quinta-feira, 30 de abril de 2009

Os Livros voltam ao Parque

A 79ª edição da Feira do Livro de Lisboa tem, este ano, uma novidade que me agrada muito, o horário.
Antigamente não perdia uma Feira do Livro.
Confesso que depois da Fnac se instalar no nosso país essa romaria anual foi sendo esquecida mas, como adoro bisbilhotar todos os stands de livros usados e alfarrabistas, este ano vou até lá.
É verdade que deixou de ser um ritual ir todos os anos à Feira do Livro mas na realidade isso sempre me deu um prazer que as idas à Fnac ainda não me conseguiram proporcionar…

Imagem da 1ª Feira do Livro de Lisboa, realizada no Rossio (1930)

sábado, 25 de abril de 2009

Há trinta e cinco anos...

Tenho pena que passados trinta e cinco anos do 25 de Abril, uma velha quadra do antigo regime continue actual.

Paradas e procissões
Fátima, fados e bola
São as únicas distracções
De um povo que pede esmola

Tenho pena que o oportunismo, a corrupção, a incompetência e a insegurança andem à solta e impunes e que os governos não governem.

No entanto, pela liberdade (nunca confundir com libertinagem) alcançada, vale sempre a pena comemorar o 25 de Abril.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Internacional do Livro

A imortalidade encontra-se nos livros. Nos livros e nas pessoas que os leram.
O Dia Internacional do Livro teve a sua origem na Catalunha, em Espanha.
A data começou a ser celebrada em 7 de Outubro de 1926, em comemoração ao nascimento de Miguel de Cervantes, escritor espanhol. No ano de 1930, a data comemorativa foi transferida para 23 de Abril, dia do falecimento de Cervantes.
Mais tarde, em 1996, a UNESCO instituiu 23 de Abril como o Dia Internacional do Livro e dos direitos dos autores, em virtude de a 23 de Abril se assinalar o falecimento de outros escritores, como William Shakespeare, dramaturgo inglês, embora tal data não seja precisa, visto que em Inglaterra, naquele tempo, ainda se utilizava o calendário juliano, pelo que havia uma diferença de 10 dias para o calendário gregoriano.

Hoje, na Fnac, todos os livros com 20% de desconto.
Eu vou! Em circunstâncias normais não iria pois ainda não é “pay day” mas o reembolso do IRS, este ano, por razões eleitoralistas, foi emitido mais cedo, precisamente hoje…
Tenho que aproveitar porque uma oportunidade destas só voltará a surgir lá para 2013…não é?
Que pena não haver o Ano Internacional do Livro… isso é que era!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Passado e Presente…

… da História Mundial em arquivos e documentos de todo o mundo.

sábado, 18 de abril de 2009

Memórias e Afectos (21)

4ª Parte
Abril de 2009
Diz-se que as “paredes têm ouvidos”, as da Quinta de S. Mateus pareceu-me que também tinham boca…
Ao afastar-me ouvi ainda os seus “gritos” suplicantes para que tomasse conta dela e lhe devolvesse a alma…
Tivesse eu dinheiro…
Fazia-lhe uma “cirurgia estética” completa sem lhe retirar o que é antigo porque essa palavra me soa bem, dá-me uma sensação de bem-estar e familiaridade com o passado… Salvava-a das ervas daninhas, devolvia-lhe as janelas de guilhotina, tratava-lhe as “feridas” que há anos teimam em não sarar, polia as madeiras, restituía-lhe a cor saudável e talvez conseguisse, assim, amenizar as “cicatrizes” do tempo… enfim, tomava conta dela e devolvia-lhe o encanto, a vida e a alma…
Tivesse eu dinheiro… mas como não tenho, nem os cuidados paliativos lhe posso dar… A Quinta de S. Mateus adivinhando o seu triste fim está a morrer lentamente. Ouvi novamente os seus “gritos” suplicantes, olhei-a e disse baixinho “Não desistas!”. O vento encarregou-se de lhe levar as minhas palavras.
Dói-me a alma e a única alegria que tenho, ao pensar na Quinta de S. Mateus, é que há casas, assim como as árvores, que também morrem de pé…
Descemos avistando a última quinta que me levou a Alvorninha, a Quinta do Bairro… a única de que eu recordava minuciosamente cada canto, os lugares das paredes, das divisões, das portas e janelas, de todos os cantos…
A Quinta do Bairro ergue-se solitária numa pequena colina, sobressaindo na paisagem e destaca-se, a meu ver, pela sua grandiosidade. Ao portão aguardava-nos o senhor Arnaldo, pois a nossa visita tinha sido previamente combinada.
Empurrei o portão e encontrei-me no logradouro da entrada. Senti uma alegriazinha secreta por tudo me parecer exactamente igual ao que eu recordava, o telheiro, o lagar, a pocilga, a casa do caseiro, o sítio onde antes existiu uma ceifeira debulhadora, o palheiro… Debaixo do telheiro, a porta de um anexo onde existiram outrora enormes arcas cheias de milho, onde eu gostava de enterrar as mãos e sentir os grãos a fugirem-me por entre os dedos…
Passámos a um pátio de terra batida onde ainda resistem ao tempo os dois tanques e uma mina de água, apesar de já não terem o encanto de antigamente porque a pérgula por cima dos tanques esteve antes repleta de hera que entrelaçava com uma buganvília e isso dava-lhes um certo ar sombrio e enigmático…
Visitámos a casa sempre com o senhor Arnaldo no seu papel de guia tentando tirar “nabos da púcara” para ver se nós realmente éramos os tais familiares que ele deveria receber. Cedo se apercebeu que nada tinha a recear pois eu conhecia cada canto daquela casa, como se sempre lá tivesse vivido…
Não vou descrever o interior da casa por várias razões, entre elas o respeito pelos actuais proprietários, descendentes dos antigos donos, o senhor A. e a senhora B., ele primo direito do meu pai e padrinho da minha mãe.
No entanto, não resisto à tentação de falar no salão, que não me pareceu tão imponente como quando era criança, talvez por isso mesmo, por ser criança e tudo me parecer mais grandioso. Também não posso deixar de referir as duas grandes janelas rasgadas para a paisagem que sempre me fascinaram e que tinham uns canteiros exteriores onde os passaritos faziam os ninhos… Na infância, passei horas a olhá-los, o tempo era todo meu, eu tinha uma vida inteira pela frente, o tempo era infinito…
A ardósia grande também ainda existe… tantas “lições” dei eu ali, nos anos 60, à Isabelinha, filha da cozinheira. Na cozinha lembrei o sabor da uvada (um doce feito, julgo eu, de mosto de uvas e maçãs) feita pela Clarisse, e que recordação deliciosa…
Que pena as coisas boas não durarem para sempre.
Esta é outra casa com passado e com história e fico feliz porque faço um bocadinho parte dela.
Apesar de estar a ser recuperada aos poucos, a alma da casa já não existe, melhor, é uma alma nova com poucas memórias vivas e as casas precisam dessas memórias para serem felizes… Por mim, nesta quinta encantada voltaria a haver vida, como os risos; as tradições; as conversas à noite, à luz do petróleo e ao calor da velha salamandra; o ranger das portas; a correria da miudagem… a azáfama do caseiro regressaria, assim como os porcos à pocilga, as galinhas ao pátio e os montes de palha estariam de volta ao palheiro…
Por vontade do senhor Arnaldo, que se revelou grande conhecedor da quinta e falador q.b., teríamos ficado longas horas à conversa, até porque ele, habituado a falar apenas com a gente da terra, estava a gostar da audiência e dos assuntos que nós lhe proporcionámos.
Mas era altura de partir. Despedi-me do senhor Arnaldo e da Quinta do Bairro com um “até sempre”…
Espero que esta quinta nunca vá parar a mãos de estranhos e que eu ainda possa regressar um dia e tornar a reviver o meu passado e as minhas memórias, mas o dinheiro compra tudo… o dinheiro compra tudo mas não compra o passado nem as histórias destas casas, porque as histórias, o passado e a alma destas casas, para mim, não têm preço, são inegociáveis…
Partimos de Alvorninha, deixando para trás dias felizes da minha infância.
Daqui a muitos anos, milhares de anos, numa outra Era, quando de Alvorninha nada restar, nem uma lembrança, nem um sonho, as minhas memórias e os meus afectos continuarão a habitar aquele lugar, desafiando o tempo…
Partimos de Alvorninha, deixando para trás dias felizes da minha infância, e ainda hoje, ao escrever este texto, continuo a ouvir as paredes da Quinta de S. Mateus a “gritar” por mim…

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Deixem-me trabalhar…

Assim não há condições! Com tanta “animação cultural” não consigo concentrar-me para redigir os dois “últimos episódios” da viagem às Caldas da Rainha e a Alvorninha…
Tenham paciência… acabem lá com a animação que eu preciso de reencontrar a minha paz interior para lavrar os meus escritos…

Festa e Cinema

A primeira edição do evento “A Noite do Making Of”, com o objectivo de comemorar o cinema e dar a conhecer pormenores dos seus bastidores, realiza-se na LX Factory, no sábado, dia 18 de Abril, a partir das 22h30 até às 6h.
Quero ir? Não sei… hesito…

Estou em perfeito desvario…

A exposição, intitulada "Titanic - The Artifact Exhibition", estará patente no Espaço Rossio, uma área expositiva com mais de mil metros quadrados localizada na Estação do Rossio e que se estreia com esta mostra. Esta mostra é organizada pela empresa RMS Titanic Inc., que detém os direitos de recuperação e preservação dos mais de cinco mil objectos resgatados do Titanic, submersos a 3.800 metros no Atlântico Norte.
"Titanic - The Artifact Exhibition", que estará patente em Lisboa durante pelo menos três meses, já passou por cerca de 70 cidades e foi visitada por mais de 18 milhões de pessoas em todo o mundo.
Esta é uma exposição para quem tem um fascínio pela época do início do século XX, pelo fenómeno da emigração para os Estados Unidos, pela criação das grandes metrópoles, pela própria história do Titanic e, em particular, para todos aqueles que, como eu, têm uma “ganda nóia”…
E eu vou… a qualquer preço!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ganda nóia!...

Há coisas, na minha vida, sem explicação lógica…
Talvez uma ida ao psicólogo ou uma consulta psiquiátrica me dessem uma justificação plausível para esses “fenómenos” mas a verdade é que não vivo mal com essas manias pouco lógicas, nem incomodo ninguém.
Tenho alguma (muita?...) aversão aos números pares, tentando mesmo não assinar documentos importantes em dias pares, um lápis de cor verde terá que estar o mais afastado possível de um lápis de cor amarela, cheiro um livro novo como quem cheira uma peça de fruta, combinar a cor encarnada com a cor verde, jamais!... (nunca poderia ter sido eu a conceber a nossa bandeira, nem pensar…).
Todas estas maluquices se revelaram cedo e têm-se apurado com o tempo…
Uma destas manias, nóias, obsessões, esquisitices, irracionalidades, disparates, sei lá mais o que hei-de chamar, é o facto de recordar, desde muito jovem e ano após ano, as datas do naufrágio de dois navios, o Titanic e o Lusitania…
A “pancada” é de tal ordem que desconfio que “fiz questão” de nascer e mais tarde casar nessas duas datas. Presentemente ponho em causa se não terá sido por isso que o meu casamento foi ao fundo… eh, eh, eh.
Hoje, quero apenas assinalar a data de 15 de Abril. A outra a seu tempo chegará e, evidentemente, para o ano há mais…
Como diz a personagem que parodia Marques Mendes, no “Contra-Informação”, Ganda nóia!...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Memórias e Afectos (20)

3ª Parte 
Abril de 2009 
A Quinta de S. Mateus! Pertenceu à família da minha mãe até meados da década de 40. Os meus avós, tal como a família B. da Quinta do Paço, sem viabilidade financeira para a manterem, viram-se na necessidade de a venderem. De então para cá a Quinta de S. Mateus tem passado por vários proprietários sem que nenhum deles a tenha recuperado como seria de esperar de quem compra uma casa antiga. Nenhum dos proprietários foi capaz de compreender que aquela casa antiga queria contar a sua história, nenhum deles teve a capacidade de entender que aquela casa tinha um passado… As memórias da Quinta de S. Mateus não são memórias vividas e sentidas por mim. Ao contrário da Quinta do Paço, nunca eu ali brinquei nem corri nos pátios… As memórias desta casa são memórias da minha mãe, são afectos que me foram contados…mas não deixam de ser memórias… A casa da quinta, do ponto de vista físico, é de traçado direito (ó R. corrige-me se eu estiver a dizer um disparate…), uma casa banal, sem encanto exterior e, actualmente, decrépita... Na fachada umas janelas novas de alumínio castanho que substituíram as antigas janelas de guilhotina (confirmado com a minha mãe), o que demonstra a falta de afeição pelo passado e a falta de gosto, claro, de quem ali terá morado ultimamente… Eu sei que gostos não se discutem, mas a harmonia entre a casa e as janelas foi completamente assassinada…é um insulto à visão e uma afronta à área circundante da casa. A casa da quinta, apesar de não ser uma daquelas casas antigas de extrema beleza, tinha uma alma e tem uma história que é formada por lembranças da minha mãe… Entrei na Quinta de S. Mateus uma única vez. Vazia de móveis mas, como é habitual em mim, deixei-me enlevar pelo ambiente, conseguindo imaginá-la como dantes… fotografias antigas, quadros emoldurados, camas, cómodas, oratórios, bacias e jarros, fogão a lenha, mesas grandes, loiça branca… Esta casa da quinta tinha uma alma, uma alma nos pátios, nos quintais, nas árvores de fruta, na felicidade, nos costumes, nos cheiros, nas vozes e nos risos de quem lá viveu. Foi, pois, com mágoa e melancolia que olhei para aquela casa, outrora tão cheia de vida, onde a minha mãe e os irmãos cresceram e sonharam… É agora uma casa sem alma e sem vida… Paredes-meias está uma casa moderna, daquelas sem história, mas não duvido que, à noitinha, as paredes da Quinta de S. Mateus lhe contam os dramas, as emoções, os amores e os ódios que lá foram vividos, assim como os aniversários e os Natais que terá testemunhado…e estou certa que a outra, a casa moderna e sem passado, a ouve com muita atenção, eu diria mesmo, enfeitiçada… Desta quinta sobrou apenas o triste abandono e ao vê-la assim, tão cheia de memórias e carente, pareceu-me ouvi-la a gritar por mim para que tomasse conta dela, para que lhe devolvesse a alma…

Let's look at the trailer (9)

Um daqueles filmes franceses que me apaixonou...

sábado, 11 de abril de 2009

Há sempre alguém que nos faz falta...

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado!
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco...
Há sempre alguém que nos faz falta...
Ahh, saudade...

No dia do aniversário do meu "avôzinho" R., não podia deixar de me lembrar dele...
A saudade apertou... porque, inexplicavelmente, continua a fazer-me falta...
E recordo os seus últimos momentos, em que eu, impotente, nada pude fazer para que ele não partisse...
Em homenagem, aqui fica a porta do café Central, que ele frequentava habitualmente...

Memórias e Afectos (19)

2ª Parte
Abril de 2009
O que me levou a Alvorninha?
Memórias…
Memórias que o tempo preservou…
Memórias que a degradação do tempo faz com que só existam mesmo na minha memória…
Alvorninha, uma povoação cuja fundação remonta ao século VII e data do século XIII a sua inclusão nos coutos de Alcobaça.
A paisagem continua igual, morfologicamente falando, claro, mas aquela paisagem campestre, rústica, pura, natural, com as suas fragrâncias próprias…já se foi há muito…
Agora, a paisagem está inundada de casas, casas novas e modernas que nada têm a ver com a Alvorninha que eu conheci noutros tempos…
E como diria Jacinto “Eis a civilização!”.
O que me levou a Alvorninha?
Memórias de três Quintas… Quinta do Paço, Quinta de S. Mateus e Quinta do Bairro…
Três casas com história…que se mantêm lado a lado com casas que nada têm para contar…
Três casas com história…que se mantêm lado a lado com a civilização…

Tive o privilégio de conhecer a Quinta do Paço.
Tive o privilégio de lá brincar, de correr no pátio, de subir e descer escadas, de fazer visitas clandestinas à capela, não que me proibissem de lá ir às claras, mas porque ir lá às escondidas me dava mais prazer…
Não tenho, infelizmente, nenhuma fotografia da quinta, desse tempo.
Corria a década de 60. Nessa época, a Quinta do Paço pertencia à família da madrinha da minha mãe, a família B., mas sentia-se que os tempos áureos já tinham passado…
A Quinta do Paço entrou em declínio e os seus proprietários, outrora com uma vida desafogada, foram obrigados a vendê-la.
Com ligações antigas aos monges de Cister, esta quinta foi recuperada recentemente para turismo rural e faz parte da Rota da Vinha e dos Vinhos da Região de Turismo do Oeste. O vinho “Encosta da Quinta” é produzido na Quinta do Paço, que tem uma encosta privilegiada com 14 hectares de vinha.





















Esta casa com história, com algo para ser preservado e cuidado, está linda e bem conservada mas…perdeu a alma!
A quinta da minha infância, que me era familiar, que tinha qualquer coisa de intimidade, que era o refúgio da família B., onde a minha mãe passou longas horas à conversa, já não existe…
As paredes senhoriais, por mais bem preservadas que estejam, não são as mesmas…e, certamente, já não se ouve o ranger dos soalhos de madeira das salas e corredores…
Como julgo que é importante dar continuidade às coisas, aqui ficam estes simples registos para que as memórias não se percam no tempo…porque o tempo “apaga” tudo, mesmo a magia e o fascínio de certos lugares…

Livros e Mar: eis o meu elemento! (9)

Um imaginativo texto baseado na embaixada de D. Manuel ao Papa. Lê-se de um fôlego: escrita clara, rápida e profusa; efabulação extremamente criativa, que não cede aos caprichos da negligência nem da fatuidade. José Manuel Saraiva leva-nos aos meandros da alma humana, revela-nos as contradições e os pecados de quem se apresenta ao mundo sem mácula e sem vícios. Além do mais, uma sátira à Roma vaticana. Um fascinante romance.

Sinopse de Baptista Bastos

Message in a bottle (14)

Maus casamentos adoecem mulheres (por Isabel Stilwell)

Não é novidade, pelo menos para nenhuma mulher é, que os homens têm uma estranha e sobrenatural capacidade de atirar para trás das costas, que é como quem diz do pensamento, as coisas que os chateiam. Numa arte fabulosa de compartimentação, conseguem arrumar em gavetas separadas, e até em cofres fechados a sete chaves, os acontecimentos passados, presentes ou futuros, que ameaçam a sua felicidade. Aparentemente, são capazes de passar um pano por cima do que lhes desagrada. O "mas isso já foi há séculos" ou um simples "não me lembro de nada" fazem parte de qualquer vulgar discussão matrimonial, mesmo que os séculos passados remontem à sexta-feira passada.
Reagem assim ao amor e ao trabalho, aliás, quem é que não se defrontou com um desesperante "nada de especial", quando perguntou ao marido como foi o dia de trabalho?
Por isso, só a um homem podem admirar as conclusões de um estudo publicado na revista da American Psychosomatic Society, que atestam que as mulheres somatizam muito mais do que os homens a tensão e a infelicidade num casamento.
Se houve tempos em que se achou que a alma e o corpo eram entidades separadas, já há muito que ninguém tem dúvidas de que o sofrimento psicológico e físico se entrelaçam numa teia de sinais químicos, que torna difícil por vezes perceber se quem nasceu primeiro foi a galinha ou o ovo. Quando decidimos varrer para debaixo do tapete uma relação afectiva insatisfatória, julgando que ela fica por lá, limitamo-nos a subestimar a inteligência do nosso cérebro, que vai encontrar forma de nos fazer parar, escutar e olhar.
O estudo incluiu um exame médico a cada um dos elementos dos 276 casais cobaias, todos casados há vinte anos. As mulheres com relações mais difíceis, para além de mais deprimidas, sofriam também de um leque de "avarias" do sistema metabólico. Os homens na mesma situação confessavam-se igualmente deprimidos, mas essa tristeza não provocava danos na sua saúde.
Os investigadores recomendam exercício e dieta.
Eu diria que era tempo de mudar de marido!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

"Novas Oportunidades"...

Nas paredes do Bairro da Graça anunciam-se negócios com bom humor.
Tem um processador onde podes escrever o texto que quiseres, gravar-lo
e continuar-lo mais tarde.
Mau demais para ser verdade…
Não possui memória RAM, tem apenas uma Vaga Ideia de 512 MB.

Memórias e Afectos (18)

Maio de 1999. Quase há dez anos…
Não posso dizer que me causou danos morais irreparáveis, embora pense, com alguma frequência, no acidente que tive a caminho das Caldas da Rainha, mais precisamente em Alcoentre.
Curiosamente, não queria ir… e nem sou dada a premonições…
Curiosamente, era dia do meu aniversário…
Íamos almoçar ao “Cortiço”…
Curiosamente, foi um dia de aniversário muito sui generis
Não almocei, não lanchei, não jantei, não dormi...
Desse acidente resultaram três semanas de hospital, dez meses de incapacidade, cento e quarenta sessões de fisioterapia, algumas limitações e perturbações emocionais e alterações na minha vida…
Apesar disso, julgo que acabei por ultrapassar as dificuldades com algum savoir faire e actualmente já não me afecta pensar nessa etapa menos boa, principalmente porque as vicissitudes da vida nos tornam mais resistentes e fortes…
Tal como o assassino, que volta sempre ao local do crime, também eu, em 2002, voltei a passar no malogrado local do acidente, novamente em direcção ao “Cortiço”, onde cheguei sã e salva, para “cobrar” o almocito que me tinha sido negado três anos antes…
Por várias razões, não voltei às Caldas…
As saudades eram muitas…

1ª Parte
Abril de 2009.
A caminho de Alvorninha e das Caldas da Rainha…
A alegria e o entusiasmo tomaram conta de mim…
Senti-me a voltar atrás no tempo e foi exactamente como menina e moça que palmilhei alguns lugares da minha infância feliz, dando asas à minha imaginação…contando e explicando, às minhas filhas e à minha sobrinha, o significado que tudo aquilo tinha para mim…
Sei que o tempo voa, é inexorável, severo, implacável, foge-nos sem que possamos fazer alguma coisa para o travar, para abrandar o seu ritmo frenético…
Sei que o tempo passa e inevitavelmente as coisas mudam…
No entanto, as minhas memórias teimam em permanecer, resistindo à passagem do tempo e foi, com um misto de mágoa e nostalgia e em total desacordo, que dei por mim a pensar nas palavras de Jacinto em “A cidade e as serras”:
“Eis a civilização! O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

La Lys

9 de Abril de 1918
A 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português é atacada de surpresa pelos alemães.
Os soldados conhecem, da pior forma, os horrores da guerra.
Quando se preparavam para serem rendidos...

domingo, 5 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Memórias e Afectos (17)













Infelizmente é a única recordação fotográfica que tenho da casa onde viveu o meu "avôzinho" R., nas Caldas da Rainha.
Em primeiro plano, o macaquinho Chico...
Cravei o J. para fazer uma planta da casa. Enviou-me este "anteprojecto" para eu confirmar a disposição das divisões. Confirmadíssimo...
Sei que o J. vai fazer um excelente trabalho. Afinal de contas também ele já tinha pensado em fazê-lo...porque uma das vezes que esteve nas Caldas foi aos serviços técnicos da Câmara Municipal pedir a planta da cidade naquela zona (levantamento aerofotogramétrico) a uma escala corrente (1/2000) e deram-lhe uma cópia.
A casa foi demolida para alterar o alinhamento da rua e a frente ficava mesmo no meio da rua actual. Quando passamos o túnel da “rua dos Bombeiros” (julgo que é a Rua Miguel Bombarda) para o lado da Igreja, estamos a atravessar mais ou menos o fundo do quintal...

Memórias e Afectos (16)

Onde o meu avô R. ia “dar banho ao cão”…
Naquele tempo ainda não se usava esta expressão…
Perguntei ao J. e existe unanimidade quanto ao sítio onde íamos.
Estamos em crer que o local era à saída das Caldas para a Foz do Arelho...
O J. pensa que era ao pé de um lagar (moinho) que funcionava com a energia da água. Diz ele que tem uma vaga ideia da roda e dos alcatruzes que iam deitando a água para uma caleira de madeira. Também me recordo disso mas, na foto, a caleira parece-me feita com lajes.
Subíamos ao nível da caleira e era aí que o “avôzinho” lavava o “Tejo”, por vezes com a nossa ajuda…

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Blogar é bom...

A revista Nature - International Weekly Journal of Science publicou em editorial que blogar é bom...
“It’s good to blog”

Não quero saber as razões que levaram a tal afirmação mas concordo inteiramente...
A mim faz-me bem a tudo, principalmente à alma, ao espírito, ou seja lá o que eu tenho...
Blogar diverte-me, põe-me bem disposta, julgo que até estou a ficar mais nova...eh eh eh...
Creio, mesmo, que faz bem às células cinzentas e afasta o aparecimento de Alzheimer...
Blogar é bom...

Memórias e Afectos (15)


No final dos anos 20 e início da década de 30, circulava, pelas farmácias e boticas, um cartaz alusivo à Aspirina da Bayer, exaltando a sua eficácia. Uns versos acompanhados de uma ilustração que se terá perdido no tempo…
No entanto, como o meu “avôzinho” R., nessa época, tinha uma botica em Alvorninha, a minha mãe decorou o texto e passou-me o “testemunho”.
Vou postá-lo para que fique para a posteridade...
Rezava assim:

Seguido da companheira
Zacarias vem da feira
Mas no caminho, entre montes
Sente doerem-lhe as "fontes"

Mal avista a sua enxerga
Nota que o corpo se verga
Deita-se e chama a mulher
Para que o vá socorrer:

"Engrácia
Vai depressa a uma farmácia,
E compra um tubo, mulher,
De Aspirina Bayer".

De volta, bem dissolvidos,
Toma logo dois comprimidos
Passaram-lhe as dores sem custo
Hoje, dorme como um justo

E logo no dia seguinte
Diz consigo: Dei no vinte!
E abandona o seu borralho
Com saudades do trabalho.

Por se tornar previdente
Nunca mais caiu doente
Pois tem sempre dose imensa
De Aspirina na despensa.

Para amantes da Língua Portuguesa

Tautologia é o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso "subir para cima" ou o "descer para baixo". Mas há outros:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- em duas metades iguais
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- de sua livre escolha
- superavit positivo
- todos foram unânimes
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planear antecipadamente
- gritar bem alto
- exceder em muito

Todas estas (e outras mais) repetições são dispensáveis. Por exemplo, "surpresa inesperada". Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não. Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias, ficando atentos às expressões que utilizamos no nosso dia-a-dia.

I think...

…poderia ser o nome da Exposição que fui ver à Fundação Calouste Gulbenkian, sobre a Evolução das Espécies de Charles Darwin.

As minhas expectativas eram demasiado elevadas e acabei por me sentir um pouco defraudada, não pelo preço do bilhete mas sim por estar à espera de encontrar uma exposição mais apelativa. O meu entusiasmo inicial esmoreceu logo à entrada quando me deparei com vários grupos de escolas…pré-adolescentes e adolescentes muito barulhentos e pouco interessados na exposição. A bem dizer isto é o que se chama “atirar pérolas a porcos”. Fiquei logo possessa! Não conseguia concentrar-me, quis abstrair-me da barulheira mas, de facto, não havia condições…
Deveriam existir dias próprios para as escolas, I think…