“O Tempo entre Costuras” é uma obra fascinante e Maria Dueñas uma surpresa. Depois de ler a sinopse fiquei com o livro debaixo de olho e acabei por comprá-lo num alfarrabista muito pouco tempo depois de ter sido publicado em Portugal.
A narrativa começa em meados da década de 30 na capital espanhola e com o país muito perto da guerra civil, conduzindo-nos através desse período conturbado, passando pelas fascinantes cidades de Tânger e Tetuan no Protectorado de Marrocos, até à Segunda Guerra Mundial.
O romance conta-nos a história e o percurso de uma jovem costureira, Sira Quiroga, que, por força do destino, embarca para Marrocos. Aí, depois de sofrer uma grande adversidade e passar por algumas atribulações, consegue um ateliê de costura e o negócio prospera, mas a sua vida sofre uma mudança profunda e perigosa. Entre costuras, moldes, provas e alinhavos, o ateliê torna-se o disfarce perfeito para encobrir missões arriscadas de espionagem. É neste mundo de conspirações, durante um período negro da história da humanidade, que se movimenta Sira, ladeada por interessantes e invulgares personagens.
Com a Europa dividida em dois blocos e uma Espanha pro-nazista, a narrativa transporta-nos também a Portugal, que manteve a neutralidade e permaneceu fora da guerra, mais propriamente ao Estoril e a uma Lisboa cosmopolita. Com o mundo a ferro e fogo, Portugal era um paraíso que serviu de refúgio a muitas pessoas que fugiam à guerra e ao nacional-socialismo, mas, na Costa do Sol, abundavam também diplomatas e espiões…
A sólida construção da história, assim como o rigor e a veracidade narrativa, prenderam-me até à última linha e lamentei ter acabado a leitura. Confesso que o final, talvez por não ter o tipo de características de um fim, não ser estereotipado, e apresentar algumas possibilidades finais, me frustrou um pouco, mas não deixa de ser um romance cativante.
“O Tempo entre Costuras” é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.
Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pro-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.
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