quarta-feira, 15 de junho de 2011

No tempo em que os animais falavam

Pela segunda vez publico aqui um texto, desta vez uma fábula, feito em Maio deste ano, da autoria da minha sobrinha C. que tem 10 anos. Tendencioso? Não… Muito tendencioso? Sem dúvida! Consequência das inclinações partidárias do seu núcleo familiar…
Claro que isto tem que ser lido tendo em consideração que a ficção faz parte da infância, assim como os enganos e as ilusões… E assim viveram felizes para sempre excepto o elefante que…
Não tenho essa ingenuidade infantil que possibilita ter uma visão de um mundo cor-de-rosa, já não engulo promessas políticas, não tenho fé em dias melhores, nem creio naquele velho ditado cá se fazem, cá se pagam… Sempre fui uma optimista, mas, presentemente, a desilusão ultrapassou a minha confiança relativamente ao futuro.
Com a divulgação desta fábula, nascida da imaginação de uma menina de 10 anos, pretendo, apenas e mais uma vez, provar que a leitura é uma condição sine qua non de uma escrita rica e bem estruturada. Mantenho os erros ortográficos para que não se perca o texto original. Se as fábulas pudessem ser classificadas por estilos, diria que esta era uma comédia dramática ou uma ficção fantástica…

As eleições na selva

Num dia de manhã com o céu radioso a reflectir no rio estava o elefante Sócrates a nadar de barriga para cima cantarolando para a frente e para trás muito feliz da vida porque nesse dia ia-se eleger o rei da selva e ele estava inscrito. Ele tinha a certeza que ia ganhar porque toda a gente gostava muito dele, mas o que as pessoas não sabiam é que ele queria acabar com a democracia quando se torna-se rei já que podia tomar as decisões que quisesse porque ninguém o impedia.
Apareceu o outro candidato ao cargo que era o leão Passos e disse-lhe:
-Meu caro candidato hoje à noite pode esperar o pior porque vou ser eu a ganhar o cargo.
-Sim, sim você é que pode esperar o pior, sabe porquê? - disse o elefante determinado.
-Então porquê sabichão! -disse o leão no gozo.
-Porque os animais acreditam em mim não em si!? - disse o elefante virando as costas e indo-se embora para sua casa.
-Adeus, seu malcriado, isso de virar as costas quando as palavras não lhe agradam é um acto de cobardia -disse o leão.
Depois de algum tempo já estavam os animais sentados há frente do palco para saberem quem seria o próximo rei.
Até que a águia Afonsina que ia dizer quem ganhava abriu o envelope e disse:
-E o nosso próximo rei é O elefante Sócrates!!!
O elefante com um riso maldoso disse:
-A partir de hoje já não há democracia vou ser sempre eu a mandar até à morte e a seguir de mim vai ser o meu filho e assim sucessivamente.
Os animais nem queriam acreditar que votaram no elefante e ele lhes fizera isto. Ao passar dos dias o elefante ia obrigando toda a gente a ser criado dele uns davam-lhe comer à boca, outros limpavam-lhes os pés, etc.
Até que no dia 26 de Maio, todos os animais fizeram uma revolta contra o elefante e conseguiram tirar-lhe do cargo e elegeram o leão para rei da selva.
E assim viveram felizes para sempre excepto o elefante que ficou a apodrecer nas masmorras.

Ensinamento:"Quem tudo quer tudo perde"

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