Aravind Adiga não me arrebatou neste seu terceiro romance “O Último Homem na Torre”. Continua a ser muito bom, mas, infelizmente, depois de ter lido “O Tigre Branco” e “Entre os Assassinatos”, deu-me a ideia de que Adiga em vez de “subir as escadas”, “desceu-as”…
Considerem uma Cooperativa de Habitação com duas torres, a Torre A e a Torre B. Pensem na quantidade de andares e nas fracções por piso. Ponderem bem no número de indivíduos que povoam essas torres. Conseguem visionar? Então, agora, imaginem isso em Bombaim…
Mais um retrato complexo da Índia, desta vez mostrando-nos os contrastes gritantes deste país através dos moradores desta Cooperativa inaugurada em 1959. A acção desenrola-se na Torre A, que tem vários problemas na sua estrutura, como o telhado que ameaça desmoronar-se a cada monção e a água que só corre nos canos duas vezes por dia, e alberga famílias católicas, hindus e muçulmanas.
Quando um responsável por uma empresa de construções, Dharmen Shah, oferece uma choruda indemnização aos habitantes das torres para que deixem as casas com o objectivo de ali construir um luxuoso complexo de apartamentos, a primeira reacção é de resistência. No entanto, os interesses pessoais e a ganância superam a valiosa união e a antiga cumplicidade entre os vizinhos. Também os recalcitrantes se arriscam a sofrer um “acidente”, pois o empreiteiro é um indivíduo asqueroso e sem escrúpulos. Neste contexto, apenas um morador, Yogesh Murthy ou "Masterji", velho professor viúvo e reformado, não se deixa seduzir pelo dinheiro fácil e luta pelas suas convicções, recusando-se a abandonar a sua casa. Ele fez aquilo que considerava ser o mais correcto. Ao contrário de Shah, era uma pessoa íntegra e independentemente do que os vizinhos lhe disseram ou fizeram, nunca mudou de ideias e nunca traiu os seus princípios. Manteve-se livre até ao fim…
Sem comentários:
Enviar um comentário