sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O saber não ocupa lugar

Felizmente herdei do meu pai o prazer de pesquisar, de investigar, de aprender, de saber.
Quando era gaiata e mesmo já na adolescência não havia internet, essa facilidade que hoje existe de pesquisa, mas tinha a sorte de ter à disposição um manancial de enciclopédias no "escritório" do meu pai (essa divisão da casa é conhecida, na nossa "gíria doméstica", por tulha, pelo facto de estar sempre desarrumado...).
Talvez as minhas "investigações", nesse tempo, não fossem tão fáceis como hoje em dia mas eram, certamente, mais encantadoras... porque manusear livros é muito mais empolgante do que a acção de clicar ou teclar.
Lembro-me bem da "cruzada" que empreendi, para desvendar algumas localizações geográficas, quando li "Tristão e Isolda" de Béroul e "Paulo e Virgínia" de Bernardin de Saint-Pierre , tinha eu aí uns treze ou catorze anos...
O saber não ocupa lugar mas se "o lugar estiver muito ocupado" posso sempre fazer um delete da informação que não me interessa "arquivar" nos neurónios.
E como o saber não ocupa lugar, soube pela S. que no nosso país existiam muitos exemplares de Trilobites e que a maior foi encontrada no lugar de Canelas, perto de Alvarenga, no concelho de Arouca. Apesar de ter conhecimento que em Portugal se encontram fósseis de vários tipos, nunca me tinha passado pela cabecita que houvesse Trilobites...
Trilobites eram animais marinhos que existiram nos mares de há 300 milhões de anos e se extinguiram antes do aparecimento dos dinossáurios. Para os estudiosos de fósseis, as Trilobites marcam o momento em que a vida começou a sua conquista em todos os locais do planeta.












Mas o concelho de Arouca não é só rico em Trilobites, é rico em "pedras parideiras"... um fenómeno espantoso!
As "pedras parideiras", que revelam um fenómeno geológico único no mundo, são nódulos negros de biotite, um mineral, encrustados numa matriz granítica, que pelo efeito da erosão saltam da rocha. Constituem um fenómeno científico único, quer na sua formação, quer na "expulsão" devido à erosão. Brotam de uma rocha-mãe, daí se chamarem Parideiras e existem apenas em dois locais do Planeta Terra: na Serra da Freita, freguesia de Albergaria da Serra e na Rússia, perto de S. Petersburgo...












O saber não ocupa lugar... ou, como alguém diria, ocupa o lugar da ignorância...

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