Recordo e visualizo as cenas como se tivessem acabado de acontecer. Oiço a minha voz de menina espalhar-se pela casa que me viu nascer. Porém, já lá vão quase cinquenta anos…
Tive a sorte de ter nascido numa casa de rés-do-chão e primeiro andar e com um quintal considerável, motivo mais que suficiente para eu ter passado os dias da minha infância na brincadeira ao ar livre. Claro que nas tardes de Inverno, quando a chuva resolvia aparecer e estragar os meus desígnios, tinha que ficar em casa com a minha mãe e eventualmente com a Conceição, a mulher-a-dias, hoje vulgarmente intitulada de empregada doméstica. Durante um ano também esteve lá em casa a Lúcia, uma rapariguita da província que veio para Lisboa servir (era vulgar isto acontecer) e enquanto não arranjou emprego ficou em nossa casa, pois os meus pais conheciam a família dela. Como o meu pai e o meu irmão, durante o dia, estavam fora, naquela casa só havia mulheres. A minha mãe, a Conceição e a Lúcia. E eu adorava-as a todas. A Conceição tentava que eu dormisse a sesta e deitava-se comigo. Ao fim de meia hora, julgando que eu estava ferrada no sono, levantava-se devagarinho para não me acordar. Qual não era o espanto quando me via aparecer atrás dela no corredor… Ralhava comigo, mas o sorriso sempre a traiu e eu sabia que não estava realmente zangada comigo. À Lúcia devo-lhe a dicção com todos os ff e rr, que é como quem diz, uma pronúncia perfeita das palavras com a letra R. Foi uma dura batalha que travou, comigo e com a chucha, mas conseguiu que eu dissesse com destreza o nome de uma beldade da época, Brigite Bardot…
Voltando às tardes chuvosas, sempre fui uma criança que se divertia com qualquer coisa e quando me aborrecia dos brinquedos, inventava...
Um dos meus passatempos favoritos era arrastar pela casa uma mala de viagem, usada e de cabedal, carregada de revistas e jornais, enquanto ia apregoando a venda dessas publicações e tentava convencer a minha mãe, a Conceição e a Lúcia a comprá-las…
Tive a sorte de ter nascido numa casa de rés-do-chão e primeiro andar e com um quintal considerável, motivo mais que suficiente para eu ter passado os dias da minha infância na brincadeira ao ar livre. Claro que nas tardes de Inverno, quando a chuva resolvia aparecer e estragar os meus desígnios, tinha que ficar em casa com a minha mãe e eventualmente com a Conceição, a mulher-a-dias, hoje vulgarmente intitulada de empregada doméstica. Durante um ano também esteve lá em casa a Lúcia, uma rapariguita da província que veio para Lisboa servir (era vulgar isto acontecer) e enquanto não arranjou emprego ficou em nossa casa, pois os meus pais conheciam a família dela. Como o meu pai e o meu irmão, durante o dia, estavam fora, naquela casa só havia mulheres. A minha mãe, a Conceição e a Lúcia. E eu adorava-as a todas. A Conceição tentava que eu dormisse a sesta e deitava-se comigo. Ao fim de meia hora, julgando que eu estava ferrada no sono, levantava-se devagarinho para não me acordar. Qual não era o espanto quando me via aparecer atrás dela no corredor… Ralhava comigo, mas o sorriso sempre a traiu e eu sabia que não estava realmente zangada comigo. À Lúcia devo-lhe a dicção com todos os ff e rr, que é como quem diz, uma pronúncia perfeita das palavras com a letra R. Foi uma dura batalha que travou, comigo e com a chucha, mas conseguiu que eu dissesse com destreza o nome de uma beldade da época, Brigite Bardot…
Voltando às tardes chuvosas, sempre fui uma criança que se divertia com qualquer coisa e quando me aborrecia dos brinquedos, inventava...
Um dos meus passatempos favoritos era arrastar pela casa uma mala de viagem, usada e de cabedal, carregada de revistas e jornais, enquanto ia apregoando a venda dessas publicações e tentava convencer a minha mãe, a Conceição e a Lúcia a comprá-las…
Ó minha senhoa, qué compá alguma coisinha? Passei muitas tardes de Inverno a chatear aquelas três inofensivas mulheres e não parava de impingir até me comprarem todo o sortido da mala…
Recordo e visualizo as cenas como se tivessem acabado de acontecer. Oiço a minha voz de menina espalhar-se pela casa que me viu nascer. Porém, já lá vão quase cinquenta anos...
(ai, ai, eu e o meu desejo irresistível de roubar... imagem "roubada gentilmente" na NET)
Recordo e visualizo as cenas como se tivessem acabado de acontecer. Oiço a minha voz de menina espalhar-se pela casa que me viu nascer. Porém, já lá vão quase cinquenta anos...
(ai, ai, eu e o meu desejo irresistível de roubar... imagem "roubada gentilmente" na NET)
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