sábado, 19 de novembro de 2011

Message in a bottle (61)

Já tive oportunidade de abordar este tema aqui, embora com algum sarcasmo e puxando a brasa à minha sardinha…

Os pais devem tratar o álcool como droga (Isabel Stilwell – Destak)

Os pais continuam a pensar que o álcool não é uma droga. Se lhes for perguntado o que mais temem para os seus filhos, respondem a droga, mas se indagar do que falam, referem a cocaína, heroína, cannabis, e por ai adiante, mas deixam de fora «os copos». De tal maneira fazem a distinção que falam, entre gargalhadas, de como os filhos apareceram em casa bêbados, ou não se apresentam ao almoço de domingo «porque estão de ressaca». Ou seja, dão o seu aval a estes comportamentos, como se fossem inocentes ritos de passagem.
A complacência para com o álcool é tanto mais estranha, quanto objectivamente é a droga mais consumida em Portugal, em todas as faixas etárias, e com consequências dramáticas para o indivíduo, a família e a sociedade (muitos terão sofrido directamente as suas consequências, enquanto filhos de alcoólicos). E é tanto mais estranha, quanto o último estudo feito ao seu consumo em meio escolar, divulgado agora pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), deixa claro que o seu uso começa mais cedo, o consumo é em maiores quantidades, com episódios de embriaguez cada vez mais frequentes, tendo crescido entre as raparigas que agora bebem tanto como os rapazes (apesar dos riscos acrescidos).
A complacência é criminosa porque se sabe, com uma certeza científica, que os efeitos do álcool no cérebro jovem são tremendos e muitos deles irreversíveis. Ou seja, as bebedeiras e os comas alcoólicos de que se fala com tanta ligeireza, até como fazendo parte lúdica de viagens de fim de curso, de queimas das fitas ou de fins-de-semana «à maneira», vão assassinar os neurónios dos nossos filhos. É óbvio que nem sempre os pais conseguem evitar que os filhos criem dependências, mas do que se fala aqui é de financiar alegremente estes consumos, tratando-os como banais, da incapacidade de dizer não, de acompanhar os filhos de perto, e de lhes pedir responsabilidades. Talvez ajude se os pais começarem a incluir o álcool no capítulo daquele que é o seu maior terror, falando dele como aquilo que é: uma droga perigosa.

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