sábado, 12 de junho de 2010

Message in a bottle (29)

Revejo-me neste pequeno texto. Só tenho pena que esta investigação não tenha sido feita na década de 70, pois tinha-me poupado alguns aborrecimentos com a minha mãezinha…

Não volte a fazer a cama (por Isabel Stilwell)

Sempre tentei convencer a minha mãe de que fazer a cama de manhã era uma perda de tempo, já que horas depois a ia desfazer de novo. Não resultou. Mais tarde, na adolescência, que correspondeu à revolução de Abril, defendi que se a minha cama estava ou não feita só a mim me dizia respeito, já que era eu que lá dormia. Não funcionou. Numa última tentativa argumentei que fazer camas não era certamente coisa boa, a avaliar pelo significado da expressão “fizeram-lhe a cama”, mas também não serviu de nada. E agora que a BBC revelou uma argumentação praticamente imbatível contra as camas arrumadinhas, não tenho contra quem me rebelar e, pior, estou tão viciada em camas feitas que esta notícia só pode vir incendiar a discussão que diariamente protagonizo com os meus descendentes. Mas como pode ser útil aos leitores, muitos deles certamente à procura de munições para esta guerra, aqui fica.
Primeiro é preciso falar nos ácaros. Os ácaros metem muito medo às mães, porque são feios e provocam asma e alergias. Enoje-a dizendo-lhe que há cerca de um milhão e meio numa única cama. Depois lembre-lhe que se alimentam de pele descamada. Quando a pobre estiver quase a vomitar, informe-a que os investigadores da Universidade de Kingston descobriram que os ácaros odeiam camas abertas porque não reúnem o calor e a humidade de que precisam para sobreviver. Tenho a certeza de que a partir daí vai ser ela a pedir-lhe que não faça a cama.

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