Numa bela noite de Carnaval
Tão bela como não houve outra igual
Por ter chegado cedo a Primavera,
Estar morna e perfumada a atmosfera
E haver lindas flores por todo o lado
Como se estivéssemos num jardim encantado,
As flores do jardim da Joaninha,
Nessa noitinha,
Convidadas pela Rosa foliona
Resolveram pregar uma partida à sua dona
Mascarando-se a rigor
Tão bem que não parecessem uma flor
Para a Joaninha se admirar
Ao acordar…
A Rosa foi a primeira, ai não!
Com saia de balão
E a prender-lhe as pétalas delicadas
Grandes madeixas brancas onduladas
Mala no braço,
Na perna a liga
Mascarada de dama antiga.
Ao lado da Rosa, ao contrário desta
Estava a Tulipa, muito mais modesta
Vestida de mendigo, toda esfarrapada
Deixando aparecer
A pétala encarnada.
O Cravo, opulento, senhor do jardim
Tendo a seu lado um malmequer
Mascarado de arlequim
Vestiu-se de rei, muito barrigudo
Não faltava nada
Tinha coroa e tudo!
Também havia os bobos, os Brincos-de-Princesa
Que se humilhavam na sua beleza
Máscaras muito feias, provocando risos
Fatos coloridos
E cobertos de guizos
Lembrando os palhaços de outros canteiros
De que estavam mascaradas
As Ervilhas-de-Cheiro.
Os palhaços nunca faltam no Entrudo
E no canteiro, cada Ervilha é um faz-tudo
Faz-tudo, mas na verdade não faz nada
Senão palhaçadas
Sapatos muito grandes, grandes nariguetas
Dão cambalhotas
E fazem piruetas.
Mas havia muitas máscaras, muitas mais
Todas diferentes, não eram iguais.
Estavam todas prontas, as tontas
E não se fartavam de se admirar
Umas às outras, à luz do luar.
Era já tarde, estava a amanhecer
E pouco faltava para a Lua se esconder
Quando ela, a Lua, que tudo tinha visto
Disse lá do alto:
Olhem para isto!
Querem parecer aquilo que não são?
Querem mentir, esconder a verdade
Como faz a pobre Humanidade?
Agradeçam, antes, à Natureza
Por vos ter dado tão grande beleza,
Formas e cores tão maravilhosas
Como as dos lírios e das rosas…
Dizendo isto, fez cara feia
Enrugou a fronte
E a Lua desapareceu no horizonte.
Ouvindo tudo, as flores comovidas
Mostraram-se logo arrependidas.
Tiremos as máscaras! Tem razão a Lua!
Disse a Rosa Branca
E tirou a sua.
Apareceu o Sol, veio a Joaninha
Logo muito cedo, pela manhãzinha
E estavam as flores tão lindas
Cheias de vigor
Mais lindas ainda
Que no dia anterior.
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