quinta-feira, 28 de maio de 2009

Coisas do arco-da-velha... (3)

Este episódio burlesco já se passou há uns anos e foi contado pela M.H.

Em frente ao Parque D. Carlos, na Rua Camões (penso eu de que…), nas Caldas da Rainha, quase a chegar ao Largo do Hospital Termal, existiu um estabelecimento que vendia as famosas faianças de Bordalo Pinheiro.
Esta loja era igual a tantas outras que por lá ainda existem. Bem, igual, igual, não seria… Além de uma fachada imponente, com uma porta alta e larga adequada à frontaria, tinha uma particularidade, aliás, tinha duas particularidades… uma velhota surda e já um pouco senil, mãe da dona da loja, e um gato preto que por ali deambulava.
A M.H., dona do estabelecimento, era amiga de longa data da minha mãe e das minhas tias e acontecia, com frequência, irmos visitá-la sempre que íamos ou estávamos nas Caldas.
A mãe dela, a tal velhota surda e já um pouco senil, costumava sentar-se, a maioria das vezes, numa cadeira junto à porta, para apanhar sol. O gato fazia o mesmo, numa outra cadeira ali colocada propositadamente para ele.
No prédio ao lado instalou-se um gabinete de estudos e projectos de arquitectura e engenharia (se eu estiver a escrever um disparate, corrijam-me…), com o nome de G.A.T. (Gabinete de Apoio Técnico).
A vida na loja decorria de uma forma pacata até que o gato, vá-se lá saber como e porquê, desapareceu durante uns dias… talvez por estar farto da vida demasiado pacata… e a velhota surda e já um pouco senil só pensava nos motivos que teriam levado o gato a fugir…
Foi precisamente num desses dias (de folga do gato…) que apareceram, na loja, dois senhores a perguntar onde se situava o G.A.T. (a placa com o nome era pequena e encontrava-se num sítio de pouca visibilidade).
O fim da história parece previsível…
Os senhores dirigiram-se à velhota, a tal velhota surda e já um pouco senil, que estava sentadinha junto à porta, e um deles perguntou:
- Sabe dizer-nos onde fica o GAT?
A idosa senhora, surda e já um pouco senil, levantou-se devagarinho, fez-lhes sinal para que a seguissem até ao fundo da loja e, apontando para um buraco que ali havia, respondeu:
- Estão a ver aquele buraco? Foi de certeza por ali que ele fugiu…

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