Autor - David Gilmour
Copyright 2011, da tradução e da edição portuguesas by Editora Caminho SA, uma chancela da Bertrand Editora, Lda.
1ª edição, Fevereiro de 2011
O "Clube de Cinema" é a história de um pai desesperado que tem dificuldade em acompanhar o crescimento do filho adolescente, com o qual mal consegue falar. Ao ver a falta de motivação do filho para os estudos, o pai aventura-se numa estratégia singular para o ajudar a amadurecer. Conseguir educar um filho com três filmes por semana não parece ser uma tarefa fácil, mas David Gilmour ultrapassou essa experiência com sucesso, transmitindo ao filho lições sobre os valores humanos e o sentido da vida, além de ter desenvolvido com ele uma compreensão profunda, uma saudável relação de cumplicidade. Neste livro, aprendemos que o cinema não serve apenas para nos divertirmos, mas também para nos ajudar a crescer e a ser pessoas melhores. Dizia Fellini que o cinema é um modo divino de contar a vida...
No que diz respeito aos filmes, alguns totalmente escalpelizados e outros resumidos a uma única cena, Gilmour conseguiu, através da emoção que põe nas descrições, entusiasmar-me de tal forma que só tenho vontade de os ver ou rever, analisando pormenorizadamente todas as suas preciosas informações...
[…] François Truffaut entrou para o mundo do cinema pela porta do cavalo; tinha desistido de estudar, era um marginal, cometia crimes sem grande importância. Mas adorava filmes e passou a infância a entrar à socapa nos cinemas que, na Paris do pós-guerra, floresciam por toda a cidade. Aos vinte anos, um editor ofereceu-lhe emprego como crítico de cinema, o que o levou, mais tarde, a realizar o seu primeiro filme, Os 400 Golpes (1959), […] um dos filmes da Nouvelle Vague, movimento francês dos anos 50\60 que trouxe ao cinema novas abordagens.
[…] Este filme é um olhar autobiográfico sobre os anos perturbados de Truffaut. À excepção de uma cena no consultório de uma psiquiatra, o filme foi inteiramente rodado sem som – que foi acrescentado depois – porque Truffaut não tinha dinheiro para o equipamento de gravação. […] No final, aquela longa cena em que Antoine foge do reformatório; corre pelos campos, passando por quintas, atravessando pomares, até chegar ao inebriante oceano. Aquela imensidão! Parece estender-se até ao infinito. Ele desce por umas escadas de madeira; avança pela areia e ali, onde as ondas começam, recua ligeiramente e olha para a câmara; a imagem congela; o filme acaba. […]
(continua)
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