domingo, 27 de dezembro de 2009

Morrer, dormir… talvez sonhar…

De um dia para o outro a vida muda.
Era um dia igual a tantos outros e de repente… a vida muda.
Era um dia igual a tantos outros e nuns breves segundos… aquela dor só minha. Nada voltará a ser o que era.
Alguém disse que a morte é um acidente em cadeia de proporções incontroláveis e mesmo quando é previsível dói tanto como a que não é.
A morte do meu pai, doente há algum tempo, era previsível, já estávamos à espera dela. Mas não… nunca ninguém conta com a morte, nunca ninguém está preparado, e o maior problema da morte é a dor que provoca à sua volta…
Pai, partiste num dia chuvoso e triste, e triste me deixaste, entregue já às saudades do tempo que não volta mais e com o coração retalhado por este duro golpe…
Partiste num dia chuvoso e cinzento, deixando-me com lágrimas amargas de sofrimento e dor…
Perdoa-me não estar junto de ti quando partiste, perdoa-me não te ter dado a mão, perdoa-me ter-te deixado tão frágil, perdoa-me teres partido no meio de desconhecidos.
O dia chorou comigo a tua partida e, como disse a A, o mundo ficou mais vazio… e eu não mais serei igual. O mundo ficou mais vazio porque perdeu uma das pessoas mais especiais que eu conheci e orgulho-me por saber que sempre foste uma pessoa querida e estimada por todos aqueles que se cruzaram no teu longo caminho…
Recebi palavras amigas que pretendiam consolar-me na minha dor, mas um sofrimento desta natureza resiste a todas as palavras de conforto.
Deixaste comigo muito de ti e levaste contigo uma parte de mim… Morremos um pouco cada vez que perdemos um ente querido.
A noite que te levou para sempre foi também de céu escuro e carregado, tão escuro como o meu pensamento e tão carregado como o meu coração.
Uma estrela teimava em aparecer e brilhar por entre as nuvens escuras. Eu, poeticamente, pensei que só poderias ser tu a tentar dizer-me que continuarias a cuidar de mim e eu iria ter mais um anjinho da guarda, o melhor de todos…
Na hipótese de termos vindo ao mundo sob as carícias de uma estrela, excepcionalmente pródiga de venturas, talvez a estrela que vi fosse a que esteve presente no teu nascimento e que te veio buscar e acarinhar na tua viagem final.
A dor, brutal e profunda, aperta… a saudade aumenta…
Pai, resta-me a esperança, à qual nos agarramos sempre no meio do sofrimento, de voltar a ver-te e abraçar-te, talvez numa outra vida, num outro lugar…
Era um dia igual a tantos outros.Bastaram uns breves segundos para a minha vida mudar e ficar uma dor só minha…de repente, assim, de repente… num dia chuvoso e triste…

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