sábado, 12 de março de 2011

Era uma vez na América (4)

(continuação)

Atendendo a que a dupla Coen nunca se tinha aventurado num western, parece-me que se saíram bastante bem com Indomável, uma nova versão do filme de 1969, True Grit (Velha Raposa), do realizador Henry Hathaway (que recordei há pouco tempo com Niagara). A história, passada no velho Oeste Americano, resume-se em poucas palavras. Mattie Ross é uma miúda de 14 anos, corajosa, decidida e autoritária que contrata o velho e beberrão mas audaz marshall “Rooster” Cogburn, interpretado por Jeff Bridges, para matar Tom Chaney (Josh Brolin), vingando assim a morte do seu pai. Mattie exige acompanhá-lo nessa missão e a eles junta-se La Boeuf (Matt Damon), um educado e discreto ranger do Texas. Gostei do desenrolar da acção, mas principalmente do início da história e do final, para mim inesperado, mostrando-nos Mattie Ross vinte e cinco anos depois da vingança.
Não posso comparar a interpretação de Jeff “Rooster” Bridges com a de John “Rooster” Wayne (venceu o Óscar de melhor actor neste filme) porque não vi a versão de 1969, mas Bridges está fantástico na personagem. Quem me espantou mesmo foi Hailee Steinfeld no papel da adolescente determinada. Tiro-lhe o meu chapéu. Simplesmente brilhante.


O filme 127 Horas, dirigido por Danny Boyle, conta um episódio real vivido pelo jovem Aaron Ralston, alpinista e amante de desportos radicais. Aaron, que não tinha comunicado a ninguém qual era o seu destino, sofre um acidente em Blue John Canyon, localizado no Canyonlands National Park nos EUA. Ao cair numa fenda da rocha, o seu braço direito fica preso num enorme pedregulho. A partir daqui, o filme mostra-nos as decisões de Aaron durante as 127 horas, completamente só e num lugar deserto, até à solução drástica final, a amputação do braço. A situação é tão desesperante, os momentos de tensão e emoção são tão bem captados, James Franco dá uma força e um dramatismo tão real às cenas, que fiquei concentrada num filme que só tem um actor (que curiosamente não é das minhas preferências). Já em 2009, Boyle conseguiu afectar-me com Slumdog Millionaire. Fiquei presa ao écran deixando-me envolver por aquele mundo deprimente, repleto de odores, intenso, implacável, mas fascinante que é a Índia.


A sanidade mental de Aaron, apesar da situação dramática, não é afectada. A sua lucidez leva-o a registar, na sua câmara de vídeo, os momentos de angústia, por vezes com algum humor à mistura, e num momento de maior desânimo chega mesmo a despedir-se dos pais. Aaron tem alguns flashbacks e reflexões sobre o que ainda gostaria de fazer no futuro, que são captados magistralmente pela câmara do realizador.
Boyle não fez uma obra fora de série, mas limitado pelas filmagens numa fenda de uma rocha, tem o mérito de ter conseguido um filme impressionante. A resistência humana é notável...




(continua)

(Imagens roubadas "gentilmente" por aí...)

Sem comentários: