sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mais Prozac e Menos Platão!...

Começaram as aulas! Não se pense que este ponto de exclamação traduz alguma espécie de entusiasmo. Muito pelo contrário! Este segundo ponto de exclamação exprime ironia…
Começaram as aulas! Os horários mudam! O quotidiano altera-se e eu também…
“Mais Platão e Menos Prozac” é um livro de Lou Marinoff que explora os ensinamentos budistas, taoistas e do I Ching e ajuda (tenho as minhas dúvidas!) a ser mais racional, visto que, muitas vezes, as emoções nos toldam o raciocínio.
Isto não funciona comigo. Durante os próximos meses, até às férias do Natal, estarei receptiva a qualquer fármaco que combata a minha ansiedade generalizada. Generalizada porque passa por ter a cabeça em água, um nó na garganta, amargos de boca, o estômago às voltas, as tripas do avesso, o sangue a ferver nas veias, o coração aos pulos e os nervos em franja…
É assim! Quando a minha filha A.R. começa com aulas, sinto que sou vítima de violência doméstica! Só não telefono para a linha de apoio à vítima porque qualquer uma das pessoas que me atendesse não estaria psicologicamente preparada para ouvir as queixas de “maus-tratos” de que sou vítima. Essas pessoas estariam preparadas para ouvir que eu levava bordoada de três em pipa mas nunca as minhas queixinhas isentas de pancada.
Quando digo que sou vítima de violência doméstica não minto, ou pelo menos julgo que sou dona da verdade.
Saio de casa por volta das 7.20 e passo o dia de trabalho em frente ao computador (brevemente espera-me um daqueles cursos chatíssimos de formação). Acumulo outros cargos pós laboral mas este é o único que é remunerado…
Depois de sair do emprego (ao 1º toque como na escola mas às 8.30 já lá estou!...) começa a violência.
Passar no supermercado quando é preciso e é quase sempre preciso, ir buscar a A.R., aos meus pais, quando é preciso e é preciso muitas vezes, fazer o jantar a contar com o almoço dela para o dia seguinte, tratar de roupas e da casa. Ao mesmo tempo que executo estas tarefas domésticas (um vómito!...) vou fazendo “piscinas” entre a cozinha, outras divisões da casa e os locais de estudo (felizmente a A.T. já quase não me chama…) para tirar dúvidas, ensinar, explicar e ajudar a estudar. Claro que para poder dar todo este apoio, tenho que estar a par da matéria e o que é que eu faço? Estudo!
A tudo isto chamo violência doméstica!
Mau trato não se limita a soco, pontapé ou bofetada, mau trato é também o lufa-lufa do dia a dia que nos deixa de rastos.
Em todo o caso, fui eu que escolhi este caminho (devia estar lerda nesse dia, eh, eh, eh). Ao longo da vida fazemos escolhas, ter filhos foi uma delas e claro que nem me passa pela cabeça não ser responsável pelas escolhas que fiz.
No entanto, não deixa de ser uma violência! É violento! Talvez apresente queixa em tribunal! Pensando melhor não me parece uma boa ideia. A justiça é lenta e quando, finalmente, me desse razão já eu tinha morrido, encarnado num gato dorminhoco, independente e a viver feliz em casa de um qualquer filósofo…
Evidentemente que durante estes meses em que sou vítima de violência doméstica, faz mais efeito um Prozac que um Platão! E durante este tempo nem quero ouvir falar de teorias filosóficas, a não ser que sejam pros(z)aicas ou as teorias de cágado!(daquelas que vou assimilando ao longo da vida…)

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