sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Livros e Mar: eis o meu elemento! (32)

Por experiência, adquirida à custa de alguns erros, devia saber que “o hábito não faz o monge”. Quero com isto dizer que comprar um livro porque tem uma capa apelativa ou “é a minha cara”, raramente dá bom resultado. Quando, a juntar a isto, temos um livro de um autor já premiado, a coisa, cá para o meu lado, tende a agravar-se…
Como os gostos não se discutem, para mim, até mesmo um prémio Nobel nunca foi, não é e nunca será, sinónimo de excelente. No entanto, há grandes escritores, reconhecidos mundialmente, que nunca receberam o tão ambicionado prémio. Polémicas à parte, reconheço que dos muitos autores já nobilitados ou “iluminados” li apenas uma meia dúzia. Embora não me orgulhe disso, não é coisa que me tire o sono, pois, diga-se em abono da (minha) verdade, os poucos que li revelaram-se uma seca…provavelmente porque as mentalidades e os estilos são demasiado complexos para quem, como eu, tem apenas dois neurónios…
Felizmente que há pessoas com gostos diferentes dos meus e com grande espírito de sacrifício (não é o meu caso) que lêem essas grandes estopadas…Há até quem leia sobre Física Quântica e Matemática Financeira nas férias! Só mesmo para crânios! Estava aqui a pensar…não haverá Física Quântica para Totós?...
O que eu já divaguei…

Mais uma vez, comprei um livro pela capa com a agravante de ser de uma escritora premiada pelo Booker Prize em 1987. A coisa não augurava nada de bom, mas embora não o tenha considerado excelente, surpreendeu-me pela positiva.
Em “Álbum de Família”, Penelope Lively leva-nos a conhecer uma grande família aparentemente unida e feliz. Uma esposa dedicada e mãe coruja, um pai distante sempre refugiado no escritório, a au pair escandinava, seis filhos, a sua relação uns com os outros e um mistério familiar que nunca foi revelado. Gradualmente, guia-nos através do passado para tentarmos compreender o presente, desmentindo a imagem de perfeição familiar. Os filhos, já adultos e longe de casa, revivem o passado emocionalmente marcado por traumas de infância, bem como o segredo que, durante anos, ninguém se atreveu a mencionar. Todos eles sabiam a verdade, mas preferiam o silêncio. O segredo, amordaçado dentro de cada um deles, a vida familiar obscura e fingida e as emoções escondidas acabam por ter efeitos nas suas vidas act
uais.

Allersmead é uma enorme e velha casa vitoriana, nos subúrbios. O lugar perfeito para a elegante Sandra, a difícil Gina, o auto destruidor Paul, a sensata Katie, o inteligente Roger e a volúvel Clare crescerem. Mas terá sido? Já adultos, regressam todos a Allersmead, um por um. À mãe, uma dona de casa dedicada, ao pai, um escritor alheado de tudo, e à casa que durante anos foi testemunha silenciosa dos segredos familiares. E de um segredo devastador de que ninguém fala...

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