Cumprindo a tradição, os Óscares foram entregues. A entrega dos prémios nunca é consensual, sendo sempre susceptível de discussão. Se agrada a “gregos” não pode agradar a “troianos” ou vice-versa. Tendo em conta que as nomeações e os triunfos são temas sempre discutíveis, e não sendo eu instruída em matéria cinematográfica, os comentários que se seguem, aos filmes que já vi, traduzem apenas a minha despretensiosa opinião.
The King´s Speach (O Discurso do Rei), The Social Network (A Rede Social), Black Swan (Cisne Negro), 127 Hours (127 Horas), Winter’s Bone (Despojos de Inverno) e True Grit (Indomável) não são filmes imponentes, megalómanos, de impacto, nem tão-pouco recheados de efeitos visuais, daqueles de puro entretenimento. Apesar desse naipe de filmes ser muito apreciado e lucrativo, não me agrada particularmente. Além disso, as glândulas da minha supra-renal já não segregam adrenalina suficiente para vibrar com esse tipo de filmes…
Na realidade, aqueles filmes que eu era capaz de rever no próprio dia, que me davam vontade de entrar na sessão seguinte, são, infelizmente, cada vez menos…e não me parece que o meu grau de exigência se tenha modificado. Afianço que, embora tenha achado alguns realmente muito bons, nenhum destes filmes supracitados me fascinou ao ponto de querer muito vê-lo novamente.
O Discurso do Rei, de Tom Hopper, é um filme normalíssimo com um enredo histórico. Um retrato da monarquia britânica na ocasião da abdicação de Eduardo VIII, da subida ao trono do seu irmão mais novo, George VI, e nas vésperas de acontecimentos devastadores, a ascensão de Hitler e a Segunda Guerra Mundial. George VI, apelidado de Bertie pelos familiares, embora canhoto foi obrigado a aprender a escrever com a mão direita. Talvez isso, lado a lado com alguns problemas emocionais, tenha influenciado a sua timidez e a sua gaguez.
O Discurso do Rei foi, sem qualquer dúvida, o filme que valeu pelo enorme talento de grandes actores e pelo delicioso sotaque britânico. Ficou provado que mesmo com um roteiro básico se consegue um bom filme, pois as interpretações são magníficas. Colin Firth, soberbo do princípio ao fim, mesmo nas cenas em que diz obscenidades. No que diz respeito ao Óscar de melhor actor, julgo que Colin Firth em Single Man, papel que lhe valeu a mesma nomeação, em 2010, superava esta actuação, ou seja, já deveria ter sido laureado, nessa ocasião, com o mais alto galardão da Academia. Geoffrey Rush, bem… para ser sincera, o meu preferido, num desempenho sublime como terapeuta da fala. Polido, informal e algo excêntrico, mostra-nos, como sempre, uma versatilidade brilhante. Quanto a Helena Bonham Carter, foi bom vê-la num registo mais sério, esteve bem no papel que lhe foi atribuído, mas acaba por ficar um pouco na sombra das duas extraordinárias interpretações masculinas.
(continua…)
Nota: imagem "roubada gentilmente" na NET
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