Igreja Católica transforma o Papa Bento XVI em Lady Gaga
(por Tiago Mesquita - Jornal Expresso)
A Igreja Católica decidiu cobrar bilhetes aos fiéis, não fiéis e demais pessoas para poderem assistir às missas a realizar na deslocação do Papa à Grã-Bretanha. Deixou de ser uma visita oficial. O Papa passou a andar em tournée.
O Papa vai "actuar" em Londres. No sentido de actuar sobre as pessoas, espalhando a palavra divina, imbuído do espírito de missão e integrado na sua digressão habitual pelos países católicos. A novidade está no facto de que os crentes ou simples curiosos que queiram ver mais de perto Sua Santidade apenas poderão fazê-lo pagando o valor de tabela. O Papa anda em tournée, qual Bono Vox.
Ou seja, o que até agora era a graça de Deus deixou de ser de graça e passou a ter preço. Respectivamente 5 libras para uma missa campal a realizar no Hyde Park e 25 libras "para a missa de beatificação de John Henry Newman, no Crofton Park", como noticiou o Expresso. A graça divina deixou por isso de ser à borla. Não faço ideia onde será possível adquirir os bilhetes para os eventos graciosos, mas provavelmente no site do Vaticano ou no Ticketmaster, ao lado dos concertos dos Muse, da Lady Gaga ou dos Arcade Fire.
Com esta medida, a Igreja católica deixou-se definitivamente de tretas e passou a assumir-se como aquilo que sempre foi. As críticas às restantes Igrejas que por aí florescem à custa de dízimas, críticas sustentadas pelo facto da Igreja Católica fazer questão de frisar que vive apenas das esmolas e doações dos crentes, são agora mais difíceis de engolir. Em tempos de crise as Igrejas, à imagem de quem as sustenta, precisam todas do mesmo, de dinheiro. E se ele não aparece de boa vontade ou por obra do espírito Santo há que começar a cobrar. E isto sucede até com a desinteressada Igreja Católica.
Uma missa custa X, uma beatificação Y, um aceno de mãozita no papamóvel Z. Mas atenção, ninguém vai para casa de mãos a abanar. Quem pagar os 30€ para ir a Birmingham ver a beatificação "receberá, além do transporte por autocarro, uma "kit de peregrino" com um postal e um CD comemorativo". Já em Glasgow, "o bilhete para a missa no Bellahouston Park custa 20 libras mas, além de um CD e um livro de orações, os participantes terão a oportunidade de ouvir Susan Boyle". Mais comercial é impossível. Só falta cobrarem para se poder tirar uma foto com o mais novo a dar uma voltinha dentro do papamóvel sentado ao colo de Sua santidade. Em Portugal não me lembro de ver os vencedores do Ídolos na missa do Terreiro do Paço.
Não admira com isto que uma sondagem recente indique que 79 por cento dos britânicos confessaram não ter "interesse pessoal" na visita. É que a estes preços mais vale ir a Wembley ou ao O2 ver um concerto ou optar por um Musical no West End. Em nome do decoro e da coerência há "espectáculos" que não deviam ser pagos.
(por Tiago Mesquita - Jornal Expresso)
A Igreja Católica decidiu cobrar bilhetes aos fiéis, não fiéis e demais pessoas para poderem assistir às missas a realizar na deslocação do Papa à Grã-Bretanha. Deixou de ser uma visita oficial. O Papa passou a andar em tournée.
O Papa vai "actuar" em Londres. No sentido de actuar sobre as pessoas, espalhando a palavra divina, imbuído do espírito de missão e integrado na sua digressão habitual pelos países católicos. A novidade está no facto de que os crentes ou simples curiosos que queiram ver mais de perto Sua Santidade apenas poderão fazê-lo pagando o valor de tabela. O Papa anda em tournée, qual Bono Vox.
Ou seja, o que até agora era a graça de Deus deixou de ser de graça e passou a ter preço. Respectivamente 5 libras para uma missa campal a realizar no Hyde Park e 25 libras "para a missa de beatificação de John Henry Newman, no Crofton Park", como noticiou o Expresso. A graça divina deixou por isso de ser à borla. Não faço ideia onde será possível adquirir os bilhetes para os eventos graciosos, mas provavelmente no site do Vaticano ou no Ticketmaster, ao lado dos concertos dos Muse, da Lady Gaga ou dos Arcade Fire.
Com esta medida, a Igreja católica deixou-se definitivamente de tretas e passou a assumir-se como aquilo que sempre foi. As críticas às restantes Igrejas que por aí florescem à custa de dízimas, críticas sustentadas pelo facto da Igreja Católica fazer questão de frisar que vive apenas das esmolas e doações dos crentes, são agora mais difíceis de engolir. Em tempos de crise as Igrejas, à imagem de quem as sustenta, precisam todas do mesmo, de dinheiro. E se ele não aparece de boa vontade ou por obra do espírito Santo há que começar a cobrar. E isto sucede até com a desinteressada Igreja Católica.
Uma missa custa X, uma beatificação Y, um aceno de mãozita no papamóvel Z. Mas atenção, ninguém vai para casa de mãos a abanar. Quem pagar os 30€ para ir a Birmingham ver a beatificação "receberá, além do transporte por autocarro, uma "kit de peregrino" com um postal e um CD comemorativo". Já em Glasgow, "o bilhete para a missa no Bellahouston Park custa 20 libras mas, além de um CD e um livro de orações, os participantes terão a oportunidade de ouvir Susan Boyle". Mais comercial é impossível. Só falta cobrarem para se poder tirar uma foto com o mais novo a dar uma voltinha dentro do papamóvel sentado ao colo de Sua santidade. Em Portugal não me lembro de ver os vencedores do Ídolos na missa do Terreiro do Paço.
Não admira com isto que uma sondagem recente indique que 79 por cento dos britânicos confessaram não ter "interesse pessoal" na visita. É que a estes preços mais vale ir a Wembley ou ao O2 ver um concerto ou optar por um Musical no West End. Em nome do decoro e da coerência há "espectáculos" que não deviam ser pagos.
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