sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Falcatrua científica

A revista americana New Scientist avaliou, em 11 categorias, as qualidades dos eternos rivais canídeos e felinos domésticos e chegou a uma conclusão: os cães são melhores que os gatos.
A revista diz que usar a ciência para resolver essa eterna disputa é uma tarefa difícil, mas refere que os cientistas olharam para as espécies como um todo, e não individualmente para cada animal de estimação, como fazem os donos. Para chegar à conclusão de que os cães são melhores, a New Scientist usou estudos semelhantes sobre as duas espécies em 11 categorias e a pontuação foi muito próxima: 6 a 5 para os cães.
Segundo a revista, os gatos vencem nas categorias cérebro (têm 300 milhões de neurónios, contra 160 milhões), popularidade (há mais gatos do que cães no mundo), vocalização (os gatos podem miar de uma forma que desperta a necessidade de prestação de cuidados humanos), super sentidos (os gatos sentem cheiros, ouvem e vêm melhor que os cães), e meio ambiente (os cães prejudicam mais as outras espécies e consomem mais comida).
Por outro lado, os cães ganham no que se refere à história compartilhada (foram domesticados muito antes dos gatos), laços afectivos (os cães são mais companheiros e os gatos, mais independentes), compreensão (os cães entendem mais palavras), resolução de problemas (os cães destacam-se, por exemplo, actuando como guias de invisuais), maleabilidade (são mais fáceis de treinar) e utilidade (os cães podem caçar, cuidar de rebanhos, fazer segurança, farejar drogas e bombas e guiar pessoas com deficiência).
Assim, o prémio para melhor animal de estimação foi para... o cão!

À partida, afigura-se-me que há aqui uma fraude no que diz respeito às categorias. A categoria que dá pelo nome de “resolução de problemas” parece ter sido metida à pressão, tipo bucha para tapar buracos, visto que o exemplo apresentado é já contemplado na categoria “utilidade”. Por outro lado, também os felinos têm atributos nessa matéria pois libertam-nos da nossa energia negativa… Simplificando, parece-me que estariam empatados.
Vejamos, agora, cada categoria canina per se. História compartilhada (foram domesticados muito antes dos gatos): em que é que isto abona a classe? Em nada! Só confirma que os cães se deixam “comprar” muito facilmente, não dão luta. Laços afectivos (os cães são mais companheiros e os gatos, mais independentes): não tenho argumentos para contrariar esta afirmação, mas (pensavam que eu ia deixar passar esta?...) como dona de gatos e não sendo cientista, posso olhar para as espécies individualmente e não como um todo. Então, os meus gatos são super meigos, super afeiçoados e apaixonados por mim…Ok, os 300 milhões de neurónios servem para alguma coisa, mais que não seja para perceberem que sou eu que os sustento, né? Compreensão (os cães entendem mais palavras): plenamente de acordo. Bobi, busca, busca, senta, quieto, anda, deita…Vocabulário básico. Coitados, uns paus mandados!... Resolução de problemas (os cães destacam-se, por exemplo, actuando como guias de invisuais): outra vez a falar no assunto? Para mim esta não conta. Isto é uma vigarice, os resultados são enganadores. Maleabilidade (são mais fáceis de treinar): mais uma vez se prova que aos canídeos basta um elogio para se deixarem ir na conversa dos donos, não se dão ao respeito, falta-lhes a nobreza e a respeitabilidade dos gatos. Utilidade (os cães podem caçar, cuidar de rebanhos, fazer segurança, farejar drogas e bombas e guiar pessoas com deficiência): numa palavra, TRA-BA-LHO! Felizes os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!... Já no que ao gato diz respeito, passou de um estatuto decorativo a símbolo religioso. Daí para cá, exceptuando uns séculos em que as coisas correram mal, sabiamente vai bajulando o dono, conquistando regalias e passando a santa vidinha preguiçando…Os 300 milhões de neurónios só lhe deram vantagens…
Concluindo e resumindo, talvez a minha atracção pelos felinos se deva ao facto de me sentir mais semelhante aos canídeos (particularmente no número de neurónios, laços afectivos e utilidade...) e, como todos sabemos, pólos opostos atraem-se.
Donos dos cães contradigam-me!... Há quatro anos também eu defendia os canídeos com unhas e dentes, mas isso foi antes de os felinos entrarem na minha vida…

Nota de rodapé: também os felinos são grandes caçadores. À falta de melhor, os meus gatos caçam moscas, mosquitos, melgas, aranhiços e formigas...

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