Ao contrário do que possa parecer, não vou escrever sobre o filme que conquistou o Óscar de melhor filme, em 2008.
Cheguei da viagem a Barcelona no domingo à noite e soube que o meu pai tinha dado entrada na urgência hospitalar, nessa tarde.
Ontem, fomos para o hospital às 10h:30m, hora que tinham apontado, ao meu irmão, como a melhor para tomar conhecimento da avaliação clínica do doente. Fomos informados de que o meu pai tinha feito novos exames às 9h:30m e que teríamos que esperar até às 11h:30m…
Lamentavelmente, o meu pai saiu da urgência, para internamento no SO, às 18 horas e não houve um único profissional de saúde que nos tenha esclarecido, nem o motivo concreto de tamanha demora, nem do quadro clínico do meu pai…
Foram sete horas e trinta minutos no hospital, foram sete horas e trinta minutos de ansiedade, não, de completa angústia.
Chorei quando o vi. Com soro e algaliado. Um velhinho tão velhinho, tão fragilizado, tão vulnerável, tão carente…
Na urgência, as macas, quase todas com velhinhos, ocupavam cantos, recantos e corredores.
O meu pai, o mais velhinho de todos os velhinhos, aguardou numa maca desconfortável.
O meu pai, o mais velhinho de todos os velhinhos, estava desidratado, tinha sede, a boca sempre seca. Por sorte eu estava lá… Para um idoso é uma sorte ter alguém, sempre por perto, que o acompanhe naquele “depósito” de velhos…
Julgo que se a morte chegar devagarinho, poderá levar um daqueles velhinhos e ninguém dará por isso… e o meu pai, o mais velhinho de todos os velhinhos, lúcido e preocupado por estar a dar trabalho e a incomodar… Chorei ao vê-lo na mais profunda decadência física…
No SO, o cenário não é melhor. As macas continuam a ocupar cantos, recantos e corredores.
Na verdade, o nosso sistema de saúde não dá resposta nem aos doentes nem às famílias dos doentes e a classe médica não ajuda a melhorar a situação. A grande maioria da classe médica é antipática, arrogante, insensível, totalmente desprovida de solidariedade e de uma falta de ética profissional que até dá raiva.
Curiosamente, o segurança tentou animar-me numa das minhas crises de choro…
Curiosamente, os veterinários dos meus gatos são afectuosos e encantadores. Comparar um médico veterinário com um médico é o mesmo que comparar a Bela com o Monstro! Sei que há bons e maus profissionais mas, o que leva alguém a escolher um curso de medicina, por sinal bem complexo, se não for amor pela vida, pela humanidade? Não quero perder tempo a meditar sobre isso...
Hoje, só foi possível ver o meu pai às 19h:15m… Foi transferido do SO para a enfermaria. Felizmente eu estava lá para o acompanhar. Continuamos sem ter informações consistentes sobre o seu estado de saúde. É inadmissível! Eu até podia fazer uma “peixeirada” mas, penso que só iria piorar as coisas.
De que nos serve a esperança média de vida aumentar se não temos qualidade de vida na velhice?
Decididamente, este país não é para velhos…
Cheguei da viagem a Barcelona no domingo à noite e soube que o meu pai tinha dado entrada na urgência hospitalar, nessa tarde.
Ontem, fomos para o hospital às 10h:30m, hora que tinham apontado, ao meu irmão, como a melhor para tomar conhecimento da avaliação clínica do doente. Fomos informados de que o meu pai tinha feito novos exames às 9h:30m e que teríamos que esperar até às 11h:30m…
Lamentavelmente, o meu pai saiu da urgência, para internamento no SO, às 18 horas e não houve um único profissional de saúde que nos tenha esclarecido, nem o motivo concreto de tamanha demora, nem do quadro clínico do meu pai…
Foram sete horas e trinta minutos no hospital, foram sete horas e trinta minutos de ansiedade, não, de completa angústia.
Chorei quando o vi. Com soro e algaliado. Um velhinho tão velhinho, tão fragilizado, tão vulnerável, tão carente…
Na urgência, as macas, quase todas com velhinhos, ocupavam cantos, recantos e corredores.
O meu pai, o mais velhinho de todos os velhinhos, aguardou numa maca desconfortável.
O meu pai, o mais velhinho de todos os velhinhos, estava desidratado, tinha sede, a boca sempre seca. Por sorte eu estava lá… Para um idoso é uma sorte ter alguém, sempre por perto, que o acompanhe naquele “depósito” de velhos…
Julgo que se a morte chegar devagarinho, poderá levar um daqueles velhinhos e ninguém dará por isso… e o meu pai, o mais velhinho de todos os velhinhos, lúcido e preocupado por estar a dar trabalho e a incomodar… Chorei ao vê-lo na mais profunda decadência física…
No SO, o cenário não é melhor. As macas continuam a ocupar cantos, recantos e corredores.
Na verdade, o nosso sistema de saúde não dá resposta nem aos doentes nem às famílias dos doentes e a classe médica não ajuda a melhorar a situação. A grande maioria da classe médica é antipática, arrogante, insensível, totalmente desprovida de solidariedade e de uma falta de ética profissional que até dá raiva.
Curiosamente, o segurança tentou animar-me numa das minhas crises de choro…
Curiosamente, os veterinários dos meus gatos são afectuosos e encantadores. Comparar um médico veterinário com um médico é o mesmo que comparar a Bela com o Monstro! Sei que há bons e maus profissionais mas, o que leva alguém a escolher um curso de medicina, por sinal bem complexo, se não for amor pela vida, pela humanidade? Não quero perder tempo a meditar sobre isso...
Hoje, só foi possível ver o meu pai às 19h:15m… Foi transferido do SO para a enfermaria. Felizmente eu estava lá para o acompanhar. Continuamos sem ter informações consistentes sobre o seu estado de saúde. É inadmissível! Eu até podia fazer uma “peixeirada” mas, penso que só iria piorar as coisas.
De que nos serve a esperança média de vida aumentar se não temos qualidade de vida na velhice?
Decididamente, este país não é para velhos…
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