar Bebé e dava-me autorização para lá ir escolher livros, dentro de um certo limite, claro, que ela no dia seguinte iria pagar.
A dona do Bazar Bebé já sabia e achava graça ao facto de eu querer os livros embrulhados um a um e usava até papéis diferentes...
Este sempre foi um dos momentos mais preciosos dos meus natais...

Há pessoas assim...em vias de extinção!...

Podia ser minha filha, pois tem menos dezoito anos que eu.
Tenho o privilégio de ser não só colega mas também amiga da engenheira S. e gozo do privilégio da sua amizade.
Talvez nunca tenha manifestado o meu sincero apreço por ela, tanto profissional como pessoal, mas não é defeito, é feitio, sou reservada por natureza e tenho dificuldade em demonstrar os meus sentimentos.
Já tive ocasião de dizer que os amigos são a família que nós escolhemos e eu, neste campo, tenho sido bafejada pela sorte.
Há colegas de quem sou apenas isso, colega. Há outros colegas por quem sinto muita estima. Há colegas, bem poucos, de quem sou amiga antes de ser colega.
No entanto, a S. é a única amiga colega com quem eu sou e seria sempre capaz de falar como se falasse comigo mesma e conseguir falar com alguém como se comigo própria falasse não é fácil e não está ao alcance de qualquer um.
A S. tem sido o superior hierárquico com quem mais gostei e gosto de trabalhar.
É fácil encontrar um superior hierárquico com boas capacidades de trabalho.
É difícil encontrar um superior hierárquico com belíssimas capacidades de trabalho, excelente nas relações humanas e com os valores morais que eu tanto prezo e que vão sendo cada vez mais raros…
É pena que os chefes não pensem nos subordinados como pessoas, é pena que não saibam fazer um elogio na hora certa, é pena que os chefes não sigam o exemplo da S. porque só iriam beneficiar com isso. Se ontem fiz um forcinha para acabar um trabalho, não foi pelo chefe que o fiz, foi pela S. Pela S. eu faço um esforço, pela S. eu sou capaz de dar o meu melhor. Porque compensa…
Os amigos não partilham apenas ideias, histórias do dia-a-dia, vivências, conhecimentos, fofocas. Os amigos partilham, sobretudo, alegrias, tristezas, reveses da vida, altos e baixos, enfim, partilham sentimentos…
Sei que, mais cedo ou mais tarde, a S. vai ler este post. Por essa razão quero dizer-lhe que isto é um elogio, não da loucura, mas à pessoa extraordinária que tive o prazer de conhecer há quase nove anos…
Sempre fui um pouco avessa à festa da passagem de ano, sempre me incomodou festejar a entrada num novo ano sem saber o que este me reserva.
Apesar disso, saber que a S. estará no departamento no próximo ano faz-me sentir feliz…
Este texto é assim como uma prenda de Natal, sem laço mas com uma etiqueta:
Para a S. com votos de um santo Natal…

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

La Ballata del Mare Salato

Livros e Mar: eis o meu elemento! (6)

Por algum motivo deu o nome ao meu blog...
Em Julho de 1967, com A Balada do Mar Salgado, Hugo Pratt dava ao mundo a primeira aventura desse marinheiro misterioso, anti-herói, romântico, idealista, defensor dos fracos e oprimidos chamado Corto Maltese.

Ravioli de Pombo

Li que alguns chefes propõem receitas de Natal com pombo.
Eu acho a sugestão "deliciosa"... desde que não seja eu a comê-los.
Aplaudo esta ideia desde que aproveitem, para o menu natalício, os milhões e milhões de pombos que enchem as ruas, os passeios, os telhados, os monumentos e que "enchem" a minha varanda de cocó corrosivo...
Aproveitem os pombos!
E que tal uns ravioli de pombo para a mesa da consoada?
Ou pombo recheado, empadão de pombo, feijoada de pombo, pombo à lagareiro, jardineira de pombo, pombo à brás e porque não rabanadas de pombo? Parece-me bem!
Isto seria o "sonho" de qualquer membro do movimento anti pombo, ao qual pertenço...
Não gosto de pombos nem dos seus apoiantes!
Também odeio galinhas mas essas, felizmente, não povoam as nossas cidades...
Movimento anti pombo forever...

Parábola da multiplicação dos "Paes" Natais...

Estou com uma dúvida e não consigo concentrar-me, aliás, quase não durmo…
Como não deixo de pensar no assunto e a dúvida me assola, não consigo trabalhar…
A minha mente fica totalmente obcecada com a dúvida e as possíveis respostas que a possam desfazer.
Só consigo ter paz depois de encontrar uma resposta à dúvida que me atormenta…
A moda das bandeirinhas à janela, lançada, julgo eu, por Marcelo Rebelo de Sousa e não por Scolari, pegou. Pegou e sempre que se avizinha um Euro ou um Mundial de Futebol elas voltam qual exterminador implacável – I’ll be back… e nestas ocasiões o país transforma-se num enorme “pagode”…
A minha dúvida reside numa outra moda, também ela foleira, pirosa e saloia, que é a dos milhares de pais natais insufláveis que invadem o nosso país, na época natalícia.
Quem terá sido o autor desta (triste) ideia? Quem poderá ter sido o “pai” ou a “mãe” desta onda insuflável?
Nunca ouvi dizer que o Pai Natal subia e entrava pelas janelas, varandas ou marquises…
Só podem ter sido os meus pais e restante família que me impingiram a ideia, errada por sinal, que o Pai Natal descia pela chaminé…
Outra ideia errada que a família me transmitiu foi a de que o Pai Natal era grande e gordo… e agora descobri que o Pai Natal é anão!...e flácido…
Os meus pais vão ter que me explicar isto direitinho, ai vão, vão…
Afinal de contas mentiram-me e agora sofri uma desilusão!...
Estou a imaginar o Pai Natal alpinista a parar o trenó em 2ª fila e ao estilo do Homem Aranha, começar a escalada…
Bom, mas de quem terá sido a ideia? Quem apelou aos portugueses para “espetarem” com aquele Pai Natal pimba nas janelas?
Terá sido o Quim Barreiros?... Não me parece!...
Creio que terá sido o Stanley Ho…
Claro! Agora tudo faz sentido. Só podia ter sido ele!
Assim como as lojas dos chineses proliferam pelo país, também o Pai Natal bimbo e foleiro se multiplicou pelas fachadas dos prédios e quase que aposto que são todos Made in China ou Made in Taiwan…
Ah, mas verdadeiramente lindo é quando o Pai Natal, flácido e anão, coabita com uma bandeirinha desmaiada e uma mangueira de luzes natalícias…
Isso é a combinação perfeita e ninguém pode negar que é uma casa portuguesa com certeza, é com certeza uma casa portuguesa…

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Message in a bottle (9)

O que está a passar-se com os idosos em Portugal deve preocupar-nos a todos. Mais: encher-nos de vergonha. Por um lado, é o número crescente de filhos que batem nos pais e os submetem a tratamento ignóbil. Por outro, é o escândalo das pensões e reformas que os familiares retêm e gerem a seu bel-prazer.
Agora é a notícia de que todos os anos, nesta altura, há idosos com alta que são deixados nos hospitais. Provavelmente, foi sempre assim e as notícias não corriam como hoje. Não interessa. Dramático é pensar que os maus exemplos desta sociedade sem valores vão forçosamente frutificar e que amanhã, por este andar, tudo será ainda pior.

(Director do Global)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Gosto...e não se fala mais nisso! (5)






É este o meu conceito
de subir na vida.





Pelos degraus da
sabedoria...

Let's look at the trailer (6)

The Big Chill.Mais um dos meus filmes favoritos.
Com um dos meus actores favoritos,William Hurt.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Prenda inesperada e inesquecível…

O departamento onde trabalho fez um lanche de Natal para os funcionários.
Segundo o meu colega S., o nosso departamento divide-se em duas alas, a ala dos infecto-contagiosos, farta em pessoal pouco simpático, e a ala psiquiátrica, a nossa, quase todos bem dispostos, dados à paródia e malucos q.b.
Não estive presente nesse lanche.
Não gosto de fantochadas…
Não estive presente nesse lanche.
Não me apetece fazer conversa…
Não estive presente nesse lanche.
Não sou obrigada a conviver com quem não quero…
Estes lanches e almoços de Natal repetem-se todos os anos e ano após ano continuam iguaizinhos…
As chefias reúnem a maralha à qual não ligam patavina durante 364 dias por ano e nesse dia, melhor dizendo, durante uma hora ou duas “atacam-nos” com discursos fraternos e pantominices do género “produtividade”, “desempenhos” e “desafios”, como se a malta estivesse interessada naquilo… ou então “tentam” dar-nos atenção perguntando onde vamos passar o Natal ou se já comprámos as prendas todas…
Só me apetece perguntar:
― E por que razão quer saber? Quer comprar as prendas por mim?
Este ano, nesse tal lanchinho depressivo tiveram a “ousadia” de oferecer uma lembrança aos presentes e mais tarde aos ausentes. Um calendário de cartolina, em folha A4, impresso em frente e verso, formato “landscape”, ornamentado com pequenas imagens alusivas ao Natal, bonecos de neve, árvores e renas… e com a missão do nosso departamento.
Deprimente!...
Pôr imagens de Natal num calendário com os doze meses do ano, não lembra ao diabo. É o mesmo que usar uma toalha de mesa com ramos de azevinho e bonecos de neve durante o Verão…
Ridículo! Deprimente!...
Será que foi nesta “rica prenda” que gastaram o dinheiro do prémio de produtividade que eu não recebi este ano?
Seria preferível não dar nada.

Não é uma questão de ser pobre e mal agradecida, é uma questão de ser pobre mas ter bom senso…
Fiz “olhos de mercador” e enfiei o tesourinho deprimente no fundo da gaveta…

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Aqui há gato...

Enfeitar a casa no Natal sempre foi, para mim, uma tarefa particularmente agradável e sempre a fiz envolta numa alegria que só o espírito natalício poderia proporcionar.
O Natal sempre foi a minha época do ano favorita. Enquanto as minhas filhas foram crianças, o Natal continuou a ser a época do ano que mais prazer me dava.
Com a idade, o Natal vai perdendo aquela magia que tinha e até se torna um pouco nostálgico. As tradições, por uma razão ou por outra, vão-se perdendo e dou por mim a pensar que o Natal se tornou numa grande chatice, numa obrigação e num gastar de dinheiro desesperante.
Actualmente, o período veraneante de férias é o meu preferido, é por ele que passo o ano a suspirar…
Quando era adolescente, a minha mãe rondava a idade que tenho agora e recordo-me dela dizer “Não vejo a hora de ver o Natal passado, só dá trabalho!”.
Eu achava isto abominável, sacrílego mesmo!... Como é que era possível alguém não gostar desta quadra?
Agora mãe, agora é que eu te entendo. Eu quero é sopas e descanso! (pensando melhor, troco as sopas por mão de vaca com grão…).
No entanto, não apreciar o Natal não é sinónimo de ser completamente avessa a tudo o que diga respeito à época natalícia e assim sendo, no início do mês de Dezembro enfeitava a casa, fazia a árvore e o presépio.
Fazia! Já não faço!...
O ano passado, por esta altura do ano, tentei fazer as habituais decorações natalícias.
Esqueci-me, porém, que aqui havia gato…
Não cheguei a perceber se ele estava demasiado contagiado com o espírito próprio da época ou se existia uma hostilidade qualquer em relação ao Natal.
Sei que não foi possível manter a árvore de pé e os enfeites recolheram às caixas.
Este ano, persisti nas decorações!
Este ano, aqui há dois gatos!...
Roeram velas e bonecos de neve. O presépio não resistiu… o musgo artificial foi esgravatado e remexido até a cabana ficar careca…
Atacaram a árvore, morderam-na, serviram-se dela como arranhador.
Camuflados entre os ramos…fizeram emboscadas…
Partiam depois em loucas correrias pela casa…voltando novamente à árvore…
Camuflados entre os ramos…fizeram emboscadas…tentando caçar o pequeno espírito natalício que teima ainda em andar cá por casa…

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Natal está a chegar...

As renas do Pai Natal

Dasher, Dancer,
Prancer, Vixen,
Comet, Cupid,
Donder, Blitze
Rudolfo

Message in a bottle (8)

Arquitectos
(por Joaquim Letria)

A meu ver, os arquitectos formam uma classe à parte.
Conheci muitos, uns a favor, outros contra a ditadura, cá em Portugal e no estrangeiro, mas todos com aquele “je ne sais quoi” que eles têm, da roupa às canetas, aos relógios, aos carros, ao conhecimento, ao estilo de vida. Alguns deles fazem o favor de serem meus amigos.
A casa onde nasci é hoje o atelier de uma dupla de grandes arquitectos que, além de reconstruir zonas de Veneza, dá aulas na Suíça, tem obra feita em Portugal e ganha prémios internacionais bem merecidos.
Trabalhando na casa onde deixei a memória e os afectos da família, os irmãos Aires Mateus empenham-se hoje, entre outras coisas, em ali produzir a reabilitação do Teatro Capitólio. Onde vi dezenas de filmes ao ar livre e tive uma das minhas primeiras manifestações políticas da minha vida, com a “Alma boa de Tse Tuan” de Maria Della Costa.
Sem dúvida que são os arquitectos que se metem na minha vida. Ainda bem.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Imagens Reais...

O drama… o horror… a tragédia…
Não sei se Artur Albarran alguma vez terá dito isto antes de mostrar cenas de compras natalícias mas se não o fez, poderia ter feito.
Resolvi fazer as compras de Natal!
Dois dias passados a fazer compras de Natal!...
O drama… o horror… a tragédia…
Arrasto-me, tenho a cabeça oca, estou desidratada e tenho olheiras.
O desgaste foi tanto que perdi à volta de 5cm de altura… e emagreci uns 2 quilos (na carteira, pelo menos…).
O drama… o horror… a tragédia…
O cartão multibanco está fininho, fininho, de tanto passar nos terminais!
De cada vez que o tirava da carteira, sentia um calafrio!
Entrei em centenas de lojas, todas apinhadas de gente!
O drama… o horror… a tragédia…
O que eu procuro não encontro e encontro o que não quero.
Andar com sacos de compras nos transportes públicos. Lembrei-me do famoso preto da Casa Africana que já só existe no nosso imaginário.
A paciência e a imaginação completamente perdidas em filas…
O drama… o horror… a tragédia…
A lista de compras obrigatória ainda não está completa!...
O desgaste segue dentro de algumas horas. Vou perder mais uns 3cm de altura…
O drama…
Fazer compras!
O horror…
Gastar dinheiro!
A tragédia…
Ainda não comprei tudo!...
Diz-se que o Natal é todos os dias (porra!), é quando um homem quiser.
Pois então o meu Natal, para o próximo ano, vai ser em meados de Julho, princípios de Agosto! Não tenho o subsídio de Natal mas tenho o de férias e o reembolso do IRS e faço as compras enquanto o pessoal está todo no Algarve…
O drama vai ser convencer a família…
O horror vai ser cantar “A todos um bom Natal” ou “Oh! Christmas tree” com trinta e tal graus…
A tragédia é que não há pastelarias a fazerem bolo-rei, sonhos, filhós, rabanadas, broas, enfim, todas aquelas coisas que eu adoro…
Mas pronto, como é época de praia também não convém comer estas coisas que só fazem mal, só engordam, só fazem borbulhas, só fazem “castrol”…
Por mim, está feito!
Natal em Julho! Até podemos variar as prendas. Uns óculos de sol, um fato de banho, uma toalha de praia, um bronzeador, umas havaianas…
Por mim está feito!
Natal em Julho!...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Memórias e Afectos (7)

Tinha eu 5 anos quando o meu pai comprou o primeiro carro. Um Ford Taunus 12M, conhecido por Bola do Mundo... Calculo que lhe custou uma "bela fortuna"!...
Demorávamos cerca de duas horas e meia para chegar às Caldas da Rainha, onde nos esperavam ansiosos e rezando para que a "longa" viagem corresse bem.
A auto-estrada, actual A1, acabava no Carregado, depois estrada nacional atrás de camionetas de carga... Recordo-me de passar em Alenquer. Esta vila, na época natalícia, fazia um presépio enorme que se avistava da estrada.
Eu, solta no banco de trás, cantava a viagem toda...
Não sei qual a razão mas a porta do lado do condutor passou a fechar mal, aliás, estava bem fechada mas parecia apenas encostada. Sempre que alguém nos ultrapassava, buzinava e fazia sinal, avisando que a porta estava mal fechada...
O meu pai, atencioso, agradecia e fechava a porta que já estava fechada... tranquilizando assim o outro condutor...
Eu, solta no banco de trás, ria-me...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Reservado à Indignação (6)

Mais uma da Prof. de Educação Visual...
Ah, mas esta, quando for a reunião com a D.T., no fim do período, vai ser falada…
Tás feita, minha!...
Esta, não vou deixar passar, nem que a vaca tussa!...
Frequentemente, nas aulas de E.V., os alunos chamam a professora para tirar alguma dúvida ou para os ajudar. Sendo as aulas de Educação Visual, aulas práticas, é normal…
Frequentemente a professora responde:
– Não estou… Morri!
COMO?
Ó “stôra”, a senhora, definitivamente, não escolheu a profissão certa.
Um professor NÃO PODE dizer estas coisas…
Os bons professores possuem metodologia, os professores fascinantes possuem sensibilidade.
A senhora parece-me que não possui uma coisa nem outra, ou seja, não é boa professora quanto mais fascinante.
Os professores que escolheram a via do ensino só podem ter nascido para ensinar, são possuidores de uma “graça divina”.
Os outros são pretensos professores que gostariam de ter outra qualquer profissão. Julgo que será o seu caso. E sei do que estou a falar porque quase cheguei a educadora de infância mas no estágio arrepiei caminho. Percebi a tempo que as crianças não podiam ser prejudicadas pela minha falta de vocação, pela minha vontade de ter outra profissão.
Os professores estão lá precisamente para ensinar, para ajudar os alunos, para tirar dúvidas.
Sendo as aulas de E.V., aulas práticas, não é normal o professor não se disponibilizar para ir junto dos alunos…
Isto sim, isto é uma justificação para bater no Prof.!!... (e olhe que eu não sou violenta, tenho o cadastro limpo…).
Não contente com estas atitudes nada profissionais, na aula passada teve a lata de dizer:
– Porra! Estou farta disto tudo!...
COMO?
Ó “stôra”, decididamente a senhora é uma cavalgadura!
E peço aqui desculpa às cavalgaduras, que sendo irracionais ainda têm desculpa para as tolices que fazem…
Que moral tem a senhora para chamar a atenção um aluno? E que tal responder assim a um superior hierárquico? Experimente, vá lá...
Para a próxima vez que o meu chefe requisitar a minha presença, vou seguir a sua doutrina e responder-lhe:
– Não estou… Morri! ou Porra! Estou farta disto tudo!...
Rezo, ao Senhor dos Aflitos, para que ele seja tão compreensivo como os seus alunos… e me deixe em paz!
Afinal é para isso que eu lá estou…
Para não ser incomodada e levar o ordenado ao fim do mês…Não é “stôra”?...

Feriado

Tudo o que me ocorre dizer sobre este feriado:
Continuamos a ser dominados pelos espanhóis, de um ponto de vista económico, embora também seja verdade que até os espanhóis estão a sair de Portugal...
Não vou escrever mais nada. Poderia conter cenas eventualmente chocantes...
Só um pequenino comentário:
Poderia chamar-me Paloma ou Conchita...
Qual era o drama?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A minha onda (5)

"On the turning away" - IMORTAL!!!!

Gosto...e não se fala mais nisso! (4)


Linda!!!...........
Não trocava uma casinha destas por um apartamento num qualquer condomínio de luxo...
Para mim, as melhores coisas da vida não são as mais caras, são as mais simples...

Linda!!!...........

Livros e Mar: eis o meu elemento! (5)

Das profundezas do oceano Índico surge uma horrível praga para devastar a humanidade - uma doença desconhecida, imparável... e mortal. A bordo de um navio convertido em hospital improvisado, a Dr.ª Lisa Cummings e Monk Kokkalis, agentes da organização clandestina Força SIGMA, procuram respostas para a esta estranha calamidade quando, num golpe brutal e imprevisto, um grupo de terroristas assalta o navio, transformando uma nave de compaixão num laboratório flutuante de armas biológicas.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Let's look at the trailer (5)

Envolvente, comovente, uma pérola e um tributo ao cinema...
Mais um filme que está no meu coração!

domingo, 23 de novembro de 2008

Parabéns ao meu afilhado M. (o melga...)

Aniversário... 18anos!

A partir deste dia começamos a viver uma nova etapa na nossa vida.

Aniversário é o Ano Novo particular de cada um...

É tempo de pensar em mudar, em melhorar no que for possível.

E também de ficar alegre por tudo o que se alcançou e superou!

Parabéns!!!

(da querida madrinha...)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Reservado à Indignação (5)

Noventa e nove por cento da minha correspondência dizem respeito a extractos bancários, informações de débitos directos como a EDP e o SMAS e continhas para pagar. Faço sempre o mesmo comentário sarcástico: “tantos amigos…é pena que não seja para me darem qualquer coisa”…
Há dois dias, porém, as coisas mudaram…
Deparei-me com uma cartinha do “meu” banco e fiquei logo com a pulga atrás da orelha…visto que os extractos já tinham chegado e eles não têm por hábito escrever-me para saber como vai a minha saúde…
Hum…haxixe (acho isso) estranho!
De mau humor lá abri a carta e fiquei sem palavras… Sem palavras é uma forma de dizer porque, na verdade, disse um chorrilho de asneiras que não vou reproduzir aqui.
Então não é que o “meu” banco me estava a “oferecer”, de mão beijada, um cheque pré-aprovado de DEZOITO MIL EUROS!!!...
DEZOITO MIL EUROS!!!...
Ó meu Deus… Por que fizeste os bancos tão bonzinhos? Tanto não era preciso…
Tão queridos! No Natal quero ver se não me esqueço de levar ao balcão onde tenho conta, um bolinho rei e um envelopezito com 10€ para cada um… É uma boa gorja… mas eles merecem!...
No mesmo dia, à noite, o assunto foi falado num noticiário da SIC. Dizia o comentador que os bancos não estão a cometer nenhuma ilegalidade e que o envio destes cheques pré-aprovados é feito apenas para os clientes que não são de risco, ou seja, não têm incumprimentos.
É lá!... Grande elogio cá pró meu lado…
O comentador continuou dizendo que os cheques pré-aprovados são enviados a clientes que o banco sabe terem rendimentos para pagar o crédito pessoal.
Porreiro!... Eu tenho rendimentos comó caraças…
Acrescentou ainda que há uma tendência para os bancos cada vez emprestarem menos dinheiro e apenas aos que não precisam (?) e aos mais ricos (?) …
Foi neste dia, às 20h30 que passei a pertencer à classe alta…
E o que é que eu fiz ao cheque? Arquivei-o na vertical, convenientemente rasgado, claro!
Os bancários e os banqueiros lá terão os seus objectivos a cumprir até ao final do ano… Tentar vender mais um produto. O meu objectivo é não comprar nenhum…
Eu fico perplexa e atordoada! Há cada vez mais famílias a não conseguir pagar os créditos e os bancos aliciam-nos com cheques pré-aprovados…
Eu fico perplexa, atordoada e atónita! O crédito mal parado continua a subir e os bancos aliciam-nos com cheques pré-aprovados…
Eu fico perplexa, atordoada, atónita e siderada! O incumprimento nos créditos é constante e os bancos promovem o crédito pessoal enviando cheques pré-aprovados…
Eu fico perplexa, atordoada, atónita, siderada e indignada com estas ofertas… sejam elas em época natalícia ou não.
Nem eles são Deus nem eu acredito na Terra Prometida!...
Nem eles são a estrela que me guia nem eu sou um camelo!...
Nem eles são a manjedoura nem eu sou o burro!...
Nem eles são os Reis Magos nem eu sou o menino Jesus!...
Além disso, desde os sete anos que não acredito no Pai Natal…

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Professores inesquecíveis

Actualmente, que o problema da avaliação dos professores está na ordem do dia, é altura de fazer um flashback e avaliar os professores que tive, tanto no tempo da “outra senhora” como no “desta senhora”…
Já fiz… o recuo no tempo…
Ao contrário deste PAPEC (Processo de Avaliação dos Professores em Curso), o meu processo é rápido.
Quantos professores nos marcam ao longo da vida? Poucos, muito poucos mesmo… e porquê? Porque são raros os grandes professores!...
No meu caso não houve nenhum…
Recordo-os apenas por terem sido meus professores. Nunca me senti “hipnotizada” nem entusiasmada numa aula.
Tenho pena de não ter tido a oportunidade, como a minha filha A., de travar conhecimento com um professor excepcional, que nunca esqueceremos e que nos deixa saudades…
Há pessoas que passam pela nossa vida sem deixar rasto.
Outras, por sua vez, marcam-nos com o seu exemplo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Gosto...e não se fala mais nisso! (3)




O Mickey que me perdoe mas nunca foi o meu herói das revistas aos quadradinhos.
Muito cumpridor da lei, demasiado certinho para o meu gosto…
O Donald, disparatado e mal-humorado, criava em mim um sentimento de pena, face ao seu primo Gastão, bafejado pela sorte. Com o Peninha, o repórter impagável do jornal “A Patada”, a minha relação era de profunda simpatia, pois as encrencas faziam parte do seu dia-a-dia. Gostava das invenções estapafúrdias do professor Pardal e torcia pelo Super Pateta, no seu vermelho pijama felpudo, com o chapeuzinho cheio de super-amendoins…
Tinha muita inveja da vovó Donalda por ter uma quinta e do Gansolino por viver no “dolce fare niente” e ter a sorte de provar os docinhos caseiros da vovó…
Mas…as minhas personagens preferidas sempre foram os vilões…
Nunca consegui arranjar uma justificação para isso, mas a verdade é que, ainda hoje, eu gosto deles…será porque, ao contrário de mim, desafiam a lei e são rebeldes? Será uma atracção pelo oposto? Talvez a psicanálise me desse uma explicação lógica para a coisa…mas também não fico sem dormir por causa disso.
Continuo a achar simplesmente deliciosa a dupla que tira proveito dos poderes mágicos, Maga Patalógica e Madame Min, a primeira constantemente a tentar roubar a moedinha n.º 1 do Tio Patinhas e a segunda com uma paixão não correspondida pelo Mancha Negra, o meu vilão preferido… (será por assaltar Bancos, um dos meus inimigos?).
Gosto muito da Maga Patalógica, da Madame Min e do Mancha Negra…
Gosto mesmo muito…e todos fazem parte das minhas memórias e afectos…

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Rato mais famoso da animação faz hoje 80 anos...

Inicialmente chamado Mortimer, Mickey foi imaginado por Walt Disney, mas quem lhe definiu os traços que são hoje reconhecíveis em todo o mundo foi o desenhador norte-americano Ub Iwerks.
Uma das particularidades dos primeiros filmes do rato mais famoso do mundo é que a voz de Mickey é assegurada pelo próprio Disney, o que aconteceu até 1946.
Mickey é o anfitrião da Disneyland, desde a sua inauguração em 1955. Em 1978, na celebração dos seus 50 anos, tornou-se a primeira personagem de animação a ter uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood.

Message in a bottle (7)

Foi você que pediu bom senso?
(por João Ferreira)

Céptico por natureza e por dever de ofício, quis ver com os meus olhos a “ficha de objectivos” da avaliação dos professores. Fiquei estarrecido com a imensidão da coisa, sufocado por uma avalanche de papéis e sites, entre declarações de intenções – quantificadas! – sobre factos que nem sequer dependem deles, como a taxa de sucesso ou a prevenção do abandono. Conheci uma professora de educação visual que está a ser avaliada por um de ginástica, apontaram-me mestres avaliados por licenciados e há escolas em que o avaliador e avaliado disputam a única nota de excelente disponível na quota.
Como pagador de impostos, quero que os professores das minhas filhas sejam avaliados com rigor. Mas dizer que não há alternativa a este modelo de avaliação é tão demagógico que põe a ministra ao nível do chefe do sindicato…

domingo, 16 de novembro de 2008

Coisas do arco-da-velha... (2)

Ó R., como é o dia do teu aniversário também tinha que postar esta...

O J. chegou a casa tarde e a R. já estava deitadinha...
Apercebeu-se que o J. se sentou na sala, acabando por adormecer aí.
Levantar-se para o chamar? Completamente fora de questão!
Estava-se tão bem na caminha...
Pegou no telemóvel...e ligou-lhe!...

Message in a bottle (6)

Mais um excerto de um livro de Gonçalo Cadilhe.

...está preocupado com a ideia de eu me meter num autocarro da Greyhound, três noites e quatro dias para chegar de Nova Iorque a Los Angeles. "Olha, vais apanhar a escumalha toda dos States. Tem cuidado."
É pena mas é verdade.
A lógica implacável do transporte de longa distância na América é uma das muitas formas de segregação subliminar da sociedade. As grandes viagens fazem-se de avião, as pequenas em carro próprio. O bus fica fora deste esquema, existe só para os que não têm dinheiro para a passagem aérea e que não têm carro. São a underclass, os excluídos, os "subsidiados" pelo Welfare State, pela segurança social. A escumalha. E, no entanto, a minha viagem de 5000 quilómetros de uma costa à outra terá o calor humano que nenhuma troca de olhares em Manhattan me soube dar.

Raios e Coriscos

Era um programa de 1993, apresentado por Manuela Moura Guedes, Miguel Esteves Cardoso e Catarina Portas e veio revolucionar a televisão portuguesa. O programa passava na RTP 1 e o prato forte era a polémica, por isso mesmo os apresentadores foram escolhidos a dedo...e bem escolhidos.

Parabéns à minha sobrinha R.

Uma pequena (grande) lembrança pelo teu aniversário.
Sabendo que gostaste de "conhecer"o MEC, deixo aqui algumas passagens, que falam de felicidade, retiradas de um dos livros dele...

Feliz é uma coisa que se é ou não é. Não se pode "estar" feliz. Pode-se estar bem disposto, pode estar-se alegre, pode estar-se satisfeito, mas feliz é a coisa que simplesmente não faz sentido estar. Ou se é ou não se é.

...Feliz é também uma coisa que ninguém se torna, que ninguém fica e que ninguém compra. Ou se é ou não se é. É como ser louro (apesar de eu achar que ser feliz é mais parecido com ser moreno).
As pessoas felizes são aquelas que têm vergonha de falar nisso. Em Portugal, dizer "eu sou feliz" é como dizer "eu sou rico". É escandaloso.

...Para se ser feliz é preciso ser um bocado parvo.

...As pessoas felizes só pensam nos outros. É como se não existissem. É por isso que conseguem ser felizes. É uma ilusão de óptica muito bem feita. Ninguém é mais feliz que o homem invisível.

...Para se ser feliz é preciso ser-se um pouco cegueta. Entre as coisas que as pessoas miseráveis, normais, estão sempre a chamar às pessoas felizes, há: ingénua, lírica, naïf, boazinha. Aquela de que gosto mais é "Vives noutro mundo!". Haverá coisa melhor que viver noutro mundo, para quem conheça minimamente este?

...Em Portugal, a felicidade é reprimida. A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os portugueses, quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles.

...Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são mais interessantes. Nós , os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes.

...E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de culpa.

...As pessoas felizes precisam de se afirmar, de deixar de fingir que também estão permanentemente na fossa. Devia haver emblemas grandes a dizer "EU SOU FELIZ E ESTOU-ME NAS TINTAS" ou "EU SOU FELIZ E NÃO TENHO CULPA".

...As pessoas felizes também choram, também sofrem, também se angustiam.
Só que menos. Aliás, muito menos... (ih, ih, ih).

sábado, 15 de novembro de 2008

Nem bom soldado, nem bom cavalo…

"Não são as pequenas coisas que me fazem desanimar, é a pedrinha que trago no sapato"

Quando há quase trinta anos entrei para a instituição onde continuo a trabalhar, fui alertada por um colega, já quase na idade da reforma e comunista dos quatro costados, para o facto de que “o trabalho não era para se fazer, era para se ir fazendo”… senão corria o risco de me sobrecarregar de trabalho enquanto outros colegas iam fazendo “render o peixe”…
“O risco nunca foi a minha profissão”, aliás, eu sou pouco dada a riscos (a não ser em reuniões de Departamento, em que eu me entretenho a rabiscar no A4, que imprimo sempre, da Ordem de Trabalhos…) mas, nessa ocasião, talvez por ser nova e ainda ter “sangue na guelra”, pensei, para com os meus botões, que o velhote estava a exagerar e pus as minhas dúvidas que o que ele me dizia pudesse ser verdade…
Ao fim de algum tempo já punha em dúvida as minhas dúvidas…
O Sr. N., assim se chamava o meu colega, voltou a elucidar-me, dessa vez com outra frase, que não mais esqueci, “aqui é como na tropa, se é um bom soldado é para todo o serviço, se é um bom cavalo todos o querem montar”…
Ao fim de alguns anos, as minhas dúvidas desvaneceram-se…
O problema, há uns anos atrás, residia não só no facto de eu ser nova e inexperiente, mas também no facto de eu ser completamente naive (ou naïf?)
Actualmente, que a idade da inocência já lá vai, recordo muitas vezes aquelas palavras, direi mais, aqueles ensinamentos, e dou por mim a transmiti-los aos mais novos…
Um chefe não faz, faz com que se faça e sabe em quem pode confiar. Sabe que se o trabalho for entregue a um “bom soldado”, o resultado final será positivo. Acontece que os “bons soldados” podem, rapidamente, passar a “maus soldados”, principalmente quando começam a reparar que estes últimos nem sempre são penalizados e muitas das vezes auferem o mesmo vencimento, em alguns casos até maior …
Mas hoje estou satisfeita. Particularmente satisfeita…
Um trabalho de equipa, mais ou menos complexo e algo moroso, foi alvo de louvores, via e-mail, por parte de outra equipa, de outro Departamento, com quem nos sintonizámos para o fazer. As palavras exactas foram: Excelente trabalho!
Gostei! Gostei mesmo muito!
Esse e-mail foi enviado com conhecimento ao meu chefe e à minha directora de Departamento.
Claro que eu não me fiz rogada e tratei logo de agradecer, fazendo um “Replay to all”… (ih, ih, ih) para que todos soubessem que um elogio de vez em quando não custa nada a quem o faz, mas faz bem à alma de quem o recebe…
Sabermos que têm apreço pelo nosso trabalho dá-nos motivação, estímulo e faz renascer a vontade de trabalhar e o brio profissional. Além disso faz bem ao ego!
O meu pai, agora com 95 anos, que nunca foi materialista, actualmente perguntar-me-ia se os elogios eram sinónimo de aumento salarial ou de um prémio monetário. Ao dizer-lhe que não, ele iria responder com espontaneidade:
― Não dá dinheiro? Então não interessa nada…
Será que, no futuro, ainda lhe vou dar razão?...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Memórias e Afectos (6)

Liceu de Macau

Olha Rita, sei que gostas que eu escreva estas coisas e como diria o meu “avôzinho” R., “isso é o bastante para eu gostar também”…

O meu avô paterno, J.J., nascido no longínquo século XIX, foi, no início do século XX, um aventureiro, um homem avançado para a época, um esclarecido, em suma, um visionário (não fosse ele aquariano…).
Estudou em Braga e em Roma, formando-se em teologia e filosofia.
Foi como jornalista que embarcou para o sudeste asiático, voltando ao Oriente como professor das disciplinas de filosofia e português no Liceu de Macau, leccionando ao lado de Camilo Pessanha, e também na escola Pedro Nolasco, na mesma cidade. Fez e publicou uma Gramática, assim como as Lições Práticas de Português, que tiveram o seu período áureo, mas isso foi em tempos que já lá vão…
É com alguma mágoa que o escrevo e digo mas a verdade é que nunca senti, pelo meu avô paterno, o carinho, a ternura, o sentimento de posse e a proximidade, como sentia pelo meu avô materno R.
São poucas as lembranças que tenho do meu avô J.J….
Julgo que era um homem determinado, muito racional e pouco dado a demonstrações de afectividade.
Nunca me contou uma história e não tenho ideia de alguma vez termos andado de mãos dadas…
Acho que as nossas vidas, a dele e a minha, nunca encontraram um ponto de intersecção, talvez por a diferença de idades ser abismal e não existirem interesses em comum.
A lembrança mais viva que tenho dele e que continuarei a recordar com um sorriso, está ligada à minha vida académica. Sempre que terminava um período lectivo, o meu avô, sentado no seu cadeirão, perguntava:
— Que nota tiveste a português?
Como sempre fui uma aluna razoável nessa disciplina, as notas eram também bastante razoáveis e quando lhe respondia, sabia, de antemão, que o ia fazer feliz… Sabia também que atrás disso vinha uma notinha parar à minha mão, como prémio pelos bons serviços prestados à língua pátria...
Depois deste ritual, aconselhava-me sempre a não “cansar” a cabeça a estudar (é verdade!...), conselho esse desvalorizado imediatamente pela minha mãe que achava desnecessário “ensinar o Pai-Nosso ao vigário”…
No entanto, com muita pena da minha mãe, sempre segui o conselho do meu avô J.J…. e julgo que ele, esteja lá onde estiver, está a sorrir neste momento…
Nunca foi, de facto, um avô muito afectuoso, mas foi um avô brilhante, do qual tenho o maior dos orgulhos e que me legou um gene que me faz sentir feliz, o amor à escrita...
Obrigada pelo privilégio de ser tua neta!...

Post Scriptum
Sabes uma coisa avô? Nunca cansei a cabeça com os estudos mas ironicamente continuo a estudar…

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Interesting Art

Art contest at the Hirshhorn Modern Art Gallery in Washington DC.
The rule was that the artist could use one sheet of paper.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Estreia



Nomeada por dois anos consecutivos para os prémios Emmy, esta noite, quando forem 21h30m, a série dramática House estará de regresso ao canal Fox.

domingo, 9 de novembro de 2008

Memórias e Afectos (5)


No tempo em que dar os parabéns
ainda era feito através dos correios...
Este postal, aparentemente desinteressante,
foi-me enviado pela minha prima F.
no dia do meu 8º aniversário.

É um dos exemplares
que guardo com carinho...

Bora lá... sonhar! (1)

A zona das mil ilhas fica entre os EUA e o Canadá, na zona dos lagos St Lawrence, Ontario e Erie e do rio Niagara.

Insólito

O actor Johnny Depp entregou-se de corpo e alma ao papel de chapeleiro maluco que interpreta na adaptação de "Alice no País das Maravilhas" para o cinema.
Segundo Tim Burton, Depp interiorizou de tal forma a personagem que chegou inclusivamente a comer o próprio chapéu.
Ninguém interpreta personagens excêntricas melhor que Johnny...

sábado, 8 de novembro de 2008

América, onde tudo é possível...

Ainda não me manifestei sobre a vitória de Obama.
Tudo o que havia a dizer já foi dito...
Obama prometeu uma grande mudança para a América e para o mundo.
A América já mudou...
Um país que até ao século XX ainda recusava reconhecer direitos aos africanos, elegeu agora um afro-americano para presidente...
O presidente está eleito!
Obama e o mundo têm fé na mudança!
O mundo está de olhos postos na América... e a esperança no "sonho americano"...
Eu estou com o mundo...
"I have a dream"...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Let's look at the trailer (4)

In the Name of the Father.
Mais um dos filmes da minha vida...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ter um animal...




Ter um animal não significa ser uma boa pessoa, mas ser boa pessoa significa não abandonar esse animal!...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Livros e Mar: eis o meu elemento! (4)


Uma semana de calor escaldante no fim de Agosto: os cidadãos mais ricos do Império Romano descontraem-se nas suas villas luxuosas, enquanto a maior armada do mundo está pacificamente ancorada em Misenum. Só um homem está preocupado. O engenheiro Marcus Attilius acaba de ocupar o cargo de chefia do Aqua Augusta, o enorme aqueduto que transporta água para milhões de pessoas das nove cidades ao redor da baía. As nascentes estão a falhar pela primeira vez há muitas gerações. O seu predecessor no cargo desapareceu e há uma crise na conduta principal do aqueduto. Attilius – um homem respeitável, prático, incorruptível – promete a Plínio, o famoso intelectual que comanda a armada, que conseguirá reparar o aqueduto antes do reservatório de água secar. Consegui-lo-á?

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Viver não é obrigatório...

Hoje não estou nos meus dias...bons!
Há gente que não deixa que os meus dias sejam sempre bons...
Vivem para chatear,para irritar,para serem inconvenientes...
Pessoas com ideias "mongas" que se acham o máximo e ainda por cima temos que lhes agradecer...
A essas pessoas só me apetece dizer: viver não é obrigatório, digam sim ao suicídio...
Não me chateiem!

domingo, 2 de novembro de 2008

A minha onda (4)

Dance me to the end of love de Leonard Cohen

Gosto...e não se fala mais nisso! (2)


Gosto muito de Glicínias... No início da primavera "vestem-se" de lindos cachos de flores e o aroma é delicioso...
São três as espécies disponíveis: Wisteria sinensis, Wisteria floribunda ou multijuga e Wisteria macrostachya.
Gosto muito de Glicínias... Na casa onde nasci e cresci até aos 6 anos havia uma trepadeira destas no portão.
Gosto muito de Glicínias... Gosto mesmo muito...

sábado, 1 de novembro de 2008

Message in a bottle (5)

Criancinhas

A criancinha quer Playstation. A gente dá.
A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.
A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.
A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.
A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.
A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.
A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.

Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.
Desperta.
É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.
A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.
A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo.

A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal.
Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor«que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».
A criancinha cresce. Cresce e cresce.

Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo.

E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.


Miguel Carvalho (Visão)

1 de Novembro de 1755

Esquerda: o panfleto da sinagoga portuguesa e espanhola de Hamburgo anunciando um dia de jejum e oração em memória as vítimas do terramoto de Lisboa.
Direita: xilogravura checa sobre o terramoto de Lisboa datada de finais de 1755.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mais Halloween...

A minha filha R. foi, com as amigas, a uma festinha de Halloween. O mais curioso é que a festa foi no salão paroquial da igreja... Antigamente as bruxas eram queimadas nas fogueiras, agora fazem-lhes festas...

Halloween

31 de Outubro

Homenageando uma "bruxa" amiga...


quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Definição deliciosa...

A definição de estatística, dada por um professor de Marketing da minha filha A., é simplesmente deliciosa.
Segundo ele, estatística é a arte de torturar os números até eles confessarem...
Nunca me vi a fazer parte do Inquisitio Haereticæ Pravitatis Sanctum Officium, vulgarmente chamado Tribunal do Santo Ofício. Parece até que os papéis estarão invertidos e sou eu que sou torturada pelos números...
No entanto, por mais maquiavélica que seja a tortura, eu nunca confesso...
Estou inocente...até prova em contrário.

Reservado à Indignação (4)

Num dos meus momentos de irritação e indignação, que são mais do que eu gostaria, volto a incomodar-me, desta vez, com a professora de E.V.
Não quero de maneira nenhuma pôr em causa o mérito da professora, não quero julgar os métodos de ensino nem de avaliação mas quero ter direito a indignar-me...um bocadinho...
A professora de E.V. mandou fazer um ou boneco a 3D, tendo por tema a aldeia gaulesa do Astérix.
Não havia um trabalhinho mais complicado para escolher? Claro que estou a ser irónica...
“Façam com o material que quiserem, peçam ajuda aos pais, aos tios, aos avós, aos vizinhos...”
Isto é o mesmo que dizer: “Não quero saber como, desenrasquem-se...mas façam!”
Quem lhe disse que eu sou artista, tenho familiares artistas ou vizinhos artistas?
Além disso, a cooperação com a escola e com os professores compete aos pais e encarregados de educação, não aos meus vizinhos…
Os dons nascem connosco, não se arranjam com um estalar de dedos...
No meu entender, o trabalho deveria ser desenvolvido na aula e mais tarde, quiçá, acabado ou pintado em casa. Assim seria mais correcto e mais justo.
Passei esta minha indignação ao representante dos pais, que está de acordo comigo e vai apresentar a nossa reclamação na reunião intercalar do Conselho de Turma.
Sei que não tenho o dom da palavra mas quando começo a escrever nunca mais paro…vou destilando a minha raiva...e assim fico mais calma...
Vou aguardar com serenidade…

A Guerra dos Mundos

Há 70 anos, uma adaptação para a rádio da obra de ficção científica “A Guerra dos Mundos”, de Herbert George Wells, dirigida por Orson Welles e transmitida em Nova York, ficou famosa mundialmente por provocar o pânico na população.
Os ouvintes imaginaram que a Terra estava realmente a enfrentar uma invasão de extraterrestres. Um “exército” que ninguém via mas que, de acordo com a dramatização radiofónica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta…

The Fog

Um filme de John Carpenter
Hoje, às 19 horas na Cinemateca.

Adaptação de uma história de Stephen King, sobre uma pequena cidade costeira assombrada por um nevoeiro maligno onde se escondem os fantasmas dos tripulantes de um navio pirata naufragado séculos antes por acção directa dos habitantes locais.
Aos elementos clássicos de Carpenter (os lugares isolados, as lógicas de grupo, as ameaças sem rosto) junta-se aqui uma espécie de lirismo, com força suficiente para "descentrar" o filme, que no futuro seria, mais do que uma vez, um dos principais "segredos" de John Carpenter.

Já quase com três décadas, este "nevoeiro" continua a arrefecer-me as mãos mas a aquecer-me a "alma"...
Este "fog" não me reduz a visibilidade, continuo a ver um grande realizador...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Cinematherapy

Em vez do divã, a sala de cinema.
Ver um filme pode ser mais do que entretenimento.
Pode ser um verdadeiro processo terapêutico…
A explicação é simples: os filmes são detonadores de emoções.
www.cinema-therapy.com e www.cinematherapy.com

Absolvição

A "stôra" A. apresentou as suas desculpas e deu razão à minha filha R., uns dias depois do quiproquó das conversões de metros a quilómetros.
Esta atitude da "stôra" A. tornava-se absolutamente necessária para que as aulas de CFQ continuassem a decorrer dentro da normalidade.
Obrigada "stôra" A. por ter agido de uma forma moralmente correcta.
Está absolvida!...

sábado, 25 de outubro de 2008

Let's look at the trailer (3)

Um filme que me fala ao coração...

Memórias e Afectos (4)

Ao meu querido avô R.
Faz hoje precisamente quarenta e um anos que deixei de o ver.
Deixo-lhe aqui uma homenagem, escrita por mim há mais de trinta anos, que continua actual e sentida.
A palavra avozinho irá, teimosamente, aparecer com um acento circunflexo porque eu gosto…(não tenho o estatuto do nosso prémio Nobel, mas a palavra escrita com o acento parece-me mais carinhosa…).


São 6 horas!
Como eu te recordo avôzinho…
Morreste mas só para o mundo, estás vivo no meu coração…
Lembro-me quando a esta hora voltavas do trabalho, avôzinho, e o Tejo…o Tejo corria a sentar-se à porta à tua espera.
É impossível descrever o que sinto neste momento mas tu compreendes-me, não é assim avôzinho? Depois de chegares a casa, cansado e às vezes triste, falavas sempre comigo e com o J., os teus netos mais novos. Íamos juntos ao quintal e à noite…lembras-te avôzinho? Na tua cama, deitados, e dizíamos baixinho: conta-nos uma história avôzinho…e cheio de paciência, lá começavas a contar uma história que quase sempre não chegava ao fim porque ou tu adormecias, fatigado de mais um dia de trabalho ou adormecíamos nós, quando o João Pestana vinha baixar-nos as pálpebras levemente…
Os teus olhos já não podem sorrir para mim mas eu olho a tua fotografia e parece-me que estás aqui ao meu lado…
Como eu te recordo avôzinho…sentado à secretária e o Tejo deitado aos teus pés, muito enroscadinho.
E quando à tardinha íamos passear de mãos dadas…espera, espera, que ainda me lembro onde costumávamos ir com o Tejo…ao pé da igreja…do tribunal…e outras vezes íamos até à estação dos comboios…
Mas tudo isto já foi há muito tempo…e como o tempo passa…
Gostava tanto de te ter aqui ao meu lado e poder dizer baixinho:
Conta-me uma história avôzinho…

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A minha onda (3)

Hoje...tô que nem posso...

Tô que nem posso!…
Não sei se é falta de iniciativa, se é falta de empenhamento, se é falta de espírito de equipa mas tô que nem posso!...
O que vale é que vejo uma luzinha ao fundo do túnel…
Tô que nem posso!…
Não sei se é a minha auto-estima que já teve melhores dias, mas a verdade é que tô que nem posso!!
O que vale é que vejo uma luzinha ao fundo do túnel…
Tentei abastecer-me com Galp energia…mas tô na mesma!…
Já experimentei caipirinhas, gin tónico, bejecas, Red bull e até “sumo pontífice”, mas tô na mesma!!
Ohhhhh! A tal luzinha ao fundo do túnel...
Afinal era um pirilampo!!…

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Reservado à Indignação (3)

O Professor Chanfrado e o Touro Enraivecido

Estou em pé de guerra…
Ver pezinhos na areia em pé de guerra não é uma coisa agradável de ver. Isto porque ver um Touro, habitualmente “mal passado” e pacífico, enfurecido, não é bonito.
Não é bonito mas acontece pontualmente…
Acontece quando me começam a “tourear”, passeando uma capinha vermelha à minha frente. Olé!
Basta ver a capinha e aí vou eu desembolada, investindo sobre a causa da minha ira. É pena que nem sempre o agente causador esteja presente para poder ver in loco a minha entrada na arena e assistir à lide. Quando o bandarilheiro espeta a farpazinha, então é que está tudo estragado…fico com a força de um miura, capaz de saltar as bancadas e ir até aos camarotes. Não há chocas que me façam voltar ao curro (nem “chocos”!...). Olé!
Fiquei fora de controlo e toda esta minha irritação, direi mesmo raiva, se deve à dona A.
A dona A., ou melhor, a “stôra” A., é Prof. de CFQ (Ciências Físico-Químicas) mas não deve ser muito pró, deve ser mais amadora…mas até eu que sou amadora, acabo por ser mais pró que ela… é melhor sair desta frase rapidamente porque já estou a ficar toda baralhada…
A matéria que está a ser dada, na disciplina da “stôra” A. é sobre forças, movimentos, trajectórias e velocidade média.
A “stôra” A. mandou passar todas as velocidades médias, cuja unidade de medida SI é m/s, para km/h. Até aqui não tenho nada contra a “stôra” A, a não ser o nome, mas essa “guerra” é lá com ela e com os progenitores…
Acontece que foi precisamente na correcção destas reduções ou conversões, de metros a quilómetros, que a coisa azedou e começou a “tourada”… Olé!
Temos 9421,2m e queremos passar a km. Ora, contando a partir do primeiro algarismo à esquerda da vírgula, vamos andando para a esquerda…dam…hm… e km, ou seja, ficaria 9,4212 km.
Então não é que a dona A. corrigiu o resultado para 0,0094212 km?????
Apesar das muitas insistências da minha filha R., a dona A. continuou a teimar neste resultado burrical…e zurrando disse ainda que a culpa é das modernas máquinas de calcular!!!...
Estranho! A dona A. precisa de máquina para fazer reduções? Eu não!...
Estranho! Mesmo que utilize a máquina continua a dar-me o mesmo resultado!...
Mas à “stôra” A. não!!...Pelo simples motivo que, por razões que a própria razão desconhece, conta a partir do algarismo 9…
Isto é irreal! Este erro, que a dona A. teima em ensinar aos alunos, não faz parte do programa curricular. Talvez faça parte do programa “burricular”…
Ó “stôra” A.…nem sei o que hei-de fazer consigo!? A dona A. até pode ter a faca e o queijo na mão mas olhe que eu sou bem capaz de lhe dar uma marrada!... Olé!
Ó “stôra” A.… em que escola é que a senhora andou?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Livros e Mar: eis o meu elemento! (3)

Uma história inesquecível sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros.Trata-se de um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, num crescendo de suspense que se mantém até à última página. Esta é sobretudo uma trágica história de amor cujo eco se projecta através do tempo.

domingo, 12 de outubro de 2008

Perdidos e Achados

A minha paciência acabou!
O pequeno resquício de paciência que, qual aldeia gaulesa, resistiu sempre ao invasor, acabou de render-se…
Pena é que não tenha sido depositando as armas aos pés de César, como fez Vercingétorix… sempre tinha tido alguma grandiosidade.
Infelizmente rendeu-se sem garra, sem luta, enfim, sem paciência…
Perdi a paciência, não sei se nos transportes públicos, se nos correios, se no Banco, se no supermercado, se em alguma reunião de departamento… Já estava tão moribunda que, se calhar, deixei-a cair na sanita (também com uma paciência de m**** não poderia esperar outra coisa…).
Perdi a paciência mas não faço questão em encontrá-la, até agradeço que se alguém a achar não ma devolva.
Façam uma corrente, uma chain letter daquelas horríveis, que costumam aparecer-nos via e-mail e que dão três voltas à Terra. Com um bocado de “sorte” ainda estarei a trabalhar, quando ao fim de alguns anos chegar à minha caixa de correio electrónico…
Também podem fazer uma quermesse…
O que havia de me calhar na rifa…
Socorro!!! Estou a passar-me (a ferro… para não ficar com rugas!).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A minha onda (2)

Edwyn Collins - A girl like you

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Message in a bottle (4)

"A minha próxima vida"

Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente.
Começar morto para despachar logo esse assunto.
Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu.
Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bebé até nascermos.
Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voilá!
Acaba como um orgasmo!
I rest my case.

by Woody Allen

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Tempo e Contratempo...

Há já cinco dias que não posto!...
Não, não estive doente...felizmente!
Há já cinco dias que não posto!...
Não, não estive de férias...infelizmente!
Há já cinco dias que não posto!...
A culpa é do tempo e do contratempo!...
Na verdade, a culpa não é do tempo mas da falta dele...
Estive sem Net durante três dias...um contratempo!...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Memórias e Afectos (3)

Anos 60...
Ao meu avô materno bastava um papel e um bocado de tempo, roubado aos seus afazeres, para fazer uns desenhos e pintar a aguarela...
Este foi-me enviado juntamente com uma das cartas que guardo religiosamente...

O cão T. e o gato R., aqui desenhados, foram meus companheiros de brincadeira quando passava as férias grandes nas Caldas da Rainha.

Obrigada avôzinho!...

domingo, 28 de setembro de 2008

Feira do Artesanato VS Feira do Livro

No âmbito das Festas da Cidade, e como já é habitual, a Câmara organiza diversas iniciativas, umas mais culturais que outras.
Do programa constam as feiras do livro e do artesanato (feirarte).
Na feira do livro estão presentes algumas editoras (cada vez menos...) e alfarrabistas. A feira do artesanato conta com a presença de vários artesãos, barraquinhas de comes e bebes e outras que vendem produtos tradicionais e regionais, como queijos, enchidos, pão, bolos e doces. Ah, e a roulotte das farturas e o carrinho das pipocas (esse vício abominável que chegou às salas de cinema).
Fui à feira do livro e fiz uma passagem, quase relâmpago, pela feira do artesanato.
Felizmente para mim e infelizmente para o país, na feira do livro andava-se à vontade (tirando uns empecilhos que não andavam lá a fazer nada a não ser empatar...). No entanto, a feira do artesanato estava cheia de people.
A maioria das pessoas está completamente a borrifar-se para os livros. O que o pessoal quer é sandochas, pastelinho de bacalhau, chouriço e pão alentejano, uma tigelada de Abrantes e trouxas... e acham que trouxa é o que anda a gastar dinheirinho, mal empregado, por sinal, em livros... Se soubessem que eu gastei 26 euros, no alfarrabista, chamavam-me tóina!
Enfim, cada qual tem as suas prioridades e o que eu devoro mesmo são livros... embora não recusasse um pãozinho com chouriço...
Diz-se que não há fome que não dê em fartura mas a minha nem em fartura nem em pipoca!
Futebolisticamente falando, o resultado é 3 a 0, favorável ao "atrasanato"...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Let's look at the trailer (2)

Chariots of Fire - Movie 1981 - Opening Scene

Um dos filmes que tem um lugar especial no meu coração.
A banda sonora de Vangelis é brilhante...

Os (meus) Bichos

Não sou o Miguel Torga mas...

tenho os gatos gôdos mailindos do Mundo!

Gôdos não... Fotes!...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Muere lentamente quien...

Pelo respeito.
Pela admiração.
Porque faz hoje anos que morreu Pablo Neruda...

Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito,
repitiendo todos los días los mismos trayectos,
quien no cambia de marca,
no arriesga vestir un color nuevo
y no le habla a quien no conoce.
Muere lentamente quien hace de la televisión su gurú.
Muere lentamente quien evita una pasión,
quien prefiere el negro sobre blanco
y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones,
justamente las que rescatan el brillo de los ojos,sonrisas de los
bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.
Muere lentamente quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el trabajo,
quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño,
quien no se permite por lo menos una vez en la vida,
huir de los consejos sensatos.
Muere lentamente quien no viaja,
quien no lee, quien no oye música,
quien no encuentra gracia en si mismo.
Muere lentamente quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente, quien pasa los días
quejándose de su mala suerte o de la lluvia incesante.
Muere lentamente, quien abandona un proyecto antes de iniciarlo,
no preguntando de un asunto que desconoce
o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.
Evitemos la muerte en suaves cuotas, recordando siempre
que estar vivo exige un esfuerzo mucho mayor
que el simple hecho de respirar.
Solamente la ardiente paciencia hará que
conquistemos una espléndida felicidad

Pablo Neruda

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Message in a bottle (3)

Apetece-me postar aqui uma pequena passagem de um livro de Gonçalo Cadilhe.
Apetece-me, pronto!

Valência comove-me. Não é uma cidade bonita. Em muitos quarteirões é anónima e moderna, como se tivesse sido construída depois de uma guerra, com rapidez e eficiência mas sem preocupações estéticas. E, no entanto, comove-me na sua alegria quotidiana, na vivacidade comercial, na limpeza urbana, na profusão de espaços verdes. O efeito encantatório repete-se sempre de cada vez que passeio por uma cidade espanhola ao fim da tarde.
Entro numa livraria do centro e encontro, traduzidos para espanhol, livros que tinha procurado durante anos em Itália e em França. O panorama editorial de uma nação é a minha bitola do desenvolvimento dessa nação, muito mais fidedigna do que as estatísticas económicas, a propaganda turística ou as declarações políticas.
E lá estou eu a pensar no Hemingway, seco e eficiente, infalível, que afirmava na publicidade do turismo espanhol: "Eu não nasci em Espanha...mas não foi culpa minha."

domingo, 21 de setembro de 2008

Coisas do arco-da-velha... (1)

O acontecimento caricato que hoje aqui coloco é contado via e-mail e passou-se há uns meses.

O marido de uma colega minha escreveu-lhe textualmente o que se segue:

Pois é…
Hoje de manhã, vendo o saco com a roupa do H. e os chinelos da minha mãe, para trocar, agarrei nele e saí.
Estava eu a beber café com o meu colega e a dizer-lhe que tinha que ir ao Carrefour, à hora do almoço, trocar umas coisas, quando me veio à cabeça uma constatação sombria: onde tinha eu metido o saco? Não me lembrava nada de o ter posto no carro…
Qual filme de David Lynch vi-me a mim próprio a meter o saco da roupa e dos chinelos, no contentor do lixo em frente ao nosso prédio!
Larguei o meu colega e apressei-me para Carnaxide. No caminho, a mesma imagem assolava-me repetidamente: o velhote que costuma andar ao lixo, a passear amanhã na nossa rua, com as calças do H. e os chinelos da minha mãe… The Horror!
Chegado à nossa rua, largo o carro e dirijo-me para os contentores…Qual? Depois de passar por alguns segundos de intensa vergonha, encontro no fundo de um deles um saco com umas etiquetas a espreitar…Encontrei!
O mais difícil foi tirar o saco do fundo do contentor. Não é manobra fácil. Agora compreendo as razões que levam os velhotes que andam ao lixo a terem sempre um pauzinho do tipo de apanhar caracóis…
Fiquei com uma mistura de cheiros a casca de banana, bacalhau e leite azedo!
Não podia voltar ao emprego assim. Tive que ir tomar banho.
Será que andar a remexer no lixo é uma falta justificada?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mais Prozac e Menos Platão!...

Começaram as aulas! Não se pense que este ponto de exclamação traduz alguma espécie de entusiasmo. Muito pelo contrário! Este segundo ponto de exclamação exprime ironia…
Começaram as aulas! Os horários mudam! O quotidiano altera-se e eu também…
“Mais Platão e Menos Prozac” é um livro de Lou Marinoff que explora os ensinamentos budistas, taoistas e do I Ching e ajuda (tenho as minhas dúvidas!) a ser mais racional, visto que, muitas vezes, as emoções nos toldam o raciocínio.
Isto não funciona comigo. Durante os próximos meses, até às férias do Natal, estarei receptiva a qualquer fármaco que combata a minha ansiedade generalizada. Generalizada porque passa por ter a cabeça em água, um nó na garganta, amargos de boca, o estômago às voltas, as tripas do avesso, o sangue a ferver nas veias, o coração aos pulos e os nervos em franja…
É assim! Quando a minha filha A.R. começa com aulas, sinto que sou vítima de violência doméstica! Só não telefono para a linha de apoio à vítima porque qualquer uma das pessoas que me atendesse não estaria psicologicamente preparada para ouvir as queixas de “maus-tratos” de que sou vítima. Essas pessoas estariam preparadas para ouvir que eu levava bordoada de três em pipa mas nunca as minhas queixinhas isentas de pancada.
Quando digo que sou vítima de violência doméstica não minto, ou pelo menos julgo que sou dona da verdade.
Saio de casa por volta das 7.20 e passo o dia de trabalho em frente ao computador (brevemente espera-me um daqueles cursos chatíssimos de formação). Acumulo outros cargos pós laboral mas este é o único que é remunerado…
Depois de sair do emprego (ao 1º toque como na escola mas às 8.30 já lá estou!...) começa a violência.
Passar no supermercado quando é preciso e é quase sempre preciso, ir buscar a A.R., aos meus pais, quando é preciso e é preciso muitas vezes, fazer o jantar a contar com o almoço dela para o dia seguinte, tratar de roupas e da casa. Ao mesmo tempo que executo estas tarefas domésticas (um vómito!...) vou fazendo “piscinas” entre a cozinha, outras divisões da casa e os locais de estudo (felizmente a A.T. já quase não me chama…) para tirar dúvidas, ensinar, explicar e ajudar a estudar. Claro que para poder dar todo este apoio, tenho que estar a par da matéria e o que é que eu faço? Estudo!
A tudo isto chamo violência doméstica!
Mau trato não se limita a soco, pontapé ou bofetada, mau trato é também o lufa-lufa do dia a dia que nos deixa de rastos.
Em todo o caso, fui eu que escolhi este caminho (devia estar lerda nesse dia, eh, eh, eh). Ao longo da vida fazemos escolhas, ter filhos foi uma delas e claro que nem me passa pela cabeça não ser responsável pelas escolhas que fiz.
No entanto, não deixa de ser uma violência! É violento! Talvez apresente queixa em tribunal! Pensando melhor não me parece uma boa ideia. A justiça é lenta e quando, finalmente, me desse razão já eu tinha morrido, encarnado num gato dorminhoco, independente e a viver feliz em casa de um qualquer filósofo…
Evidentemente que durante estes meses em que sou vítima de violência doméstica, faz mais efeito um Prozac que um Platão! E durante este tempo nem quero ouvir falar de teorias filosóficas, a não ser que sejam pros(z)aicas ou as teorias de cágado!(daquelas que vou assimilando ao longo da vida…)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Homenagem

Breve mas sentida referência, de um mortal que não tem onde cair morto (eu), a Richard Wright, o imortal teclista dos Pink Floyd.
A música dos Floyd é intemporal!
Wish you were here...
Us and them!...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Livros e Mar: eis o meu elemento! (2)


Na colónia portuguesa de Goa, no fim do século XVI, a Inquisição fazia progressos na sua missão de impedir os "bruxos" - quer fossem nativos hindus, quer imigrantes judeus – de praticarem as suas crenças tradicionais. Os que se recusavam a denunciar outros ou a renunciar à sua fé eram estrangulados ou queimados em autos-de-fé. De grande rigor histórico, o último romance do autor de "O Último Cabalista de Lisboa" é simultaneamente um policial histórico absorvente e uma profunda exploração da natureza do Mal.

domingo, 14 de setembro de 2008

Memórias e Afectos (2)

Novamente a casa onde nasci mas vista de "costas"...
Foi nesta escada de ferro que a minha veia artística se revelou pela primeira e última vez. Esta escada tinha degraus com desenhos geométricos que eu, pacientemente, pintava com...água!

A minha "tinta" secava com uma rapidez alucinante mas nunca desisti...
Por que razão haveria de desistir? No início dos anos 60 eu tinha todo o tempo do mundo, toda uma vida pela frente...