quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Regressar aos tempos da mala de cartão…

passos

Interessante este primeiro-ministro: não disse ter assinado um acordo diplomático, político ou empresarial – o que ele quisesse – para reforçar o ensino de português em Angola, no Brasil ou na China. Numa frase leviana e sem o contexto adequado, indicou a porta de saída do País a milhares de pessoas que, presumo, não lhe merecem muito mais esforço intelectual. (André Macedo in Dinheiro Vivo).

2 comentários:

João Pedro disse...

Correndo o risco de ser politicamente incorrecto, digo o seguinte: prefiro alguém que nos diga a verdade e encare a realidade de frente e desenvolva, enquanto representante do estado nacional, a diplomacia necessária para encontrar alternativas à presente situação, do que persistir no mito do "pleno emprego" de inspiração marxista; a realidade é que o país não tem oferta de emprego para toda a gente que completa um curso superior; a realidade é que há oferta de cursos superiores a mais; a realidade é que temos jovens com formação superior de alto nível que são disputados por empresas não nacionais (não são patriotas se saírem do país?); a realidade é que há agências que recrutam técnicos (enfermeiros p. ex...) para Inglaterra (estarão fora-da-lei?;
O problema é que nos últimos anos convenceram de uma série de mitos: serviço nacional de saúde, gratuito e universal; auto-estradas que não se pagam (scuts...); vamos fazer o Euro 2004, sózinhos (nada de organização conjunta com Espanha, que isso seria uma afronta ao orgulho nacional), e fazer 10 estádios quando só se exigiam 6; etc, etc. Talvez isto tudo seja possível, mas estamos disponíveis para pagar o custo? Porque (a realidade é que) "não há almoços grátis"... Estamos disponíveis para pagar mais impostos? Estamos disponíveis para ficar sem forças armadas? Os senhores doutores estarão disponíveis para fazer cirurgias "pro-bono"?, etc.
Antes das eleições, houve uma atitude do PPC que me surpreendeu: depois de um acordo com o PS sobre os impostos (acho que era um compromisso de não os subir, confesso que não me lembro bem...), em que teve de se contradizer, veio "pedir desculpa aos portugueses". Foi cilindrado pelos outros partidos! Será que um político não se pode enganar?, não pode / deve reconhecer um erro? Fica mal? Eu gostei.

Pezinhos na Areia disse...

Compreendo a tua indignação, mas não me parece razoável que o primeiro-ministro ofereça, como primeira solução, a emigração. Emigrar deveria ser uma decisão pessoal e voluntária e não a resolução derradeira de uma dificuldade, um “conselho” precipitado e dado de ânimo leve pelo representante do Estado. Ao Estado compete governar no sentido de encontrar soluções para as saídas profissionais para que os portugueses não sejam obrigados a encontrar a sua realização pessoal e económica fora do país. Claro que os empregos não aparecem de mão beijada, não se inventam, claro que eu não estou disposta a pagar impostos para quem não trabalha, mas se há excedentários que tal fechar de vez os cursos superiores que geram desemprego? Quem considera emigrar aceita uma sugestão de um familiar ou amigo, não do principal ministro da hierarquia governamental. Não o posso acusar de hipocrisia porque ele não finge, mas reservo-me o direito de o acusar de cinismo porque se mostrou inconveniente e o “convite” não lhe ficou bem. O primeiro-ministro não é comentador político, não escreve artigos de opinião nem opina em blogues. O representante do Estado nacional tem que ser ponderado nas palavras senão corre o risco de se assemelhar a Pilatos, “lavando as mãos” para mostrar a sua inocência. O que transpareceu, para a opinião pública, foi uma manifesta frieza e indiferença… mas isso digo eu, que opino em blogues (tentando não passar o limite do que é admissível)e não percebo nada disto!...

Um abraço