quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (52)

Aravind Adiga não me arrebatou neste seu terceiro romance “O Último Homem na Torre”. Continua a ser muito bom, mas, infelizmente, depois de ter lido “O Tigre Branco” e “Entre os Assassinatos”, deu-me a ideia de que Adiga em vez de “subir as escadas”, “desceu-as”…
Considerem uma Cooperativa de Habitação com duas torres, a Torre A e a Torre B. Pensem na quantidade de andares e nas fracções por piso. Ponderem bem no número de indivíduos que povoam essas torres. Conseguem visionar? Então, agora, imaginem isso em Bombaim…

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Mais um retrato complexo da Índia, desta vez mostrando-nos os contrastes gritantes deste país através dos moradores desta Cooperativa inaugurada em 1959. A acção desenrola-se na Torre A, que tem vários problemas na sua estrutura, como o telhado que ameaça desmoronar-se a cada monção e a água que só corre nos canos duas vezes por dia, e alberga famílias católicas, hindus e muçulmanas.
Quando um responsável por uma empresa de construções, Dharmen Shah, oferece uma choruda indemnização aos habitantes das torres para que deixem as casas com o objectivo de ali construir um luxuoso complexo de apartamentos, a primeira reacção é de resistência. No entanto, os interesses pessoais e a ganância superam a valiosa união e a antiga cumplicidade entre os vizinhos. Também os recalcitrantes se arriscam a sofrer um “acidente”, pois o empreiteiro é um indivíduo asqueroso e sem escrúpulos. Neste contexto, apenas um morador, Yogesh Murthy ou "Masterji", velho professor viúvo e reformado, não se deixa seduzir pelo dinheiro fácil e luta pelas suas convicções, recusando-se a abandonar a sua casa. Ele fez aquilo que considerava ser o mais correcto. Ao contrário de Shah, era uma pessoa íntegra e independentemente do que os vizinhos lhe disseram ou fizeram, nunca mudou de ideias e nunca traiu os seus princípios. Manteve-se livre até ao fim…

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