sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Gata Borralheira

Quando era menina e ouvia a história da Cinderela, aliás, da Gata Borralheira, nunca descortinei a verdadeira sorte da protagonista do conto.
Nessa época, o mais importante era o facto de ela conseguir livrar-se da maldade da madrasta e das filhas desta e, evidentemente, casar com o príncipe…
Hoje em dia, a versão que sempre conheci da história, um misto de Perrault e Disney, já não me perturba pela malvadez nem me regozija pelo final feliz. Na realidade, hoje em dia, este conto infantil revela-me as passagens realmente marcantes e qual a personagem mais relevante.
Presentemente, os factos mais tirânicos são aqueles em que a desditosa Gata tem que cozinhar, lavar a roupa, costurar, esfregar o chão ou ir buscar água ao poço…e, à noite, depois de um dia extenuante de trabalho não ter uma cama decente para descansar, vendo-se obrigada a dormir junto ao borralho…
No que diz respeito às personagens, eu diria que a Fada madrinha é indispensável.

Muito triste, Cinderela ficou à janela, olhando para o castelo na colina. Chorou, chorou e rezou. Das suas orações e lágrimas, surgiu a sua Fada madrinha que a confortou e usou a sua varinha de condão para criar um lindo vestido e sapatos de cristal, fazendo também surgir uma linda carruagem…

Caso estivesse na pele da Cinderela, dispensaria mais depressa o príncipe do que a Fada madrinha. Primeiro, porque sem o seu auxílio nunca teria conhecido l'homme de sa vie (não confundir com homem ideal) e por conseguinte deixar de ser empregada doméstica… Em segundo lugar, porque a partir de uma abóbora faz aparecer uma linda carruagem, um meio de transporte tipo o táxi dos nossos dias, sem ter que recorrer aos transportes públicos… Por fim, e com isto fico completamente exasperada, a preciosa ajuda da Fada madrinha, poupa-a nas enfadonhas compras de roupas e sapatos, evitando também despesas desnecessárias…
Eu também quero uma Fada madrinha!

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