terça-feira, 8 de março de 2011

Fantasias de Carnaval

Foi com este trabalho que ingressei, em 1975, na Escola de Educadoras de Infância João de Deus, actual Escola Superior de Educação João de Deus. Ainda hoje não sei se foram três anos perdidos, mais um erro no meu percurso académico ou simplesmente mais informação e conhecimentos adquiridos ao longo da minha vida...

Numa bela noite de Carnaval

Tão bela como não houve outra igual

Por ter chegado cedo a Primavera,

Estar morna e perfumada a atmosfera

E haver lindas flores por todo o lado

Como se estivéssemos num jardim encantado,

As flores do jardim da Joaninha,

Nessa noitinha,

Convidadas pela Rosa foliona

Resolveram pregar uma partida à sua dona

Mascarando-se a rigor

Tão bem que não parecessem uma flor

Para a Joaninha se admirar

Ao acordar…

A Rosa foi a primeira, ai não!

Com saia de balão

E a prender-lhe as pétalas delicadas

Grandes madeixas brancas onduladas

Mala no braço,

Na perna a liga

Mascarada de dama antiga.

Ao lado da Rosa, ao contrário desta

Estava a Tulipa, muito mais modesta

Vestida de mendigo, toda esfarrapada

Deixando aparecer

A pétala encarnada.

O Cravo, opulento, senhor do jardim

Tendo a seu lado um malmequer

Mascarado de arlequim

Vestiu-se de rei, muito barrigudo

Não faltava nada

Tinha coroa e tudo!

Também havia os bobos, os Brincos-de-Princesa

Que se humilhavam na sua beleza

Máscaras muito feias, provocando risos

Fatos coloridos

E cobertos de guizos

Lembrando os palhaços de outros canteiros

De que estavam mascaradas

As Ervilhas-de-Cheiro.

Os palhaços nunca faltam no Entrudo

E no canteiro, cada Ervilha é um faz-tudo

Faz-tudo, mas na verdade não faz nada

Senão palhaçadas

Sapatos muito grandes, grandes nariguetas

Dão cambalhotas

E fazem piruetas.

Mas havia muitas máscaras, muitas mais

Todas diferentes, não eram iguais.

Estavam todas prontas, as tontas

E não se fartavam de se admirar

Umas às outras, à luz do luar.

Era já tarde, estava a amanhecer

E pouco faltava para a Lua se esconder

Quando ela, a Lua, que tudo tinha visto

Disse lá do alto:

Olhem para isto!

Querem parecer aquilo que não são?

Querem mentir, esconder a verdade

Como faz a pobre Humanidade?

Agradeçam, antes, à Natureza

Por vos ter dado tão grande beleza,

Formas e cores tão maravilhosas

Como as dos lírios e das rosas…

Dizendo isto, fez cara feia

Enrugou a fronte

E a Lua desapareceu no horizonte.

Ouvindo tudo, as flores comovidas

Mostraram-se logo arrependidas.

Tiremos as máscaras! Tem razão a Lua!

Disse a Rosa Branca

E tirou a sua.

Apareceu o Sol, veio a Joaninha

Logo muito cedo, pela manhãzinha

E estavam as flores tão lindas

Cheias de vigor

Mais lindas ainda

Que no dia anterior.

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