sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fazer o que ainda não foi feito

Pode parecer, numa primeira leitura, particularmente aos ouvintes quotidianos da rádio ou aos amantes de música, que vou dissertar e opinar sobre a canção de Pedro Abrunhosa, mas apenas lhe roubei, gentilmente e como já é da praxe, o título. Cleptomaníaca, eu? Isso é um equívoco! Quem tem esse vício não o assume, ao contrário de mim, que reconheço, sem constrangimento, este meu defeito. Na realidade, o tema que pretendo abordar, mas não aprofundar, prende-se com a avaliação por objectivos, mais concretamente com a fixação dos objectivos. Na minha despretensiosa opinião, a fixação clara dos objectivos é o factor principal de uma subsequente avaliação eficiente e isso nem sempre acontece.
Assinei ontem os meus objectivos para 2011. Confesso que, pela primeira vez, desde que ali comecei a trabalhar, há trinta anos, sinto um certo desconforto em relação à calendarização de um dos objectivos, bem como ao seu cumprimento e exequibilidade. Pela primeira vez, sinto a minha performance a ser posta à prova. Como se ao fim de trinta anos ainda tivesse que provar alguma coisa, embora entenda a inevitabilidade do grau de exigência. Lamentavelmente, o mundo do trabalho actual oprime-nos e, por vezes, cobra-nos como se fôssemos atletas de alta competição, mas nem sempre a motivação anda de mãos dadas com a competência e a atitude. Não tentei negociar esse objectivo. Apesar de ter manifestado o meu receio, julgo que ao aceitá-lo demonstro que tenho capacidade para responder a este desafio, desempenhá-lo com sucesso e justificar que mereço o nível que tenho presentemente. Contudo, não deixei de exteriorizar o meu desagrado ao constatar que as posturas positivas, assim como o cumprimento perante o trabalho, são impostos sempre aos mesmos funcionários.

Referi até um lema já antigo que me foi transmitido por um ex-colega idoso – aqui é como na tropa, se é um bom cavalo todos o querem montar, se é um bom soldado é para todo o serviço…
Como não queria, desta vez, deixar nada por dizer porque isso faz muitíssimo mal à alma, aproveitei para revelar que já me tenho interrogado se os cem euros que recebo a mais no ordenado incentivam, satisfazem e compensam o esforço que me é exigido face a alguns colegas que só cumprem, na minha opinião, os mínimos e levam uma vidinha muito mais despreocupada. E no meio disto, onde é que está a motivação? Debaixo da saia da avozinha?...

Mas, como em tudo na vida, a um desafio corresponde uma oportunidade…

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