quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O ilustre anónimo

Em “Anónimo”, o realizador alemão Roland Emmerich apresenta-nos um argumento que seria, a meu ver, trágico caso os factos fossem comprovados e deixassem de ser suposições. Duvidar do génio de William Shakespeare e pôr em causa toda a sua obra é o tema central do filme e durante 130 minutos assistimos ao descrédito do “impostor” mais lido de sempre.

Anonymous_2011_film_poster
Teoricamente, Shakespeare não teria escrito uma única palavra e assinava e levava à cena obras da autoria de um nobre, Edward de Vere, 17º Conde de Oxford, que seria não só filho ilegítimo da Rainha Elizabeth I (segundo a teoria a “Rainha Virgem” não era virgem…) como teria tido, vinte anos depois, uma relação incestuosa com ela que resultou num filho, o Conde de Southampton…
Esta teoria da conspiração explicaria o encobrimento do nome do criador da maior obra literária da língua inglesa porque poderia ser o futuro Rei de Inglaterra? O cineasta defende esta teoria, também sustentada por intelectuais e estudiosos como Sigmund Freud, Orson Welles, Charles Dickens e Mark Twain, lembrando que não foi mencionado qualquer livro no testamento de William Shakespeare e que não existe qualquer carta ou texto escrito com a própria letra. Duvidam que um homem humilde e sem instrução universitária pudesse escrever tais obras-primas literárias? Perverso e preconceituoso…
Edward de Vere é interpretado pelo actor Rhys Ifans, o desajeitado e louco Spike que partilha a casa com Hugh Grant na comédia romântica Notting Hill. Ifans quase irreconhecível ao lado da magnânima Vanessa Redgrave no papel da Rainha Elizabeth I.
Intrigas e conspirações num admirável filme de época.

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