sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Coisas do arco-da-velha... (7)

O meu colega N é uma pessoa com muito bom humor. Não desfazendo nos outros colegas de sala, que são bem-dispostos e simpáticos, o N é um bacano super divertido, embora à primeira vista não pareça. Tem aquele tipo de humor que eu gosto, mordaz, refinado e inteligente. Tem um sentido de humor muito apurado e as piadas são sempre certeiras e oportunas.
Para além do humor requintado, o meu colega N é um perito em reivindicações. Reivindicar é um direito. Devemos protestar e cobrar os nossos direitos. Devemos mostrar a nossa insatisfação. Devemos…mas uma grande maioria não o faz. Porquê? Porque isso dá muito trabalho! Claro que não devemos reclamar por tudo e por nada. Se o rolo de papel higiénico deveria ter 24 metros (não se riam…) e lhe faltam 10 centímetros não vamos reclamar!
Pois o meu colega N não deixa os créditos por mãos alheias. Reclama, mas sempre num tom jocoso. É de tal forma espirituoso que deixa os visados sem palavras, pois substitui a indignação por um comportamento sarcástico.
Seguem duas amostras deste finório contestatário, passadas logo após o seu regresso de férias na santa terrinha.
O novo mercado municipal da vila estaria perfeito. Estaria, se não existissem umas enormes aberturas por onde entram todas as moscas do concelho e arredores, sendo as bancas do peixe as mais atingidas por esta praga. Não havendo um único aparelho de descarga eléctrica que controle os insectos, o peixe é invadido pelas moscas. É nojento e pode tornar-se um problema de saúde pública. O meu colega N enviou um fax (mais eficaz que um e-mail porque têm que dar entrada dele…) à Câmara, expondo a situação ao Presidente (não faz a coisa por menos…) e perguntou-lhe se ele fazia parte da Protecção e Conservação da Mosca Beirã… A verdade é que o mercado, segundo o FBI (Fontes Bem Informadas), já possui aparelhos de electrocussão de insectos…
O outro episódio ainda não está resolvido, mas o N está satisfeito com o desenrolar dos acontecimentos. Regressando, à noite, de uma festa na Pampilhosa da Serra, verificou que a estrada, acidentada, não tinha marcações nem protecções laterais. Não foi de fitas! Enviou um fax ao Presidente da Câmara e outro fax para as Estradas de Portugal. No primeiro, elogiou a festa e informou que, infelizmente, não poderia voltar para o ano porque a estrada era perigosa e não tinha sinalização de espécie alguma. No segundo fax deu apenas conhecimento das condições da dita estrada.
Recebeu resposta das duas entidades. O Presidente da Câmara dizia que a responsabilidade era das Estradas de Portugal. Por sua vez, a Estradas de Portugal atribuía a responsabilidade à Câmara Municipal. Mais uma vez, o N, no seu melhor, enviou a cada um deles a resposta do outro, agradecendo a atenção que possam prestar ao caso… São brancos, que se entendam!...
É assim o meu colega N, o pica miolos que faz tremer autarquias e nos faz rir…

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