quinta-feira, 4 de julho de 2013

“Mein Kampf” de Passos Coelho

Pedro Passos Coelho não pode juntar-se ao plano de rescisões amigáveis porque não é funcionário público. E, na verdade, não é, assim como nunca foi, nem, seguramente, quererá ser. Passos Coelho apenas seria funcionário público se já o fosse antes de ser primeiro-ministro, mas não o é por ter assumido estas funções. Julgo mesmo que, se para ser primeiro-ministro fosse inevitável ser funcionário público, ele não aceitaria o lugar, pois deve considerar desprezível a conotação a tal cargo. Digo eu, que não percebo nada disto, mas que existe uma aversão implacável contra o funcionalismo público ninguém pode negar. Terá sofrido no seu passado alguma experiência psicológica traumatizante que envolva a administração pública? Como é do conhecimento geral, os danos emocionais podem conduzir a mudanças no cérebro que afectam o comportamento e o pensamento das pessoas, bem como acarretar comportamentos obsessivos compulsivos e outros transtornos mentais, como julgar-se o salvador da pátria…
Hitler, no seu livro “Mein Kampf” (Minha Luta), escrito quando esteve preso em 1924,confessa que o pai era de opinião que, como ele, o seu filho naturalmente seria e deveria ser funcionário público.
Por mais firmemente decidido que meu pai estivesse na execução dos planos e propósitos que formara, não era menor a minha teimosia em repelir um pensamento que pouco ou nada me agradava.
Eu não queria ser funcionário público. Nem conselhos nem "sérias" admoestações conseguiram demover-me dessa oposição. Nunca, jamais, em tempo algum, eu seria funcionário público. Era para mim abominável o pensamento de, como um escravo, um dia sentar-me num escritório, de não ser senhor do meu tempo mas, ao contrário, limitar-me a ter como finalidade na vida encher formulários! Eu queria tornar-me "alguém", mas, em caso algum, funcionário público.
Hitler tornou-se “alguém”, lamentavelmente alguém que é lembrado como um megalómano louco e cego na sua luta despótica e demolidora para subjugar o mundo.
Pedro Passos Coelho quer ser “alguém”, alguém incapaz de ser funcionário público, mas, lamentavelmente, capaz de tudo, menos de abandonar o país e ir para longe, sei lá, para a Cochinchina. Nunca para Paris…livra, a experiência diz-nos que o risco de regresso é demasiado elevado…
Hitler, o pequeno austríaco que resolveu tornar-se rei do universo, entendia que qualquer movimento precisava de inimigos para se fortalecer. Hitler, subestimando a capacidade intelectual do povo, afirmava que as massas tinham dificuldades de entendimento e compreensão, daí a necessidade de reduzir os vários adversários a um inimigo único, os funcionários públicos, os judeus.
Pressuponho que Passos Coelho tenha lido “Mein Kampf” e planeado ressuscitar algumas ideias absurdas que, como os vírus, tendem a tornar-se resistentes. Tal como o pequeno austríaco, também Passos Coelho procura inimigos para se fortalecer, mas, como tem dificuldades de entendimento e compreensão, teve necessidade de reduzir os vários adversários a um inimigo único, os funcionários públicos…
Que miséria, amigo, ter nascido em Portugal.

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