Não sei se a crise terá, mais uma vez, culpas no cartório, mas pareceu-me que havia menos índios na Manta Rota do que no ano passado. Talvez tenham, apenas, optado por outro destino de férias, como Espanha, Brasil, Cabo Verde, terra natal…
Se não tivesse oportunidade de ir para o Algarve sem pagar alojamento, julgo que levaria à letra a máxima do Vá de férias cá dentro e passava as férias em casa… Para dar mais veracidade à coisa, ou seja, para ter a sensação de estar mesmo de férias, bastavam umas pequenas alterações à rotina, sendo a rotatividade de quartos a primeira a implementar para nos dar a ilusão de acordarmos num novo quarto de hotel, todos os dias… Aqueles CD’s de música relaxante, do estilo ondas a espraiarem-se no areal, também seriam uma decisão inteligente se fossem acompanhados por banhos de imersão, em biquíni ou fato de banho…
Não vou alongar-me mais nestes desvarios mas que eu era capaz de continuar para aqui a delirar, lá isso era…
Pois as semaninhas passadas na Manta Rota foram do melhor. Bom tempo e uma água de fazer inveja ao Mediterrâneo, transcendendo-o mesmo, quase de certeza, no que diz respeito à ondulação… Sei que há muitos adeptos de mar flat mas, para mim, ondas e temperatura da água a 24 graus são condições sine qua non para uns banhos de praia perfeitos, não esquecendo a maré cheia que será a “cerejinha no topo do bolo”!
No ano passado, fomos passar o dia à Ilha da Culatra. Esse dia foi referido, num post, a 28 de Agosto de 2008.
Geograficamente a Culatra e o Farol (Farol de Santa Maria, o farol mais meridional de Portugal) formam uma única ilha mas as praias, propriamente ditas, distam entre si 15 minutos de barco…
Estivemos no Farol há dois anos e o dia revelou-se como o melhor dia de praia dessas férias. Na nossa opinião, estas ilhas, na Ria Formosa, eram um autêntico éden para quem gosta de passar um dia na praia. Eram…
Acontece que, o facto de terem sido citadas em algumas revistas, fez com que estes paraísos fossem tomados de assalto e as condições de veraneio não acompanharam este aumento súbito de maralha…
A praia do Farol tem 2 apoios de praia, ao contrário da Culatra que não tem nenhum. No entanto, nenhum desses apoios têm por perto uma casa de banho… Quem tiver cólicas, e isso aconteceu com um de nós, tem que se deslocar até ao restaurante que existe junto ao casario, na ilha…
Imaginem um parolo, sem chinelos, (também não lembra ao diabo, caraças…) a correr na areia escaldante até às passadeiras de cimento, igualmente escaldantes, para encontrar alívio intestinal… Uma imagem semelhante a um lagarto a correr, aos pulinhos, no deserto…
Sabíamos que os dois últimos barcos, de regresso a Olhão, eram às 18.30 e às 20.00 horas. Optámos pelo penúltimo e qual não foi o nosso espanto ao ver, chegando ao cais, uma fila enorme de pessoas. Percebemos, depois de alguma espera, que uma parte dessas pessoas não tinha conseguido ir no antepenúltimo barco…o que nos levou a pensar que não iríamos no barco das 18.30 que estava a chegar ao cais, naquele momento…
E pensámos bem, pois estas alminhas ficaram, como tantos outros, na fila de espera para o último barco.
Com o passar do tempo, começámos a abancar e a tirar, das mochilas e sacos, os restos do farnel que tínhamos levado para a praia…Nós e o resto do povinho, porque quando dá a fome a um português, dá logo a mais dois ou três.
Aproveitámos o imprevisto para conversar, rir, ler, jogar às cartas e até tirar umas fotografias, para mais tarde recordar esta peripécia. Afinal de contas, férias são férias, pressa e horários são palavras que não fazem parte do vocabulário estival e, por alguma razão se chama a esta estação do ano, a silly season…
Conseguimos entrar no barco das 20.00 horas. Ainda ficou gente no cais!!...
O Sol, atento e tentando minorar aquele pequeno contratempo, desaparecia no horizonte, presenteando-nos com um espectáculo único na Ria Formosa…
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