sexta-feira, 22 de março de 2013

Pro Bono

Não tenho por hábito comentar estes episódios, mas há coisas que me envinagram e tenho que destilar o ácido que me corrói, senão corro o risco de ficar com azia.

Existem condições “sine qua non” para se ser convidado pelo Clube de Pensadores. Terão que possuir um título académico, serem empreendedores, doutores, assessores, consultores, gestores, directores, vencedores, impostores ou exploradores porque rima com Pensadores e dá sainete… Infelizmente, as coisas nem sempre correm bem e lá lhes foge o pé para o chinelo. Foi o que aconteceu quando convidaram o senhor Miguel Relvas, um “Espantalho” charlatão sem um cérebro capaz de produzir pensamentos e grande amigo do “Leão Medroso” (que também já passou pelo clube dos filósofos iluminados), um teimoso que não passa de uma farsa que, sem coragem, se curva perante a “Bruxa do Leste”…
O senhor Azevedo, aliás, o senhor Belmiro, porque os donos das lojas do comércio tradicional no geral, e das mercearias em particular, nunca são designados pelo apelido (vá-se lá saber a razão, mas sempre os conheci por “senhor Joaquim”, “senhor Henrique”, “senhor Ernesto” e por aí fora…) foi o convidado que “abrilhantou” o 7º aniversário do Clube dos Pensadores…
O senhor Belmiro estava dentro dos requisitos. Uma “alta competência”, empreendedor e vencedor ”que tudo faz para o bem do povo”… O senhor Belmiro, que não surpreendeu porque já se sabia que seria uma lição de gestão e de vida, considerou que “
as manifestações têm sido um Carnaval mais ou menos permanente e que para os trabalhadores, sobretudo, infelizmente, para os muitos desempregados, aquilo é um divertimento. Como sabem aquilo não é inocente, alguém paga os autocarros”.O senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, compara manifestações de descontentamento, com milhares de desempregados, a desfiles alegóricos com milhares de mascarados. É pena, senhor Belmiro, que estes milhares de “foliões disfarçados de desempregados, reformados e de novos pobres” continuem a encher-lhe os bolsos, acreditando que o senhor, mascarado de benfeitor do povo, lhes oferece as serpentinas e lhes dá descontos em cartão Continente…
Falando sobre a economia do país, o senhor Belmiro defendeu que "sem mão-de-obra barata não há emprego". Eu acrescento “sem mão-de-obra barata não existiria Belmiro nem o seu império”.
Alguém disse que o senhor Belmiro fala pouco, mas certeiro. Pois, desta vez, teria sido preferível que estivesse calado. Há coisas que simplesmente não se dizem, mesmo que as pensemos, e o despudor com que o senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, o disse é de uma monstruosidade assinalável e chocante.
O senhor Belmiro, presidente do conselho de administração da Sonae, reconheceu estar cada vez mais inconformado (se necessitar, há uma vaga na Secção dos Frescos do Continente e outra na Secção dos Patins na Sport Zone…). Cuidado, de inconformado a reformado indignado são uns passos seguros… (estes trocadilhos…).
O senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, declarou ainda que “enquanto o povo se manifesta, a gente pode dormir mais descansada. O pior é quando o povo não se manifesta.”. Pode estar o senhor Belmiro descansado que o Carnaval e o divertimento estão assegurados com o próximo MEGA PIC-NIC Continente e com os autocarros disponibilizados para o efeito, claro! Será que isto também não é inocente e alguém paga os autocarros?
O senhor Belmiro, ”que tudo faz para o bem do povo”, é um benfeitor, um altruísta, um mecenas. Ele é tão bondoso, humano, defensor dos oprimidos e desinteressado que fiquei na dúvida se ele é patrão ou patrono…

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