Envelhecer é uma palavra que me inquieta. Como é um assunto que me deprime, não me consome muito tempo, mas tenho a convicção férrea de que, tal como a minha mãe, não aceitarei bem a velhice. Nem sempre assim foi. Tempos houve em que mais um aniversário era sinónimo de vivência, de solidez, de primazia, mas os anos passam e constatamos que envelhecer, desculpem o termo, é uma grande merda… Aquela famosa frase “quanto mais velho, melhor” que define o Vinho do Porto, passou a servir também para nos definir quando chegamos a uma determinada idade, sendo alardeada por muitas pessoas. Como se rotularmo-nos de Vintage afastasse os anos, nos tornasse mais ágeis, suavizasse as rugas e avivasse a memória…
Não há como dar a volta à coisa, envelhecemos... Assistir, impotente, à decadência física dos nossos pais é doloroso, mas quando a falência física é acompanhada por uma falência cerebral, torna-se, inegavelmente, insuportável e penoso. O envelhecimento saudável resulta da conjugação de vários factores, como a saúde mental, a saúde física, a autonomia e a independência económica. Todos eles me assustam, isto é, a falta deles… Claro que há quem envelheça bem, ou melhor, menos mal, mas o tempo é implacável. Não me perturba o aparecimento de rugas nem tão-pouco os cabelos brancos, o que me inquieta é perder 50 000 neurónios por dia, a decadência física, a dependência, o declínio da capacidade cognitiva, a demência. Envelhecer é um verbo arrasador e com um sabor amargo…
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Quanto mais velho, pior…
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