sexta-feira, 18 de março de 2011

Reservado à Indignação (19)

Por vezes, o sarcasmo ataca-me, é mais forte do que eu. Não querendo desmoralizar os estóicos que ainda me vão lendo, afirmo com toda a convicção que as próximas filmagens de um filme duro, chocante ou violento podem, perfeitamente, vir a ser feitas no nosso Portugal. Lanço aqui um repto aos dois realizadores, Debra Granik e John Hillcoat, para que venham filmar no nosso país. Embora não nos possamos comparar com os States, também somos um país de grandes oportunidades e de “novas oportunidades”, desde o Norte ao Sul, passando pelo Centro. Aqui há dias, enquanto me dedicava ao zapping (desporto radical, como sabem…), assisti a uma reportagem sobre o analfabetismo (No início era o verbo) que ainda por cá reina. Com a maior taxa da Europa, 9 em cada 100 portugueses não sabem ler nem escrever. Julguei eu, pobre ignorante ou inocente, que os analfabetos que ainda persistem em Portugal eram indivíduos nascidos no “tempo da Maria Cachucha”, ou seja, pessoas mais velhas. Lamentavelmente, a realidade é outra. Lamentavelmente, em pleno século XXI, ainda encontramos adolescentes analfabetos que nem sabem o dia do seu aniversário. Fiquei extremamente escandalizada ao ver que existem jovens que não sabem ler nem escrever…e indignei-me com um caso que não lembra ao Diabo, um jovem de quinze anos, de Penalva do Castelo, frequenta o 8º ano do ensino básico e mal sabe assinar o nome! A minha revolta chegou ao zénite quando, ao ser entrevistada, a directora do Agrupamento, conivente com a situação, deu umas explicações atabalhoadas que não convenceram ninguém (nem a ela…). Grave, mesmo muito grave!... Mas desenganem-se porque o analfabetismo não se manifesta apenas no Portugal profundo ou esquecido, está presente também nas regiões litorais e, como foi referido na reportagem, em zonas próximas de centros urbanos, num país que se diz desenvolvido…
Por conseguinte, Portugal seria o Eldorado da indústria cinematográfica no que respeita a filmes que exijam grande intensidade dramática. Filmes com orçamentos baixos e actores desconhecidos, mas lucrativos e com sucesso garantido no Festival de Berlim. A Chanceler alemã ia chorar lágrimas de sangue…

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