sábado, 31 de julho de 2010

Requiescat in pace

Se pudesse matava o bicho a rir...

Portugal ficou mais pobre.
Obrigada pelos momentos delirantes!...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Livros e Mar: eis o meu elemento! (29)

O título pode parecer um pouco estranho. Foi retirado de um poema do autor, onde diz que queremos ser portugueses nem que seja por casmurrice.
Foi o primeiro romance que li de valter hugo mãe. É uma homenagem ao seu pai falecido há dez anos. Tinha 59 anos e nunca chegou a viver a terceira idade.
Através da personagem central, um senhor viúvo de 84 anos que foi metido no lar Feliz Idade, hugo mãe fala da velhice, da solidão, da decadência e da morte, de uma forma exemplar. De como os idosos definham, vivem contra o corpo em falência e acabam por desistir de viver. Mas, fala também da amizade e das várias formas de amar.
Apesar de ter tido, inicialmente, alguma dificuldade em lidar com a falta de maiúsculas do início das frases (o autor diz que sempre gostou da limpeza das minúsculas), a leitura revelou-se dramática e emocionante. Amei este livro, sublinhei-o, saboreei-o e sensibilizei-me com as frases mais comoventes. Tocou-me principalmente porque o meu pai faleceu num lar. Ler este romance foi como que uma expiação…

…pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum de fotografias.
a elisa ainda estaria no lar a reconfortar-se pela decisão difícil de deixar ali o pai, e eu sabia que voltaria para se despedir, com um beijo em tudo traidor, e seguiria com a sua vida chorando na viagem de regresso a casa.
…aos meus pés os dois sacos de roupa e uma enfermeira dizendo coisas simples, convencida de que a idade mental de um idoso é, de facto, igual à de uma criança. o choque de se ser assim tratado é tremendo e, numa primeira fase, fica-se sem reacção.
…o lar da feliz idade, assim se chama o matadouro para onde fui metido.

…os quartos da ala esquerda deitam sobre o cemitério mas são ocupados pelos utentes que, infelizmente, já não se podem levantar.
…e tive a certeza de que, mais tarde, quando o corpo me traísse por completo, haveria de estar acamado e mudado para um daqueles quartos com vista para o cemitério, que era o caminho.

…estar para ali metido, naqueles primeiros tempos, era literalmente como se me quisessem matar e não tivessem coragem para optar por um método mais rápido.
…punham-me aqui e deixavam que me finasse segundo a segundo longe dos seus olhos. e eu nem entendia como não haveria de parar o coração só à força daquela tristeza.

…envelhecer é tornarmo-nos vulneráveis e nada valentes, pelo que enlouquecemos um bocado e somos só como feras muito grandes sem ossos, metidas dentro de sacos de pele imprestáveis que já não servem para nos impor verticalidade nem nas mais pequenas batalhas.
…um problema com o ser-se velho é o de julgarem que ainda devemos aprender coisas quando, na verdade, estamos a desaprendê-las, e faz todo o sentido que assim seja para que nos afundemos inconscientemente na iminência do desaparecimento.

…e quando eu fico bloqueado não é por estar imaturo e esperar vir a ser melhor, é por estar maduro de mais e ir como que apodrecendo, igual aos frutos. nós sabemos que erramos e sabemos que, na distracção cada vez maior, na perda de reflexos e de agilidade mental, fazemos coisas sem saber e não as fazemos por estupidez. fazemos por descoordenação entre o que está certo e o que nos parece certo e até sabemos que isso de certo ou errado é muito relativo. é tudo mais forte do que nós.

…este já não se ocupa com nada, está descerebrado. eu achava que não. havia uma água nos seus olhos, uma água permanente que os punha como a lacrimejar. e ele movia-os na direcção de quem entrasse. não movia a cabeça, não bulia um só dedo, que todo o corpo estava desligado, mas mexia os olhos acompanhando-nos e fixando também o nosso próprio olhar. estava encurralado ali dentro, sem movimento nem voz, a descontar o tempo da pior maneira, lentamente.

…o nosso inimigo é o corpo. porque o corpo é que nos ataca. estamos finalmente perante o mais terrível dos animais, o nosso próprio bicho, o bicho que somos. que decide que é chegado o momento de começar a desligar-nos os sentidos e decide como e quando devemos padecer de que tipo de dor ou loucura.
…ser-se velho é viver contra o corpo. o estupor do bicho que nós somos e que já não nos suporta mais. a violência na terceira idade.

…a morte vem mesmo de todos os lados e leva-nos tudo, mesmo aquilo a que nos agarramos para lhe fugir. se o tempo não é linear, a morte não é unidireccional, acomete-nos como um círculo fechado.
…a morte era, afinal, a mais organizada das instituições. cheia de afazeres e detalhes, mas muito competente e certeira.

…os peixes têm uma memória de segundos, três segundos. é por isso que não ficam loucos dentro daqueles aquários sem espaço, porque a cada três segundos estão como num lugar que nunca viram e podem explorar. devíamos ser assim, a cada três segundos ficávamos impressionados com a mais pequena manifestação de vida, porque a mais ridícula coisa na primeira imagem seria uma explosão fulgurante da percepção de estar vivo. a cada três segundos experimentávamos a poderosa sensação de vivermos, sem importância para mais nada, apenas o assombro dessa constatação.

…iam levar-me para a ala esquerda e eu não podia mais defender-me. não me levantava, permanecia estendido com as pernas numa espécie de formigueiro e a boca aberta à súplica do ar.
…o meu cérebro estava a afundar-se, estava a aluir corpo abaixo, já depois do coração, lentamente, a desregular o sítio de cada coisa. o meu cérebro levava-se de mim, anulando progressivamente cada memória, cada desejo. estava no ponto peixe. o glorioso ponto peixe a partir do qual o destino nos começa a ser irrelevante.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Avós

A avó sorriu e foi ver-se ao espelho:
-Sou feia como uma galinha sem penas.
-Não digas isso, mulher! Tu és bonita como o sol, com os teus olhos tristes como as estrelas da noite, as tuas pestanas curtas como erva recém cortada, a tua pele enrugada como as nozes de uma tarte, os teus lábios secos como areia do deserto, o teu cabelo branco como uma nuvem de Verão e as tuas pernas magrinhas como uma andorinha.
A avó apanhou uma margarida, prendeu-a no casaco do avô e aconchegou-se no seu peito. Depois, olhou para o céu, olhou o avô bem nos olhos e disse:
- És tão bonito como a lua!


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Papa, are you near me?

Papa, can you hear me?
Papa, can you see me?
Papa, can you find me in the night?

Papa, are you near me?
Papa, can you hear me?
Papa, can you help me not be frightened?

Looking at the skies I seem to see
A million eyes which ones are yours?

Papa, how I love you
Papa, how I need you
Papa, how I miss you
Kissing me goodnight...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Queridos, mudei a casa...

Tirei uma semana de férias. Férias!? Tirei uma semana para trabalhar em casa…
Móveis novos, obras, limpezas, arrumações, lavagem de roupas, idas ao lixo e ao ecoponto. Nos intervalos, fazer comer! Tachos, panelas e pratos! Odeio! Já tive oportunidade de dizer que detesto cozinhar, aliás, a casa ideal não teria cozinha…apenas um espacinho para um frigorífico e um micro-ondas. Talvez um fogão camping gaz
Tirei uma semana de férias. Obrigatoriamente, claro, porque não posso tirar uma semana de licença sem vencimento ou uma semana de baixa de assistência à casa…
Tirei uma semana de férias. Férias!? Férias é não ter horários, levantar tarde, tomar o pequeno-almoço sentada, levar um livro para a praia, mergulhar, sentir os pezinhos na areia. Férias é ir à esplanada, olhar o horizonte sem pensar em nada, esquecer o telemóvel, almoçar e jantar fora de horas, comer sardinhas com pimentos num apoio de praia daqueles abarracados, andar de calções e havaianas, passear, beber um gin tónico ao fim da tarde, rir e conversar com os amigos. Férias é deixar os neurónios em casa… Pronto, está bem, convém levar pelo menos um porque pode fazer falta…
Tirei uma semana de férias. Férias!? Nem acredito que estou a esbanjar dias valiosíssimos de lazer para trabalhar em casa. É estúpido, absurdo e deixa-me com uma vontade enorme de zurrar, mas não tenho alternativa.
Férias… é não ter horários! Férias é levantar tarde!
O pedreiro, que deveria ter vindo de manhã cedo, chegou ao meio-dia... Nada mau, melhor do que não ter vindo! A montagem da marquise às 9 horas de segunda-feira, o electricista aparece às 9 e meia da manhã de terça-feira, o canalizador só pode vir no domingo de manhã, os móveis a partir das 16.30 de sexta-feira. O funcionário dos serviços municipalizados da água chegará entre as 15.30 e as 22.00!!!... Como? Entre as 15.30 e as 22.00! Ah, pensei que não tinha ouvido bem… Deram-me o contacto do Sr. Silva. Se precisar de sair, posso sempre ligar-lhe a saber se ele está a gostar do jantar!...
Tirei uma semana de férias. Mergulho de cabeça nas arrumações, sinto os pezinhos no pó, passeio entre o lixo e o ecoponto, olho o horizonte à espera de ver a camioneta dos móveis e sento-me, completamente exausta, na sala, sem gin tónico e sem vontade de ler. Reparo que estou de calções e havaianas mas suspeito que todos os neurónios partiram de férias sem mim. Não os censuro, já não me podiam aturar…
Tirei uma semana de férias. Resta-me a consolação de pensar (o neurónio que costumo levar de férias ficou com remorsos e voltou…) que mais vale um mau dia de férias do que um bom dia de trabalho…

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A minha onda (19)

Directamente dos anos 70, um "cheirinho" de Camel
para o meu amigo Z.C. no dia do seu aniversário...


domingo, 18 de julho de 2010

Memórias e Afectos (61)

Passou nos anos 80.
A melhor série policial de sempre...

Não desistas dos teus sonhos...

De uma tia-avó para uma prima-tia



sábado, 17 de julho de 2010

Promover o diálogo

A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Message in a bottle (33)

Não resisto a postar mais um texto do blogue "100 Reféns" (Tiago Mesquita, jornal Expresso)
Deliciosamente sarcástico...

Faça praia no Estoril e leve um tiro na rótula como recordação.

Vá para fora cá dentro. Faça férias em Portugal. Vá para a praia de fato-de-banho no seu automóvel e saia de lá nu numa ambulância. Com direito a visita guiada ao novo hospital de Cascais. Espectacular.
Não sei por que razão a GNR continua a enviar tropas especiais para os palcos de Guerra do outro lado do mundo se pode enviá-las para a Praia do Tamariz ali no Estoril. Fica mais perto, gasta-se menos e a probabilidade de terem que intervir é muito maior. O ambiente é igualmente hostil. Não fica nada atrás de uma Cisjordânia, Iraque ou Afeganistão. Nos intervalos os agentes podem jogar uma máquina no Casino, dar um mergulho ou uma voltinha de gaivota. Ou ainda passear numa daquelas bananas puxadas pelo barco do banheiro.
Quando eu era miúdo brincava-se com baldes, pás e ancinhos. Jogava-se ao prego. Mas as brincadeiras de praia mudaram. Agora brinca-se com facas, revolveres 9mm, dão-se tiros nas pernas das pessoas e facadas no bucho. Portanto, é muito mais agradável. Antigamente havia lutas de areia na praia. Hoje em dia há lutas de gangs.
O banheiro era na altura a pessoa encarregue de fazer a segurança na praia. Agora é a brigada de intervenção da PSP. E desconfio que haja alguns membros dos GOE, atiradores especiais e agentes à paisana a patrulharem as praias. Vi no outro dia um senhor pendurado num colchão de água com cara de quem me partia o pescoço com um puxão de orelhas.
Hoje em dia o Instituto de Socorros a Náufragos aconselha as pessoas a usarem sempre protector, estarem abrigadas às horas de maior exposição solar e sobretudo a não esquecerem de levar para a praia o colete à prova de balas e um par de matracas. E sempre que possível, alugar um toldo ou palhota com vidros à prova de bala, pelo menos nas praias da Linha Cascais/Estoril. O vendedor de bolas de Berlim da praia do Tamariz já anda com um destes coletes vestido e sempe armado. Isto porque houve uma situação com um grupo de jovens que queriam à força uma bola com farofa. O senhor só tinha com creme ou sem creme. Espetaram-lhe um Corneto de chocolate no abdómen e arrancaram-lhe uma orelha à dentada.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, tem pedido aos portugueses para fazerem férias em Portugal. Um incentivo à Economia. E eu estou de acordo com ele. Acho até que ele devia passar quinze dias na praia do Tamariz. Vinha de comboio desde Belém. Fazia a linha toda. Mas sem seguranças. Falava com o povo. Apreciava as vistas. E com um bocado de sorte quando chegasse ali a Algés já ia só em cuecas e sem a Maria.
Sabe sempre bem ir comprar um gelado ao café e levar dois tiros numa rótula. Faz sentido. Come-se o gelado e fica-se com uma "perna de pau". Até já há quem diga "olhe, queria um perna de pau mas só meia perna porque ainda tenho uma bala do ano passado alojada no tornozelo". Um jovem pediu um Magnum e levou logo com uma rajada de G3 no tórax. E há quem tenha ficado com as ruflles de presunto espalhadas na calçada porque levou com uma bala perdida em cheio no pacote".
E depois uma pessoa vai-se queixar às autoridades: "Senhor agente a minha filha estava ali a fazer um castelo de areia e fizeram-lhe mal". "Ó meu amigo aqui ninguém faz mal a ninguém. Isto é tudo gente boa." "Ó senhor agente mas a pequena levou sete `catanadas´ nas costas e está toda rasgadinha". "Sete? Muito bem. Isso realmente deve ter incomodado a miúda. Deixe-nos só acabar os caracóis e as imperiais e já vamos tomar conta da ocorrência".

terça-feira, 13 de julho de 2010

Message in a bottle (32)

Tudo a trabalhar até aos 100 anos: vamos pôr os idosos a dar o litro
(por Tiago Mesquita, Jornal Expresso)

Bruxelas quer mudar a idade de reforma para os 70 anos. Mas deviam ir mais longe. Até aos 100 pelo menos. Pôr a malta reformada e pensionista a fazer alguma coisinha útil.
Passam todo o dia sem fazer nenhum. Coçam-se. Os idosos e não a malta de Bruxelas entenda-se. Estes últimos fartam-se de trabalhar. Uns mouros. Já os primeiros ou estão sentados ou estão deitados. A fazer lembrar o menino Jesus nas palhinhas deitado que Herman José tão bem retratou. Vêem a Fátima Lopes e o Preço certo em euros. Riem quando o alpinista sobe e se "esbardalha" montanha abaixo ou quando o "Gordo" manda um piropo à Lenka da montra de prémios. Está a tarde ganha. Venha a sopinha de nabiças que o Malato é já a seguir.
Os senhores da Europa precisam de todos a trabalhar. Como se sabe a taxa de desemprego jovem é praticamente zero na zona Euro (desculpem mas tive de parar para me rir). Porque é que alguns apenas por terem umas rugas a mais e não se conseguirem deslocar podem ficar alapados ao sofá ortopédico? Toca a mudar a rota do GPS no andarilho. Em vez de irem para o parque jogar à bisca lambida e falar do preço dos medicamentos que tal ajudar a Economia europeia que bem precisa?
"Ah e tal mas eu passei toda a minha vida a cavar batatas, estou cansado". E então? Ninguém mais especializado do que o senhor, um jovem de 87 anos para ir empacotá-las para uma fábrica. "E eu passei 65 anos a costurar, tenho as minhas mãos todas desgraçadinhas". Então e quem melhor do que a senhora para ir trabalhar para uma fábrica de calçado, a coser botas com uma máquina Industrial? Tem as aptidões. "Mas eu já não me consigo mexer, estou entrevadinha". Não faz mal, não é preciso, aquilo mexe-se sozinho. Tem uns botõezinhos e tudo. Ponha os olhos no Senhor Manoel de Oliveira. Aos 150 anos de idade ainda vais estar a filmar o `Aniki bóbó 3´ - O bóbó final.
Portugal é um país envelhecido. A taxa de natalidade tem diminuído drasticamente. Junta-se a crise, falta de poder de compra e o desemprego a rondar os 11%. E este génios da Europa o que pretendem fazer? Uma política que vise criar soluções de emprego? Verdadeiros incentivos aos jovens? Não. Pôr as pessoas a trabalhar até caírem para o lado. Elimina-se a fase em que só dão despesas de saúde. Da fábrica, empresa, ou serviço público directamente para o cemitério. Os pensionistas e reformados passam a ser trabalhadores. As pensões e reformas deixam de ser um peso e passam a designar-se vencimento. Isto sim é combater o desemprego. Quanto aos jovens desempregados eles que tenham calminha que ainda vão ter muitas décadas para trabalhar. Se começarem aos 50 a estagiar ainda têm 50 pela frente para contribuir.
Porque não transformar os lares de idosos em empresas cotadas na bolsa? Ficávamos com a PT para os "boys" e os Centros geriátricos para os "oldies". Vale tudo nesta Santa Europa. Se isto continuar assim ainda vamos ter o coveiro a enterrar-se a ele próprio.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

domingo, 11 de julho de 2010

Fiesta em Espanha

Os espanhóis são convencidos? São, mas parece que têm razões para isso!...
Agora, não vai faltar quem diga mal da vitória espanhola, mas isso não passará de dor de cotovelo. Portugal não chegou à final, é pena, mas julgo que a nós também não nos faltou presunção, embora fiquemos sempre por aí… Talvez em 2014, se os nossos jogadores lutarem mais pela camisola e não ficarem só pela vaidade…
Os portugueses deviam esquecer as rivalidades do passado. O tempo dos Filipes e da padeira de Aljubarrota já lá vai. A maioria dos espanhóis não gosta dos portugueses? Talvez, embora eu não tenha razões de queixa… A maioria dos espanhóis detesta os portugueses? Talvez, mas não devia detestar porque os portugueses acham que a exclusividade do ódio deveria ser só nossa. A grande maioria do povo português não gosta mesmo dos espanhóis, só se for do molho para os carapaus…
O que custa a "engolir" é a vitória espanhola. Se ainda fosse a selecção do Butão ou do Sri Lanka ainda vá... Até se fosse a Inglaterra a ser campeã do mundo, os amargos de boca não existiriam. No entanto, os ingleses de outras eras também tentaram pôr-nos a pata em cima... mas isso não interessa nada! Os ingleses nem são espanhóis!...
Pode ser que com a vitória no Mundial, os espanhóis se animem, dêem a volta por cima e a gente ainda possa beneficiar com isso.
Não sei se deveria postar este pequenino texto. Tenho algum receio que os anti-espanhóis, afogados na azia da nossa derrota e na vitória de Espanha, me queiram expulsar do país ou lançar-me uma macumba!
Não será melhor ir à bruxa? Ou ao polvo alemão…

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Génio da Garrafa

Não nascem bebés na família há 14 anos…
Agora, há 2 a caminho! O bebé da minha sobrinha R. e o bebé do meu primo G.
Há que comemorar! Há que festejar!
Como eu adoro gin, façamos um brinde aos futuros papás e mamãs, desejando-lhes as maiores felicidades. Tchim, tchim! À vossa! No entanto, a ocasião merece o melhor gin do mundo… O Gin!

O Gin Hendrick’s é produzido artesanalmente em minúsculas quantidades de 450 litros de cada vez, numa destilaria pequena do Ayrshire, na Escócia.
Existem quatro alambiques Carter-Head em todo o Mundo. O que produz o Hendrick’s foi construído no século XIX em Londres, tendo sido depois restaurado à sua condição original por técnicos especialistas em cobre. Em vez de ferver cruelmente os seus ingredientes, o Carter-Head "banha" os mesmos em vapores. Controlando o processo através das janelas redondas, os técnicos forçam o processo de aquecimento a ser o mais lento possível. Este processo faz uma enorme diferença nos sabores. Quanto mais calma a destilação, mais suave e mais meticulosa a infusão. Isto é especialmente crítico quando se lida com o peculiar arranjo botânico que faz do Gin Hendrick's um gin tão extraordinário. Contém, para além dos tradicionais ingredientes (zimbro, coentro e sumo de limão), infusão de pepino e pétalas de rosa.

A garrafa de Hendrick’s tem um formato semelhante a um frasco de uma antiga farmácia. Porquê? Porque esses frascos tinham como propósito proteger os delicados poderes de cura que os líquidos continham. Se fez sentido nesses tempos, consequentemente, também faz sentido nos dias de hoje que tão espirituosa, deliciosa, aromática e ímpar bebida como o Gin Hendrick’s seja mantida da mesma forma.
Experimente-o on the rocks ou tónico, juntando-lhe uma rodela de pepino ou pétalas de rosa. O resultado é maravilhosamente refrescante, com um aroma excepcional…

Message in a bottle (31)

Não vai ser fácil (in DN magazine)

As medidas de austeridade vão cair-nos em cima com uma dureza da qual ainda não tomámos bem consciência. Mas talvez tenham algum efeito benéfico na educação dos nossos filhos.
Talvez estas gerações que vão ser afectadas pela tempestade depois da grande bonança percebam finalmente que o dinheiro não vem do multibanco, que as férias não são sempre no Brasil ou nas Caraíbas, que «ir à neve» não é uma obrigação, que no mundo não é tudo descartável (o telemóvel avaria-se, compra-se um de última geração; a PS2 deita-se fora porque os novos jogos são para a PS3), que vestir “marcas” não é fundamental para a afirmação da imagem, que os livros e os mp3 não fazem parte do pacote “cama, mesa e roupa lavada”, que dar carta e carro aos 18 anos não é uma obrigação parental.
Vão percebê-lo da pior maneira possível, claro. Porque nós, pais, que permitimos que crescessem a pensar que podiam ter tudo, que acabámos sempre por lhes dar o que pediam, fosse porque não queríamos que se sentissem excluídos, ou porque precisávamos que estivessem entretidos enquanto trabalhamos dez horas por dia e gastamos quatro no trânsito, ou simplesmente porque a abundância era grande e o preço acessível, vamos ter de os confrontar com a dura realidade: não há.
Não vai ser fácil.
Mas vai ser-lhes útil.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dupla delícia

O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pensar

Charles Wysocki's Cat Painting

Lembrou-me a Florbela, Livraria 107, Caldas da Rainha

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Memórias e Afectos (60)

Em meados da década de 60, assim como nos primeiros anos da década seguinte, passava, quase sempre, algumas semanas das minhas férias grandes em Mafra.

Os meus pais nunca alugaram casa nem nunca fomos para uma pensão, residencial, afins e similares. Eu passava férias no quartel! Juro que estou a dizer a verdade! Primeiro, na E.P.I (Escola Prática de Infantaria) e já no início dos anos 70, no Centro Militar de Educação Física, Equitação e Desportos, hoje, CMEFD.
Enquanto a grande maioria dos mancebos, que chegava à Escola Prática de Infantaria, sabia que era certa a mobilização para qualquer uma das frentes da guerra colonial, eu chegava à E.P.I. para gozar dias de férias… Enquanto eles cumpriam normas e imposições, no rígido convento quartel, eu fazia do quartel um recreio sem regras, tendo como única obrigação estar em casa à hora das refeições…
Naquela época, não tinha noção de que a Escola era um espaço concentracionário de formação e instrução militar, nem fazia ideia de que as tropas que embarcavam para lutar nas colónias eram, na sua maioria, forçadas a fazê-lo. Na minha ideia naïf, o serviço militar obrigatório não implicava forçosamente lutar em África e quem para lá ia era de livre e espontânea vontade… Santa ignorância!...
Deixo aqui um apelo aos meus primos F., ZZ e J., para que me censurem (sem lápis azul…) se faltar, inadvertidamente ou por desconhecimento, à veracidade de alguns factos.
À data, o comandante da instituição era o Coronel Ribeiro de Faria, substituído mais tarde pelo Coronel Hilário da Gama. O meu tio C.H., militar de carreira, tinha direito a residência no quartel e a um impedido, um soldado que estava ao seu serviço particular e pelo que me lembro também cozinhava.
Não me consigo recordar se o meu tio estava sempre presente, durante as minhas permanências veraneantes, apesar de saber que nos finais dos anos sessenta, esteve seguramente na Guiné.
Recordo-me de três casas. Entrando na porta de armas, tornava-se sempre difícil chegar a qualquer uma das residências, pois os enormes corredores e escadarias eram perfeitamente labirínticos… Só ao fim de várias tentativas e erros, conseguia fixar, finalmente, o caminho. Uma das casas tinha mesmo um corredor medonho, com portas de um lado e do outro, que me assustava um bocado e, influenciada, talvez, pelos livros de aventuras que lia na época, cheguei a ter “visões” e a fazer “grandes filmes”… De uma das outras moradas, menos assustadora, tenho algumas lembranças engraçadas, como ficar atónita ao ver os meus primos a limpar a boca aos enormes cortinados que pendiam das não menos enormes janelas, ou ter que me empoleirar, à noite, para chegar à colecção de revistas de BD, mais propriamente, Pato Donald, Mickey, Pateta, Tio Patinhas e Zé Carioca, publicadas pela Editora Abril. Actualmente, ainda me interrogo porque razão os meus primos guardavam essas revistas num armário de tão difícil acesso. Seria propositadamente para eu não chegar lá?... Quero acreditar que não!... Foi, ainda, nesta casa que vi o meu tio C.H. dar uma estalada à F. pela sua irreverência. Isto passou-se ao almoço, eu fiquei muda de medo e ela não apareceu em casa até ao jantar.
Entre sessenta e nove e setenta e um, o meu tio foi comandante no Centro Militar e a residência tinha, a meu ver, uma localização perfeita.

Situada dentro da Tapada, pertíssimo do picadeiro e a poucos minutos da piscina… Foi neste picadeiro que houve uma prova de saltos de obstáculos e recordo o nome Pimenta de Castro. Será possível?...
Não tenho uma ideia precisa do interior da casa, mas sei que as revistas de BD estavam acessíveis e o Zorba, o pastor alemão da família, tinha uma pequena divisão só para ele. O meu primo J., mais velho que eu dois anos, não era grande companhia. Julgo que nessa altura me via como uma miúda tonta e a gente desta laia não dava confiança nenhuma… O ZZ já pouco parava em casa e quando eu, entusiasmada, contava as minhas visitas aos cavalos, ele gozava-me chamando-lhes pilecas…
O Zorba foi um grande “cãopanheiro” nos meus passeios pela Tapada e “praticava hipismo”, saltando obstáculos no picadeiro. Adorava pôr-nos coisas aos pés e aguardava, pacientemente, que as atirássemos para as ir buscar… A cena repetia-se até à exaustão, a nossa, claro! O meu pai, sempre defensor da classe canina, dizia que eu estupidificava o animal. Agora dou-lhe razão! Mas o Zorba não era um cão qualquer, era O Cão!... Ficará para sempre nas nossas recordações…
A sala dos oficiais, no Centro Militar, ficava num edifício térreo. Foi aqui que passámos muitas tardes a jogar Poker de dados e me tornei uma expert. Foi também aqui que montei o posto de vigia ao meu tio, enquanto a minha prima, que já guiava, fumava às escondidas…
Nessa altura, ela tinha um Hillman Imp vermelho e levava-me a dar umas voltinhas, que não passavam de escapadelas amorosas, servindo-se de mim como pau-de-cabeleira, mas isso não me afectava nada. Curiosamente, foi num desses “passeios mistério” que conheci o F., um bacano que é marido dela…
Aposto que já nenhum de vós se recorda destes episódios burlescos, mas por razões que desconheço, ficaram numa das minhas “gavetinhas” de memórias…

Com a minha tia M. passeava de carro até à Ericeira ou até à modista, que morava em Paz, uma pequeníssima povoação à saída de Mafra e a caminho da Ericeira.
A minha tia M., que eu sempre adorei, era uma mulher vistosa e aparentemente uma mulher de armas, mas quem a conhecesse bem, saberia que era uma mulher sensível, romântica e sonhadora, incapaz de levantar a voz mesmo em momentos mais coléricos, enfim, um doce… Sempre gostei da sua companhia porque éramos ambas boas ouvintes. Anos mais tarde, tomei consciência de que tinha mais parecenças anímicas com ela do que com a minha mãe, eterna terra a terra, pouco dada a idealismos e muito pouco poética…No entanto, não quero deixar de frisar que adoro a minha mãe, e as suas particularidades ainda me fazem rir (e a ela também…).
O meu pai detestava passar férias em Mafra porque era demasiado perto de casa e por causa do tempo sempre instável. Dizia ele, na brincadeira, que saindo de casa pela porta da frente era Inverno, saindo pela porta das traseiras, era Verão…
Nesses saudosos anos, o tempo nunca me impediu de fazer o que me dava na real gana. O tempo passava tranquilo e doce na paisagem de sonho da minha vida, como as águas calmas de um rio a caminho da foz…
Nesses saudosos anos, a idade era outra… Outros tempos…

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Hoje, há sacanas à sombra!

... aliás, assa canas à sombra!...
O calor excessivo põe-me assim, completamente de rastos...

Empresa na Hora


Assim vai o mundo...

Como diria o meu pai, já velhinho, mas sábio...
"Se não dá dinheiro, não interessa nada..."

sábado, 3 de julho de 2010

Imagens e Sabores

Adicionei, à lista das Outras Marés, três blogues "deliciosos"...
As receitas são acompanhadas por fotografias excelentes. As autoras juntam a arte de cozinhar com a arte fotográfica e o resultado final é mesmo de fazer crecer água na boca...
Deixo aqui uma pequena amostra do que podem encontrar por lá.

É costume dizer-se que "os olhos também comem" e garanto que os meus comeram aquelas iguarias todas... Felizmente que não engordamos com a visão celestial destas gulodices...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Livros e Mar: eis o meu elemento! (28)

O ano de 1918 é um momento decisivo para a afirmação das ciências forenses em Portugal. É o ano da criação dos institutos de medicina legal de Lisboa, Porto e Coimbra. É o ano da criação da Polícia de Investigação Criminal ― suportada por laboratórios e produzindo prova com fundamentação científica. É o ano da tragédia de La Lys e, também, do Armistício que conduziu ao fim da Primeira Guerra Mundial. É o ano da “espanhola”, a pandemia gripal influenza pneumonica que surge, no Portugal republicano, fragilizado e faminto, e que se transformou num verdadeiro desastre de massas que terá morto mais de cem mil pessoas. Uma matança que ocorreu durante quatro meses. Sabendo-se que era um vírus (só muitos anos mais tarde identificado por H1N1) que matou a eito, sobretudo entre os grupos etários mais jovens, desaparecendo sem deixar rasto. É, ainda, o ano do consulado sidonista.
O assassínio do Presidente da República Sidónio Pais, ocorrido em 1918, é um mistério. Apesar de a polícia ter prendido um suspeito, este nunca foi julgado.
A Polícia, desde o tiro fatal, confundira todos, prendendo a eito, torturando, precipitando resultados. A Maçonaria queria vê-lo destruído, a Carbonária talvez o quisesse desfeito em migalhas, os católicos queriam mais do que o espavento das missas em que o Presidente participava, os integralistas exigiam uma política de ruptura, os democratas odiavam-no.

É neste quadro de ódios que Moita Flores reconstrói o homicídio, utilizando técnicas forenses, fundamentado em documentos da época e num documento decisivo que é, nem mais nem menos, a autópsia do Presidente da República, Sidónio Pais.

Tornou-se uma verdade indesmentível e absoluta que o então Presidente da República foi assassinado por José Júlio da Costa. Uma verdade policial que, desde a consumação do crime, lhe apontou o dedo; uma verdade jornalística na medida em que foi unânime a crença de que não teria sido outro o criminoso. Mas existem outras verdades por afinar. A primeira delas é que José Júlio da Costa nunca foi julgado. Não foi José Júlio da Costa quem matou Sidónio Pais. Nem uma única das suas contraditórias confissões é compatível com os resultados dos exames forenses realizados por Asdrúbal d’Aguiar, um dos mais proeminentes médicos legistas portugueses dos inícios do século XX.
Seguimos o grito experimentalista de Bichat, lançado nos inícios do século XIX, pedindo que deixássemos os cadáveres falarem. Na verdade, confessam evidências que foram invisíveis para os vivos. Permitam-me descobrir um dos segredos mais bem guardados do Presidente mais amado pelas mulheres de Lisboa, e que a sua autópsia revelou. O cabelo penteado num movimento para a testa, brilhante, quase envernizado, terminando nuns caracóis displicentes que casavam na perfeição com o bigode recurvado em pontas trabalhadas, disfarçava uma calvície generosa, cuja apoteose era um enorme quisto sebáceo na confluência articular dos parietais com o frontal.
Os cadáveres são mais verdadeiros nas suas confissões do que alguma vez qualquer vivo conseguirá, por maior que seja a sua boa-fé.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Data Oficial...

... da fundação, há 104 anos, do Sporting Clube de Portugal.
Já tive oportunidade de dizer que este blogue não é das esquerdas nem das direitas, está por cima... mas, seguindo a lógica futebolística, será eternamente verde! Não sou fundamentalista, respeito os outros clubes mas não vou "à bola" com eles...
Assim, presto homenagem ao clube do meu coração com um cartaz do filme O Leão da Estrela...


Quando este filme estreou, os Cinco Violinos do Sporting, Jesus Correia, Peyroteo, Travassos, Albano e Vasques faziam furor no país...

Aqui para nós, que ninguém nos lê... estou a ficar apreensiva com esta minha nova vocação desportiva... Isto não augura nada de bom. Será do calor? É bem capaz de ser do vento, parece que tem influência no comportamento dos doentes mentais...
Por agora, prognóstico reservado...