(Retirado do e-mail enviado hoje pelo meu primo J., de quem o meu pai gostava muito, e que esteve presente no último adeus ao tio, porque a amizade era recíproca. As fotos que nos enviou, essas, ficam só para mim... fiquei a chorar, claro, mas a leitura do texto conseguiu por-me a sorrir...)
"Tinha previsto um período de férias entre o Natal e o final do ano, e uma das (muitas) coisas que eu queria fazer em "Lisboa", além dos cinemas, das visitas a museus (Museu do Oriente, Museu de Paula Rego), etc., era uma visita aos Tios Fernando e Fernanda. Já sabia que o Tio Fernando tinha estado internado e portanto a coisa não podia estar muito bem, mas estava esperançado em o ver mais uma vez e ter o prazer de conversar com ele (se me conseguisse fazer ouvir, porque ainda por cima, normalmente, falo baixinho...). Não foi possível, e a vida (e a morte) fez (como sempre faz) o seu caminho.
Queria contar-vos uma história.
Queria contar-vos uma história.
Em 1974, o 25 de Abril "apanhou-me" com 19 anos e dado o clima político e social da altura, a minha atitude em casa (e na rua), era como o "ar do tempo", e estava muitas vezes em conflito com os meus pais. A certa altura, andava eu a ler "O Estado e a Revolução" do Lenine (entre outros...), e o Tio Fernando estava lá na nossa casa. Eu com grandes argumentos (recém -adquiridos pela leitura...) e o meu pai a barafustar comigo (o que na minha cabeça da altura só podia significar que eu tinha razão...). O Tio Fernando entra na conversa (não era bem uma conversa, era uma troca exaltada de argumentos categóricos) e começa a fazer-me perguntas difíceis... Confesso que já não me lembro das perguntas e das minhas respostas, mas o importante é o seguinte. O Tio Fernando, com a sua atitude (inteligente) tolerante, demonstrou-me que era possível trocarmos opiniões pacificamente, sem berros, dialogar, em suma.
Essa foi uma lição que me ficou desde então, e que me tem dado muito jeito."
(Obrigada J. pela história e pelas tuas palavras. Ainda me recordo de alguns diálogos mais acesos que o meu pai fazia o favor de apaziguar... Obrigada mesmo!...)
Essa foi uma lição que me ficou desde então, e que me tem dado muito jeito."
(Obrigada J. pela história e pelas tuas palavras. Ainda me recordo de alguns diálogos mais acesos que o meu pai fazia o favor de apaziguar... Obrigada mesmo!...)
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