Dramático! Foi esta a palavra que me ocorreu quando constatei que a Livraria 107, um dos Ex-Líbris das Caldas da Rainha, fecharia para sempre a sua porta, que esteve, durante anos, primorosamente aberta à cultura…
Foi com tristeza que, quase há dois meses, tive noção das dificuldades da livreira Isabel Castanheira em manter a Livraria 107, mas para falar com franqueza e na minha ingenuidade, nunca me passou pela cabeça que os caldenses deixassem morrer o mais emblemático dos estabelecimentos da cidade. É aflitivo pensar que a terra que viu nascer a minha mãe e outros elementos da família, a cidade onde brinquei na minha infância, a cidade à qual me ligam laços de ternura, não tenha amor aos livros, não se deixe encantar por eles, não queira alargar os horizontes, enfim, não queira voar nas asas da imaginação e do saber.
O fecho de uma livraria suscita-me sentimentos antagónicos, indignação e mágoa.
Todos sabemos que a concorrência, grandes superfícies e vendas pela Internet, é violenta e, infelizmente, predomina a lei do mais forte. No entanto, para mim, não há maior prazer do que entrar numa autêntica livraria e, abraçada pelas estantes, deixar-me inebriar pelas palavras… e se todas tivessem gatos, seriam um paraíso de afectos...
As pessoas não compram livros. Queixam-se de que são caros. É verdade, não são baratos, mas as pessoas não compram livros, acima de tudo, porque não lêem… As pessoas não compram livros. Entrem numa loja de roupa e depois numa livraria e descubram as diferenças. As pessoas não compram livros. Queixam-se de que são caros, mas não deixam de comprar mais uma peça de roupa (muitas vezes sem precisarem…). Eu, sou mais como a Beatriz Costa. Dizia ela: Nasci nua, ando vestida, que mais posso querer…
Sei que Caldas não é a Cidade Luz, mas a Livraria 107 era o brilho das Caldas. Sei que Caldas não é a Cidade Eterna, mas a Livraria 107 será eternamente lembrada...
A cidade ficará, sem dúvida, mais pobre. Dramático e angustiante!
O fecho de uma livraria suscita-me sentimentos antagónicos, indignação e mágoa.
Todos sabemos que a concorrência, grandes superfícies e vendas pela Internet, é violenta e, infelizmente, predomina a lei do mais forte. No entanto, para mim, não há maior prazer do que entrar numa autêntica livraria e, abraçada pelas estantes, deixar-me inebriar pelas palavras… e se todas tivessem gatos, seriam um paraíso de afectos...
As pessoas não compram livros. Queixam-se de que são caros. É verdade, não são baratos, mas as pessoas não compram livros, acima de tudo, porque não lêem… As pessoas não compram livros. Entrem numa loja de roupa e depois numa livraria e descubram as diferenças. As pessoas não compram livros. Queixam-se de que são caros, mas não deixam de comprar mais uma peça de roupa (muitas vezes sem precisarem…). Eu, sou mais como a Beatriz Costa. Dizia ela: Nasci nua, ando vestida, que mais posso querer…
Sei que Caldas não é a Cidade Luz, mas a Livraria 107 era o brilho das Caldas. Sei que Caldas não é a Cidade Eterna, mas a Livraria 107 será eternamente lembrada...
A cidade ficará, sem dúvida, mais pobre. Dramático e angustiante!
5 comentários:
Pois é... Estivémos lá no final de Agosto e fizémos as nossas últimas compras de livros na 107. Até comprei a "História Concisa de Inglaterra", pq estou farto de ouvir e ler referências à cultura "anglo-saxónica", sem perceber a sua origem... Eram sempre muito agradáveis as nossas visitas (pelo menos anuais) à 107. Das primeiras vezes que lá fui, queria um livro e a proprietária (Isabel?) teve a simpatia de mo enviar por correio. Lembro-me de uma vez que fomos lá para assistir ao lançamento de um livro do João Bonifácio Serra, uma colectânea de artigos publicados na Gazeta das Caldas, que eu lia com muuuuuuuito gosto, pq reconhecia as minhas memórias nas dele ("Continuação - crónicas dos anos 50/60", edição da Gazeta das Caldas, em 2000). Sem querer ser muito lamechas, a verdade é que depois de sair da loja, pensei que nas Caldas da nossa infância, após a morte dos nossos familiares, sem uma casa de família sequer, o fecho da 107 era perder mais um local que considerava "familiar". Ainda me restam alguns, como a minha Escola na "Praça do Peixe", ...
Engraçado que a livraria (Parnaso?) que está na "Rua das Montras", quase a chegar à "Praça da Fruta" do lado esquerdo, continua lá... Sempre referenciei aquela livraria pq tinha um painel publicitário de uma caneta Montblanc ao lado da montra. E as canetas sempre foram a minha perdição. Mas voltando à 107, despedimo-nos das senhoras (proprietária e empregada) com um beijinho o que diz muito do modo como nos relacionámos com elas durante estes anos. Na verdade desde 1990, quando passámos as primeiras férias nas Caldas depois da Ana nascer. Todos os anos que lá estivémos de férias, desde esse ano (e só falhámos uns 3 a 4), a visita à 107 era uma rotina. Comprei lá imensos livros para a Ana. A empregada na despedida até disse que tinha visto a menina crescer. É verdade!
Concordo contigo. O tempo é demolidor e implacável e os elos que nos prendem à infância são cada vez menos... E a feira do 15 de Agosto nos velhos tempos? Ai, ai...
Quanto ao fecho da Livraria 107, nem tenho mais palavras, julgo que é simplesmente dramático.
... parafraseando o João Bonifácio Serra, vamos fazer um bocadinho de "continuação". Tema: "pq fechou a 107?"
Parece-me evidente que a 107 não conseguiu aguentar a concorrência (centros comerciais, supermercados). "Eu pecador me confesso": compro muito nos supermercados (e então desde que tenho cartão FNAC...) É fácil comprar nos supermercados! Mexemos à vontade, e os preços são arrasadores (da concorrência). Não sou comerciante, não sei o segredo do sucesso comercial. Mas creio que a 107, após muitas iniciativas louváveis (convidar escritores para lançamento de obras e sessão de autógrafos, p. ex, e isto tb se faz na ... FNAC!), perdeu a iniciativa, e não conseguiu criar qq coisa como "apetência de comprar na 107" no povão. Manteve os seus indefectíveis (moi, par exemple), mas não chega. Tinha de alargar a sua clientela para pagar as contas a horas. Talvez lhe tenha faltado uma "troika", ou um grupo de "indefectíveis" criativos que sugerissem soluções comerciais inovadoras, que lhe permitissem ser "auto sustentável".
Por exemplo: nas nossas férias no Baleal, este ano e o ano passado, na entrada do Pq de Campismo, uma livraria de TOMAR (!) montou lá umas barracas, e fez uma Feira do Livro (comprei lá uns 3 livros, talvez uns 40 euros). Não sei se as vendas pagaram o trabalho (2 moços durante 1 mês, aluguer do espaço à administração do Pq de Campismo, ...), mas na altura pensei: Pq não é a 107 a fazer isto?
Tenho cartão Bertrand, cartão Cooperativa dos Bancários (para a Livraria) e desconto na livraria Palavras de Culto (Amadora).
Na FNAC, precisamente devido ao manuseamento, é difícil encontrar um exemplar imaculado para os meus gostos... Por vezes, tenho que tirar o monte todo dos livros para encontrar um que esteja em condições. Decididamente, não me agrada! A maioria dos livros dos supermercados são os mais vendáveis e comerciais. Se procuras algo mais específico não encontras...Daí que só compro nos lugares acima citados.
A 107 também poderia ter optado por um cartão de descontos e julgo que não necessitava de uma empregada, mas quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro...
As minhas dúvidas são: porque fecham as livrarias e não fecham lojas de telemóveis ou de roupas? (será porque a futilidade e as aparências são mais importantes?)Que loja virá ocupar o lugar da 107?
Já tive ocasião de postar sobre estes assuntos e a minha opinião mantém-se, o pessoal não lê nem gosta de ler... Acabou ontem a feira do livro e do artesanato na Amadora. Nas barracas dos queijos, dos chouriços, afins e similares, era um mar de gente. Nos stands dos livros, muito pouca gente. Porquê? Porque o pessoal quer é morfos, querem lá saber dos livros... Entre um queijo de Nisa, uma morcela de Estremoz e o último livro do Moita Flores (dou este exemplo porque ele estava lá a dar autógrafos...), a malta escolhe o queijo ou a morcela e ficam a olhar para o M.F. para ver se ele pode autografar o queijo!... Ri-te, ri-te à vontade!
As minhas opções, em tempo de crise, serão os alfarrabistas...e, quiçá, os leilões da Internet.
Esqueci-me de acrescentar que o pessoal não lê...livros! São caros não é? Mas compram, semanalmente, uma ou mais revistas de fofocas, estilo, Lux, Nova Gente, Caras, Hola, etc.
Estranho! Interessa-lhes assim tanto a vida dos famosos(?). Aquilo é uma chachada! Se calhar dá sainete ler este "género literário"...
Antigamente, chamava-se a isso literatura de cordel...
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