sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Pânico no Túnel

Nunca tinha passado pela experiência. Não estava preparada para ela. Ressonância Magnética feita!
O técnico perguntou-me se sofria de claustrofobia. Não, claro que não!... “Ofereceu-me” uns tampões para pôr nos ouvidos dizendo que sempre aliviava um bocado a intensidade do barulho. Barulho? Mau!... Disse-me que tinha que estar imóvel e que a duração do exame rondava os 15 minutos, havendo outros que demoravam 30 minutos e outros ainda mais. Os 15 minutos já me pareceram demasiado, mas…
Se não se sentir bem tem aqui este manípulo e basta apertar que eu ou um colega aparecemos logo, ok? Já não estava a gostar nada da conversa, mas…
Colocou-me no aparelho de RMN. Dentro do aparelho, senti-me no interior de um túnel, cujo diâmetro é, felizmente, superior à largura dos ombros. O técnico desapareceu da sala e eu fiquei entregue a mim e ao manípulo…

No início do exame, comecei por ouvir um barulho. Parou. Recomeçou. A intensidade aumentou, assim como o tempo de duração do barulho. Sei, agora, que este ruído pavoroso é criado pelo aumento da corrente eléctrica nos fios dos magnetos gradientes que enfrentam a resistência do campo magnético principal, mas quem diz que isto são sons perfeitamente normais, não sabe do que está a falar… O barulho do aparelho assemelha-se a um martelo pneumático utilizado nas obras!... Comecei a tentar controlar a minha ansiedade de modo a levar o exame até ao fim. Uma tortura! Quinze minutos imóvel, metida no túnel e com o martelo pneumático a ribombar na cabeça! Passei os infindáveis 15 minutos a controlar a respiração e a vontade de apertar o manípulo e sair dali a correr. Uma tortura…talvez comparada à tortura do sono utilizada pela PIDE. Não sei como não se lembraram disto. Impossível passar pelas brasas quanto mais dormir! Se o exame continuasse por mais 15 minutos eu confessava tudo! Parem! Eu confesso! Confesso que roubei uns postais quando andava de mochila às costas! Parem! Confesso que entrava às escondidas no quarto do meu irmão! (ó R. não contes isto ao teu pai…). Confesso que desde os 6 anos que não acredito no Pai Natal nem no Menino Jesus! Confesso e incrimino a família toda… o que é que querem saber? Confesso que o meu pai era um temível explicador de matemática e se irritava com a minha falta de atenção! Confesso que a minha mãe me atirou um chinelo, mas errou a pontaria e acertou no meu irmão! Confesso que o Z. embrulhou o móvel Grundig pick-up com o meu cobertor de estimação!
Confesso que o exame me custou muito!... Chamem-me cagarola, quero lá saber!

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