quarta-feira, 31 de julho de 2013

Livros e Mar: eis o meu elemento! (76)

Não sendo uma apaixonada fanática da saga de Harry Potter , confesso que vi todos os filmes (e nenhum me decepcionou) embora não tenha lido todos os livros. Apesar de a literatura fantástica não ser a minha praia, reconheço em J.K. Rowling uma capacidade tão incrivelmente criativa que conseguiu envolver-me no encanto e magia que estão presentes em toda a obra.
“Uma Morte Súbita” chamou-me desde logo a atenção. Rowling tinha abandonado a escrita fantástica e mudado o género literário. Da fantasia à realidade, assim, subitamente…O título, sugestivo, levou-me a pensar que seria de suspense, mas a sinopse surpreendeu-me ao revelar-me que a morte de Barry Fairbrother, que ocorre repentinamente, é que desencadeava todos os acontecimentos do livro.

A história passa-se em Pagford, uma pequena e pacata cidade onde todos se conhecem e a má língua impera. Barry Fairbrother, vogal da Assembleia Comunitária de Pagford, lutou sempre para que o problemático bairro de Fields, onde tinha nascido (e onde existe uma clínica de reabilitação de toxicodependentes), continuasse a fazer parte da cidade de Pagford. Apesar de ter um ou outro aliado, Barry tinha alguns membros da assembleia como fortes opositores e estes vêem na sua morte uma oportunidade para que Fields seja entregue à responsabilidade da cidade de Yarvil. Assim que o retrato de cada um dos candidatos à vaga deixada por Barry começa a ser traçado, compreendemos que todos têm telhados de vidro, todos têm problemas familiares e segredos que não querem ver revelados.
É durante a campanha eleitoral que os segredos, até ali tão bem guardados, dos candidatos e dos actuais membros, começam a ser revelados através de mensagens no fórum do antiquado site da assembleia… Aproveitando o facto de o site amador não estar protegido do mais simples dos clássicos ataques informáticos, as revelações bombásticas são feitas através do nome de código “O Fantasma de Barry Fairbrother”… Quem pretende vingança? Que motivos movem estes piratas informáticos?
Ao longo de quase 500 páginas senti-me como que uma observadora de uma cidade inteira, uma testemunha dos actos de cada habitante, uma espectadora que não consegue ficar indiferente às desigualdades sociais, aos conflitos conjugais e ao conturbado relacionamento entre pais e filhos. Convivi com os traumas dos personagens, os seus medos e frustrações, invejas e preconceitos, decepções e ressentimentos, drogas, marginalidade e bullying. É impossível ler “Uma Morte Súbita” sem tomarmos partido e torcermos por alguns personagens mesmo sabendo que os seus actos não são os mais correctos e sensatos, podendo mesmo dar origem a graves consequências…Muito rico em detalhes e personagens bem definidas e singulares, “Uma Morte Súbita” é um retrato chocante da sociedade, uma sucessão de acontecimentos que acabam por culminar em tragédia…

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Uma Morte Súbita é o primeiro livro para adultos de J. K. Rowling. Acolhido com enorme expectativa, este surpreendente romance sobre uma pequena comunidade inglesa aparentemente tranquila, Pagford, começa quando Barry Fairbrother, membro da Associação Comunitária, morre aos quarenta e poucos anos. A pequena cidade fica em estado de choque e aquele lugar vazio torna-se o catalisador da guerra mais complexa que alguma vez ali se viveu. No final, quem sairá vencedor desta luta travada com tanto ardor, duplicidade e revelações inesperadas?

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