Por ser domingo, apenas uns excertos de uma crónica de Miguel Somsen.
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Quando o Verão era quente e o Outono outonal, ainda se conseguia perceber a diferença. Agora não; agora as estações têm títulos estrangeiros - o Verão é a "silly season", o Outono a rentrée.
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No início, a "silly season" servia apenas para exonerar a estupidificação geral de um país de férias, desculpando uma certa leviandade assumida em que ninguém era punido por ler revistas cor-de-rosa e jornais de futebol. Depois apareceram os questionários de Verão, e toda a gente achou que era bom para a imagem levar um livro para ler nas férias ou " pôr a leitura em dia". Pôr a leitura em dia, no Verão? Isso é quantos capítulos do último Margarida Rebelo Pinto? Tirando meia dúzia de bloguistas e bloquistas, ninguém tem tempo para ler o que quer que seja no Verão - excepto manuais de telemóveis, bulas de medicamentos, saldos de multibanco e a entrevista "exclusiva" da nova namorada do Ronaldo.
O que nos sobra para a rentrée? O habitual: crime e futebol. Ou melhor, assaltos e Benfica. Ou seja, de uma forma indirecta, temos o Moita Flores (crime) e o Quique Flores (castigo, perdão, Benfica). No fundo, e como sempre, duas formas de impunidade com floreados. Veja-se o último Benfica-F.C.Porto: no Estádio da Luz, um adepto invade o relvado para agredir o juiz de linha. Milhões viram em directo pela televisão.
...A Comissão Disciplinar da Liga decide criar uma manobra de diversão, punindo o central benfiquista Luisão com dois jogos de suspensão. Quem viu?
...Num Estado de Direito, uma agressão ao árbitro deveria ser sempre caso de polícia e não "fait-divers" desportivo.
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Mas ninguém pode acusar os portugueses de falta de imaginação: depois de meio ano a ser roubado no preço dos combustíveis, é natural que o meliante português decida iniciar o segundo semestre a assaltar gasolineiras.
...em vez de levar o barril de petróleo, os bandidos roubam 200 euros da caixa e alguns chocolates da montra. Mas a intenção está lá - roubar aos ricos - e foi, como se sabe, apadrinhada pelo primeiro-ministro. Alguém se lembra da "taxa Robin dos Bosques" que ele queria aplicar às petrolíferas? Claro que ninguém se lembra, isso foi muito antes da "silly season".
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