O futebol faz-me pagar mais impostos (por Isabel Stilwell no Destak)
Basta ler as letras gordas dos jornais desportivos e ouvir a conversa de alguns especialistas, para estar a par de que o Sporting está em falência técnica, o Benfica pode ir pelo mesmo caminho e suponho que todos os outros “grandes” clubes têm a coluna do Deve bem mais longa e pesada do que a do Haver. Porque na do Deve estão milhões de euros, e são mesmo milhões, que há anos não pagam ao Estado, já nem quero saber dos outros credores. Não pagar ao Estado significa basicamente que não nos pagam a nós, deixando pensões, reformas, subsídios e apoios à míngua de financiamento, e sendo que o dinheiro do jogo financia misericórdias e assistências sociais, são mais uma vez os mais pobres aqueles a quem o comportamento “caloteiro” dos grandes clubes afecta numa primeira linha.
Sinceramente não sei o suficiente da contabilidade do futebol para entender de onde vem o buraco financeiro, muito anterior à actual crise, e não quero entrar na conversa primária do “ah, e tal, se não pagassem tanto aos jogadores”, porque entendo que há uma lógica de negócio que passa por aquelas transacções, acreditando que dentro da lei da oferta e da procura que rege aquele mercado, como todos os outros, cada um ganha o que vale (pelo menos é o que diz o Dr. Catroga, em declaração feita a propósito do seu vencimento na EDP), mas o que me pergunto é porque é que o Estado é tão condescendente quando são estes os maus pagadores.
É verdade que o futebol é o divertimento das massas, e que quando não há pão, dá-se circo ao povo, mas se esses adeptos perceberem que em cada bilhete que compram pagam o seu custo fácil, mais todos os aumentos de impostos que a situação dos seus clubes impõe ao País, talvez percebam que o futebol lhes está a sair caro de mais. Se não entenderem, então que se aplique o princípio do pagador-utilizador, e todos os adeptos paguem pelo menos os meus impostos.
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