Decididamente, devota da obra de Ken Follet! A narrativa decorre no ano de 1939 e começa quando o primeiro-ministro inglês, Chamberlain, declara guerra ao Reich anunciando assim a entrada da Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial. As primeiras páginas de “Noite Sobre as Águas” levam-nos a conhecer o carácter das personagens, as suas vidas, relacionamentos, raízes, dramas e paixões, assim como os motivos que os levaram a reservar passagens no Clipper da Pan American Airways, numa viagem de trinta horas, partindo de Southampton rumo a Nova Iorque. A incerteza e inquietação surgem logo no início quando a mulher do engenheiro de voo é raptada e ele recebe um telefonema ameaçando matá-la caso ele não colabore numa perigosa operação de amaragem perto da costa do continente americano.
Nesta viagem a bordo do Clipper, um hidroavião luxuoso, o grupo heterogéneo, que conta, entre outros, com um fanático defensor de Hitler e a família, com ideias completamente antagónicas, um criminoso, um cientista judeu que arrisca escapar aos nazis, um ladrão charmoso, uma conhecida actriz, jovens amantes e uma empresária de sucesso, sem saída possível sobrevoa o Oceano Atlântico num ambiente conflituoso e de ansiedade crescente. O desfecho é brilhante.
Naquela época, viajar de avião só estava ao alcance de uma minoria e a descrição sobre o Boeing 314 Clipper, um hotel voador de luxo, irrepreensível e apaixonante. Follet levou-me, numa viagem deliciosa, a conhecer os beliches, a suite, as casas de banho com toucadores, as refeições esmeradas compostas por vários manjares e servidas em porcelanas, como se fosse um restaurante requintado onde não faltavam os talheres de prata e os copos de cristal. Quem teve o privilégio de voar neste Clipper terá tido, sem dúvida, uma experiência única.
O primeiro serviço aéreo de passageiros entre os Estados Unidos e a Europa foi inaugurado pela Pan American no Verão de 1939. Durou poucas semanas. O serviço foi cancelado quando Hitler invadiu a Polónia. Dos doze hidroaviões da Pan American não ficou qualquer exemplar. Um deles transportou o presidente Roosevelt à Conferência de Casablanca em Janeiro de 1943 e outro sofreu um acidente em Lisboa do qual resultaram 29 vítimas.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Livros e Mar: eis o meu elemento! (51)
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