As fotos, com mais de cinquenta anos, são um desfile de charme! Se não soubesse quem eram, diria que as modelos, encantadoras e elegantes, dignas de uma agência de top models, usavam criações de conceituados estilistas da época…
É com alguma melancolia que revejo as fotografias. Pais, avós, irmãos, tios, primos, padrinhos. Alguns já não se encontram entre nós, mas continuarão sempre vivos nestas imagens fixas, nestes pedaços de memória que sobrevivem para lá do tempo. Que pena não ter tido oportunidade de desfrutar deste encontro familiar, quando a família se entregou a uma mútua comunhão de afectos e sentimentos.
Claro que faltaram muitos parentes porque só o meu avô materno tinha onze irmãos e cada um deles teve muitos filhos, mas os familiares mais chegados estiveram reunidos nestas férias estivais, no final dos anos cinquenta.
Só em 1964 voltei a ver o meu tio R. e a família. Durante esta longa ausência, a minha tia A. e a minha mãe trocaram muita correspondência, sempre naqueles envelopes azulados, com uma cercadura listrada e colorida, e que tinham já inscrito as palavras “por avião, par avion e by air mail”. Os selos inconfundíveis...
Nesse ano, todas as recordações do meu tio R. são simplesmente deliciosas porque ele era uma pessoa extraordinária e um companheiro divertido, sempre com um ar travesso e bem-disposto.
Algumas das horas de deliciosa brincadeira devo-as ao tio R. e, claro, à minha tia A. porque me presenteavam sempre com um ou outro brinquedo que eu há muito desejava. As miniaturas de mobílias de sala e de quarto, para além de um frigorífico, foram alguns dos brinquedos que fizeram de mim, na altura, a menina mais feliz do planeta. Estejam onde estiverem, embora goste de imaginar que estão no tão falado paraíso, prometido a todos os mortais, gostaria que soubessem que lhes estou muito grata por me terem proporcionado momentos fantásticos e únicos.
Santarém era um lugar de devoção quando cá vinha. Tinha estudado nessa cidade, e vaguear pelas suas ruas, revisitando locais que lhe tinham sido caros, fazia-lhe bem à alma.
O local de culto que melhor recordo era o jardim das Portas do Sol, onde vivemos alguns momentos hilariantes e o meu tio R. rejuvenescia, deixando o olhar espraiar-se na planície ribatejana e contemplando o rio, caprichoso e inconstante, que preguiça a caminho da foz.
2 comentários:
Essas fotos também fazem parte do álbum lá de casa :')
E posso dizer que embora não tivesse conhecido muitas das pessoas que lá aparecem, há uma em especial que sempre teve tão presente nas histórias da família, que sinto como se o tivesse conhecido, pelas histórias que o meu pai me conta - o Avô R.
Já nessa altura é notória o ar de mimadão do meu pai, o ar de valentão do meu tio Z., o ar de soberania da minha tia F.!
E o incentivo que a família dava para se consumir bebidas espirituosas!... (uma garrafa tão perto da caçula da família... aiai...)
Um beijinho para todas :*
O nosso adorado e saudoso Avô R....sempre presente nas histórias da família e nos nossos corações, muito vivo nas nossas memórias...
Não entendo a tua admiração no que respeita ao consumo de bebidas espirituosas... Nós sempre fomos uma família com muito sentido de humor, com espírito de equipa e espírito crítico, ou seja, muito espirituosa...
Para mim, Bruto seco se faz favor!
Bêjos de um espírito aberto...
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