quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Flashes

Hoje teria ficado na tranquilidade do lar, calma e muda, inteiramente entregue ao silêncio e às lágrimas… mas, infelizmente, por diversas razões, nunca podemos fazer aquilo que mais desejamos.
Os dias correm rotineiros, embalados pela saudade e, por vezes, essa saudade ataca-me quando menos espero. Quando penso que a dor da perda está a atenuar, afinal está bem viva e desperta.
As imagens e as doces lembranças sucedem-se em catadupa mas acabam sempre por dar lugar às recordações mais recentes e amargas…e essas teimam em permanecer como imagens estáticas e silenciosas, como fotografias que captam os momentos.
Hoje, estas imagens são como flashes que registaram para sempre aqueles momentos dolorosos, flashes que registaram aqueles momentos que eu não consigo esquecer. Como se o mundo tivesse parado e só os registos tristes tivessem ficado gravados na minha lembrança.
Talvez porque não tive oportunidade de dizer, pela última vez, ao meu pai, que ele não estava só, que eu estaria sempre ao seu lado, que o amava, que sofria com ele e por ele. Porque não lhe dei um último abraço, porque pensei que ainda tinha tempo e adiei para “amanhã”…
Na ilusão do “amanhã”, perdi o momento de “ontem”…

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