sexta-feira, 9 de abril de 2010

Complicadex

Para ter direito a um complemento de dependência, visto que dependia de terceiros por estar acamado, o meu pai compareceu, levado de ambulância, no centro da Segurança Social, na Amadora, por ser a sua área de residência. Isto aconteceu no início de Dezembro de 2009 e, infelizmente para todos nós, faleceu no dia 23 de Dezembro, nunca tendo usufruído do supracitado complemento. Após o serviço da ambulância, o meu irmão entregou o recibo dos bombeiros na S.S., para que o dinheiro despendido na deslocação fosse posteriormente reembolsado.
No fim de Março, mais de três meses decorridos, chegou à caixa do correio da minha mãe, um cheque da Segurança Social, em nome do meu pai, restituindo o dinheiro desembolsado. Se desde Janeiro a S.S. tem todos os elementos referentes ao óbito do meu pai, se a minha mãe recebeu, desta instituição, e em seu nome, correspondência sobre a futura pensão de sobrevivência e sobre o subsídio por morte, não se compreende que remetam um cheque à ordem, contendo o nome de uma pessoa que já não se encontra entre nós…
Julgo que um erro desta natureza seria evitável, tendo em conta que a instituição tem acesso a um sistema informatizado de dados em rede. Ou será que o Simplex ainda não chegou à Segurança Social!?
No seguimento deste engano, era imprescindível pedir uma nova emissão do cheque, desta vez em nome da minha mãe. Visto que o assunto não podia ser tratado pela segurança social directa, fui obrigada a deslocar-me à Segurança Social na Avenida Manuel da Maia, em Lisboa, com a documentação necessária para o efeito. Como trabalho ali perto, vejo frequentemente uma fila enorme de pessoal logo pelas 8 e picos da manhã e as portas só abrem às 9 horas.
Tomei o pequeno-almoço tranquilamente e, às 9 horas e 30 minutos, entrei e tirei uma senha. Senha A71!! Em seis mesas, três estavam a funcionar! Pensei, de mim para mim, isto promete!... Tinha tempo de ir trabalhar e a meio da manhã dar lá um saltinho para ver a evolução da chamada. Se bem o pensei, melhor o fiz…
Eram umas 11 horas quando voltei. Senha A35!! Em seis mesas, quatro estavam a funcionar! As esperanças de conseguir ser atendida ainda naquele dia ficaram um pouco abaladas, mas como tinham sido distribuídas 160 senhas, pensei que existia gente em pior posição do que eu… Caramba, temos que confiar nos serviços! Voltei, novamente, por volta do meio-dia. Senha A41!!
Claro está que fui almoçar serenamente, sem stressar, e às 13 horas lá estava eu, qual criminoso que volta sempre ao local do crime… Senha A49!! Desta feita, lá consegui arranjar um assento (para lamentar…) e decidi aguardar a minha vez pacientemente. Em seis mesas, apenas duas estavam a funcionar porque era o período do almoço! E acho bem, pois quem não manduca não trabuca e vice-versa.
Aproveitei para dar uma olhadela aos outros frustrados que, como eu, nada podiam fazer a não ser esperar. Várias nacionalidades, a mesma cara de desalento.
Ao fim de meia hora, a esperança de ser atendida, até às dezasseis e trinta, hora de fecho, reacendeu-se. Senha A56!! Boa! Já só faltavam quinze!!!...
A minha vez chegou mais depressa do que eu imaginava. Senha A71!! Eram 14 horas e trinta minutos! Cinco horas depois de ter tirado senha! Nada mau, hem? Direi mesmo, fenomenal! Assombroso! Mais surpreendente ainda! O problema ficou resolvido e diga-se, em abono da verdade, graças a uma funcionária cinco estrelas! Nem tudo é mau…
Saí às 14 horas e 47 minutos do local do crime… e não era a criminosa.
O crime continuou lá, por resolver. Isto é um crime, sim, porque esta espera desesperante é uma violação grave de ordem moral e civil e com uma agravante… não é punido pela lei penal!
Complicadex!...

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