sábado, 19 de setembro de 2009

“Meu querido mês de Agosto”…(4) (uma das foleirices que há em mim)

Ainda durante o mês de Agosto fui até ao Baleal.
Tive a sensação que estava a chegar ao Baleal pela primeira vez, como se nunca lá tivesse estado...
Não ia lá há tantos anos que nem sei o que pode ter mudado durante, pelo menos, duas décadas, mas não tenho dúvidas que terá mudado, pois tudo muda na sua posição relativa… Decididamente está bem diferente daquilo que eu terei conhecido na minha infância, isto é, aqui há um par de anos atrás, isto é, talvez ontem ou no mês passado…

A “ilha” do Baleal está ligada ao “continente” por uma faixa de areia muito fina a que damos o nome de tômbolo (para que se saiba, Peniche também é um tômbolo). Esta língua de areia separa duas praias. A praia do lado norte que, por ter águas mais agitadas, me pareceu a eleita dos surfistas (bandeira vermelha) e a praia do lado sul, um extenso areal que se espraia até Peniche, com águas um pouco mais tranquilas (bandeira amarela).
Parece que há muitos anos, quem frequentava o Baleal tinha que esperar que a maré baixasse para poder atravessar a língua de areia porque na maré-cheia, as águas das duas praias juntavam-se e a travessia podia tornar-se perigosa. Hoje em dia, isso ainda pode acontecer periodicamente.

A temperatura da água surpreendeu-me… Pensei encontrar uma água de fazer doer os ossos mas, contrariamente ao esperado, estava razoavelmente fresca…
Imaginei que uns dias no Baleal seriam balsâmicos tanto para o corpo como para a alma…
Quando cheguei estava uma manhã mais ou menos ensolarada, o que é raro acontecer, mas a falta de Sol será sempre compensada com o agradável e forte cheiro a maresia.

A caminhada, despreocupada, que fizemos até à “ilha”, revigorou-me e inspirou-me…
Há um lado da “ilha”, com vista para as Berlengas, que encara o oceano majestoso e bravio. Apeteceu-me ficar ali a contemplar aquele mar, sem pressa, como se nada mais tivesse para fazer a não ser contemplá-lo em toda a sua indomesticável beleza…

Se eu habitasse esta “ilha”, era precisamente deste lado que eu gostaria de viver, com um olhar privilegiado para aquela linda vastidão de água azul… mas sentir-me-ia feliz numa daquelas casinhas com vista para o outro lado da “ilha”. Vi algumas com pequenas varandas viradas para o mar que eram perfeitas… Cheguei mesmo a imaginar-me sentada numa delas, a ler e a escrever. Não consigo deixar de sentir inveja dos proprietários destas casas à beira-mar e sobre o mar… queria adormecer embalada pelo canto poético das ondas e pela essência eterna da maresia…
Ficámos fascinados pelas portadas invulgares de umas janelas. Uma autêntica delícia, uma verdadeira preciosidade… Enquanto falávamos com a dona da casa, tirei uma fotografia para copiar a ideia para quando a minha fantasia, de ter uma casa virada para o mar, se tornar uma realidade… a vida dá tantas voltas, reserva-nos tantas surpresas…

Se à paisagem magnífica e singular, juntar o característico perfume marinho, mesmo nos dias de neblina, indubitavelmente que os dados estão lançados para que as ideias e pensamentos comecem a fluir…

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